“Fala-se muito de unção de Deus hoje em dia, mas,
â luz da Bíblia, qual é o real propósito da unção de Deus para as nossas
vidas?”
Unção é o ato de derramar
azeite sobre objetos ou pessoas em sinal de consagração. No Antigo
Testamento, o ato de ungir com óleo sagrado servia para separar (confirmar)
aqueles que, pela vontade de Deus, passariam a exercer as funções de rei,
sacerdote e profeta.
A
unção que permeia todo o Antigo Testamento, mostrando a separação de pessoas
para determinadas funções, chega ao Novo Testamento onde, na pessoa de
Jesus, o Cristo (isto é, o Ungido) encontra o seu cumprimento literal (Lc
4.16-21).
A
unção do Espírito Santo separa a pessoa ungida para o seu ofício,
revelando o caráter sagrado de sua chamada e comissão. Essa unção é
caracterizada por quatro marcas que são, inclusive, marcas do genuíno Movimento
Pentecostal: a santificação, a sabedoria, os frutos e o poder.
Primeiramente,
a unção produz no crente uma vida de santificação, um desejo de melhor servir
ao Senhor que o ungiu para determinada tarefa. Essa santificação não se
caracteriza pelo isolamento do mundo, mas, sim, pela dedicação ao serviço do
Senhor da Seara.
Outra
característica da unção do Espírito Santo na vida do crente é a sabedoria que o
servo de Deus recebe quando se deixa usar pelo Espírito Santo. “Mas vós
tendes a unção que vem do Santo, e sabeis tudo”, 1Jo 2.20. Essa sabedoria
não vem através do conhecimento adquirido nos bancos da escola, mas é concedida
pelo Espírito que conhece todas as coisas. Podemos perceber essa sabedoria
quando vemos homens indoutos, sem conhecimento acadêmico, darem respostas a
homens letrados, deixando os mesmos sem saber de onde vem tamanha sabedoria.
Em
terceiro lugar, assim como Deus ungiu a Jesus e Ele andou fazendo o bem
e curando a todos os oprimidos do Diabo, nós também devemos usar a unção
recebida do Espírito Santo para produzir frutos.
Finalmente,
a unção do Espírito Santo reveste o obreiro e a Igreja de poder para
testemunhar, para expulsar demônios, para curar enfermidades, para anunciar as
obras de Deus, para pregar as boas novas de Salvação a todos os perdidos. Poder
para testemunhar é a principal característica daqueles que receberam de Deus a
unção do Espírito.
Basta olharmos para o apóstolo Pedro. Antes do Pentecostes, ele
não teve autoridade para testemunhar a favor de Jesus diante de uma empregada
doméstica. Porém, após a unção do Espírito Santo no dia de Pentecostes, foi
transformado num obreiro destemido, que dava testemunho do Senhor Jesus diante
do povo e das autoridades.
No
Antigo Testamento, sacerdotes, reis e profetas, além de objetos, móveis e
utensílios, foram ungidos com um propósito específico. Normalmente, os
sacerdotes e profetas, como representantes de Deus, encarregavam-se do ato de
ungir o rei, derramando azeite sobre a sua cabeça como símbolo de sua
consagração ao ofício (1 Sm 10.1).
Assim
como Saul, Davi e Salomão, muitos outros reis foram
ungidos e esse cerimonial deu origem à expressão “ungido do Senhor”,
caracterizando aquele que era ungido como um servo de Deus. Já no Novo
Testamento, a unção caracteriza-se pela presença constante do Espírito Santo na
vida dos crentes. Isto é, hoje, não mais ungimos reis, sacerdotes e profetas
conforme o modelo veterotestamentário, nem muito menos objetos.
Artigo:
PR. Raimundo João de Santana