1.
ANJOS DECAÍDOS
Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, e, como o homem,
dotados de livre escolha. Sob a direção de Satanás, muitos pecaram e foram
lançados fora do céu. (João 8:44; 2 Ped. 2:4; Jud. 6.)
O pecado, no qual eles e seu
chefe caíram, foi o orgulho. Alguns têm pensado que a ocasião da rebelião dos
anjos foi a revelação da futura encarnação do Filho de Deus e da obrigação de
eles o adorarem. Segundo as Escrituras, os anjos maus passam parte do tempo no
inferno (2 Ped. 2:4) e parte no mundo, especialmente nos ares que nos rodeiam. (João 12:31; 14:30; 2 Cor. 4:4; Apoc. 12:4, 7-9.) Enganando os homens por meio
do pecado, exercem grande poder sobre eles (2 Cor. 4:3, 4; Efés. 2:2; 6:11,12);
este poder, não obstante, está aniquilado para aqueles que são fiéis a Cristo,
pela redenção que ele consumou. (Apoc. 5:9; 7:13,14.) Os anjos não são
contemplados no plano da redenção (1 Ped. 1:12), mas o inferno foi preparado
para o eterno castigo dos anjos maus (Mat. 25:41).
2.
DEMÔNIOS
As Escrituras não descrevem
a origem dos demônios; essa questão parece ser parte do mistério que rodeia a
origem do mal. Porém as Escrituras dão claro testemunho da sua existência real
e de sua operação. (Mat. 12:26, 27.) Nos Evangelhos aparecem como os espíritos
maus desprovidos de corpos, que entram nas pessoas, das quais se diz que têm
demônio. Em alguns casos, mais de um demônio faz sua morada na mesma vitima.
(Mar. 16:9. Luc. 8:2.) Os efeitos desta possessão se evidenciam por loucura,
epilepsia e outras enfermidades, associadas principalmente com o sistema mental
e nervoso. (Mat. 9:33; 12:22; Mat. 5:4, 5.)
O
indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor de si mesmo; o
espírito mau fala por seus lábios ou o emudece à sua vontade; leva-o aonde quer
e geralmente o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma força
sobrenatural. Assim escreve o Dr. Nevius, missionário na China, que fez um
estudo profundo sobre os casos de possessão de demônios: Notamos, em pessoas
possuídas de demônios na China, casos semelhantes aos expostos nas Escrituras,
manifestando-se algumas vezes uma espécie de dupla consciência ou ações e
impulsos diretamente opostos e contrários. Uma senhora em Fuchow, apesar de
estar sob a influência de um demônio, cujo impulso era fugir da presença de
Cristo, sentiu-se movida por uma influência oposta, a deixar seu lar e vir a
Fuchow buscar ajuda de Jesus.
O mesmo autor chega à seguinte conclusão, baseado num
estudo da possessão de demônios entre os chineses:
A característica mais
surpreendente desses casos é que o processo de evidências de outra
personalidade, e a personalidade normal nessa hora está parcial ou totalmente
dormente. A nova personalidade apresenta feições de caráter diferentes por
inteiro, daquelas que realmente pertencem à vitima em seu estado normal, e esta
troca de caráter tende, com raras exceções, para a perversidade moral e
impureza. Muitas pessoas, quando possuídas de demônios, dão evidências de um
conhecimento do qual não podem dar conta em seu estado normal. Muitas vezes
parece que conhecem o Senhor Jesus Cristo como uma pessoa divina, e mostram
aversão e temor a ele.
Notemos especialmente estas
boas novas: Muitos casos de possessão de demônios têm sido curados por meio de
adoração a Cristo, ou em seu nome; alguns mui prontamente, outros com dificuldades.
Até onde temos podido descobrir, este método de cura não tem falhado em nenhum
caso ao qual tenha sido aplicado; não importa ter sido o caso difícil ou
crônico. E, em caso algum, até onde se pôde observar, o mal não voltou, uma vez
que a pessoa se tornou crente e continuou a viver uma vida cristã... Como
resultado da comparação feita, vemos que a correspondência entre os casos
encontrados na China e aqueles registrados nas Escrituras é completa e
circunstancial, cobrindo quase todos os pontos apresentados na narração
bíblica.
Qual o motivo que influi nos
demônios a fim de apoderarem-se do corpo dos homens?
O
Dr. Nevius responde: A Bíblia ensina claramente que todas as
relações de Satanás com a raça humana têm por objetivo enganar e arruinar,
afastando a nossa mente de Deus e induzindo-nos a infringir suas leis, e trazer
sobre nos o seu desagrado. Esses objetivos são conseguidos por meio da
possessão de demônios.
Produzem-se efeitos
sobre-humanos que ao ignorante e desconhecedor parecem divinos. Ele exige e
consegue a adoração e a obediência implícitas pela imposição de sofrimentos
físicos e por falsas promessas e temíveis ameaças. Desse modo, os ritos e as
superstições idólatras, entrelaçadas com os costumes sociais e políticos, têm
usurpado em quase todas as nações da história o lugar da adoração única a Deus.
(Vide 1 Cor. 10:20,21; Apoc. 9:20; Deut. 32:16; Isa. 65:3.) Quanto aos próprios
demônios, parece que eles têm motivos pessoais e próprios.
A possessão dos corpos
humanos parece proporcionar-lhes um lugar muito desejado de descanso e prazer
físico. Nosso Salvador fala dos espíritos maus andando por lugares áridos
buscando especialmente descanso nos corpos das vitimas. Quando privados de um
lugar de descanso nos corpos humanos, são representados como buscando-o no
corpo dos animais inferiores. (Mat. 12: 3-5.) Martinho Lutero disse: "O
diabo é o contrafator de Deus." Em outras palavras, o inimigo sempre está
contrafazendo as obras de Deus.
E certamente a possessão de
demônios é uma grotesca e diabólica contratação da mais sublime das
experiências — a habitação do Espírito Santo no homem. Note alguns paralelos:
1)
A possessão de demônios significa a introdução de uma nova personalidade no ser
da vitima, tomando-a, em certo sentido, uma nova criatura. Note
como o gadareno endemoninhado (Mat. 8:29) falava e se portava como que
controlado por outra personalidade. Aquele que é controlado por Deus tem uma
personalidade divina habitando nele. (João 14:23.)
2)
As elocuções inspiradas pelo demônio são imitações satânicas daquelas
inspiradas pelo Espírito Santo.
3)
Já se observaram casos em que a pessoa que se rende conscientemente ao poder do
demônio, muitas vezes recebe um dom estranho, de forma que pode ler a sorte,
ser médium, etc. O Dr. Nevius escreve: "Nesse
estado, o endemoninhado desenvolve certas habilidades psíquicas e se dispõe a
ser usado. Ele é o escravo voluntário, treinado e acostumado com o
demônio." é uma imitação satânica dos dons do Espírito Santo!
4)
Frequentemente os endemoninhados manifestam uma força extraordinária e
sobre-humana — uma imitação satânica do poder do Espírito
Santo. O Senhor Jesus veio ao mundo para resgatar o povo do poder dos espíritos
maus e pô-lo sob o controle do Espírito de Deus.
Texto: Myer Pearlman