Em
uma primeira leitura sobre as dez pragas enviadas contra o Egito, nós
deduzimos que a aparente razão para tais calamidades foi apenas a obstinada
recusa do Faraó
em obedecer à ordem do Eterno de libertar Israel.
No entanto, se esse fosse o único propósito, um único golpe devastador teria
sido suficiente.
CURSOS BÍBLICOS PARA VOCÊ:
Por que o Eterno optou por dez pragas?
Porque,
por intermédio das dez pragas, o Eterno demonstrou não apenas ser o Criador
do universo, mas Senhor único e absoluto dos céus e da terra, o Juiz
supremo e o Regente da natureza. Segundo a cultura judaica, cada praga que Deus
manifestou no Egito serviu como castigo pela escravidão, tortura e a campanha
de genocídio perpetrada pelos egípcios contra o povo judeu.
O texto de Êxodo 5.1 diz: “(...) para
que celebre uma festa no deserto”. Implicitamente, essa era a festa da Páscoa.
Somente depois de o faraó ter “endurecido o coração” e repetidamente se
recusado a liberar o povo judeu, as portas do arrependimento se fecharam.
Maimônides, um dos maiores rabinos da história de Israel, explica que a
expressão “endurecerei o coração” é o castigo que Deus impõe a quem cometeu um
grave pecado: privá-lo da possibilidade de se arrepender. Esse é o significado
dessa expressão para os rabinos. Percebemos essa ideia no caso de Esaú, que
buscou o arrependimento e não o encontrou (Hb 12.16,17).
As
razões naturais que levaram os judeus a incorporar em suas vidas a celebração
da Páscoa, no hebraico “Pesach” (passagem, passar por cima), são
relevantes e todas de grande significado. Buscando descortinar os motivos que
deram alegria aos judeus em comemorar a Páscoa, devemos observar o capítulo 12
de Êxodo, onde vemos o Eterno não só instituindo tal festa, como também
apontando os benefícios dela advindos. Assim, ao celebrar a Páscoa, quer a
primeira, quer as que se seguiram, o judeu tinha por base quatro grandes
bênçãos de Deus, como veremos agora:
1)
Ela representou o começo de uma nova contagem do tempo
A
partir dessa data, o povo deveria, e num certo sentido estava reiniciando a
vida. Isso é magnífico, pois para os judeus a vida era somente opressão,
humilhação e opróbrio. Deus queria lhes ensinar algo lindo: a partir deste
acontecimento, eles estavam voltando ao zero, e tendo a oportunidade de
recomeçar suas vidas.
O
versículo 2 diz: “este mês será o princípio dos meses”. Isso queria dizer que o
novo calendário vinha diretamente de Deus e que eles teriam um novo começo.
Definitivamente, eles abandonariam o calendário da escravidão vivida sob o
império egípcio e começariam a contar seus dias a partir do mês da libertação!
Nenhuma lembrança deveria acompanhá-los. Houve uma ruptura entre o calendário
egípcio e o divino.
Deus
estava dizendo ao povo judeu: “Chega de escravidão! Hoje faço uma ruptura no
calendário antigo”. Deus, por meio do profeta Isaías, afirma: “Eis que faço uma
coisa nova, agora sairá a luz” (Is 43.19).
Na
Nova Aliança, Cristo é a Páscoa. Em Cristo, hoje pode ser um novo tempo em sua
vida! Não haverá lembrança dos tempos antigos.
2) De
escravos, foram feitos em homens e mulheres livres
A
segunda razão da alegria de celebrar a Páscoa estava no fato de que o povo
seria livre. Tente imaginar: os judeus estavam confinados aos estreitos limites
da terra da escravidão, e sem nenhuma condição de se moverem daquele
território. Agora, por causa da Páscoa, seriam livres para andar sob a direção
de Deus. A chance de ver-se livre das amarras do escravizador era iminente.
Os
judeus celebravam a Páscoa sob a ótica da liberdade. Como uma autêntica carta
de alforria, a Páscoa proclamava liberdade aos cativos.
Na
Nova Aliança, assim éramos nós, escravos do pecado, confinados nele, mas, por
meio do sangue de Jesus, somos livres!
Jesus
disse: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). O
apóstolo Paulo, em Romanos 6.18, diz: “E libertos do pecado, fostes feitos
servos da justiça”.
3) Foram
guardados diante do juízo de Deus
Sob
o efeito protetor do sangue do Cordeiro pascal, o povo judeu foi preservado da
morte que atingiu todas as famílias egípcias. A morte que fez definhar o
poderio egípcio, pois desde o rei ao mais simples cidadão, bem como os animais,
todos tiveram de chorar naquela noite a perda do seu primogênito, mas a família
dos judeus não foi atingida.
Ao
ver toda a família presente no banquete pascal, é possível imaginar a enorme
alegria que tomou conta do coração do judeu. Assim, a Páscoa não comunica
somente o começo de um tempo novo e a liberdade, mas também a vida guardada
diante da morte.
A
cultura judaica é uma das mais fascinantes do mundo. Os judeus até hoje
celebram a Páscoa com quatro cálices. Neste momento, você deve estar se
perguntando: De onde veio a ideia dos quatro cálices? Os exegetas judeus
observaram um detalhe interessante no livro do Êxodo
6.6,7, onde há quatro verbos que se destacam: “Portanto, dize aos filhos de
Israel: Eu o Senhor, vos tirarei de
debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei da servidão, e vos resgatarei
com braço estendido e com grandes juízos. Eu vos tomarei por meu povo...” (Ex
6.6,7). Eles também relacionam esses quatro verbos às quatro letras do nome
inefável do Eterno, o tetragrama sagrado: Yod, Hei, Way, Hei.
A
Palavra de Deus é um livro incomparável e magnífico. No Evangelho de Lucas 22,
temos quatro cálices também!
Vejamos:
Em
Lucas 22.17, está escrito: “E, tomando um cálice...”. Em Lucas 22.20:
“Semelhantemente, tomou o cálice”. Em Lucas 22.42: “Passa de mim este cálice”.
E, finalmente, Lucas 22.18: “...não beberei do fruto da vide”. Perceba que os
cálices no texto de Lucas não estão em uma ordem cronológica. O versículo 18
aponta para o cálice que “beberemos” por ocasião das Bodas do Cordeiro.
Agora,
o que desejo destacar é o terceiro cálice, em que encontramos o verbo:
“Resgatarei com braço estendido”. Esse foi o cálice que Jesus, o Filho de Deus,
pediu ao Pai para que, se fosse possível, Ele não tomasse, quando orava no
Getsemani. Todavia, sabemos que o Pai não o impediu de tomá-lo. Jesus teria que
sorver toda a ira de Deus e levar sobre si os pecados do mundo. Surge a
pergunta: “Onde Jesus tomou este cálice?”. Na cruz,
com o braço estendido! Ele nos resgatou com braço estendido! Oh, profundidade
das riquezas! É por esse motivo que devemos amar e estudar a Bíblia. Ela é
perfeita, bela, incomparável.
4) Eles
tinham como destino uma terra abençoada
Para
um povo que viveu tanto tempo sem uma pátria, a Páscoa prometia uma terra rica,
abençoada sob o governo redentor de Deus. O texto de Êxodo 12.25 diz: “E
acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará...”. Mais
tarde, Josué disse: “E eu vos dei a terra em que não trabalhaste, e cidade que
não edificaste, e habitais nela e comeis das vinhas dos olivais que não
plantaste” (Js 24.13).
Assim,
tendo reiniciado a contagem dos dias, experimentando a liberdade, guardados do
poder destruidor da morte e indo em direção a uma terra rica, não é de admirar
que a Páscoa tinha um clima de festividade indizível. Contudo, há de se
observar que a celebração da Páscoa não tinha como objetivo centralizar a
atenção do povo nas bênçãos que lhe foram outorgadas, mas no Deus Eterno, que
era a fonte de tudo e os abençoara.
Assim
como o povo de Israel entrou na terra da promessa, nós, que conhecemos a Jesus,
o Cordeiro de Deus, e reconhecemos Seu senhorio, entraremos na Jerusalém
celestial, a cidade cujo arquiteto é o próprio Deus. Amém!
Artigo:
Pr. Marcelo Oliveira | Disponível em: Subsídios Dominical
VEJA TAMBÉM:
💡 Lições Bíblicas –
Aqui
💡 Estudos Bíblicos –
Aqui
💡 Artigos para
Professores EBD – Aqui
💡 Notícias do Brasil e
do Mundo – Aqui
📚 Veja nossos E-books -
Aqui