O homem é um ser biopsicossocial.
Em outras palavras, é um ser biológico, que possui uma psique
(personalidade) e que interage com o meio ambiente, recebendo, é claro, direta
e indiretamente, influências desse meio.
Esta personalidade é composta
pelo temperamento (que é a personalidade em movimento, é seu aspecto dinâmico)
e pelo caráter, que é o aspecto psíquico da personalidade. O caráter é a "marca"
do indivíduo - sua maneira de ser, de agir, de falar.
Na vida do ser humano, seu
temperamento não pode ser mudado. Ele pode, sim, ser controlado.
Mas você pode estar se
perguntando: E o caráter, pode ser mudado? Sim!
Ao contrário do temperamento,
o caráter pode ser mudado. Mas, humanamente falando, é muito complicada, rara,
árdua, difícil e dolorosa essa mudança.
"O caráter é um
componente da personalidade. É adquirido, não herdado. A criança herda
tendências, não o caráter. Resulta da adaptação
progressiva do temperamento às condições do meio ambiente: o lar, a escola, a
Igreja, a comunidade, o estado sócio econômico. Pode ser mudado, mas não é
fácil! Somente Jesus
pode mudar milagrosamente o caráter e continuar mudando- o à medida que nos
rendemos a Ele. Jesus
pode salvar e, esta salvação
abrange espírito, alma e corpo" (Manual da Escola Dominical, pastor Antonio
Gilberto - CPAD).
"E não vos conformeis com
este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" Rm
12.2. A Palavra de Deus nos diz em 2 Coríntios 5.17 "Assim, se alguém está
em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo". Esta mudança vai ser evidenciada a partir da salvação
proporcionada por Jesus
ao homem. "Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa
obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo ", Fp 1.6. Isto tudo porque
esta salvação abrange espírito, alma e corpo. "E o mesmo Deus de paz vos
santifique em tudo; e todo o vosso corpo, alma e espírito sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo", 1 Ts
5.23.
"Os crentes devem estar
conscientes de que, por trás de todos os empreendimentos meramente humanos, há
um espírito, força ou poder maligno que atuam contra Deus e sua Palavra. Em
alguns casos, essa ação maligna é menos intensa; noutros, é mais contundente.
Finalmente, o mundo também inclui todos os sistemas religiosos originados pelo
homem, bem como todas as organizações e igrejas mundanas, ou normas"
(Bíblia de Estudo Pentecostal).
De acordo com o Dicionário
Michaelis, consciência é a "capacidade que o homem possui de conhecer
valores e mandamentos morais e aplicá-los nas diferentes situações".
Consciente seria, então, aquele "que tem consciência do que sabe e do que
faz".
Então nós, como cristãos,
temos que ter a capacidade de conhecer não só os valores bíblicos como os
morais e sermos capazes de aplicá-los em toda e qualquer circunstância.
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Trocando em miúdos, o caráter
do crente e suas atitudes devem estar de acordo com os mandamentos bíblicos. Em
Filipenses 2.15, "para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos
de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta na qual
resplandeceis como luzeiros no mundo".
A Bíblia
nos adverte: "Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que
tínheis anteriormente na segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos
santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está:
Sede santos porque eu sou santo", 1 Pd 1.14-16.
É claro que não somos
perfeitos; muito pelo contrário, somos todos pecadores "Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus", Rm 3.23.
Nos tornamos realmente crentes quando:
1) Somos retos, íntegros,
sinceros e honestos.
"Havia um homem na terra
de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e
desviava-se do mal", Jó 1.1. O temor de Deus e o desviar-se do mal são o
fundamento de uma vida irrepreensível. Sinceridade refere-se à integridade
moral; reto refere-se à imparcialidade de palavras, pensamentos e atos. Quando
agimos de forma semelhante, agradamos a Deus pois estamos agindo de acordo com
sua Palavra.
2) Somos tementes a Deus -
dentro e fora da Igreja.
Quando não agimos conforme o
"Manual do Fabricante", demonstramos que não temos temor de Deus;
mostramos que não O obedecemos. Às vezes, perdemos tempo nos dispondo a
oferecer sacrifícios os quais Deus não pediu e perdemos as bênçãos simplesmente
porque não O obedecemos "eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar", 1Sm 15.22.
3) Nos tornamos um vaso nas
mãos do oleiro.
"Mas agora, ó Senhor, tu
és o nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das
tuas mãos", Is 64.8. Afinal, é Deus quem nos afirma "eis que como o
barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão", Jr 18.6. É claro que
isso envolve sacrifícios, abnegações, mas envolve também, sobretudo, obediência
e fé.
Entretanto, nem sempre a
realidade aponta para as evidências acima. Dessa forma, é constrangedor quando
vemos crentes apenas de fachada, ou seja: aqueles que são convencidos e não
convertidos. Na verdade, "barro" que não se permitiu moldar pelo
oleiro.
Por que isso?
Biblicamente falando, como
dissemos acima, "quem está em Cristo, nova criatura é". Assim, aquele
que roubava, não rouba mais. Aquele que adulterava, não adultera mais. Aquele
que mentia, não mente mais. "E os que são de Cristo crucificaram a carne
com as suas paixões e concupiscências", G1 5.24. Uma vez que, tal como o
barro nas mãos do oleiro, se entregaram nas mãos do Senhor de forma a
sepultarem o velho homem. De forma a terem seu caráter transformado. Mas temos
que admitir que a realidade nos aponta para o fato de que há pessoas que dizem
estar em Cristo, mas que no fundo são dominadas pelo "velho homem".
Tanto é fato que, não raramente, encontramos pessoas que, embora se dizendo
crentes, mentem e não sustentam a palavra empenhada.
Ora, se a Bíblia
aponta que a palavra daquele que está em Cristo seja sim, sim; não, não,
como escrevem Tiago 5.12 e Mateus 5.37, qual a explicação para uma resposta
"intermediária" como correta?
Ao pensarmos na Igreja de
Cristo, partimos da premissa de que seus membros apresentam um bom caráter.
Imaginamos, ainda, que nossos "irmãos em Cristo" sempre falam a
verdade e, como seria de esperar, jamais mentem. Mas, como dissemos, a
realidade às vezes é um tanto diferente.
O fato de uma pessoa
apresentar o cartão de membro, sentar-se na igreja durante os cultos, ser aluno
assíduo da Escola Dominical, não lhe confere autenticidade como cristã. Seu
testemunho é que revelará seu caráter.
Por que estas coisas acontecem?
A igreja de Cristo é composta
por um povo eleito, santo, congregado para glorificar a Cristo, empenhado no
evangelismo e que evidencia um bom testemunho. Afinal, o testemunho do crente
é, muitas vezes, a única Bíblia que o mundo lê. Muitas pessoas, entretanto,
entram pela porta física da igreja, mas não passam pela verdadeira porta, que é
Jesus. Entram no prédio igreja, mas não se permitem ser templos do Espírito
Santo.
O que podemos fazer para não
sermos engodados pelas arapucas malignas? Devemos prioritariamente entender que
Jesus não nos chamou para uma vida circunstancial, "todavia, eu me alegro
no Senhor", Hc 3.18. Quando entendemos isso, não ficamos constrangidos em
falar a verdade, bem como não nos sentimos tentados a mentir para mascarar uma
realidade.
Talvez esta seja uma das
grandes dificuldades da vida do crente: a presteza em agradar ao homem e a
morosidade em agradar a Deus.
O que isso tem a ver com caráter?
Psicologicamente falando,
mentimos quando:
a) Não queremos "ficar
mal" com uma determinada pessoa ou grupo.
b) Não queremos reconhecer
nossa limitação.
c) Temos medo da reação do
outro ou das consequências de nossos atos.
d) Queremos tirar proveito de
determinada situação.
Note que em todas estas
situações Deus não está incluído. Daí a razão da mentira que vem como uma
"tábua salvadora". Foi o caso de Ananias e Safira.
Chega a ser curioso, mas o
mentiroso preocupa-se tanto em arquitetar seus planos que se esquecem que é
impossível enganar a Deus, "não mentiste aos homens, mas a Deus", At
5.4
Antídotos para a mentira
a) Meditar na Palavra de
Deus de dia e de noite, ao deitar-se e ao levantar-se.
"Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se
detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores;
antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de
noite", SI 1.1-2.
b) Orar uns pelos
outros (Tg 5.16).
c) Ser submissos à
vontade Deus - "Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar", 1 Sm 15.22
d) Não se preocupar em
agradar ao homem e esmerar-se em agradar a Deus.
"Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça", Mt 6.33.
O crente que age assim, vai
falar a verdade sempre, independentemente da situação em que estiver envolvido.
Dessa forma, aqueles que
estão em Cristo, que tiveram suas vestes lavadas e remidas no sangue de Jesus, não
mentem e, sob nenhuma hipótese faltam com sua palavra. Você duvida? Vamos ao
"manual do fabricante", a Bíblia
Sagrada:
1) A mulher samaritana -
Esta mulher foi tirar água e, recebeu algo muito maior... E Jesus quem
testifica: "ao que lhe respondeu a mulher: não tenho marido. Replicou-lhe
Jesus: bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse
que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade". Ela bebeu da
água da vida! Não poderia mentir... sabe o que aconteceu? A nova criatura
conclamou toda uma cidade para vir ter com Jesus - "Vinde comigo e vede um
homem que me disse tudo quanto tenho feito", Jo 4.1-30.
2) "Então a mulher,
atemorizada e trêmula, consciente do que nela se havia operado, veio e
prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade", Mc 5.33. Veja, a
mulher estava atemorizada, um tanto atônita, mas havia experimentado o poder de
Jesus. Já não podia ocultar-se, por isso declarou a verdade.
Toda pessoa que mente de
forma fria, calculista e recorrente, medindo minuciosamente suas palavras,
tentando prever exatamente cada passo, está demonstrando uma falha de caráter.
Estas pessoas sequer
confessam suas mentiras, por não acharem que seja pecado. Antes agem como se
fossem verdades. Veja Ananias e Safira, dos quais já falamos. Eles formaram o
desígnio no coração e agiram como se o valor declarado fosse o valor real. O
que lhes coube? A morte. Não poderia ser diferente hoje, uma vez que "o
salário do pecado é a morte", Rm 6.23, e mentir é pecado.
Diante da mentira, o homem só
tem duas alternativas
1. Permanecer no erro e
experimentar a morte espiritual, que é a separação de Deus em virtude do pecado
(1 Jo 1.6).
2. Reconhecer seu erro,
confessá-lo a Deus e abandoná-lo para que possa voltar a ter comunhão e
usufruir de uma vida abundante; "vai e não peques mais", Jo 8.11b e 1J
o 1.7-9.
"O que encobre as suas
transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará
misericórdia", Pv 28.13.
Devemos entender que o Senhor
Jesus não está nos esperando para nos acusar. Entretanto, aqueles que se
recusam a tê-lo como advogado, um dia vão encará-lo como juiz. É importante
darmos bom testemunho, para que possamos contar sempre com a unção e graça do
Espírito Santo.
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