Subsídios Bíblicos: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ - Nova Edição

Revista Cristão Alerta : Edição 20, 1° trimestre de 2025: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ   Subsídios Bíblicos : EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ A Revista Evangélica Digital é uma fonte confiável de subsídios bíblicos que oferece os melhores recursos para professores e alunos de Escolas Bíblicas, especialmente para as lições dominicais de adultos da CPAD. 📚 VOCÊ ENCONTRA NESTA EDIÇÃO Subsídios para todas as lições bíblicas, classe dos adultos: Subsídios Lição 1: Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja   Subsídios Lição 2: Somos Cristãos     Subsídios Lição 3: A Encarnação do Verbo Subsídios Lição 4: Deus É Triúno       Subsídios Lição 5: Jesus é Deus Subsídios Lição 6: O Filho É igual com o Pai Subsídios Lição 7: As Naturezas Humana e Divina de Jesus Subsídios Lição 8: Jesus Viveu a Experiência Humana    Subsídios Lição 9: Quem é o Espírito Santo?     Subsídios...

O Sacerdócio Universal dos Crentes

Encontrava-me ministrando em certa ocasião um estudo da Palavra de Deus. Falava naquela noite sobre a oração como fazendo parte do ministério da intercessão de todos os crentes. Pois bem, em certo ponto da preleção, quando procurava deixar mais claro o meu pensamento sobre o assunto, um septuagenário diácono da igreja resolveu ajudar-me. Com sua simplicidade e prudência, fruto de quem acabara de completar 47 anos de serviço ao Senhor, ele relatou um fato que havia presenciado nos longínquos anos 50. Disse que seu pastor, após dar um relatório de suas atividades pastorais pelo sertão, conclamou a igreja a ajudá-lo em oração, pois estava necessitando de um transporte motorizado para desempenhar melhor o seu ministério. O pastor alegou que para evangelizar os mais longínquos rincões, fazendo todo aquele percurso a pé ou nas costas de animal, era praticamente impossível.

 

A igreja ficou sensibilizada com o pedido de seu pastor. Foi então que um novo convertido que se encontrava próximo de nosso diácono se ajoelhou para orar. No meio dos rogos da igreja em favor do transporte do pastor, o agora septuagenário diácono ouviu aquele irmão recém-convertido dizer em meio a lágrimas: “Senhor dá um carro para o nosso pastor, ele está precisando! Eu quero vê-lo chegar aqui de carro e fazendo bip-bip”.

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Na sua fé simples, porém sincera e autêntica, aquele amado irmão orava com tanta convicção que imitara até mesmo o som da buzina do carro! É admirável que um novo convertido ore a Deus com tanta convicção e singeleza! As suas palavras, embora ditas de uma forma infantil, revelam os efeitos práticos de uma das mais belas doutrinas neotestamentárias - a Doutrina do Sacerdócio Universal dos Crentes. Ela é claramente definida na Bíblia (1 Pd 2.9; Ap 1.5-6; 5.10). Todo crente agora é um sacerdote, e pode exercer o seu ministério de intercessão como fazia aquele irmão em favor de seu pastor. Um liderado, exercendo a função sacerdotal de intercessor em favor de seu líder, só se tomou possível graças à Nova Aliança selada com o sangue de Cristo Jesus.

 

E possível sermos abençoados com todas as bênçãos que essa verdade doutrinária pode nos proporcionar resgatando o seu valor bíblico e também histórico. Necessitamos ter uma visão correta dessa doutrina desde a sua fundamentação nas páginas do Antigo Testamento (AT), e a sua revelação máxima que se encontra no Novo. Uma visão contextualizada do seu desenvolvimento ao longo da história da Igreja é também de grande valia, e isso por uma razão bem prática: o sacerdócio universal dos crentes, como aconteceu com inúmeras doutrinas bíblicas, foi desvirtuado e até mesmo corrompido.

 

A Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, concentrou o sacerdócio numa classe privilegiada que são os padres. No topo da hierarquia está o Papa, denominado também de “O Santo Padre”. Dessa forma, a função sacerdotal de intercessor, que cabia a todo cristão (lPd 2.9), foi elitizada. Aqui na Terra, pelos clérigos católicos e no Céu, pelos “santos”. Posteriormente, outras seitas, a exemplo do monnonismo, concentraram em tomo de si a função sacerdotal. Somente os seus membros, apregoam seus adeptos, são os verdadeiros detentores das chaves do sacerdócio.

 

E oportuno sublinharmos que o resgate do sacerdócio universal dos crentes, sejam eles leigos ou clérigos, tal qual se encontra nas páginas neotestamentárias foi uma conquista da Reforma Luterana do século 16. Em uma de suas 95 teses afixadas na porta da igreja do Castelo de Wittenberg em 1 de outubro de 1517, Martinho Lutero dizia: “Qualquer cristão verdadeiro participa dos benefícios de Cristo e da Igreja” (BETTENSON, H. Documentos da Igreja Crista). A Reforma apregoava um retomo radical às Escrituras, como bem definiu seu slogan sola scriptura (somente a Escritura). É nas páginas da Bíblia que podemos ver a magnitude dessa doutrina.

 

De uma forma sucinta, os teólogos esboçam a doutrina do sacerdócio (hb. koheri) bíblico nas páginas do AT da seguinte forma:

(1) no início, levando-se em conta a necessidade de se oferecer sacrifício, os homens eram seus próprios sacerdotes (Gn 4.3 e Jó 1.5);

(2) na era patriarcal o sacerdócio era exercido pelo chefe da família (Gn 8.20; 12.8; Jó 1.5);

(3) de certo modo, todo Israel era sacerdote do Senhor para outras nações (Ex 19.6);

(4) e no Monte Sinai, o Senhor limitou o sacerdócio a Arão e à tribo de Levi (Ex 28.1; 40.1-15).


O professor J. Barton Payne, professor de Antigo Testamento, observa oportunamente que “os sacerdotes do AT eram tipos de Cristo (Hb 8.1), que operou a derradeira propiciação pelos pecados do povo” e que “a Igreja do NT apresenta um sacerdócio universal dos crentes (lPd 2.5; Ap 5.10; Jr 31.34)” (Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento).


Se no Velho Concerto o sacerdote era um ministro das coisas sagradas (sacrifício de animais, intercessão pelo povo, consulta a Deus e ensino da Lei), por outro lado, dentro do Novo Concerto, os sacerdotes, entre outras coisas, devem: oferecer o seu próprio corpo em sacrifício vivo (Rm 12.1-2); ministrar o louvor, como fruto de seus próprios lábios (Hb 13.5); interceder pelos outros (lTm 2.1; Hb 10.19-20); proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (lPd 2.9); e manter comunhão direta com o seu Deus (2Co 13.13).


Esses fatos nos revelam a grande importância que essa doutrina tem hoje para os crentes. Em todos eles, o cristão é o agente ativo da ação. Mas é bom lembrar aqui que, infelizmente, nem todos os crentes ainda tiveram o correto discernimento da magnitude dessa verdade. Uma das principais funções sacerdotais, que é a de intercessor, tem sido negligenciada. Permita ilustrar o que quero dizer citando duas passagens do Novo Testamento.


A primeira encontra-se em Lucas 1.8-9. A segunda, em Apocalipse 5.8-10. Temos nessas passagens o exercício do sacerdócio cobrindo as duas alianças. Na primeira, temos um homem escolhido, Zacarias, para oficiar como sacerdote. Embora vivesse no limiar no Novo Concerto, ele ainda pertencia ao Antigo. Na segunda, temos todos os crentes, sem distinção alguma, exercendo a função sacerdotal. Todavia, uma prática é comum no desempenho da função sacerdotal revelada nessas passagens - a queima do incenso. Tanto os sacerdotes da Velha Aliança como os da Nova Aliança queimavam incenso.


O texto é claro em dizer que o sacerdote entrou no santuário para queimar incenso (Lc 1.9), e que o incenso, hoje, são as orações dos santos (Ap 5.8). Se somos sacerdotes, como de fato o somos, então vamos “queimar incenso diante de Deus”. Há sacerdotes hoje que não queimam mais incenso! Você já queimou incenso hoje?


Artigo: Pr. José Gonçalves da Costa Gomes | Disponível em: Subsídios Dominical

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