Em Êxodo 20.8, o povo de Deus recebeu a seguinte ordem:
"Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo".
O sétimo dia da semana deve
ser separado para comemoração do término da criação de Deus (o v. 11 conclui:
"... o Senhor [...] no sétimo
dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou
o sétimo dia e o santificou"). Esse mandamento junta-se aos demais a fim
de formar o Decálogo, e não existe a mínima ideia, nem mesmo em todo o novo testamento, de que os Dez
Mandamentos deixaram de vigorar na consciência dos crentes em Cristo ou de que
seu número passou de dez para nove. Na ausência de instruções divinas
específicas em contrário, podemos presumir que o quarto mandamento (à
semelhança de todos os demais) ainda vigora. Todavia, a verdadeira questão é se
a ordem sobre o sétimo dia, o sábado do Senhor, foi transferida, no nt, para o primeiro dia da semana, o
domingo, que a igreja em geral (exceto os grupos sabatistas) honra como o Dia
do Senhor. De fato, ele também é conhecido por "sábado cristão".
Evidências
do novo testamento do culto cristão
dominical.
O âmago ou cerne da pregação
apostólica ao mundo gentio e judaico, a partir do Pentecostes era a
ressurreição de Jesus: "Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos
testemunhas desse fato" (At 2.32). O ressurgimento de Cristo era a comprovação
de Deus, perante o mundo, de que o Salvador da humanidade havia pago o preço
válido e suficiente pelos pecadores e superado a maldição da morte.
O sacrifício expiatório
eficaz de Jesus e sua vitória sobre a maldição da morte introduziu uma nova época,
um novo tempo, o da igreja. Assim como a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa, na
antiga aliança, a morte de Cristo, o sacrifício de animais no altar, o
sacerdócio supremo de Jesus "segundo a ordem de Melquisedeque"
substituiu o sacerdócio de Arão e fez com que cada crente renascido se tornasse
um sacerdote diante de Deus, também o quarto mandamento, dentre os dez, que
pelo menos em parte era de natureza cerimonial, deveria ser substituído por
outro símbolo, mais apropriado à nova dispensação — o domingo, como os fatos
seguintes parecem ensinar:
1.
Jesus ressuscitou dentre os mortos no primeiro dia da semana, de acordo com
todos os evangelistas (Mt 28.1; Mc 16.2; Lc 24.1; Jo 20.1). Assim foi que o
domingo assumiu importância especial como o dia da semana em que se celebrava a
ressurreição.
2.
Jesus apareceu pessoalmente a seus seguidores em forma visível, física, e
conversou com eles no domingo da Páscoa.
a) Primeiro ele apareceu a Maria Madalena (Jo 20.11 -18).
b) A seguir, às demais
mulheres que haviam levado especiarias para embalsamar-lhe o corpo (Mt
28.7-10).
c) Apresentou-se
pessoalmente a Simão Pedro (Lc 24.34).4) Caminhou ao lado de Cléopas e seu
companheiro, com quem conversou, no caminho de Emaús (Lc 24.15-32).
d) Encontrou-se com dez
discípulos e seus amigos no mesmo domingo, à noite — sua primeira aparição
perante um grupo de crentes.
3.
Exatamente uma semana depois, no domingo à noite, Jesus de novo apareceu a seus
discípulos. Dessa vez, o cético Tomé (que estivera ausente no domingo
anterior) estava presente. Jesus mostrou a esse discípulo as evidências físicas
de suas mãos e pés perfurados a cicatriz de seu lado ferido pela lança e a fim
de convencê-lo de que revivera e ali estava com o mesmo corpo que havia sido
crucificado na sexta-feira anterior.
4. O
derramamento do Espírito Santo sobre a igreja ocorreu no Pentecostes.
Visto que a crucificação
acontecera na sexta-feira, o oferecimento do molho das primícias (tipo da
ressurreição) acontecia, como nos informa a Palavra, "o sacerdote moverá
[...] o feixe no dia seguinte ao sábado" (Lv 23.10-12), isto é, no
domingo. Isso significa que 49 dias depois era o dia da Festa das Semanas
(conhecida na língua grega como Pentēkostē, que quer dizer
"qüinquagésimo [dia]", que também caía num domingo. Obviamente o
próprio Senhor Deus decidiu honrar o domingo ao trazer a vitória e o
"aniversário" da igreja para o primeiro dia da semana.
Depois do Pentecostes,
parece que a igreja, isto é, a comunidade cristã, continuou a celebrar o
sábado, ou sétimo dia, como antes, reunindo-se com os judeus para a leitura da Torá,
pregação e oração. Entretanto, não existe referência explícita de que
crentes se reunissem no sábado judaico a fim de celebrar a Ceia do Senhor ou um
culto distintivamente cristão. Eles frequentavam as sinagogas aos sábados para
participar das reuniões porque ainda se julgavam judeus, embora crentes em
Cristo. De fato, acreditavam ser melhores e mais autênticos que aqueles que
haviam rejeitado a Esperança de Israel. Mas também se reuniam nas manhãs de domingo
para o culto e para a Ceia do Senhor, e provavelmente à noite de novo, quando
havia pregação e participação na refeição chamada agapē, ou "festa
do amor" (At 20.5 -12).
5.
Em 1 Coríntios 16.2, Paulo instrui a igreja coríntia:
"No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia [lit.,
'ponha por si mesmo'], de acordo com a sua renda, reservando-a para que não
seja preciso fazer coletas quando eu chegar". Essa coleta deveria ser
enviada aos cristãos hebreus da Judéia, dolorosamente atingidos pela fome.
Dificilmente
Paulo estaria se referindo ao hábito de poupar dinheiro, que
os crentes praticariam apenas no lar, em particular, visto que nesse caso não
haveria a mínima necessidade de ele referir-se a um determinado dia da semana
para isso.
Qualquer pessoa que esteja economizando com vistas a
determinada causa, colocando algum dinheiro à parte, num "cofrinho",
está livre para guardar esse dinheiro em qualquer dia da semana. Dificilmente
lhe seria pedido que esperasse até o domingo para mexer no
"porquinho". Só existe uma razão plausível para que Paulo
determinasse um dia especial da semana: todos os crentes "reunidos"
nesse dia poderiam contribuir para a tesouraria beneficente da igreja
(observemos o uso da palavra thēsaurizōn, "poupar", que
significa na verdade "colocar dentro de um tesouro [thēsauros]".
(Esse é o mesmo termo usado para o gazofilácio colocado à entrada do pátio do
templo em Jerusalém.) Proporcionalmente aos rendimentos da semana anterior
("conforme a sua prosperidade"), presumivelmente os 10% prescritos no
antigo testamento.
O fato de juntar todas as contribuições individuais num
receptáculo comum possibilitava àqueles crentes obter uma soma considerável
para o socorro dos necessitados. Tendo em mente todos esses fatores, é mais
seguro para nós concluir que a igreja coríntia mantinha o hábito de reunir-se
aos domingos, quando recolhiam ofertas em dinheiro para certas finalidades, em
relação ao culto de adoração e louvor dominical.
Depois de Paulo ter passado
toda uma semana em Trôade, de acordo com Atos 20.5-12, encerrou sua estada
entre aquela comunidade de cristãos presidindo o culto de domingo à noite.
Dificilmente se trataria de um culto especial marcado para propósitos
evangelísticos ou estudo bíblico, pois de outra forma não haveria motivo para o
apóstolo permanecer ali sete dias (v. 6). Paulo estava sendo pressionado pelo
tempo, pois precisava estar em Jerusalém a tempo para a Festa de Pentecostes
(v. 16). Devemos, portanto, concluir que Paulo esperou até o culto regular de
domingo à noite, em Trôade, de modo que pudesse contar com a maior congregação
que lhe fosse possível conseguir. (Não cabe a mínima dúvida quanto a se
"primeiro dia da semana" poderia referir-se ao sábado à noite — como
argumentam alguns — visto que Trôade era uma cidade grande, um centro comercial
importante e, com toda a certeza, a maior parte de seus habitantes era formada
de gentios. Portanto, para eles, o "primeiro dia da semana" teria
começado à meia-noite, como era a determinação no mundo romano — e também no nosso,
hoje).
A seguir, o apóstolo pregou
a uma igreja cheia no andar superior; o culto demorou muito, estendendo-se
noite adentro, até à madrugada de segunda-feira. Nesse momento, iniciaram a
celebração de uma agapē, ou festa simples do amor,
antes das despedidas (v. 11). A instituição do culto dominical estava
firmemente estabelecida em Trôade, obviamente com a aprovação de Paulo.
7. A
última referência do nt ao domingo
como dia de significado especial para os cristãos encontra-se em Apocalipse
1.10: "No dia do Senhor achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma
voz forte". Era a voz do Cristo glorificado, que havia chegado a fim de
ter comunhão com João, num domingo. "No dia do Senhor" está expresso
no caso dativo: tē kyriakē hēmerā. Não existe base válida para que se
questione se trata de fato do domingo. Até hoje essa é a expressão regular para
"domingo" no grego moderno. E a intenção plena é essa desde as
testemunhas mais antigas pós-bíblicas (Didaquê, 14.1, primeiros 25 anos
do século ii d.C; Epístola de
Barnabé, 15.1, início do século ii).
Justino Mártir (meados do século ii)
descreve uma ordem de culto típica num culto cristão "no dia chamado
domingo" (Primeira Apologia 67).
Em seu Diálogo com
Trifão, Justino argumenta que a ordem em Gênesis 17 para que se circuncide
uma criança "no oitavo dia" foi estabelecida por Deus como
"figura da verdadeira circuncisão, com a qual Jesus Cristo nosso Senhor,
ressuscitado no primeiro dia da semana, nos circuncidou do erro e da
maldade" (cap. 41). No início do século iii,
Tertuliano chegou a afirmar que "nós [os cristãos] nada temos com o
sábado, nem com outras festas judaicas, e menos ainda com as celebrações dos
pagãos. Temos nossas próprias solenidades: o Dia do Senhor, por exemplo, e o
Pentecostes" (On idolatry 14). Em De oratione (23),
Tertuliano insiste na cessação do trabalho no domingo para que seja preservado
como dia de culto para o povo de Deus.
Encontramos
um testemunho muito interessante na obra siríaca O ensino dos apóstolos, que
data da segunda metade do século iii,
segundo a qual os apóstolos de Cristo foram os primeiros a designar o primeiro
dia da semana como o dia do culto cristão. "Os apóstolos determinaram,
ainda: no primeiro dia da semana deve haver culto, com leitura das Escrituras
Sagradas e a oblação. Isso porque no primeiro dia da semana o Senhor nosso
ressuscitou dentre os mortos, no primeiro dia da semana subiu aos céus, e no
primeiro dia da semana vai aparecer, finalmente, com os anjos celestiais"
(Ante-nicene fathers, 8668). (Pela
maior parte das citações dos pais da igreja, considero-me em dívida com Henry
Waterman, pelo seu magnífico artigo "The Lord's Day" [Tenney, Zondervan Pictorial
Encyclopedia, 3: 965-6]).
À luz desses testemunhos
cristãos primitivos, podemos ver a insensatez da contenda levantada por alguns
adeptos do sabatismo, segundo os quais o domingo não foi escolhido para
substituir o sábado, como dia do culto cristão, o que só ocorreria na época de
Constantino, o Grande (308-337). Desde os tempos apostólicos, o domingo tem
sido reconhecido pelos cristãos como o dia de culto e de descanso. O que
Constantino fez foi promulgar um édito especial em que prescrevia o domingo
como sendo o dia oficial de descanso na semana em todo o Império Romano.
Fonte:
Gleason Archer - Enciclopédia de Temas Bíblicos
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