A Bíblia ensina que Deus não aplica uma
disciplina insuportável ao ser humano, mas como entender o registro em 2
Coríntios 1.8, em que Paulo narra uma situação “acima de nossa capacidade de
suportar”?
A Bíblia é um livro
singular. Suas Sagradas Letras visam a conceder sabedoria aos
servos de Cristo para a salvação e a perfeição (2Tm 3.15,17). Não há
dissonância em suas passagens, entretanto as mesmas são urdidas como fios de
tecidos bem ligados formando o todo, resultando nas palavras excepcionais do
apóstolo Paulo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16).
Pela pergunta formulada
acima, para obtermos uma resposta precisa, teremos que comparar duas passagens
bíblicas escritas por Paulo, a primeira encontrada em 1 Coríntios 10.13 e a
segunda, em 2 Coríntios 1.8. Aliás, por falar do método hermenêutico da
comparação, Paulo já nos ensinava sobre a relevância de compararmos as coisas
espirituais com as espirituais ( 1Co 2.13).
O Apóstolo dos Gentios
escreveu em 1 Coríntios 10.13 o seguinte: “... mas fiel é Deus, que não vos
deixará tentar acima do que podeis...”. O substantivo masculino peirasmos
(tentação) fala de experimento, tentativa, teste, prova. Esse termo é
polissêmico, ele pode englobar a tentação para pecar, mas pode expressar também
provações de toda espécie. Dentro do contexto falado por Paulo, ele esclarecia
aos cristãos em Corinto que as tentações que eles sofreram não era nada fora do
comum, mas algo simples que todo ser humano experimenta e, seja lá como for,
aqueles que servem realmente a Deus sempre terão livramento, escapando de
situações difíceis, pois é dEle que vem a força e o consolo (Ef 6.10); no
demais, Ele é fiel (2Tm 2.13). Há na vida do cristão constantemente poder para
suportar as tentações (Hb 2.18).
A expressão “além das nossas forças”
literalmente quer dizer: “Não acima do que você pensa poder”.
Na segunda passagem em
apreço (2Co 1.8), Paulo sai da parte genérica e volta-se para um momento
particular, no qual expressa uma situação recente que envolveu sua vida. Ele
faz isso para ilustrar aos irmãos o tema que abordava, envolvendo tanto o
sofrimento quanto o consolo (2Co 1.7). Não se sabe ao certo a natureza das
tribulações que Paulo experimentou na Ásia, isto é, nessa província romana, e
que tem gerado debates diversos, pois alguns salientam que essa tribulação seria
a violência sofrida pela turba em Éfeso (At 19.23-41;lCo 15.32).
Ainda que não se saiba ao
certo a que tipo de tribulação se refere o apóstolo Paulo, é certo que o
escritor indica nesse texto uma de suas experiências sofridas no aspecto humano
como sendo quase que esmagadora, e suportou tudo isso por causa do nome de
Jesus Cristo (At 9.16). Portanto, não existe qualquer incongruidade nas duas
passagens citadas por Paulo. Na primeira, esclarece que tentações e provações
de todas as espécies fazem parte da vida, mas o cristão não se desespera porque
é consciente que de Deus vem a força para vencer, pois Ele conhece cada
situação que nos cerca. Na segunda, o apóstolo fala de modo ilustrativo, ao
utilizar como modelo uma experiência sofrida que foi quase devastadora se não
fosse a graça de Deus, para encorajar os irmãos de Corinto, para mostrar a
grande misericórdia de Deus na hora de grande tribulação (Is 43.2).
Paulo se viu em uma
situação semelhante à de Isaque (Hb 11.17-19), por isso registrou “da vida desesperamos”,
ao receber a sentença da morte, mas entendia que havia um propósito naquela
provação, semelhante ao patriarca Abraão (Rm 4.17), para lhe ensinar a
descansar e confiar no Deus que concede vitória (1Co 15.57). Portanto, Paulo
colocou diante dos irmãos a aflição sofrida para ensinar a eles a ter
confiança, encorajamento e esperança.
Pr. Osiel Gomes | Reverberação: Subsídios EBD
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