Lições Bíblicas Jovens 3º Tr. 2024
ASSUNTO: Na Cova dos Leões: O Exemplo de Fé e Coragem de Daniel
para o Testemunho Cristão em Nossos Dias
COMENTARISTA: Valmir Nascimento
TEXTO PRINCIPAL
“E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres.” (Dn
1.3)
RESUMO DA LIÇÃO
Daniel é um exemplo inspirador de fidelidade em uma cultura
hostil.
LEITURA SEMANAL
SEGUNDA – Mt 24.15
Jesus testifica de Daniel
TERÇA – Jr 46.2
Nabucodonosor vence o Egito
QUARTA – Jr 36.20-26
A impiedade do rei
QUINTA – 2 Cr 36.14
Um povo infiel
SEXTA – Hb 12.6
O Senhor corrige quem Ele ama
SÁBADO – 2 Co 10.5
Destruindo os conselhos contrários
OBJETIVOS
ENTENDER o panorama
geral do livro de Daniel;
COMPREENDER o contexto histórico
da vida do profeta;
REFLETIR a respeito
da chegada dos jovens hebreus na Babilônia.
INTERAÇÃO
Prezado (a) professor (a), é com grande alegria e com a graça de Deus que damos início a um novo trimestre. Neste período, teremos a
oportunidade de estudar treze lições do livro do profeta Daniel, cujo exemplo
de fé, coragem e fidelidade ao Senhor em meio a uma cultura secularista e
relativista serve de inspiração para todos nós, que vivemos como estrangeiros
nesta Terra. O comentarista é o Pr. Valmir Nascimento, jurista, mestre em
Teologia e doutorando em Filosofia. Ele é pastor auxiliar na Assembleia de Deus
em Cuiabá, MT, onde preside o Conselho de Educação e Cultura local e do estado.
Autor de várias obras publicadas pela CPAD. Nossa oração é para que este
trimestre seja repleto de bênçãos e crescimento espiritual.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor (a), ao iniciar um novo trimestre, é
fundamental ressaltar a importância e a atualidade do tema que será estudado.
Isso não apenas demonstra a relevância da lição, mas também desperta o
interesse dos jovens e incentiva sua participação ativa. Para isso, comece a
aula solicitando que os alunos compartilhem suas expectativas em relação ao
estudo do livro de Daniel. Isso permite que eles expressem suas ideias e se envolvam
desde o início.
Aproveite para apresentar o esboço de todo o livro,
conforme esquema abaixo:
I. A HISTÓRIA DO EXÍLIO DE DANIEL, 1.1-21
•Prelúdio Histórico, 1.1-2
•Jovens Provados, 1.3-16
•Integridade vindicada, 1.17-21
II. APOCALIPSE CALDEU, 2.1 - 7.28
•O Sonho de Nabucodonosor, 2.1-29
•A Estátua Colossal de Nabucodonosor, 3.1-30
•O Julgamento Pessoal de Nabucodonosor, 4.1-37
•A Queda do Império Caldeu, 5.1-31
•O Reinado de Dario, o Medo, 6.1-28
•Impérios Ascendem e Minguam até a Consumação,
7.1-28
III. O APOCALIPSE HEBRAICO, 8.1 - 12,13
•A Visão de Daniel de Impérios em Guerra, 8.1-27
•A Intercessão de Daniel por Israel, 9.1-27
Extraído de Comentário Bíblico Beacon. Vol. 4. Rio
de Janeiro: CPAD, 2016, p. 501.
TEXTO BÍBLICO
Daniel 1.5-14
5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar
do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para
que no fim deles pudessem estar diante do rei.
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias,
Misael e Azarias.
7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel
pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a
Azarias o de Abednego.
8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção
do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
9 Ora, deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos
eunucos.
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor,
o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que veria ele os
vossos rostos mais tristes do que os jovens que são vosso iguais? Assim,
arriscareis a minha cabeça para com o rei.
11 Então, disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos
havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, fazendo que se
nos deem legumes a comer e água a beber.
13 Então, se examine diante de ti a nossa aparência e a aparência
dos jovens que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com
os teus servos.
14 E ele conveio nisso e os experimentou dez dias.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, teremos o privilégio de nos aprofundar nos
estudos do Livro de Daniel. Considerado o “Apocalipse do Antigo Testamento”, em
virtude das revelações e visões escatológicas que o Senhor deu ao profeta,
Daniel é um livro histórico e profético. Ele abrange o período no qual os
israelitas estiveram exilados na Babilônia, destacando as experiências
marcantes e desafiadoras de Daniel e seus amigos em terra estrangeira.
Ao percorrermos os seus 12 capítulos, seremos conduzidos a uma
compreensão mais profunda da relevância e urgência da mensagem de Daniel para
os nossos dias. Daniel é um exemplo inspirador para os cristãos em geral e os
jovens em particular. Seu testemunho de vida nos encoraja a enfrentar as
adversidades e a cultura secularizada, pluralista e neopagã que predomina na
sociedade ocidental contemporânea. É um modelo de líder levantado por Deus numa
cultura hostil. Na primeira lição, teremos uma visão panorâmica do livro e do
seu contexto, e o início da vida dos jovens hebreus no cativeiro babilônico.
I – O LIVRO DE DANIEL
1. Panorama geral.
Os 12 capítulos do Livro de Daniel percorrem um longo período
histórico que começa com a primeira invasão babilônica ao Reino de Judá (605
a.C.), até a queda da Babilônia diante de Ciro da Pérsia (536 a.C.). O livro
narra a trajetória de Daniel e de seus amigos, destacando os desafios
culturais, políticos, morais e espirituais que eles suportaram em terra estrangeira.
Ao longo de todo esse tempo, o profeta viveu e serviu com fidelidade a Deus
perante as cortes imperiais, desde a juventude até a sua velhice. Também
registra as mensagens proféticas que o Senhor lhe revelou, inclusive
interpretações de sonhos, visões de animais simbólicos e uma visão detalhada dos
eventos escatológicos. Por isso, o livro é chamado de “Apocalipse do Antigo
Testamento”.
2. Autoria e mensagem.
É dominante entre estudiosos judeus e cristãos que o autor deste
livro é o próprio Daniel, conforme atestam as evidências internas (Dn 8.15; 27;
9.2; 10.2) e a referência de Jesus ao profeta (Mt 24.15).
Os seus registros históricos revelam um período crucial e
angustiante para os israelitas, no qual viveram exilados em meio a uma cultura
diferente e hostil. O seu conteúdo vibrante compõe uma mensagem repleta de
significados e ensinamentos. Destaca a necessidade de o crente manter a fé
inabalável em momentos de adversidades e nos recorda de que podemos ser
íntegros em qualquer ambiente. Mostra que Deus é soberano e o Senhor da
história, pois o reino, o domínio e a majestade dos reinos lhe pertencem (Dn
7.27).
3. Estrutura e peculiaridades.
Por se tratar de um documento histórico, e ao mesmo tempo,
profético, é possível dividir o livro em duas seções que formam um todo
perfeito. Na primeira parte (capítulos 1 a 6), são narrados os fatos e as
experiências importantes na vida de Daniel dentro da Babilônia. Na segunda
(capítulos 7 a 12), estão as visões e as mensagens proféticas, que revelam
acontecimentos dos séculos seguintes e até o tempo do fim. Uma das
peculiaridades do Livro de Daniel é que, embora seja considerado um profeta,
Daniel não profetizou diretamente ao povo, como outros profetas do Antigo
Testamento.
Em vez disso, ele serviu como um conselheiro e intérprete de
sonhos e visões para reis e governantes da Babilônia. Outra característica
notável deste livro é o uso de duas línguas diferentes. A maior parte, do
capítulo 2 ao capítulo 7, está escrita em aramaico. Os capítulos 1 e 8 até o
final do livro são escritos em hebraico. Essa mudança de língua reflete a
natureza do livro, que abrange eventos ocorridos na Babilônia e profecias
relacionadas a Israel.
SUBSÍDIO 1
“A história de Daniel é uma história de fé
extraordinária depositada em Deus e vivida no auge do poder executivo no pleno
resplendor da vida pública. Relata os acontecimentos cruciais da vida de quatro
amigos - Daniel, Hananias, Misael e Azarias - que nasceram no pequeno estado de
Judá, no Oriente Médio, em torno de dois mil e quinhentos anos atrás. Como
jovens membros da nobreza, ainda adolescentes, foram levados cativos pelo
imperador Nabucodonosor e transportados para a capital Babilônia, a fim de
serem educados na administração babilônica. Daniel conta que eles subiram aos
altos escalões do poder não só do império mundial da Babilônia, mas também do
Império Medo-Persa que o sucedeu. [...] O que torna notável a história de fé
desses jovens é que eles não só continuaram a devoção particular prestada a
Deus que desenvolveram na terra natal, mas também mantiveram um notório
testemunho público em uma sociedade pluralista que se tornava cada vez mais
antagônica à fé deles. É por isso que sua história tem uma mensagem tão
poderosa para nós hoje. As fortes correntezas do pluralismo e do secularismo na
sociedade ocidental contemporânea, reforçadas pela correção politicamente
paralisante, jogam cada mais para escanteio a expressão da fé em Deus,
confinando-a, se possível, à esfera particular.”
(LENNOX, John. Contra a Correnteza: A inspiração de
Daniel para uma Época de Relativismo. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 15,16.)
II – COMPREENDENDO O CONTEXTO
1. O contexto histórico.
No pano de fundo histórico dos primeiros capítulos do Livro de
Daniel, há um cenário de agitação e instabilidade decorrente da disputa pelo
predomínio político na região. Em 605 a.C., após derrotar o Faraó Neco do
Egito, na Batalha de Carquemis (Jr 46.2), a Babilônia estava se consolidando
como grande potência mundial. Liderada por Nabucodonosor, o exército babilônico
invadiu e sitiou Jerusalém no terceiro ano do reinado de Jeoaquim (2 Rs
24.1-6). Era o início das invasões babilônicas ao Reino de Judá e sua capital.
Posteriormente, em duas outras oportunidades, a cidade voltou a ser invadida:
em 597 a.C. (2 Rs 24.10-14), e a terceira, a maior de todas elas, em 586 a.C.,
ocasião em que a cidade foi arrasada e o Templo, destruído.
2. Um rei ímpio.
Jeoaquim era filho de Josias e sucedeu seu pai como rei de Judá
aos vinte e cinco anos de idade (2 Rs 23.36). Foi um rei ímpio que não andou
nos caminhos do Senhor. O profeta Jeremias proclamou a mensagem de Deus,
alertando Jeoaquim e o povo de Judá sobre a vinda do juízo divino devido à
idolatria e à injustiça. Ele exortou o rei e o povo a se arrependerem e a se
voltarem para Deus. Jeoaquim não apenas rejeitou as palavras do profeta, mas
também queimou o rolo no qual a Palavra de Deus estava escrita (Jr 36.20-26).
3. Deus castiga seu povo.
Israel havia virado as costas para Deus. Em vez de arrependimento,
os líderes e a nação endureceram o coração para não seguirem os seus estatutos
(2 Cr 36.14). Por essa razão, o Senhor estava disciplinando o povo da promessa,
ao permitir o seu cativeiro e a destruição da cidade. O profeta Daniel é
enfático ao escrever que foi o Senhor que entregou o rei de Judá nas mãos de
Nabucodonosor e permitiu que os utensílios do Templo fossem saqueados e
profanados. O Senhor corrige quem Ele ama (Hb 12.6) e toda a história está sob
o seu controle. Ele é soberano sobre todas as coisas e até mesmo os ímpios
podem ser usados para cumprir a sua vontade!
III – A RELEVÂNCIA DO LIVRO
DE DANIEL PARA OS NOSSOS DIAS
1. Um livro para todas as épocas.
Olhando para a jornada íntegra deste jovem hebreu até a sua
velhice, chegamos à conclusão de que o Livro de Daniel é para todas as épocas. Retirado
à força de sua casa, quando ainda tinha cerca de quatorze anos, Daniel foi
conduzido até uma terra estrangeira. Dentro de uma cultura hostil, cercado por
inimigos, enfrentou diversos ataques e desafios ao longo de sua trajetória.
Esteve exilado por mais de setenta anos até o fim da vida. Enfrentou
conspirações, mudanças culturais e políticas, sendo pressionado de diversas
formas, mas não negando a sua fé. Embora centenas de anos tenham se passado
desde a sua época, sua trajetória é um exemplo inspirador para os dias em que
estamos vivendo.
O Livro de Daniel, por ser a Palavra de Deus, continua atual e a
sua mensagem urge para esse tempo. A história de Daniel pode ser a nossa
história!
2. Um mundo transtornado.
O período do profeta foi um dos mais turbulentos em termos de
mudanças geopolíticas na região do Oriente Médio e no Mundo Antigo. Ele viveu
em um mundo cujas características se repetem hoje:
a) Mundo frágil e cheio de incertezas. Estudiosos têm caracterizado o período recente, principalmente
pós-pandemia, como um mundo frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. A
Babilônia era palco das transformações e agitações globais da sua época. Daniel
viu impérios desmoronarem e reis caírem, enquanto as pessoas sobreviviam com
expectativas aterrorizantes. A sua trajetória irá nos ensinar a encontrar
resistência e coragem em dias ruins além de esperança numa época de desespero.
b) Mundo com constante transição de poder. Daniel serviu nos impérios babilônico e medo-persa com a mesma fé
e fidelidade. Nenhum soberano o fez mudar suas convicções, tampouco o poder o
seduziu. Com ele, somos lembrados de que os reis, presidentes e governantes
desta terra passam, mas o Senhor permanece para sempre. Não importa quem esteja
no poder político, o cristão mantém sua esperança sempre em Deus.
c) Mundo de conflitos e violência. Daniel viu de perto os horrores da destruição provocada pelas
guerras entre nações e sentiu na pele o sofrimento decorrente do exílio.
Semelhantemente, o mundo contemporâneo continua a ser palco de conflitos
internos e internacionais, ações terroristas e violências de todas as formas,
provocando dor e migração forçada. Isso nos faz recordar das pessoas que se
encontram nessas situações, que precisam da nossa oração, apoio e busca por
soluções.
d) Mundo hostil aos valores judaico-cristãos. É possível traçar um paralelo da época de Daniel com o panorama
da cultura contemporânea, essencialmente hostil à visão de mundo
judaico-cristã. Da mesma forma que aquele jovem hebreu foi pressionado a
abandonar sua crença em razão das pressões culturais e religiosas dentro da
Babilônia, os cristãos de hoje estão enfrentando ataques severos da cultura
anticristã, a exemplo do Relativismo e do Secularismo, dentre outras correntes
filosóficas. Como veremos no decorrer do trimestre, o Livro de Daniel nos
ensinará a ter sabedoria e inteligência espiritual para combater as estratégias
do Inimigo no tempo presente.
3. Devoção e testemunho público.
A inspiração do Livro de Daniel vai além da devoção pessoal. O seu testemunho
nos mostra que a sua convicção não estava confinada ao ambiente privado,
preferindo enfrentar os leões a renunciar uma confissão pública da fé. Ele é um
grande exemplo bíblico de como podemos usar a sabedoria e o conhecimento de
Deus para testificar em diversos lugares da sociedade.
CONCLUSÃO
O livro de Daniel possui uma mensagem singular para a Igreja na
atualidade. A sua vida na Babilônia é um exemplo de coragem, fé e integridade diante
de circunstâncias adversas. Ele nos ensina a confiar em Deus em todas as
situações e a buscar a sua vontade para a nossa vida.
HORA DA REVISÃO
1. Por que o Livro de Daniel é considerado o “Apocalipse do Antigo
Testamento”?
Porque registra as mensagens proféticas que o Senhor revelou a
Daniel, inclusive interpretações de sonhos, visões de animais simbólicos e uma
visão detalhada dos eventos escatológicos.
2. Em quantas partes podemos dividir o Livro de Daniel?
Em duas. Na primeira parte (capítulos 1 a 6), são narrados os
fatos e as experiências importantes na vida de Daniel dentro da Babilônia. Na
segunda parte (capítulos 7 a 12), estão as visões e as mensagens proféticas.
3. Quem entregou Jeoaquim, rei de Judá, nas mãos de Nabucodonosor?
O Senhor (Dn. 1.2).
4. O que Daniel enfrentou ao longo da sua vida?
Enfrentou conspirações, mudanças culturais e políticas.
5. O que o testemunho de Daniel nos mostra?
O seu testemunho nos mostra que a sua convicção não estava confinada
ao ambiente privado, preferindo enfrentar os leões a renunciar uma confissão
pública da fé.