“Como explicar a afirmação do profeta Eliseu para seu assistente
Geazi de que seu espírito o acompanhou até Naamã (2Rs 5.25-26)?”
Ao ser interpelado por Eliseu,
Geazi negou que extorquira o comandante do exército do rei da Síria. Porém, o
profeta replicou-lhe ser inútil negar, pois o “espírito” ou “coração” do
profeta acompanhara o jovem ao pedir o dinheiro e as vestes ao general (2Rs
5.25-26). Como isso aconteceu? Teria sido alguma espécie de “viagem astral”? De
que maneira o profeta tomou conhecimento da atitude de Geazi? Para responder a
essas questões, faremos uma rápida retrospectiva do ministério de Eliseu até a
cura da lepra de Naamã e, em seguida, uma análise das versões em português e
dos manuscritos originais do texto em apreço.
Eliseu tinha recebido “porção
dobrada” do Espírito (2Rs 2.9). Atravessou o Jordão a pé enxuto (2Rs 2.14).
Sarou as águas estéreis de Jerico (2Rs 2.21).
Ao ser ridicularizado por sua
calvície, foi vingado por duas ursas (2Rs 2.24). Previu abundância de águas no
deserto de Edom e a vitória sobre os Moabitas (2Rs 3.17-18). Multiplicou o
azeite em casa da viúva (2Rs 4.3) e profetizou fecundidade na casa da sunamita
(2Rs 4.17). Até aqui o Espírito de Deus continuamente inspira o profeta. Porém,
em certa ocasião, a sunamita veio ao seu encontro desesperada e o profeta
indaga surpreso: “Sua alma está triste de amargura, e o Senhor me encobriu, e
não me manifestou” (2Rs 4.27). Neste caso, não houve revelação. Eliseu soube da
morte na casa da sunamita pelos lábios da mãe enlutada. Contudo, pelo Espírito
de Deus, o menino tornou a viver (2Rs 4.36).
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Em seguida, a morte é retirada da
panela (2Rs 4.41), 20 pães são multiplicados (2Rs 4.43) e, mais à frente, Naamã
é curado da lepra (2Rs 5.14).
Como é possível perceber, Eliseu
operou uma série de milagres pelo Espírito de Deus. Não se trata de capacidades
psíquicas naturais ou de experiências extra-sensoriais. Trata-se da
manifestação do Poder de Deus. Quando Deus não se manifestou, no caso da morte
do filho da sunamita, o profeta ficou desinformado dos fatos.
Quanto às traduções que tratam do
diálogo entre Eliseu e Geazi, apresentamos as seguintes versões em língua
portuguesa: “...foi contigo o meu espírito...” (Nova Versão Internacional,
Almeida Revista e Atualizada, e Bíblia de Jerusalém) e “...foi contigo o meu
coração...” (Almeida Revisada, Almeida Corrigida e Revisa
da Fiel, e Almeida Revista e
Corrigida). Os manuscritos dos textos massoréticos trazem o substantivo
hebraico “leb” com o significado de “coração”, “mente”. A Septuaginta, ao
traduzir o texto massorético, usou o substantivo grego “kardía”, que significa
“coração”. Desse modo, a tradução mais fiel dos manuscritos seria “coração”.
No Antigo Testamento o “coração”
é considerado lugar do conhecimento e da sabedoria. Conclui-se que o Espírito
Santo revelou ao profeta o que acontecera, e isto não teve nada com experiência
extra-sensorial como telepatia ou “viagem astral”.
Artigo: Pr. Douglas
Roberto de Almeida Baptista | Reverberação: Subsídios Dominical