O julgamento apressado e sem a necessária
sabedoria de uma palavra tida como profética pode resultar em dois graves
perigos. O primeiro é admitir a palavra como sendo de Deus, quando não o é. O
segundo perigo é atribuir o conteúdo ouvido a uma ação carnal ou maligna,
quando na verdade Deus falou.
Em Provérbios 29.18, o escritor sagrado
nos informa: “Não havendo profecia o povo se corrompe”.
Logo, entendemos pela Palavra de Deus que a genuína profecia é uma necessidade.
Paulo exorta: “Não desprezeis as profecias”, 1Ts 5.20. Com certeza essa
recomendação se refere às legítimas profecias, resultantes da operação do
Espírito Santo, e não àquelas expressões que são proferidas com a vontade de
quem as apresenta, e proveem de sentimentos meramente naturais sem qualquer
harmonia com o Espírito Santo. Um impulso do espírito humano e não precisamente
a manifestação do dom de profecia (1Co 12.10). Isso não é profecia de Deus.
Hoje se tornou usual o modismo dos chavões
apresentados desde os púlpitos: “Profetiza para o teu irmão tal e tal coisa, eu
vou profetizar para você que...”. Parece-nos que alguém acha que pode manipular
o Espírito Santo.
O apóstolo Pedro declara:
“Sabendo primeiramente isto que nenhuma profecia da Escritura é de particular
interpretação, porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem
algum", 2Pd 1.20-21.
O dom nos é concedido segundo a medida da
fé e nem todos têm a mesma medida de fé (Rm 12.3,6). Portanto,
constituiu atropelo bíblico alguém fazer uso dos modismos acima colocados.
Quando tal acontece, certamente podemos estar diante de uma profecia que não é
de Deus, posto que não foi produzida pelo Espírito Santo, mas, via de regra,
pelo entusiasmo natural de um orador ou mesmo de alguém que se vê muito
espiritual sem atentar para o conteúdo da Palavra de Deus.
Em Deuteronômio 18.20, há a figura do
profeta presumido. “Porém o profeta que
presumir soberbamente de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não tenha
mandado falar, ou que assaz, contundente, mas é a Palavra de Deus que precisa
ser observado por aqueles que estão querendo manobrar e determinar quando e
como o Espírito Santo deve atuar. Tais criaturas querem a glória para si mesmas
quando o Espírito Santo não veio ao mundo se não para glorificar a Cristo (Jo
16.14).
“Crede nos seus profetas e prosperareis”,
diz 2Crônicas 20.20. Mas, vejamos bem: aqui a palavra nos chama a atenção para
crermos nos autênticos profetas de Deus. Crer naqueles comprometidos com a
verdade e submissos à ação do Espírito Santo. Há profetas mentirosos (Jr 5.31),
profetas que veem vaidades (Lm 2.14 e Sf 3.4). Jesus advertiu-nos sobre os
falsos profetas (Mt 7.15; 24.11 e Mc 13.22).
Biblicamente, a profecia pode ser
apresentada diretamente através do dom, mas também pode ser originada de
línguas estranhas. A fidelidade dos que falam e dos que
interpretam línguas com certeza certificará a qualidade da palavra profética,
mas não podemos descuidar das três características que a profecia
neotestamentária apresenta: “Consolar, exortar e edificar”, 1Co 14.3. Se a
palavra profética não traz essas características ou alguma delas, não configura
uma profecia de Deus, posto que contraria a sua Palavra. Cremos que toda
profecia de Deus está subordinada à disciplina da sua Palavra, que é eterna.
Também somos autorizados a julgarmos as
profecias (1Co 14.26-33). Toda e qualquer palavra proferida como profecia deve
ser analisada à luz do texto bíblico, e ’se tal exame não corresponder aos
postulados sagrados, com efeito se ouviu uma falsa profecia. Não é de Deus.
Por fim, em Jeremias encontramos outro
meio de sabermos se uma profecia é ou não de Deus. “O profeta que profetizar
paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido
como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou”, Jr 28.9. Ora. quando Deus
fala, Ele cumpre.
Pr. Timóteo Ramos de Oliveira