Desde que o homem existe na face da Terra,
nunca se falou tanto em ética.
Nos tempos presentes, chamados de pós-modernos, referências à ética aparecem
por toda a parte, na imprensa, nas disciplinas acadêmicas, nos meios políticos,
nas igrejas, nas empresas, nas organizações, e em muitos outros lugares, em
ocasiões as mais diferentes.
A Ética
do Século XXI é relativista e pragmática. A visão de mundo atual traz grandes
desafios e conflitos para a Igreja do Senhor Jesus Cristo, que se guia pela
ética da Palavra de Deus, fundada em princípios absolutos e imutáveis. Vamos
refletir um pouco sobre o tema, bastante atual e relevante.
A ética relativista e
pragmática afronta a Palavra de Deus
Todas as abordagens éticas contemporâneas
partem da necessidade de se responder a questões que envolvem o que é certo e o
que é errado. Por exemplo: Mentir é sempre errado? Há situações em que deixar
de falar a verdade é justificável para o cristão? O aborto é certo, se uma
jovem crente for vítima de um estupro? E a chamada “barriga de aluguel” é
aceitável ou não, em certas circunstâncias?
O casamento gay pode ser aceito pela
Igreja cristã? A ideologia de gênero pode ser admitida? Diante disso, a
sociedade sem Deus, materialista e hedonista, no mundo pós-moderno, não tem
referenciais seguros, em que se possa confiar.
O profeta Isaías bem traduziu esse
fenômeno, há quase mil anos antes de Cristo, quando bradou: “Ai dos que ao mal
chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e
fazem do amargo doce, e do doce, amargo! (Is 5.20). O profeta viu a terrível
inversão de valores que dominaria as mentes das pessoas que não valorizam a
Deus.
A pós-modernidade é altamente relativista.
Na ética relativista, não há padrão de comportamento. Não há critérios para que
se diga que uma coisa é errada ou certa. O certo e o errado dependem da
subjetividade de cada pessoa, em cada época, ou lugar. Torna-se um padrão para
o individualismo.
Para o pragmatismo, a verdade é relativa. O
certo ou o errado depende da utilidade ou da funcionalidade. Nesse caso, se
adulterar traz boas consequências, deve ser compreendido e aceito. É o caso de
uma mãe que tinha em casa os filhos com fome. Não obtendo ajuda, foi
prostituir-se e alimentou os filhos. Isso é pragmatismo, pois “O que torna
verdade que ela é boa são suas consequências”.
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POSICIONAMENTO CRISTÃO
O cristão não pode aceitar o
relativismo por várias razões:
1) O relativismo não aceita os valores
absolutos, requeridos por Deus ao homem. Não aceita os absolutos bíblicos,
teológicos, emanados da Palavra de Deus; o cristão aceita e crê que Deus é
absoluto, em sua transcendência, e exige do homem respeito aos valores
absolutos, como pecado, salvação, conversão, comunhão, santificação,
glorificação e outros;
2) O relativismo não aceita os valores
absolutos em termos de moral e de ética. No
relativismo, o certo e o errado são conceitos difusos, subjetivos. Dependem de
cada pessoa, em cada época, em cada lugar e em cada cultura. Tal abordagem não
condiz com a moral e a ética cristã.
3) O relativismo entra em choque direto
com a idéia cristã da salvação. Jesus
mandou pregar o evangelho, por todo o mundo, a toda a criatura (Mc 16.15); a
pregação do evangelho demonstra que só Jesus é o caminho, e a verdade e a vida
(Jo 14.6). Pedro afirmou que, debaixo do céu, não há outro nome pelo qual
devamos ser salvos (At 4.12).
4) O relativismo leva a
certos religiosos a dizerem que há salvação em outras religiões, como no Budismo,
no Hinduísmo, no Catolicismo e em outros credos ou seitas. Hoje, há os que
dizem: “todas as religiões são boas”; “Deus é amor e não exclui ninguém”; “Deus
não vai lançar seus filhos no inferno”; um pastor de outra denominação empunhou
a Bíblia e bradou:
“A Bíblia precisa ser atualizada! A
linguagem da Bíblia não serve para o homem pós-moderno”! Esquecem que Deus é
Amor, o Supremo Amor, mas também é a Suprema Justiça e Santidade. No Dilúvio,
só escaparam oito pessoas! A humanidade foi destruída por causa da corrupção
generalizada. E Jesus proclamou: “O céu e a terra passarão, mas as minhas
palavras não hão de passar” (Mt 24.35).
Todas as filosofias ou mensagens humanas
podem perdurar muito tempo, mas um dia, acabam passando e sendo substituídas
por outras. Porém, a mensagem de Cristo é absoluta. Ela não passa. Jesus não
faz concessões ao relativismo. Ou alguém está do lado dele, ou não. “Quem não é
comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Lc 11.23).
Quanto ao Pragmatismo, da
mesma forma, o cristão verdadeiro não pode aceitar. Esse conceito é
relativista. Alguma coisa é certa se resultar em utilidade, êxito ou
satisfação. O desafio para a Igreja decorre de que tal pensamento contraria os
princípios cristãos, pois estes não podem guiar-se por parâmetros meramente
utilitários, práticos, ou hedonistas. Deve, sim, orientarem-se pelos princípios
objetivos, claros, e definidos pela Palavra de Deus.
Nos dias presentes, no mundo pós-moderno,
há muitos obreiros, em muitas igrejas, que estão adotando métodos pragmáticos,
visando “o evangelho de resultados”. Se, para “encher a igreja”, é necessário
pagar um “cachê” a um “grande” pregador, ou a um “grande” cantor, isso deve ser
feito, numa visão bem pragmática. Ainda que isso signifique alimentar um mercantilismo
carnal, que satisfaz os interesses empresariais de muitos “vendilhões de
louvor”, e “de pregações”. Não é por acaso, que há muitos “fracos e doentes, e
muitos que dormem” (1Co 11.30).
Para essas igrejas, não é pragmático orar,
jejuar, evangelizar nas ruas, nas praças, nas casas; não é pragmático fazer
missões locais, nacionais ou transculturais; não é pragmático fazer vigílias;
não é pragmático adotar conservar uma liturgia que valorize a reverência, a
glorificação e a santidade na casa do Senhor; é mais prático, e “útil”, adotar
as danças e os pulos em cima do púlpito e o balé que agradam o público jovem.
Elas preferem o “evangelho politicamente correto”, que é o que Paulo chama de
“outro evangelho”.
CONCLUSÃO
O mundo atual é relativista, em que princípios
e valores são invertidos e “escorregadios”; nele, não há lugar para princípios
e valores absolutos. Mas, para o cristão, a Bíblia, a Palavra de Deus,
inspirada, revelada e inerrante, é a sua regra de fé e conduta. Dela, emanam
princípios éticos que não podem ser relativizados.
O salmista disse: “Lâmpada para os meus
pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105). Que Deus nos
conceda a graça de viver com segurança em meio à insegurança; de viver com
santidade, em meio a um mundo cheio de impiedade, materialismo, desrespeito e
afronta aos princípios éticos, emanados da palavra de Deus.
Autor: Pr. Elinaldo
Renovato