1. A Divindade de Cristo
A
linha de evidencia que demonstra a preexistência de Cristo com base na verdade
de que Ele é Deus, é totalmente simples. Por ser Deus, Ele existiu desde toda
eternidade e será o mesmo de ontem, hoje e eternamente.
Para
o crente mentalizado espiritualmente, o procedimento que empreende provar a
divindade de Cristo é redundante; todavia, para o incrédulo, a reafirmação
desta evidência esmagadora sempre será vantajosa, se porventura houver uma
sinceridade suficiente para recebê-la. Tal declaração da divindade de Cristo é
exigida em qualquer tentativa de desenvolver uma Cristologia digna.
A
linha de argumento a ser seguida deve ser clara, a saber, que, como a divindade
de Cristo é verificada, tanto a sua preexistência quanto a sua existência
eterna são asseguradas.
Neste
assunto, a suposição dos arianos, a qual afirma que Cristo preexistiu, mas era
uma criação de Deus e, portanto, não igual a Deus deve ser refutada Sobre Deus,
a Confissão de fé de Westminster declara: a) Há um só Deus vivo e verdadeiro, o
que é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível,
sem corpo, membros ou paixões; e imutável, imenso, eterno, incompreensível,
onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, e faz tudo
segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável, e
misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o
buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo
pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.
b) Deus tem, em si mesmo, e
de si mesmo, toda a vida, glória, bondade, e bem-aventurança.
Ele é todo-suficiente em si e para si, pois não precisa das criaturas que
trouxe à existência; não deriva delas glória alguma, mas somente manifesta a
sua glória nelas, por elas, e para elas e sobre elas.
Ele é
a única origem de todo ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas e
sobre elas tem Ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas
tudo quanto quiser. Todas as coisas estão patentes e manifestas diante dele; o
seu saber é infinito, infalível e independente da criatura, de modo que para
Ele nada é contingente ou incerto.
Ele é
santíssimo em todos os seus conselhos, em todas as suas obras e em todos os
seus preceitos. Da parte dos anjos e dos homens e de qualquer outra criatura
lhe são devidos todo culto todo serviço e toda obediência que Ele houve por bem
requerer deles.
É
provável que nenhuma outra declaração mais abrangente a respeito de Deus tenha
sido formulada do que esta; todavia, é esta infinidade do Ser que as Escrituras
atribuem a Cristo. Nada há mencionado ser verdadeiro de Deus que não seja dito
ser verdadeiro de Cristo no mesmo grau de perfeição infinita.
É
verdade que Ele tomou sobre si a forma humana e que, ao fazer isso, problemas
importantes surgem com respeito à Pessoa teantrópica que Ele veio a ser. A
questão fundamental é que Cristo é Deus. Isto já foi provado e será demonstrado
neste livro.
O estudante é ordenado a não
se esquecer dessas provas e a conseguir uma convicção profunda da divindade de
Cristo. Se ele vacilar a respeito desta verdade fundamental, deveria reexaminar
cada argumento e tentar não caminhar até que esta crença esteja adquirida
definitivamente, pois, à parte desta convicção, nenhum verdadeiro progresso
será feito.
Se,
por outro lado, tal convicção não é adquirida, o estudante está
fundamentalmente errado e pode, sob tal incredulidade anormal e falta de
obediência às Escrituras, não ser digno de tornar-se um expositor do Texto
Sagrado. O próprio Senhor declarou que "todos honrem o Filho, assim como
honram o Pai" (Jo 5.23).
O
Filho é desonrado quando lhe é atribuído um lugar inferior do que o do Pai. Tal
desonra ao Filho não é agradável ao Pai, e um ministério é vão, mesmo que
sincero, quando se desenvolve sob o desprazer do Pai. A divindade do Pai é
plena e universalmente admitida, assim também a divindade do Espírito Santo,
mas a divindade do Filho é contestada.
Tal
dúvida não teria surgido se o Filho não tivesse se encarnado. É a sua entrada
na esfera humana que proporcionou um campo para a descrença. Assim, é exigido
que o testemunho mais exato da Palavra de Deus seja dado em sua plena
autoridade.
Como se o Autor divino
antecipasse a tentação para a incredulidade que haveria
de existir através do entendimento erróneo da Pessoa teantrópica, também a
evidência mais firme é suprida com respeito a divindade de Cristo.
As
Escrituras são tão claras e conclusivas em suas
expressões a respeito da divindade de Cristo como elas são a respeito da sua
humanidade. A sua humanidade é revelada pelo método natural de atribuir-lhe
títulos e atributos humanos, ações humanas e relacionamentos humanos. Semelhantemente,
a sua divindade é revelada na mesma maneira por
atribuir a Cristo títulos divinos, atributos divinos, ações divinas e
relacionamentos divinos.
2.
Os Nomes Divinos
Os nomes encontrados
na Bíblia especialmente aqueles
aplicados às pessoas divinas - são muito mais do que títulos vazios. Definem as
pessoas a quem eles pertencem. O nome Jesus é sua designação humana, mas ele
também incorpora o propósito redentor total da sua encarnação (cf. Mt 1.21).
Títulos semelhantes como "o Filho do homem", o
filho de Maria, "o filho de Abraão", o "filho de Davi",
asseveram a sua linhagem humana. De igual modo, as designações
"Verbo" ou Logos, "Deus", "Senhor", "Deus
Forte", "Pai da Eternidade", "Emanuel", "Filho de
Deus", dizem respeito a sua divindade. Entre esses nomes divinos, alguns
são concludentes em suas implicações.
3.
Designações
do Relacionamento Eterno
Logos. Como a linguagem
expressa pensamento, assim Cristo é a
Expressão, o Revelador t o Manifestador de Deus.
O termo Logos - usado
somente pelo apóstolo João como um nome da Segunda
Pessoa - indica c caráter eterno de Cristo. Como Logos, Ele era no princípio,
Ele estava com Deus, e Ele era Deus (Jo 1.1). Ele igualmente se fez carne (Jo
1.14) e assim é de acordo com as funções divinas - a manifestação de Deus ao
homem (cf. Jo 1.18).
Em sua manifestação, tudo o que pode ser revelado relativo à Pessoa de Deus
não estava somente residente em Cristo - "porque nele habita corporalmente
toda a plenitude da divindade" (Cl 2.9) -mas todas as coisas da
competência de Deus conhecimento insuperável, de fato estavam residentes nele.
Nenhuma declaração mais estranha da divindade de Cristo pode ser feita além
da que está indicada pelo cognome Logos.
4.
Imagem (Cl 1.15)
Imagem conta mais do
que mera Semelhança; ela implica que há um protótipo
e que a imagem é a sua realidade revelada. Sobre este termo Dean Alford pode
ser citado:
... a imagem do Deus invisível (o adjunto invisível é de peso
total para o entendimento da expressão). O mesmo fato sendo o fundamento da
totalidade como em Filipenses 2.6 e seguintes, de que o Filho subsistia em
forma de Deus, que este aspecto do fato é destacado aqui, que aponta para o Seu
ser a manifestação visível de que em Deus que é invisível: a palavra do
silêncio eterno, o brilho da glória que nenhuma criatura pode suportar, a marca
expressa daquela pessoa que é incomunicavelmente de Deus; em uma palavra, o
declarador do Pai, a quem ninguém jamais viu.
5. Unigênito
Este
título - algumas vezes traduzido como Primogênito - indica que Cristo é
Primogênito, o mais velho em relação a toda criação; não a primeira coisa
criada, mas a antecedente a todas as coisas assim como a causa delas (Cl
1.16).
Deste
título, o Dr. John F. Walvoord escreve: "Este termo é usado duas vezes no
Novo Testamento, sem se referir a Cristo (Hb 11.28; 12.23), e sete vezes como
Seu título. Um exame dessas referências revelará um uso tríplice:
(a) Antes de toda criação (Rm 8.29;
Cl 1.15). Como o
'primogênito de toda criação' (Cl 1.15), o título é obviamente usado, a fim de
esclarecer que Cristo existia antes de toda criação; daí, eternamente
auto-existente.
(b) Primogênito de Maria (Mt 1.25;
Lc 2.7; Hb 1.6).
Aqui a referência é claramente ao fato de que Cristo era o primeiro filho
nascido de Maria, um uso em contraste ao que fala de sua filiação eterna. O
termo é usado, então, de sua pessoa pré-encarnada, e também da sua pessoa
encarnada.
(c) Primogênito pela ressurreição
(Cl 1.18; Ap 1.5). O
significado aqui é que Cristo é o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos
na vida ressurreta; daí, 'o primogênito dos mortos' (Cl 1.18). Em relação à eternidade
de Cristo, este título é outra prova de que Cristo é autoexistente, Deus
incriado mencionado em Romanos 8.29, Colossenses 1.15, e que, em vista de sua pessoa eterna,
Ele também tem a honra de ser o primeiro
a ser ressuscitado dos
mortos na vida ressurreta".
Um
estudo destes nomes não pode senão imprimir na mente devota a verdade de que o
Senhor Jesus Cristo existiu como Deus desde toda a eternidade e que Ele assim
existirá por toda a eternidade vindoura.
Fonte: A Trindade - IBADEP