🔥 REVISTA ADULTOS — 4º
TRIMESTRE DE 2022, CPAD
🕛 Data: 13 de novembro de 2022
✍️Comentarista: Esequias Soares
📝 REVISTA: A
Justiça Divina: A Preparação do Povo de Deus para os Últimos Dias no
Livro de Ezequiel
📚 TEXTO ÁUREO
“ A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a
maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará
sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.” (Ez 18.20)
💡 VERDADE PRÁTICA
Para além da responsabilidade
individual, a Palavra de Deus se posiciona contra o fatalismo, isto é, contra a
ideia de que tudo está determinado por um rígido destino
⏰ LEITURA DIÁRIA
Segunda – Dt 24.16
Na lei de Moisés, cada um vive e morre
pelos seus próprios atos
Terça – Ec 12.14
Os seres humanos são responsáveis pelos
seus atos
Quarta – Jr 31.29
A parábola das uvas verdes e os dentes,
um ditado falso
Quinta – Ez 18.2,3
Os exilados da Babilônia deviam
rejeitar o uso dessa máxima
Sexta At 17.30
Deus oferece oportunidade de
arrependimento aos pecadores
Sábado – Jo 17.12
É possível o justo se desviar e perder
a salvação
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 18.20-28
20 – A Alma que pecar, essa morrerá; o
filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a
justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.
21 – Mas, se o ímpio se converter de
todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer
juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.
22 – De todas as suas transgressões que
cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.
23 – Desejaria eu, de qualquer maneira,
a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos
seus caminhos e viva?
24 – Mas, desviando-se o justo da sua
justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que
faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não
se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com
que pecou, neles morrerá.
25 – Dizeis, porém: O caminho do Senhor
não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho direito? Não
são os vossos caminhos torcidos?
26 – Desviando-se o justo da sua
justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu,
morrerá.
27 – Mas, convertendo-se o ímpio da sua
impiedade que cometeu e praticando o Juízo e a Justiça, conservará este a sua
alma em vida.
28 – Pois quem reconsidera e se
converte de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não
morrerá,
Hinos Sugeridos: 71, 422, 484 da Harpa
Cristã
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
A Salvação é individual.
Você já deve ter ouvido essa expressão. É muito comum em nossas igrejas. O que
está por trás dessa expressão é a perspectiva da responsabilidade individual
diante de Deus. A Palavra de Deus mostra exatamente essa perspectiva. O pecado
é um ato individual e não há nada que o justifique diante de Deus. A Única
saída para o ser humano pecador é arrepender-se de seus pecados e crê no
Evangelho.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar a máxima usada em Israel;
II) Expor a respeito da abrangência da salvação;
III) Pontuar a reação de Israel.
B) Motivação: Vivemos um
tempo em que as responsabilidades individuais são solapadas pelas realidades
contextuais. Há quem defenda que o criminoso não pague pelos seus crimes por
causa de sua ”circunstância econômica”. A Palavra de Deus mostra que ricos e
pobres, homens e mulheres, enfim, o ser humano de modo geral precisa se
arrepender dos seus próprios pecados (Lm 3.39; At 3.19).
C) Sugestão de Método: Até
que aqui vimos três leis do ensino: a lei do professor, a lei do aluno e a lei
da comunicação. Agora veremos a quarta lei: a lei da lição. Essa lei pode ser
resumida pela seguinte sentença: ”a verdade a ser ensinada deve ser aprendida
através de uma verdade já conhecida”. Só se apresenta um novo conceito depois
que o conceito ensinado esteja bem estabelecido. A partir dessa compreensão,
você deve levar em conta:
1) Certifique-se de que o
aluno compreende o assunto A antes de apresentar o assunto B (por exemplo, só
ensine a respeito da salvação depois que os alunos aprenderem a respeito da
gravidade do pecado);
2) Trace objetivos
progressivos de ensino que constam na lição.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Traga exemplos
que mostrem o quanto o ser humano é responsável pelas suas atitudes. A história
de confissão do pecado do rei Davi traz um bom exemplo para o fechamento desta
lição.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador
Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos,
entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92,
p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao
final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de
sua aula: 1) O texto ”Responsabilidade Individual (Ez 18.1-20)” traz uma
explicação teológica a respeito da relação do pecado dos pais com a vida dos
filhos; 2) O texto ”Os Justos podem Cair da graça (Ez 18.21-32)” traz uma
excelente abordagem a respeito da possibilidade da queda do justo.
INTRODUÇÃO
O ponto de partida desta lição é uma
máxima muito usada em Jerusalém e, também, entre os exilados de Babilônia que
diziam: ”Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” (Jr
31.29; Ez 18.2). Com base nesse ditado, eles diziam que estavam sendo punidos
por causa dos pecados de seus antepassados.
Palavra-Chave: RESPONSABILIDADE
I –
SOBRE A MÁXIMA USADA EM ISRAEL
1. Uma máxima equivocada.
O ditado popular ”Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” se baseava numa interpretação
equivocada sobre o terceiro mandamento do Decálogo (Êx 20.5; Dt 5.9).
A maldição não é
hereditária, ela só permanece quando os filhos continuam nos pecados dos pais;
veja a expressão ”daqueles que me aborrecem”. É um
princípio divino estabelecido desde a lei de Moisés (Dt 24.16). Isso é lembrado
na história de Israel (2 Rs 14.5,6).
2. Jeremias e Ezequiel trataram do
assunto.
A palavra profética em Jeremias é
escatológica. A seção de Jeremias 30-33 é o Livro da Consolação, que não foi
editado separadamente como Lamentações, essa parte da profecia anuncia a
restauração de Israel e de Judá e contempla o futuro glorioso da nação
unificada. Esse oráculo está nesse contexto, como nos revela também a profecia
no livro de Jeremias (Jr 31.29,30). É nesse contexto escatológico que nunca
mais será pronunciado em Israel tal provérbio popular. Mas a proibição
anunciada por Ezequiel é imediata (Ez 18.2,3).
3. O problema em nosso tempo.
A doutrina das “uvas verdes e dentes
embotados” que predominou o imaginário popular de Israel (Jr 31.29; Ez 18.2)
veio a ser parte do cardápio doutrinário de um movimento infiltrado em algumas
igrejas conhecido como “Batalha Espiritual”. Essa parte do ensino é a conhecida
extravagante doutrina da maldição hereditária.
Quando alguém se converte
a Cristo, deixa de aborrecer a Deus, logo, essa passagem do terceiro mandamento
do Decálogo não pode se aplicar aos crentes (Rm 5.8-10), pois eles se tornam em uma
nova criatura, pois “as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo”
(2Co 5.17). Devemos orar e agir para que esses ensinos equivocados não
prosperem em nossas igrejas (Jd v.3).
SINOPSE I
A máxima popular ”Os pais
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” remetia à ideia de
que os filhos pagariam os pecados dos pais.
II –
SOBRE A SALVAÇÃO PARA TODOS OS SERES HUMANOS
1. Há esperança para o pecador (vv.
21,22,23).
Essa ideia está muito clara no capítulo
inteiro, que, para não deixar dúvidas, Ezequiel afirma de maneira direta
(vv.4,20), reiterando diversas vezes com exemplos claros e ilustrações. A
vontade de Deus é a salvação de todos os seres humanos para que ninguém se
perca, e nisso o profeta antecipa o pensamento do Novo Testamento (Jo 5.40; 1Tm
2.4; 2Pe 3.9).
2. Refutando um pensamento fatalista
(v.20).
Tanto os exilados na Babilônia como os
que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia
falsa de que estavam pagando pelos pecados dos pais, mesmo depois da destruição
de Jerusalém (Lm 5.7). Deus proíbe o uso desse ditado popular porque a
responsabilidade é individual.
O profeta Ezequiel fecha a porta
fatalista do imaginário popular do povo de Judá e dos exilados de Babilônia.
Ele torna claro o pensamento bíblico da responsabilidade individual de maneira
textual e direta (v.20). A palavra “alma”, nesse contexto, significa a própria
pessoa.
3. Duas situações (vv.2,22,24).
O profeta explica, com clareza, os
oráculos divinos sobre a relação de Deus com os seres humanos. Se o pecador
abandona a sua vida cheia de pecados, todo tipo de maldade, iniquidade e se
volta para Deus, tal pessoa é perdoada, e se “fizer juízo e justiça, certamente
viverá; não morrerá” (vv.21,22). Mas, se pelo contrário, o justo se desviar de
sua justiça e cometer injustiça e iniquidade “conforme todas as abominações que
faz o ímpio […] De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória;
na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles
morrerá” (v.24). É possível, sim, o salvo perder a salvação temporariamente (Lc
15.32) ou definitivamente (2 Pe 2.20-22).
SINOPSE II
O ensino no livro de Ezequiel revela que
a salvação está disponível a todos.
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
RESPONSABILIDADE
INDIVIDUAL (EZ 18.1-20)
”Aqui Ezequiel se torna um
teólogo. Ele é geralmente um pastor, preocupado com o cuidado e a cura das
almas; ou ele é um profeta, que declara conselhos de Deus com franqueza e
determinação. Mas aqui se trata de doutrina. […] O que Ezequiel diz é que, mesmo
que os filhos possam sofrer por causa dos pecados dos seus pais em uma ordem
natural de causa e efeito, Deus não vai castigar um filho pelos pecados do pai
e também não considerará justo o filho injusto porque seu pai foi justo. Duas
vezes no capítulo Ezequiel diz: a alma que pecar, essa morrerá (4,20)”
(Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. Vol.4. Rio de Janeiro: CPAD, 2014,
p. 456).
III –
SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL
1. Uma pergunta retórica (v.25).
Na verdade, são duas perguntas: ”Não é
o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”. A pergunta
retórica não espera resposta, trata-se de uma afirmação em forma de pergunta. É
o que Javé afirma nessa passagem. Esses recursos estilísticos são frequentes
nas Escrituras, veja esses exemplos: ”Não é Arão, o levita, teu irmão?” (Êx
4.14); ”Não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras e nem o poder de
Deus?” (Mc 12.24; cf. Ez 8.6; Jo 4.35; 6.70; 1 Co 10.16). Depois de explicar
essa verdade e apresentar os fatos vem a conclusão: os caminhos do Senhor são
corretos e os do povo, torcidos.
2. Sobre a justiça.
Ezequiel deixa claro mais que o sol do
meio-dia que a lei da responsabilidade individual é justa e está de acordo com
os atributos divinos. Esse atributo é manifesto no castigo do pecador e na
premiação do justo: ”o qual recompensará cada um segundo as suas obras” (Rm
2.6). Esse atributo se harmoniza com a santidade de Deus. A Bíblia declara, com
todas as letras, que somente. Deus é justo, considerando justiça como atributo,
no sentido absoluto de perfeição: ”Deus é um juiz justo” (Sl 7.11).
3. O arrependimento (vv. 27,28).
Deus é justo e misericordioso. A
retribuição ao pecador contumaz vem depois de muitos anos de apelo ao
arrependimento sem resposta do povo. A resposta dada aos críticos deixa claro
também que, mesmo o ímpio na sua impiedade, deixando o pecado e voltando a
praticar a justiça, tem o perdão. Todos precisam de arrependimento e buscar o
perdão de Deus e não acusar o próprio Deus (Is 55.6,7; At 3.19). Essa história
se repete em nossos dias, porque é tendência dessas pessoas culparem a Deus
pelas suas mazelas. Devemos levar a Palavra de Deus a essas pessoas, pois
nenhuma felicidade pode ser plena sem Jesus.
SINOPSE III
A acusação dos exilados em Babilônia
contra Javé, seu Deus, de injustiça, se reverte contra eles mesmos.
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
OS
JUSTOS PODEM CAIR DA GRAÇA (EZ 18.21-32)
”Ezequiel explica que se o
ímpio se converter de todos os seus pecados […] certamente viverá (21). Deus
tem prazer em dar-lhe vida (23). Por outro lado, o profeta pergunta:
desviando-se o justo da sua justiça […] porventura viverá? (24). A resposta é:
”Não”. De todas as suas justiças […] não se fará memória (‘Nenhum de seus atos
justos será lembrado’, NVI) […] e no seu pecado com que pecou, neles morrerá
(24). O profeta explica mais adiante: Desviando-se o justo da sua justiça e
cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu, morrerá
(26).
Essa pessoa realmente foi
justa e realmente caiu de graça. Se ela não voltar para Deus, mas morrer em seu
estado caído, sofrerá a ira santa de Deus. A ideia, aceita amplamente no
Protestantismo, de que se alguém tornar-se um cristão não pode cair da graça e
perder-se vai contra o ensino desse texto. Isso foi ensinado por João Calvino
(1509-1564), pelos calvinistas nos tempos de Jacó Armínio, e continua sendo
ensinado por muitos teólogos calvinistas, que, mesmo assim, aceitam o
arminianismo em outros pontos importantes – e.g. que qualquer pessoa pode ser
salva. É difícil entender como alguém pode conciliar a teologia de ‘uma vez na
graça, sempre na graça’ como claro ensino bíblico dessa passagem” (Comentário
Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp.
456,57).
CONCLUSÃO
Depois de refutar o imaginário popular
de que Deus estivesse sendo injusto pelo castigo do povo, o profeta chama os
seus leitores para uma reflexão. Esse discurso soteriológico é muito importante
e continua atual na vida da igreja e na pregação cristã. É nossa
responsabilidade levar essa mensagem aos perdidos da terra.
REVISANDO O CONTEÚDO
1) O que significava a máxima “os pais
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram”?
Com base nesse ditado, eles diziam que
estavam sendo punidos por causa dos pecados de seus antepassados.
2) Como se chama o movimento que hoje
segue esse pensamento das uvas verdes e dentes embotados?
Esse movimento é conhecido como
“Batalha Espiritual” que inclui a doutrina da maldição hereditária.
3) Por que Deus proibiu o uso desse
ditado popular em Israel?
Deus proíbe o uso desse ditado popular
porque a responsabilidade é individual. O profeta Ezequiel fecha a porta
fatalista do imaginário popular do povo de Judá e dos exilados de Babilônia.
4) Qual a conclusão depois de Ezequiel
explicar a verdade e apresentar os fatos?
Depois de explicar essa verdade e
apresentar os fatos vem a conclusão: os caminhos do Senhor são corretos e os do
povo, torcidos.
5) Qual a tendência das pessoas hoje ao
explicar suas aflições?
É tendência dessas pessoas culparem a
Deus pelas suas mazelas.
Veja também:
Lição 1 - Ezequiel, o Atalaia de Deus
Lição 2 - Vem o Fim
Lição 3 - As Abominações do Templo
Lição 4 - Quando se Vai a Glória de Deus
Lição 5 - Contra os Falsos Profetas