Introdução
A
Primeira Carta
aos Coríntios foi escrita por Paulo
quando estava em Éfeso,
durante sua terceira viagem missionária, entre 54 e 55 d. C. Ela tinha como
objetivo dar orientações a partir de informações recebidas da própria
comunidade.
O
contexto socioeconômico, político,
cultural
e religioso
da atraente cidade de Corinto aumenta ainda mais o interesse pelo estudo desta
carta. A influência da cultura helênica (grega), o modelo de governo do império
romano
e o legalismo
judaico
confrontavam-se com doutrina cristã ensinada por Paulo.
I -
Problemas noticiados a Paulo por pessoas da coso de Cloe (1.10-4.21).
Na
perícope acima (1.10-4.21), Paulo trata de um dos principais problemas da
comunidade cristã
em Corinto, que eram as divisões e o partidarismo (1.10- 16), e se esforça
para resolvê-los (1.17-4.21). Paulo expõe diretamente o problema
("contendas entre vós") e não esconde a fonte: "me foi
comunicado pelos da família
de Cloe" (v. 11).
Os
partidarismos e divisões eram resultado da imaturidade espiritual e da dificuldade
em distinguir a sabedoria humana da sabedoria de Deus (cruz
de Cristo). As divisões
internas na igreja de Corinto estavam prejudicando a unidade da comunidade e
tirando o foco principal na missão da igreja.
Alguns membros estavam se vangloriando pela proximidade ou por ter sido
batizados por um líder específico, valorizando mais a pessoa que os havia
batizado do que o próprio sacrifício de Cristo.
Paulo
repudia a arte da retórica e da sabedoria humana, motivo de vangloria por parte
dos coríntios. Ele reforça que a loucura da cruz, a mensagem do Cristo
crucificado, que era considerada loucura tanto para romanos, gregos e judeus, é
a medida exata da verdadeira sabedoria divina. Paulo tinha uma excelente
formação educacional e religiosa, mas não se vangloriava disso. Ele preferia
apresentar somente o Cristo crucificado. O exemplo da imaturidade cristã dos
coríntios evidencia o perigo da fragilidade da fé infantil. Os coríntios ainda
eram carnais, não conseguiam trabalhar em equipe, pois alimentavam o sentimento
da inveja e promoviam contendas e dissensões na comunidade.
Paulo,
de uma forma didática, utilizando a metáfora da plantação, demonstra que todos
nós somos cooperadores na obra de Deus. Podemos ter habilidade para arar,
plantar, regar e podar, entre outras atividades na lavoura de Deus, mas somente
Deus é quem dá a vida e o crescimento necessários. Deus deve ser louvado e
adorado, nunca o ser humano.
II -
Problemas de conhecimento público que chegaram até Paulo (5.1-6.20)
Na
segunda parte da carta (5.1-6.20), Paulo trata de problemas que eram de
conhecimento comum, e um deles causava escândalo até aos de fora da igreja: um
caso de incesto (5.1-13). Além disso, Paulo adverte os coríntios sobre a
incapacidade de resolver os problemas internos da comunidade (6.1-11) e sobre
alguns problemas de imoralidade sexual (6.12-20).
A
disciplina deve ser aplicada de acordo com sua abrangência e quando outros
meios de persuasão como aconselhamento e orientação pastoral não surtirem
efeitos. Ela é um meio de preservar o Corpo de Cristo e a santidade na igreja.
O objetivo é cura espiritual.
Diante
dos inúmeros conflitos internos da comunidade levados aos tribunais romanos, o
apóstolo propõe um modelo de conciliação de conflitos interno, tendo como base
o modelo de vida cristã comunitária, igualitária e fraternal. Paulo adverte que
quem não acatasse sua sugestão estaria correndo o risco de ser classificado com
os demais pecadores e condenados à perdição eterna.
O
ambiente imoral de Corinto e o conceito dualista de que o corpo era mau e o
espírito bom estava influenciando o comportamento dos membros da igreja. Alguns
coríntios se achavam livres para fazer o que bem entendessem com o seu corpo.
Paulo os corrige e ensina que o corpo deles pertence ao Senhor e não foi feito
para a imoralidade sexual. A verdadeira liberdade está em Cristo. Ser livre é
poder dizer não à imoralidade e à prostituição, e preservar o templo do
Espírito Santo.
III -
Problemas trazidos a Paulo pela própria comunidade (7.1-14.40)
Na
última parte da carta (7.1-14.40), o apóstolo passa a responder sobre problemas
que haviam sido trazidos por alguns líderes de Corinto até Éfeso, onde Paulo
estava no momento da escrita da carta. Eles solicitaram orientações sobre
castidade, casamento e virgindade (7.1-40); carnes sacrificadas aos ídolos
(8.1-10.33); comportamento nas reuniões de culto (11.2-14.40); dons e
ministérios eclesiásticos (12.1-14.40); e dúvidas sobre a ressurreição
(15.1-58).
Paulo
afirma que o casamento é bom e abençoado por Deus e adverte que o celibato é
somente para jovens e viúvas que têm o dom para permanecer neste estado. A
ideia original do casamento é que ele dure até que a morte separe os cônjuges;
todavia, devido à dureza do coração, muitos casais não chegam até o final
juntos. Por isso, o casamento não pode ser usado para fugir da solidão, da
tentação sexual ou das dificuldades da vida. Por isso, ele deve ser bem
planejado.
Os
conflitos entre os judeu-cristãos e os cristãos gentios também estavam
presentes em Corinto. Quanto à circuncisão, Paulo é bem prático em sua
orientação: cada um fique como está, a circuncisão não passa de um ritual
externo com significado específico aos judeus. Quanto à carne sacrificada a ídolos,
ele esclarece que os ídolos nada são nada e que só existe um Deus, mas para
evitar mais conflitos na comunidade, quando necessário, não se comesse a carne
sacrificada.
Paulo
reforça que a celebração da Ceia do Senhor aponta para a cruz e conduz o participante
a olhar para dentro de si, em busca do aperfeiçoamento em Cristo. Entre as
orientações sobre os dons, o apóstolo inclui o poema do amor (1 Co 13), que no
final do capítulo doze ele afirma ser o caminho mais excelente de todos.
Destaca que os dons são úteis e para benefício da coletividade, e reforça ainda
que estes não têm valor algum se não forem exercidos com amor.
Quanto
às dúvidas e medos dos coríntios sobre a ressurreição, em especial para os que
estiverem vivos por ocasião do Retorno de Cristo, Paulo os tranquiliza ao
afirmar que a ressurreição de Cristo garante a nossa ressurreição e a
transformação em um corpo espiritual de todos os salvos vivos no ato do
Arrebatamento, bem como dos que morreram em Cristo. O apóstolo conclui a carta
com recados e despedidas (16.1-24).
Artigo:
Pr. Natalino das Neves
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