No livro do profeta
Ezequiel,
capítulo 29, versículo 3, lemos: “Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito,
grande dragão (Hofra), que pousas no meio dos teus rios, e que dizes: O meu rio
é meu, e eu o fiz para mim” (ERC). Eis que um grande dragão simbolizava o
faraó. Isso refere-se ao monstro mitológico Caos, chamado por uma variedade de
nomes. É cósmico, não meramente terrestre.
✍VEJA TAMBÉM:
O título “grande dragão” fala desse faraó, o
dragão mitológico, o Monstro-Caos, que o Criador confinara e controlava no mar.
O mito vem a ser uma exagerada imaginação popular. O profeta Isaías (Is 27.1)
não hesitou em tomar por empréstimo alguns elementos da mitologia para ilustrar
sua mensagem. Esse animal mitológico era visto como inimigo da ordem da
criação.
Vários são os seus nomes, como, por exemplo,
Tanim, usualmente traduzido por “dragão” ou “monstro” (Is 51.9; Ez 29.3; 32.2;
SI 74.13; Jó 7.12). Além disso, o próprio mar é personificado como monstro (Is
51.10; Hc3.8; SI 74.13; Ap 21.1).
Há cinco referências a esse animal nas páginas do
Antigo Testamento: Jó
41.1; Salmos 74.14; 104.26; e Isaías 27.1. Partindo agora para o Novo
Testamento, temos em Apocalipse
as palavras do apóstolo João, onde ele pinta Satanás
como “dragão”. Havia muitos precedentes para isso, tanto na cultura
judaica
como na pagã e nos símbolos religiosos.
O vocábulo grego usado foi drakón, que
significa “dragão”, “serpente”, “crocodilo” ou “leviatã” (Jó 41.1). Nos
escritos judaicos, foi usado como um símbolo de Satanás e seguidamente
transferido para o Novo Testamento. “Dragão” fala de truculência, brutalidade,
violência, crueldade. “Antiga serpente” significa “tramas” e “intrigas”. “Diabo”, no
grego,
é “acusador”, “caluniador”. “Satanás”, no hebraico, significa “adversário”,
“sedutor que engana, ilude, trapaceia”.
Ele é o próprio Lúcifer. Em muitos mitos antigos,
o dragão ou serpente é a figura do poder primeval (dos tempos primitivos) do
caos. No Novo Testamento, drakón se acha apenas no Apocalipse, onde se emprega
exclusivamente como sinônimo de Satanás, ficando explícito em Apocalipse 12.9.
Em Gênesis
capítulo 3, ele é a serpente.
Portanto, na verdade, não existe um animal
chamado dragão que viveu nestas terras, tenha hálito de fogo, asas, cauda
longa, poderes mágicos e garras, a não ser aquele que foi mostrado a João na
ilha de Patmos, e que era vermelho e tinha sete cabeças e sete diademas. Seus
chifres representam seu imenso poderio; diademas, seu domínio. Vermelho, que é
a cor do sangue e do fogo, indica que é o provocador de mortes, guerras,
intrigas, contendas. Aliás, justamente por isso, algumas pessoas são assim
chamadas por terem má índole.
Artigo: Pr. Nemuel Kessler
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