ASSUNTO DA REVISTA: EFÉSIOS –
Uma Exposição sobre as Riquezas da Graça, Misericórdia e Gloria de Deus
Comentarista: Bispo Abner
Ferreira
Fonte: Revista Lição Bíblica
Dominical – 4° trimestre de 2021 – Revista de Professor
TEXTO
ÁUREO
“E demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo
criou.” Efésios 3.9
VERDADE
APLICADA
A Igreja de Cristo é a portadora da
revelação dos mistérios da graça divina a todos os povos e nações.
OBJETIVOS
DA LIÇÃO
Apresentar a nítida visão que Paulo tinha
sobre os gentios.
Explicar acerca do mistério revelado a
Paulo.
Mostrar que o plano divino não é desconexo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
EFÉSIOS 3
3. Como me foi este mistério manifestado
pela revelação como acima em pouco vos escrevi;
4. O qual noutros séculos não foi
manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito
aos seus santos apóstolos e profetas,
5. Para que agora, pela igreja, a
multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos
céus,
6. Segundo o eterno propósito que fez em
Cristo Jesus, nosso Senhor,
7. No qual temos ousadia e acesso com
confiança, pela nossa fé nele.
LEITURAS
COMPLEMENTARES
SEGUNDA / Rm 16.25
A revelação do mistério que esteve oculto.
TERÇA / 2Co 9.8
Deus é poderoso para fazer abundar a graça.
QUARTA / Gl 4.7
Somos herdeiros de Deus por Cristo.
QUINTA / Gl 5.2
Exortação a conservar a liberdade cristã.
SEXTA / Cl 2.2
Cristo: conhecimento do mistério de Deus.
SÁBADO / 2Tm 1.11
Paulo: pregador e apóstolo dos gentios.
HINOS SUGERIDOS: 169, 188, 291
MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore para que seus irmãos em Cristo
não desanimem na fé.
ESBOÇO
DA LIÇÃO
Introdução
1– A revelação do mistério
2– Paulo, ministro da revelação divina
3– As riquezas do mistério revelado
Conclusão
INTRODUÇÃO
Em Jesus Cristo, judeus e gentios se
tornaram um só povo. Agora, Paulo fala acerca do mistério que esteve oculto em
Deus durante os séculos, a igreja [Ef 3.9].
PONTO DE PARTIDA
A Igreja é portadora da revelação da graça divina.
1.
A REVELAÇÃO DO MISTÉRIO
Como mordomo e despenseiro da graça de
Deus, Paulo esclarece como esse mistério lhe foi revelado e como foi
comissionado a torná-lo conhecido de todos [Ef 3.8].
1.1. Paulo, o prisioneiro.
Paulo se intitula como “o prisioneiro de
Cristo”, declarando sua plena confiança em Deus. Ele tinha plenas convicções de
que não somente havia recebido a revelação do mistério, mas também havia sido
comissionado a difundi-lo entre os povos gentios [Ef 3.5-8].
O teólogo e escritor Martyn Lloyd-Jones
afirma que o principal motivo da prisão de Paulo foi seu anúncio do Evangelho
de Cristo tanto para judeus, quanto para gentios. Ele enfureceu os líderes
judeus com seu estilo de mensagem, estes, por sua vez, o conduziram à prisão em
Jerusalém, e, posteriormente, a Roma. Na perspectiva de Paulo, a prisão não era
algo que lhe causasse transtornos ou infelicidade, era para ele um grande
privilégio. Paulo acreditava na soberania de Deus e estava ciente de que tanto
sua vida, quanto sua prisão, estava sob o senhorio de Jesus.
Subsídio
do Professor: Essa epístola foi escrita
por Paulo quando estava preso em Roma e esperava comparecer em juízo perante
Nero [At 23.11; 25.11-12; 26.32]. Aquilo que para muitos era visto como
provação, na visão de Paulo era uma oportunidade. Paulo sabia que era o
protagonista de uma causa importante, por isso em nada atribuía seu
encarceramento a Nero. Ele tinha plena certeza de que estava no centro da
vontade de Deus, e isso por si só era suficiente. Ser prisioneiro de Cristo era
para ele muito mais que um cárcere, era mais uma oportunidade de servir ao
Senhor.
1.2. Paulo, o despenseiro.
Paulo cita que o Senhor o comissionou como
um despenseiro do “mistério” que lhe havia revelado, e lhe deu a
responsabilidade de compartilhar esse mistério com os gentios. Paulo não era
apenas um prisioneiro de Jesus Cristo, era também um ministro enviado por Ele
para revelar aos gentios as riquezas incompreensíveis e ocultas até então [Ef 3.7-8].
Paulo havia recebido de Deus uma “dispensação” (administração). O termo
“dispensação” vem de duas palavras gregas: oikos, que significa “casa”, e
“nemo”, que significa “distribuir, repartir”. Indica a administração da casa,
ter a chave do cofre ou ofício de alguém que a administrava. Como
administrador, Paulo deveria revelar o propósito da graça de Deus a todos os
homens indistintamente.
Subsídio
do Professor: A mordomia de
Paulo consistia em que pudesse ir aos gentios com as boas novas da salvação em
Cristo e, também, com a mensagem de que, a partir de então, judeus e gentios
eram um em Cristo. Não bastava a Paulo apenas ganhá-los para Cristo ou abrir
novas congregações locais. Ele deveria ensiná-los acerca dos privilégios que a
graça lhes outorgava e da maravilhosa posição que receberam como membros do
Corpo de Cristo, onde em pé de igualdade com os judeus se tornaram coerdeiros
de um mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo [Ef 3.5-6].
1.3. Paulo, o embaixador.
Os judeus, como dito anteriormente, viam
os gentios como incapazes e indignos. Em hipótese alguma, na visão deles, os
gentios eram merecedores da glória e da graça divina. Para eles os gentios
somente serviam para serem escravos de Israel ou aniquilados [Is 45.14; 60.12].
É neste cenário que Deus nomeia Paulo como seu embaixador, para lhes revelar
que todos tinham o mesmo direito, sendo judeu ou não [Ef 3.6]. Para Paulo seu
comissionamento era um grande privilégio, ele se intitula como o mínimo de
todos os santos, e deixa bem claro que o cargo no qual havia sido investido era
um dom da graça de Deus, um fato que é enfatizado repetidamente nas epístolas
[Rm 1.1; 1Co 1.1; 15.10; 2Co 1.1; Gl 1.1].
Subsídio
do Professor: Desde o início
da vida cristã do apóstolo, Deus deixou claro para ele que o havia chamado para
levar o Evangelho aos gentios [At 9.15; 26.13-18], e Paulo permaneceu fiel a
esse chamado. Paulo jamais olhou para a vida a partir de uma perspectiva
puramente humana. Ele sempre a via pela ótica da soberania divina. Ele compreendia
perfeitamente que a revelação do mistério a ele concedido estava recheado de
duas grandes realidades: revelação e comissão. Ele entendia que o favor divino
não lhe fora concedido como um “luxo” para ser desfrutado privadamente, tinha
plena consciência de que havia sido comissionado para anunciá-lo mesmo com
padecimentos [At 9.15].
EU
ENSINEI QUE:
Como
mordomo e despenseiro da graça de Deus, Paulo esclarece como esse mistério lhe
foi revelado e como foi comissionado a torná-lo conhecido de todos.
2.
PAULO, MINISTRO DA REVELAÇÃO DIVINA
Paulo recebe uma comissão especial da
parte de Deus, que de maneira clara e precisa lhe revela o mistério oculto que
deveria compartilhar com os gentios, o mistério da Igreja [Ef 3.8-10].
2.1. Entendendo o mistério que esteve
oculto.
Por três vezes nesse parágrafo Paulo faz
uso das palavra “mistério” [Ef 3.3-4, 9]. Essa palavra no grego não possui o
mesmo significado do nosso português. Um “mistério” em nossa língua portuguesa
significa algo obscuro, secreto, enigmático, inexplicável, e até mesmo
incompreensível. Strong registra que em o Novo Testamento, era uma palavra
usada a respeito de fatos, doutrinas, princípios etc., não revelados
previamente. De acordo com John Stott, Deus não reserva Seus mistérios para uma
elite espiritual. Eles são verdades, que, mesmo estando além da compreensão
humana, foram revelados por Deus e pertencem abertamente a toda a igreja. Para
o apóstolo, o “mistério” era um segredo que esteve oculto, mas agora desvendado
[Ef 3.5].
Subsídio
do Professor: O mistério
revelado a Paulo diz respeito a Cristo e a um único povo, judeu e gentio. Tudo
o que está sendo revelado já existia, estava guardado e oculto em Deus. No
plano eterno o Senhor via tanto judeus quanto gentios como membros comuns do
mesmo corpo e participantes da mesma promessa. Como frisou o pastor e teólogo
Hernandes Dias Lopes: “O mistério de Cristo é a união completa entre judeus e
gentios, através da união de ambos com Cristo. É essa dupla união, com Cristo e
entre eles, a substância do mistério” [Ef 3.6].
2.2. A natureza do mistério revelado.
Com muita clareza Paulo fala da natureza
do “mistério” que o Senhor lhe havia revelado. O mistério era que gentios e
judeus seriam colocados na mesma base; pela fé em Cristo, eles seriam
incorporados a um novo corpo: a Igreja. E Cristo era a cabeça desse novo corpo
[Ef 3.6].
Paulo também apresenta três aspectos
importantes desse mistério para os gentios:
a) os gentios são herdeiros em conjunto
com os judeus, de algo que somente por adoção se tinha direito;
b) os gentios se tornaram membros do mesmo
corpo, isto é, a Igreja;
c) eles também eram participantes da
promessa em Cristo Jesus através da pregação do Evangelho, ou seja,
participariam do benefício da promessa em Cristo Jesus, quando cressem, ao
ouvirem a pregação do Evangelho [Rm 9.24-26].
Subsídio
do Professor: Três coisas importantes acontecem
conosco quando recebemos a Jesus Cristo em nossas vidas:
a) tornamo-nos coerdeiros. Um
herdeiro é aquele que tem direito a tudo que o seu Pai possui;
b) tornamo-nos membros do mesmo
corpo. Isto nos fala de unidade, um membro fora do corpo morre e apodrece.
Fala-nos também de proteção, pois um predador só será bem-sucedido se atacar os
que estão desgarrados do grupo;
c) tornamo-nos participantes da
promessa. O Senhor nos prometeu vida, e vida com abundância, uma vida vitoriosa
e cheia de alegrias mesmo em meio às crises [Jo 10.10; Ef 3.6].
2.3. A humildade e seriedade de Paulo
diante do mistério.
Paulo revela algumas coisas importantes
sobre sua comissão: ele fala que foi feito ministro segundo o dom da graça, ou
seja, ele recebeu um chamado, não saiu por conta própria, também não está
falando o que ouviu ou aprendeu com os outros, está falando das coisas que o
próprio Deus lhe revelou e o enviou a dizer. Dessa forma, o apóstolo deixa
claro para os destinatários da carta tanto sua autoridade como enviado, quanto
a maneira pela qual ele recebeu o conhecimento e a origem da mesma [Ef 1.9-11;
3.1-7]. Ele considerava a si mesmo como o mínimo de todos, reconhecia o grande
privilégio de ser o portador de uma tão poderosa revelação [Ef 3.8].
Subsídio
do Professor: Quando Paulo
afirma que era o “mínimo de todos os santos”, ele não está usando de hipocrisia
nem tampouco depreciando a si mesmo. Ele age com muita simplicidade e
sinceridade. Ele está profundamente consciente tanto da sua própria indignidade
(porque sabia quem era, o que fez para com aqueles que serviam a Jesus, e como
Deus entrou em sua vida), quanto a misericórdia de Cristo que transbordava
sobre si. Paulo era o cartão postal da graça que anunciava, por esse motivo
falava acerca de si mesmo [1Tm 1.13].
EU
ENSINEI QUE:
Paulo
recebe uma comissão especial da parte de Deus, que, de maneira clara e precisa,
lhe revela o mistério oculto que deveria compartilhar com os gentios, o
mistério da Igreja.
3.
AS RIQUEZAS DO MISTÉRIO REVELADO
A mensagem de Paulo era de boas novas
grandiosas para os gentios. Consistia nas insondáveis riquezas de Cristo, as
riquezas que Cristo possui em si mesmo e que outorga àqueles que vêm a Ele.
3.1. O mistério revelado no Novo
Testamento.
Desde o princípio, os gentios faziam parte
do plano de Deus, e Paulo era o instrumento do Senhor para revelar à igreja em
Éfeso a participação plena dos gentios na salvação efetuada na cruz. Sua grande
preocupação era desfazer o falso ensinamento que havia sido disseminado por
alguns judeus convertidos, como encontramos em Atos 15.1, 5 e Gálatas 5.1-4.
Alguns judeus afirmavam que para poder fazer parte da herança prometida a
Israel, era necessário se submeter ao cumprimento de alguns ritos e cerimônias
estritamente judaicas. Todavia, Deus revelou a Paulo que a graça era suficiente
e que esses ritos judaicos não tinham validade alguma no Novo Pacto. Era com
base nos méritos de Cristo que os gentios passaram a desfrutar de todas as
bênçãos divinas [1Co 12.13; Ef 2.13].
Subsídio
do Professor: Elienai Cabral
comenta que os gentios são participantes das promessas de Cristo e formam um só
corpo espiritual com os judeus, cujo resultado único é a Igreja [1Co 12.13]. A
Igreja é a união de todos os crentes em Cristo, independente de raça, língua ou
nação. Ela é a constituição divina formando um só povo, uma só fé, um só Senhor
[Ef 4.1-7], todos com os mesmos privilégios, cuja participação na filiação a
Deus é direito comum a todos quantos receberem a Cristo Jesus como Salvador [Jo
1.12].
3.2. O propósito pré-estabelecido por
Deus.
No entendimento de muitas pessoas, os
gentios entraram em cena porque os judeus recusaram a Jesus e Seu Evangelho.
Mas Paulo nos lembra aqui que a salvação dos gentios (nossa própria salvação)
não é uma ocorrência tardia de Deus; não é algo que Deus aceitou como um bem
secundário porque os judeus rechaçaram sua mensagem e convite. Atrair todos os
homens a seu amor era parte do desígnio eterno de Deus. Tudo foi elaborado por
Deus antes mesmo de o homem ser formado, nada aconteceu sem um propósito. Tudo
foi criado para acontecer no seu devido tempo sem margem de erros. O plano
divino não é desconexo, a igreja não nasceu acidentalmente [Ef 3.9-11].
Subsídio
do Professor: Em seu
propósito eterno, Deus escolheu um povo para si mesmo, e para reinar juntamente
com Ele. E no tempo certo enviou a Jesus Cristo para que nos reconciliasse com
Ele e uns com os outros. Esse propósito eterno já tinha Jesus Cristo como a
razão de tudo, pois tudo estava contido nEle [Ef 3.11-12]. Em obediência a esse
propósito, a Igreja segue para o seu destino eterno, onde cada crente em
Cristo, particularmente, como parte da Igreja, tem ousadia (liberdade) em
Cristo e acesso (livre entrada) ao Reino de Deus, e Cristo a única via desse acesso
[Jo 14.6].
3.3. As riquezas insondáveis de Cristo.
Paulo já tinha feito uso da expressão
“riquezas” (Ef 1.7, 18; 2.7), mas, agora – 3.8 – ele acrescenta um adjetivo –
incompreensíveis (gr. “anexichniaston”) ou insondáveis (NAA). John Stott diz
que significa, literalmente, “cuja pista não pode ser achada”, indicando
tratar-se de algo que não é possível se obter mediante esforços humanos. Na
versão grega de Jó 5.9 e 9.10 se refere às obras de Deus. Encontramos também
este adjetivo em Romanos 11.33. Mas, “agora tem sido revelado” (Ef 3.5) e somos
chamados a participar destas riquezas! Elas refletem tudo o que se refere à
gloria de Cristo, sua divindade, a salvação, a libertação da escravidão da
carne, sua glória meritória na cruz do Calvário. Da mesma forma que o mar se
torna insondável por sua profundidade, assim são essas riquezas. Elas são todas
nossas e estão à nossa disposição. Deus não poupou riquezas ao nos salvar [Ef
1.3].
Subsídio
do Professor: Proclamar aos
gentios as riquezas insondáveis de Cristo era apenas parte da tarefa de Paulo.
Essa missão era mais ampla em dois aspectos:
a) estava relacionado não apenas
aos gentios, mas também a todos os homens [At 9.15];
b) estava relacionado não apenas
à proclamação do Evangelho, mas também à iluminação dos olhos dos homens, para
que pudessem ver como esse Evangelho, aceito pela fé, operaria no coração de
todos os homens. O Evangelho é tanto a verdade da parte de Deus quanto riquezas
para a humanidade.
EU
ENSINEI QUE:
A
mensagem de Paulo era de boas novas grandiosas para os gentios. Consistia nas
insondáveis riquezas de Cristo, as riquezas que Cristo possui em si mesmo e que
outorga àqueles que vêm a Ele.
CONCLUSÃO
Ao expor todo o mistério que lhe fora
revelado e anunciar as riquezas insondáveis de Cristo, Paulo apresenta-lhes um
intenso rogo para que seus amigos não desanimassem. Que exemplo admirável e
motivador [Ef 3.13].
Revista BETEL | 4° Trimestre De 2021 |
Reverberação: Subsídios Dominical
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