Os pecados contra o Espírito
Santo afetam terrivelmente a santidade. Ele é o Espírito Santo; o Espírito que
nos santifica. Ele é muito sensível; é tanto que é simbolizado pela pomba. O
único pecado imperdoável só pode ser cometido contra Ele; não contra o Deus
Pai, nem contra o Deus Filho. Isso deve nos servir de alerta quanto ao pecado!
Há
seis principais pecados contra o Espírito Santo;
que consistem em palavras, atitudes e atos. Entre os pecados por palavras,
acham-se as afrontas verbais e as blasfêmias. As atitudes e os atos constam da
resistência ao Espírito, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de Deus.
====33===
1. Resistir ao Espírito Santo.
A resistência ao Espírito é
o pecado inicial que se comete contra o Consolador (At 7.51). É dizer “não”
continuamente ao convite da salvação; recusar ouvir e ler a Palavra de Deus;
recusar os impulsos interiores do Espírito Santo dentro de nós (orar,
testemunhar, apartar-se do mal).
Resistir ao Espírito é
também rebelar-se contra a autoridade divina (Is 63.10). Não só a direta, que é
infrequente na Bíblia: mas a autoridade divina indireta, isto é, delegada por
Deus. Esta é a forma predileta de Deus governar entre os homens, através da
família (autoridade social); do governo (autoridade civil); e da igreja
(autoridade religiosa).
Esse pecado, cometido por
incrédulos e crentes, consiste ainda em adiar a decisão de obedecer ao Senhor.
É, em resumo, resistir à voz de Deus, de todas as formas. E, uma vez cometida
essa ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do
ofensor, afetado terrivelmente pela iniquidade, considerará o pecado algo comum
e corriqueiro.
O pecado de resistir ao
Espírito pode ser compreendido pelo modo como Estêvão concluiu seu sermão
diante dos anciãos de Israel: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração
e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7.51). O pecado daqueles
homens não era um ato isolado, mas contínuo: resistir “sempre” ao Espírito
Santo.
====33===Quem resiste ao Espírito
Santo recusa, de forma consciente, a vontade divina expressa pela terceira
Pessoa da Trindade, mediante a Palavra de Deus e por meio de seu trabalho em
nossos corações. A palavra “resistir”, empregada por Estêvão, no original, vai
além de uma mera resistência. Significa lutar contra; lutar com afoiteza.
O povo de Israel até hoje
sofre as consequências de sua resistência contínua ao Espírito de Deus (1 Ts
2.15,16). Os ouvintes de Estêvão “lutavam” contra o Espírito, empregando
naquela peleja todas as suas forças (cf. Zc 7.12; Gn 6.3; Is 30.1; Ne 9.30; Ez
8.3,6). O povo de Deus fez isso por rebeldia contumaz, e o Espírito do Senhor
voltou-se contra eles. Que relato terrível e condenatório (Is 63.10)! O leitor
tem resistido ao Espírito Santo?
2. Insultar ao Espírito Santo.
Insultar ou agravar o
Espírito Santo é um pecado que consiste em insultar, agravar, ultrajar a
terceira Pessoa da Trindade. E rejeitar continuamente a Jesus — isso pode ser
uma pessoa, uma família, uma comunidade, uma nação. É um pecado cometido por
incrédulos e crentes.
Acostumados com o culto
levítico, e sob perseguição por causa do evangelho de Cristo, os cristãos de
origem judaica começaram a deixar a igreja e a retornar ao judaísmo centrado no
Templo em Jerusalém. Em Hebreus 10.29, eles são incisivamente exortados a não
fazê-lo: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que
pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”
Aqueles irmãos cometeram
três horrendos pecados: o de pisar o Filho de Deus; o de ter por comum o sangue
da aliança; e o de agravar o Espírito Santo. Agravar, como aqui é empregado, é
afrontar, ultrajar, debochar, zombar, injuriar, insultar com desdém.
Quem ultraja ao Espírito
rejeita a Palavra de Deus com menosprezo e zombaria, continuamente. Além disso,
tem o sangue redentor de Jesus como coisa sem valor, sem importância; rejeita
com desdém e escárnio as ofertas da graça de Deus. Essa recusa ultrajante se
deve ao fato de o crente 'ou descrente) não valorizar (negligenciar) os dons
graciosos de Deus: o dom da salvação; o dom do Espírito; os dons espirituais.
3. Tentar o Espírito Santo.
E pecar conscientemente até
quando o Espírito Santo suportar. É um pecado cometido também por incrédulos e
crentes. Implica mentir ao Espírito (ora, Ele é a verdade: 1 Jo 5.6); enganar
os servos de Deus como congregação, como corpo; e ser hipócrita. O hipócrita
devia saber que o Espírito Santo sonda e conhece os corações.
Ananias e Safira cometeram
esse pecado; mentiram ao Espírito; enganaram os servos de Deus; e quiseram
mostrar-se melhores do que os outros, sem o serem, conforme lemos em Atos
5.1-10.
A mentira ao Espírito Santo
está categoricamente exemplificada na passagem em que Pedro, pelo Espírito
Santo, denuncia a mentira de Ananias e Safira: “Ananias, por que encheu Satanás
o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço
da herdade?” (At 5.3). Qual é o sentido da palavra “mentira” aqui? O termo
original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade. Ananias e
Safira certamente ensaiaram essa mentira, como pode ser visto no versículo 9.
Quais são as implicações de
se mentir ao Espírito Santo? Quem mente ao Espírito Santo, menospreza a sua
deidade; Ele é Deus (vv.3,4). Como a terceira pessoa da Santíssima Trindade,
Ele é onisciente, onipresente e onipotente. Isso significa que o Espírito Santo
tudo sabe e tudo conhece. Logo, mentir e tentar o Espírito do Senhor (v.9), é
testar a tolerância de Deus, isto é, pecar até enquanto Deus suportar, (cf. Nm
14.22,23; Dt 6.16; Mt 4.7).
4. Entristecer o Espírito Santo.
Na Epístola aos Efésios,
exorta-nos Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais
selados para o dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e
blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef 4.30,31).
O que é entristecer o
Espírito Santo? O vocábulo original tem a ver com agravo, dor, aflição,
angústia.
Entristecer ao Espírito, um
pecado cometido por incrédulos e crentes, consiste em fazer tudo aquilo que não
agrada ao Espírito de Deus, como ser ingrato para com Deus; ser negligente na
vida espiritual; ser esquecido das bênçãos divinas recebidas e das coisas de
Deus em geral; ser rebelde, desobediente de modo contínuo para com Deus (cf. Is
63.10); ser mundano, o que implica infidelidade espiritual (Tg 4.5); e ser
carnal (G1 5.16).
O que pode entristecer o
Espírito Santo? Mathew Henry responde: “Toda conversação maligna e corrupta,
que estimule os desejos pecaminosos e a luxúria, contrista o Espírito Santo”. O
Espírito Santo também é entristecido quando, desprezando a vontade divina,
preferimos seguir nossos desejos e ambições; quando o cristão não reverencia a
sua presença manifesta e ignora a sua voz; e quando o crente não busca a sua
vontade e direção.
E importante considerar aqui
os “nãos” divinos constantes de Efésios 4.26-30.
5. Apagar o Espírito Santo.
Escrevendo aos crentes de
Tessalônica, Paulo exortou-os: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). Como o
Espírito Santo é comparado ao fogo, apagar ou extinguir o Espírito é abafar,
reprimir, sufocar o calor e a luz provenientes dEle. E, pois, reprimir a voz do
Espírito dentro de nós; opor-se à operação dEle em nosso meio; não se renovar
espiritualmente; impedir a sua operação pelo mundanismo, materialismo e
humanismo (Mc 4.19; Lc 8.14).
=====res====
O termo traduzido por
“extinguir”, referente ao Espírito Santo, tem o sentido colateral de apagar aos
poucos uma chama, um fogo que está a arder. Portanto, extinguir o Espírito é
agir de modo a impedir, suprimir ou limitar a manifestação do Espírito do
Senhor. Quando perdemos o primeiro amor, extinguimos ou apagamos de nossas
vidas o Espírito de Cristo (Ap 2.4).
Qual é o perigo de se extinguir
o Espírito Santo? A extinção das operações do Espírito Santo na vida da igreja
quando não é letal, a adoece e debilita, sem que ninguém o perceba. Mais tarde,
resta somente a lembrança do passado quando o fogo do céu ardia. Sempre que for
detectada a falta de operações do Espírito Santo em nosso meio, devemos clamar
a Deus sem cessar por um avivamento espiritual. A extinção do Espírito Santo
leva a igreja à mornidão espiritual (Ap 3.14-22).
O fogo é o grande agente
purificador natural, assim como o Espírito Santo é o grande agente purificador
divino. Sendo assim, arrume bem a lenha (ponha ordem na vida; coloque a “lenha”
em ordem); limpe o local do fogo (tire de sua vida “cinza”, “areia”, “água”,
“coisas estranhas”, como as doutrinas falsas); areje o fogo (sem ar fresco,
bom, o fogo se apaga); alimente o fogo (com lenha boa [Pv 26.20], combustível
bom, o que é caro; o fogo é sempre bom; a lenha às vezes é ruim); e mantenha o
equilíbrio do fogo — isso requer “acendedores” e “apagadores” de “ouro puro” (Êx
25.38; 37.23).
6. Blasfêmia contra o Espírito Santo.
Este pecado é cometido por
incrédulos (Mt 12.31,32; Mc 8.28-30; Lv 24.11-14). Implica atribuir
continuamente os atos divinos a Satanás (cf. Mt 12.24). E a blasfêmia contínua,
deliberada, consciente e abusiva contra o Espírito Santo. Trata-se de um
“eterno pecado” (Mc 3.29).
O pecado em apreço não pode
ser cometido por ignorância (1 Tm 1.13); não é cometido mediante uma fraqueza isolada,
impensada; torna-se imperdoável, não porque Deus não queira ou não possa
perdoar, mas porque o pecador, através desse pecado, afasta para longe de si a
única Pessoa, o Espírito Santo, que podia convencê-la do tal pecado.
Encontrava-se o Senhor Jesus
numa sinagoga em Cafarnaum, a sua cidade, quando lhe trouxeram um endemoninhado
cego e mudo. Jesus por sua compaixão libertou totalmente o homem possesso. Os
fariseus alegaram que Ele operara tal milagre pelo poder do chefe dos demônios.
Era o cúmulo do pecado deles contra o Espírito Santo (Mt 12.24).
Jesus lhes disse: “Todo
pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito
não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o
Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo,
não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32; Mc
3.28-30; Lc 12.10).
Os adversários de Jesus
blasfemavam contra Ele e o Espírito Santo, declarando consciente, proposital e
seguidamente que Jesus operava milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos
demônios (Mt 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15). Com essa blasfêmia, eles
estavam rejeitando de modo deliberado o Espírito Santo que operava em Jesus, o
Messias (Mt 12.28; Lc 4.14-19; Jo 3.34; At 10.38).
A blasfêmia deliberada e
consciente contra o Espírito Santo é imperdoável. O ser humano pode chegar a
tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o Espírito. Ver Mt 23.16,
17, 19, 24, 26.
A blasfêmia contra o Espírito de Deus é a consequência de
pecado similares que a precedem, como:
1) Rebelar-se e resistir ao
Espírito (Is 63.10; At 7.51).
2) Abafar e apagar o fogo
interior do Espírito (1Ts 5.19; Gn 6.3; Dt 29.18- 21; 1 Ts 4.4).
3) O endurecimento total do
coração — cauterização da consciência e cegueira total. Chegando o ser humano a
este ponto, torna-se réprobo quanto à fé (2 Tm 3.8) e passa a chamar o mal de
bem e o bem de mal (Is 5.20).
A blasfêmia contra o
Espírito do Senhor é imperdoável porque sendo Ele o que nos convence do pecado,
da justiça e do juízo (Jo 16.7-11), e, que intercede por nós (Rm 8.26,27), é
recusado, rejeitado e blasfemado (1 Sm 2.25). Isso porque a obra salvífica do
Pai e a do Filho estão completas, mas a do Espírito Santo continua até que
todos os salvos cheguem ao céu (Ap 22.11)!
Divulgação:
Escola Bíblica ECB | Artigo: PR.
Antonio Gilberto (em memória) | Fonte: Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD.
Páginas: 208-2014.