Lições Bíblicas CPAD, 3° Trimestre de 1996 – Classe: Jovens e Adultos
Comentarista: Pr. Esequias Soares
TEXTO ÁUREO:
“Mas recebereis a virtude
do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8).
VERDADE PRÁTICA:
Atos dos Apóstolos é o
evangelho do Espírito Santo e o manual de missões.
ÉPOCA DO
EVENTO: 29 d.C.
LOCAL: Jerusalém
LEITURA DIÁRIA:
Segunda - At 1.9-11: Em
Atos, Jesus é assunto ao Céu
Terça - At 2.1-4: Em
Atos, a promessa da vinda do Consolador se cumpre
Quarta - At 4.12: Em
Atos, Jesus Cristo é o único Salvador
Quinta -At 11.17,18: Em
Atos, o Evangelho é pregado aos gentios
Sexta - At 13.1-4: Em
Atos, estão registradas as primeiras missões
Sábado - At 15.6,7: Em
Atos, encontramos o primeiro Concílio
LEITURA EM CLASSE
ATOS 1.1-8
INTRODUÇÃO
Os evangelhos narram o ministério de Jesus
na Terra. O livro de Atos registra o poder sobrenatural do Espírito Santo, não
só na vida dos apóstolos, mas também na existência da Igreja, que é o Corpo de
Cristo. Podemos chamá-lo de o “Quinto Evangelho” ou “Evangelho do Espírito
Santo”.
I. AUTOR DE ATOS
1. Evidência interna.
A mudança do pronome da terceira (eles)
para a primeira pessoa do plural (nós), a partir de Atos 16.10, mostra que o
autor da obra era testemunha ocular e participava da comitiva de Paulo.
2. Evidência externa.
O documento mais antigo que atesta a
autoria lucana do terceiro evangelho (conforme a ordem na Bíblia) é datado do
segundo século (Irineu). Esta autoria é sustentada pela esmagadora maioria dos
pais da Igreja.
3. Lucas, “o médico amado’’ (Cl 4.14).
Sabemos que Lucas era grego, porque Paulo
distingue seus cooperadores judeus dos demais, em Colossenses 4.10-14.
Apresenta Aristarco, Marcos e Jesus, chamado Justo, dizendo que “são da
circuncisão”. Isso significa que são judeus. Depois vêm os outros: Epafras,
Lucas e Demas, gregos. Assim, “o médico amado” é o único escritor gentio da
Bíblia.
4. Destinatário.
Os livros de Lucas e Atos são a mesma
obra. Isso podemos afirmar com certeza, baseado na Palavra de Deus. Ambos são
dedicados particularmente a Teófilo e, de modo geral, para todos os cristãos.
Lucas faz menção do “primeiro tratado”, obviamente, uma alusão direta ao
terceiro evangelho (conforme ordem na Bíblia). “Fiz o primeiro tratado, ó
Teófilo ” diz respeito a Lucas 1.1-4, mostrando que o livro de Atos é o segundo
volume.
II. PROPÓSITO DE ATOS
1. Objetivo do livro (At 1.1-3).
Se o propósito do evangelho de Lucas foi o
de escrever sobre tudo o que Jesus “começou não só a fazer, mas a ensinar”,
assim também a intenção do livro de Atos é registrar o que Jesus continuou a
fazer e a ensinar, agora, pelo Espírito Santo, através dos apóstolos. Ao longo
deste livro, o autor dá muita ênfase à ressurreição de Cristo. Logo no
versículo 3 ele afirma: “se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas”. A
expressão “infalíveis provas”, tekmeriois, no grego, só aparece aqui em
todo o Novo Testamento.
2. Título do livro.
Este livro é tradicionalmente conhecido
como “Atos dos Apóstolos”, desde o segundo século. Este título não vem do
próprio autor. O Manuscrito Sinaítico (séc. IV d.C.) traz apenas praxeis,
no grego, que significa “atos”. O Codex Bezae (séc. VI d.C.) intitula de
“Atos dos Apóstolos”. Esses homens foram os instrumentos do Espírito Santo, que
realizaram as obras registradas nesse texto sagrado.
3. Data.
Lucas termina bruscamente a sua narrativa,
deixando Paulo preso em Roma (At 28.30,31). É evidente que isso foi
providencial, porque a história da Igreja não termina em Atos, mas no
Apocalipse. Por isso, a narrativa não foi concluída. O fato deste evangelista
não registrar a audiência do apóstolo dos gentios e nem a sua segunda prisão e
morte; não fazer menção da morte de Pedro (se é que ele esteve realmente em
Roma); não mencionar o incêndio de Roma nem as matanças determinadas por Nero;
silenciar completamente sobre a destruição de Jerusalém, são evidências
suficientes para se datar a referida obra antes de 67 d.C. (É comumente datada
entre 62 e 67 d.C.)
4. Exatidão histórica.
Os críticos de Lucas fizeram uma
investigação criteriosa, na tentativa de encontrar evidências históricas contrárias
à narrativa de Atos. Hoje, os mais famosos eruditos na área de Arqueologia e
História reconhecem a exatidão histórica deste escrito sagrado. Historicamente,
a obra está sujeita a qualquer prova.
III. O TERCEIRO EVANGELHO E ATOS
1. Os dois relatos de Lucas.
Com relação ao terceiro evangelho, o
próprio evangelista Lucas afirma que consultou as testemunhas oculares, as
quais, depois, vieram a ser ministros da Palavra (Lc 1.2).
Em Atos, ele mesmo é testemunha ocular de
considerável parte dessas narrativas. Era companheiro do apóstolo dos gentios.
O relato da instituição da Ceia do Senhor, registrado em Lucas 22.19,20,
aproxima-se muito do de Paulo em 1 Coríntios 11.24,25, mais que qualquer dos
outros três evangelhos.
2. Características.
Há muitas similaridades nesses dois
livros: no estilo, na fraseologia médica e na ordem de apresentação dos fatos.
Eles relatam tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi
recebido no Céu (At 1.3).
Atos e Lucas são duas etapas do ministério
de Jesus, sendo sua ascensão a divisão da obra.
Lucas conclui o registro da vida terrena
de Jesus com a subida do Filho de Deus ao Céu (Lc 25.50-51) e Atos começa o
ministério celestial de Cristo também com a ascensão (At 1.3, 9-11).
IV. O TEMA DE ATOS
1. Instruções e a promessa do Pai (vv.
2-4).
“Depois de ter dado mandamentos”. É o
ensino de Jesus sobre a estrutura da Igreja prestes a nascer. O evangelista
Lucas é o único que afirma ter o Filho de Deus ficado 40 dias com seus
discípulos, após a ressurreição, e confirmado a promessa, feita desde os dias
dos profetas, sobre o batismo com o Espírito Santo. Atos reafirma a vocação dos
apóstolos.
2. “Restaurarás tu neste tempo o reino a
Israel?”
Os assuntos principais de Jesus, nesses 40
dias, eram sobre o Reino de Deus e o Espírito Santo. Entretanto, os discípulos
estavam apreensivos com a restauração de Israel. Queriam saber se tal fato
aconteceria naqueles dias. Eles ainda não tinham uma compreensão exata das
coisas. Parece que ainda confundiam o reino espiritual com o político.
Em resposta a essa pergunta, está o grande
tema do livro, não só para os apóstolos, mas também para a Igreja em todas as
eras: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e
ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria c até
os confins da terra” (1.8).
V. A IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE
ATOS
1. Manifesta o poder de Deus.
“Recebereis
a virtude” (v. 8). “Virtude” no grego é dinamis, de onde vêm as palavras
“dínamo, dinamite, dinâmico”. É justamente isso que acontece com o
crente, ao receber o Espírito. Foi isso que se sucedeu com os apóstolos. Esse
poder mudou a face do nosso Planeta e alterou todo o curso da História, pois
essa obra não deveria ficar confinada em Jerusalém, mas estava destinada a
alcançar “os confins da terra”.
Embora esse reino fosse diferente dos
demais da Terra, sem ideologia material e programa político, haveria, contudo,
de enfrentar não somente a hostilidade dos judeus, mas também a do mundo pagão,
incluindo o próprio império romano. A Igreja, sem exércitos fisicamente
armados, mas empunhando a espada do Espírito, enfrentou as hostes do Maligno e
saiu vitoriosa! Com ousadia, eles pregaram por toda a parte. Isso porque esses
discípulos estavam revestidos do poder do Espírito Santo.
2. Leva o nome de Jesus para as nações.
Hoje, o mundo islâmico, com toda a
hostilidade ao Cristianismo, em nada é menos hostil que a época, a qual Paulo
enfrentou em suas viagens missionárias. Mesmo assim, fundou igrejas por toda
parte. Ora. se ele enfrentou tal situação, por que não nós, na atualidade?
Precisamos aprender com o apóstolo dos gentios. Aí está uma das importâncias de
Atos: este livro é o manual de missões.
Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt 13.38).
Ele não afirmou que era Jerusalém, nem a Judéia, Roma, minha cidade e a tua.
Infelizmente, há ainda os que são míopes espirituais, os quais pensam que o
“campo” é o lugar onde moram. Por isso, não são somente apáticos às missões,
mas contra elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, pois estão muito
acomodados.
É de se lamentar ver que uma igreja, a
qual Deus proveu com recursos, esteja desperdiçando tempo, dinheiro e talentos
dos que são vocacionados. Ah! se os apóstolos do primeiro século dispusessem de
tais meios! 0 livro de Atos é uma lição para a os cristãos da atualidade.
3. Compreendendo a Igreja apostólica.
Embora os 66 livros da Bíblia apresentem a
mesma inspiração, sem o texto de Atos, jamais poderíamos compreender as
epístolas pau li nas e nem saberíamos qual seria a origem da Igreja, como Jesus
cumpriu a promessa da vinda do Consolador, a experiência dos apóstolos com o
Espírito Santo, o desenvolvimento da obra missionária e a expansão do Evangelho
pelo vasto
Império Romano. Estas informações, para
nós, valem mais que pepitas de ouro. Todo o livro de Atos gravita em torno
desse versículo.
CONCLUSÃO
Quem examina c estuda o livro de Atos fica
comprometido com as missões. Que o Espírito Santo possa despertar cada líder
para a obra missionária, seguindo o exemplo dos apóstolos. Tal tarefa não é uma
alternativa e nem um pedido de Jesus, mas uma necessidade e sobretudo uma ordem
imperativa (Mc 16.15-20; Mt 28.19,20).
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