REVISTA BETEL: 1° Trimestre de 2022 | Título:
EZEQUIEL – O Profeta com a Mensagem de Juízo, Arrependimento, Restauração e
Manifestação da Gloria de Deus
TEXTO ÁUREO
“Então me disse: Estas águas saem para a região oriental, e
descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.”
Ezequiel 47.8
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VERDADE APLICADA
As águas que
emanam do Senhor para o Seu povo produzem transformação, frutificação e
sustentação.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
1.
Mostrar
a visão das águas que jorram do Templo.
2.
Falar
do uso do termo águas nas mensagens bíblicas.
3.
Destacar
a água viva no presente e no futuro.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
EZEQUIEL
47
1-
Depois disto, me fez voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas águas
debaixo do umbral da casa, para o oriente; porque a face da casa olhava para o
oriente, e as águas vinham de baixo, desde a banda direita da casa, da banda do
sul do altar.
2-
E ele me tirou pelo caminho da porta do norte e me fez dar uma volta pelo
caminho de fora, até a porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e
eis que corriam umas águas desde a banda direita.
3-
Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil
côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA
/
Gn 2.9-10 Jardim do Éden: local do rio e árvore da vida.
TERÇA
/
Ez 37 A visão de um vale de ossos secos.
QUARTA / Ez 40-46 As visões sobre a
restauração do Templo.
QUINTA / Jo 4.10-14 Jesus, a fonte da água
da vida.
SEXTA
/
Ef 2.1 A ação transformadora da graça de Deus.
SÁBADO
/
Ap 22.1-2 O rio puro da água da vida.
HINOS SUGERIDOS 129, 456, 523
MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore
para que o Senhor traga esperança ao Brasil por meio das igrejas que aqui
estão.
ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1-
A visão das águas que jorram do Templo
2–
O uso do termo “águas” nas mensagens bíblicas
3–
Água viva no presente e no futuro
Conclusão
INTRODUÇÃO
A
visão de Ezequiel acerca das águas que saíam do Templo faz parte das mensagens
de restauração transmitidas ao povo cativo. Ao longo de toda a Bíblia, há
menção a “rios” e “águas” com sentido metafórico que transmitem verdades
espirituais. É o que será estudado nesta lição.
PONTO DE PARTIDA
As águas de Deus produzem vida.
1- A VISÃO DAS ÁGUAS QUE JORRAM DO TEMPLO
Interessante
observarmos que esta visão [Ez 47] se dá após as visões sobre a restauração do
Templo [Ez 40-46], que, por sua vez, estão registradas após a visão do vale de
ossos secos, cujo capítulo 37 termina fazendo menção: à habitação na Terra
Prometida [v. 25] e ao santuário de Deus no meio [v. 27]. Tais aspectos também
estão presentes no contexto de Ezequiel 47: Templo [v. 1] e terra em herança
[v. 13]. A restauração nas visões de Ezequiel é abrangente: povo, Templo e
terra.
1.1.
A fonte das águas.
Para
um povo que anteriormente tinha depositado, equivocadamente, confiança no
magnífico Templo construído por Salomão [2Cr 7.1-3; Jr 7.14] e, posteriormente,
testemunhou a destruição do mesmo, além de estar agora no cativeiro, esta visão
de Ezequiel, acerca da restauração do Templo [Ez 40-44] e de águas saindo
debaixo da entrada do mesmo [Ez 47.1], deve ter sido surpreendente e
renovadora. Considerando que o Templo possuía forte significado para a vida
religiosa do povo de Israel. Tal associação entre Templo e a fonte das águas
lembra o próprio Senhor como a fonte da água viva [Jo 4.10, 14; Ap 21.22;
22.1].
Subsídio do Professor:
Professora Betty Bacon: “No mundo de hoje, a água potável é tema de
muitos encontros e estudos, inclusive no Brasil. Em todo o Oriente Médio antigo
era causa de disputas e grandes preocupações, haja vista a importância dos
poços cavados pelos patriarcas, e as frequentes brigas pelos mesmos [Gn 21.25;
26.19-22]. A filha de Calebe pediu fontes de água como acréscimo ao dote [Js
15.19]. A vida de homens e de animais dependia da água.”
1.2.
Percurso e profundidade das águas.
As
águas que saíam do Templo corriam para o oriente, considerando que a frente do
Templo estava voltada para esta direção [Ez 47.1-2, 8]. A glória de Deus veio
do oriente para o Templo restaurado [Ez 43.1-2]. As águas corriam para o mar,
cujas águas seriam saradas [Ez 47.8].
À
medida que corriam as águas, a profundidade ia aumentando. A medição era feita
por um homem, provavelmente o mesmo mencionado em Ezequiel 40.3, a cada mil
côvados (cerca de quinhentos metros). Assim, o rio não tinha uma mesma
profundidade, pois ia aumentando conforme o profeta ia sendo conduzido pelo
homem. Até o ponto no qual já não se podia atravessar andando, um total de
aproximadamente dois mil metros de extensão [Ez 47.5]. Deixemo-nos ser
conduzidos pelo rio de Deus.
Subsídio do Professor:
Bíblia de Estudo Arqueológica: “Na visão de Ezequiel, as águas do
templo, situadas na região montanhosa central a oeste, fluem na direção leste,
para Arabá (denominação, na Palestina, para a depressão criada pelo vale da
Grande Fenda) e o vale do Jordão. A água dali flui para dentro do mar Morto e
refresca suas águas. É nesta Grande Fenda que estão situados, na Palestina, os
vales da Galileia e do Jordão, até o Mar Morto e dali até o golfo de Ácaba.”
1.3.
Águas que vivificam.
Destaquemos
dois textos relevantes ao encerrar este tópico: “viverá tudo por onde quer que
entrar” [Ez 47.9] e “porque as suas águas saem do santuário” [Ez 47.12]. O
homem que conduz o profeta ainda o desperta para que prestasse muita atenção
[Ez 47.6]. O foco agora é o efeito vivificador e transformador daquelas águas.
“A água é a fonte de vida de todos os seres vivos. Por isso, nas expedições em
outros planetas, a água é um dos primeiros recursos procurados, pois pode ser
um indicador da existência de vida”.
Moody: “Um adequado suprimento de água era
fornecido por um vasto sistema de irrigação, um emaranhado de rios que brotavam
dentro e à volta do jardim, dando-lhe vida” [Gn 2.10-14].
Subsídio do Professor:
De acordo com o Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento: “A água
viva que Deus forneceria tinha poder imensurável para renovar, restaurar e
ressuscitar. Esse mar, que estava morto, iria borbulhar com vida em todas as
suas margens – desde Engedi até En-glaim. Grande quantidade e variedade de
vegetação, perpetuamente produtiva, resultaria desse rio cujas águas saem do
santuário [Ez 47.1]. Veja João 7.37-39 para observar o uso que Jesus fez da
ilustração de águas vivas que Ele concede aos que creem nEle.”
EU ENSINEI QUE:
O Templo possuía forte significado para a vida religiosa do povo de
Israel. Assim, a associação entre Templo e a fonte das águas lembra o próprio
Senhor como a fonte da água viva.
2- O USO DO TERMO “ÀGUAS” NAS MENSAGENS
BÍBLICAS
Nem
todo texto bíblico que menciona “águas” está se referindo diretamente a bênçãos
de Deus para o Seu povo [Gn 7.17-24; Sl 93.3-4; Mt 7.26-27]. Assim, no presente
tópico a ênfase será em mensagens bíblicas que registram o uso de termos como
“águas”, “rios”, “fonte” pelo Espírito Santo para que uma pessoa entenda as
ações de Deus para com o Seu povo, segundo os Seus planos e visando os Seus
propósitos.
2.1.
Ação divina de transformação.
“E,
sendo levadas ao mar, sararão as águas” [Ez 47.8]. Ou seja, as águas salgadas
se tornam doces e saudáveis. Este mar, denominado de “mar de Sal” [Gn 14.3],
Salgado [Nm 34.3,12; Js 3.16], entre outros; segundo o Dicionário Enciclopédico
da Bíblia, após o século II d.C. passou a ser denominado de Mar Morto. É o ponto
mais baixo da face da terra em relação ao nível do mar.
“A
salinidade torna qualquer vida impossível e os peixes do Jordão que caem ali
morrem rapidamente”. Contudo, a visão que Ezequiel tem é: águas que brotam do
trono de Deus entrarão no mar Morto e isto resultará em transformação. Como o
poder de Deus transformou os ossos sequíssimos em um grande exército [Ez 37],
este mesmo poder se manifestará por intermédio de um rio de águas
vivificadoras. Trata-se de uma excelente ilustração quanto à ação transformadora
da graça de Deus que nos alcançou como um rio: “Vos vivificou, estando vós
mortos” [Ef 2.1]; “Estando nós ainda mortos…nos vivificou” [Ef 2.5].
Subsídio do Professor:
R. N. Champlin: “A água cria vida onde dominava a morte. O mar Morto
tem uma concentração seis vezes maior de sal do que o oceano e não pode
suportar vida alguma, mas o poder miraculoso de Yahweh entra em cena e faz o
mar viver; suas águas, por sua vez, dão vida a tudo ao redor. Como as águas são
“curadas”, assim os homens também são curados de sua morte espiritual. O velho
mundo ímpio será transformado pelas águas do Novo Dia.”
2.2.
Ação divina de frutificação.
O
texto menciona “abundância de árvores” [Ez 47.7]. Porém, não apenas árvores,
mas notemos que só no versículo 12 há quatro vezes a expressão “fruto” ou
“frutos”. Agora atentemos para a localização das árvores: “à margem do ribeiro”
ou “junto do ribeiro” [Ez 47.7, 12]. Sim, as águas que saem do Templo do Senhor
fazem a diferença. É pertinente a conexão com a mensagem do Salmo 1.3, onde
vemos o salmista associando estar “junto a ribeiros de águas” com a relação de
uma pessoa com a Palavra de Deus – prazer e meditar. Frutificar para ser bênção
na vida de outros [Ez 47.12] e para a glória de Deus [Jo 15.8].
Subsídio do Professor:
R. N. Champlin – Ezequiel 47.7: “Temos aqui o tema do jardim do
Éden, o Paraíso de Deus na terra, para o benefício de homens espiritualmente
transformados. As árvores obviamente têm qualidades espirituais, e o homem que
come de seus frutos compartilha da vida divina [2Pe 1.4]. As árvores cresceram
nos dois lados do rio, falando de uma vida abundante, uma provisão ampla, uma
graça que superabunda.”
2.3.
Ação divina de sustentação.
Notemos
o texto de Ezequiel 47.12: “não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto”.
Expressões que transmitem ideia de sustentação ou perseverança. Não apenas
crescer, mas frutificar. Não apenas crescer e frutificar, mas perseverar [Lc
8.15]. Talvez um dos maiores desafios do cristão esteja em ser perseverante.
Para nosso tempo de tanta “liquidez”, uma das mensagens do último livro da
Bíblia é: “vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis” [Ap
17.14]. Mas como ser perseverante em um tempo de tantas distrações e novidades?
Estendendo nossas raízes para este ribeiro de águas que brotam do trono de Deus
[Jr 17.8]. Mesmo no calor, as folhas permanecerão verdes. Ainda que não chova,
permanecerá frutificando.
Subsídio do Professor:
Kidner – Salmo 1.3: “(…) a árvore não é um mero canal, levando a
água de um lugar para outro, sem alterá-la. Pelo contrário, é um organismo vivo
que a absorve, para produzir, no devido tempo, algo que é novo e agradável,
próprio do seu tipo e estação. A promessa de que a folha fica imune ao murchar
não é independência do ritmo das estações; é o livramento dos danos aleijantes
da seca [Jr 17.8b].”
EU ENSINEI QUE:
O uso do termo “águas” nas mensagens bíblicas nos mostra a ação
divina de transformação, frutificação e sustentação.
3- ÁGUA VIVA NO PRESENTE E NO FUTURO
Evidente
que não é possível esgotar este assunto, pois o “rio é profundo”. Assim,
encerrando esta lição, refletiremos sobre outros textos bíblicos que também
fazem uso dos termos “rios” ou “águas” de forma metafórica. Façamos nossa a
oração do salmista no Salmo 119.18.
3.1.
Jesus e os rios de água viva.
O
Senhor Jesus se apresenta como a fonte da água da vida [Jo 4.10-14; 7.37-39].
Ele é o que satisfaz a sede mais profunda da alma. Em um mundo tão árido,
espiritualmente, em Cristo é possível desfrutar permanentemente dos “ribeiros
de águas” [Is 32.2].
O
professor G. H. C. Macgregor escreveu: “Cristo satisfaz uma pessoa não
exterminando sua sede, o que podaria o crescimento da sua alma, mas
concedendo-lhe, com o dom do seu Espírito, uma fonte interior de satisfação que
surge de modo perene e espontâneo cada necessidade reincidente de refrigério”.
Subsídio do Professor:
F. F. Bruce comenta sobre João 7.37-39: “Parece que a cerimônia
(derramamento de água, usada na Festa dos Tabernáculos, com a intenção de
reconhecer a bondade de Deus em enviar chuva e garantir um suprimento
abundante) não era realizada no oitavo dia, no qual somente uma oração pedindo
chuva era realizada. Se isto é verídico, então a afirmação de João, de que no
oitavo dia Jesus fez sua proclamação, é ainda mais significativa. Se neste dia
não era derramada água material, em lugar dela havia água espiritual,
vivificante, à disposição de todos que quisessem recebê-la dele.”
3.2.
Zacarias e as águas vivas de Jerusalém.
Zacarias
foi um dos profetas do período pós-exílico, portanto, posterior a Ezequiel [Ed
5.1-2; Zc 1.1]. O povo que tinha retornado para Jerusalém encontrou a cidade e
o Templo destruídos. Quanta diferença da Jerusalém dos tempos de Davi e
Salomão. Em um tempo repleto de desafios, Deus levanta Zacarias para anunciar
mensagens que confortassem judeus desencorajados e estimulassem a esperança do
povo, quanto à reconstrução do Templo como, também, de aplicação escatológica
[Zc 14.8]. Assim, a Jerusalém que estava em ruínas e debaixo do jugo do império
persa, ainda será “a fonte e provisão de águas correntes que não vão oscilar
com as estações, mas vão correr em direção ao leste para o mar Morto e ao oeste
para o mar Mediterrâneo”, como comentou David J. Ellis.
Subsídio do Professor:
J. G. Baldwin: “O sonho de abundância de água em Jerusalém se
tornará realidade. Em lugar da fonte Giom, cuja água corria “brandamente” até o
tanque de Siloé [Is 8.6], e nunca supria totalmente as necessidades da cidade,
surgirão, em Jerusalém, rios independentes das chuvas das estações, jorrando
para leste e oeste até o Mar Morto e o Mediterrâneo. Em Ezequiel 47.1-12 um só
rio corria em direção leste.”
3.3.
João viu o rio da água da vida.
Por
causa do pecado [Gn 3.24], o homem é lançado fora do jardim do Éden, onde tinha
rio e árvore da vida [Gn 2.9-10]. Em Apocalipse 22.1-2, João recebe a visão do
“rio puro da água da vida” e da “árvore da vida” que estarão disponíveis aos
que guardam a Palavra de Deus e são purificados no sangue do Cordeiro [Ap 22.7,
14]. Bem-aventurados os que aproveitam a oportunidade e atendem ao chamado para
tomar a água da vida [Ap 22.17].
Subsídio
do Professor:
Simon Kistemaker: “O rio corre no centro da rua principal mencionada
anteriormente e descrita como sendo de ouro [Ap 21.21]. A descrição de João é
resumida, mas a imagem é clara; o seu foco não está na rua, mas no rio. (…) Com
o rio e a árvore da vida, João pinta um quadro de um paraíso renovado para
completar o relato bíblico da história humana. Adão e Eva expulsos do Jardim do
Éden, foram impedidos de tocar na árvore da vida, mas no jardim da cidade santa
todos os habitantes têm direito a essa árvore [Ap 22.14; 2.7]”. Assim, é
bastante produtivo lermos o último capítulo de Apocalipse fazendo uma conexão
com outros textos bíblicos [Gn 2-3; Ez 47; Jl 3.18; Zc 14.8].
EU ENSINEI QUE:
Jesus é a fonte da água da vida. Ele satisfaz a sede mais profunda
da alma. Por isso, bem-aventurados os que atendem ao chamado para tomar a água
da vida.
CONCLUSÃO
Que
o Espírito Santo nos ajude a desfrutarmos dos efeitos dos rios de Deus
produzidos, no presente, na vida de todos que buscam essas águas: restauração,
frutificação e sustentação até que Ele venha. E, no futuro, gozarmos do rio
puro da água da vida e da árvore da vida.
Revista
BETEL | 1° Trimestre De 2022 | Reverberação: Subsídios Dominical
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