Subsídios Bíblicos: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ - Nova Edição

Revista Cristão Alerta : Edição 20, 1° trimestre de 2025: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ   Subsídios Bíblicos : EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ A Revista Evangélica Digital é uma fonte confiável de subsídios bíblicos que oferece os melhores recursos para professores e alunos de Escolas Bíblicas, especialmente para as lições dominicais de adultos da CPAD. 📚 VOCÊ ENCONTRA NESTA EDIÇÃO Subsídios para todas as lições bíblicas, classe dos adultos: Subsídios Lição 1: Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja   Subsídios Lição 2: Somos Cristãos     Subsídios Lição 3: A Encarnação do Verbo Subsídios Lição 4: Deus É Triúno       Subsídios Lição 5: Jesus é Deus Subsídios Lição 6: O Filho É igual com o Pai Subsídios Lição 7: As Naturezas Humana e Divina de Jesus Subsídios Lição 8: Jesus Viveu a Experiência Humana    Subsídios Lição 9: Quem é o Espírito Santo?     Subsídios...

A Metodologia de Deus para Chamar um Crente para o Ministério

Deus usa sua metodologia para chamar seus servos de maneira direta e indireta para realizar a sua obra na terra.

1. OS MÉTODOS DE DEUS
Deus chama homens para exercerem as mais distintas tarefas em sua obra, e, como Ele é soberano em seus desígnios, então não existe um método definido para a chamada divina. Existe, sim, o método divino, soberano e poderoso.
A Bíblia registra a chamada de vários servos de Deus, e, por uma questão didática apenas, queremos abordar este assunto sob dois aspectos:

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a) Método direto.
Deus tem chamado homens de um modo direto. Entre esses, encontramos:

Noé. "Então disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens: eis que os farei perecer juntamente com a terra" (Gn 6.13). O tempo era terrível, pois a sociedade estava corrompida à vista de Deus. A violência, a hostilidade e pecaminosidade eram o ambiente natural daquela época. Em meio a esse ambiente conturbado, Deus chamou Noé e deu-lhe a ordem de construir uma arca.

A chamada de Noé era para construir. Podemos imaginar as ironias, pressões, contestações e até mesmo hostilidades que Noé sofreu quando começou seu projeto de construir a arca. Certamente ele foi tido como louco, paranóico. Porém Noé tinha plena certeza de sua chamada e missão dadas diretamente por Deus (Gn 6.8-12).


Abraão. "Ora disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei" (Gn 12.1). A chamada de Abraão era para deixar seu povo, sua cidade, seus parentes, amigos e até mesmo alguns bens, e ir para uma terra que ele não conhecia. Essa decisão exigiu fé e ousadia, e somente uma poderosa chamada de Deus poderia arrancar Abraão de sua terra para ir em busca de uma nova terra. Os homens consideram isso uma aventura, um golpe no ar. Naquele tempo, certamente muitos amigos e parentes o aconselharam a abandonar essa ideia de ir para a terra prometida. Mas Abraão tinha certeza de sua chamada, e por isso, obedeceu (Gn 12.4).

Moisés. "Vem, agora, e Eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito" (Êx 3.10). Moisés fracassou em sua primeira tentativa de ajudar seu povo (Êx 2.11-13), e, sem dúvida, esse revés marcou sua vida, e ele passou a se julgar incapaz para qualquer tipo de empreitada dessa ordem. A chamada de Moisés contém o antídoto para sua frustração interior. Deus o chamou, primeiramente para si: "Vem, agora" e se identificou como o Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó (Êx 3.1-22).

Moisés precisava conhecê-lo. Ele não tinha nenhuma experiência com Deus, a não ser os ensinamentos da infância, recebidos de sua mãe. Quem é chamado por Deus deve conhecê-lo. Em segundo lugar, Deus o enviou e o comissionou: Essa extraordinária chamada é que deu condição a Moisés de realizar tão notável empreendimento.

Samuel. "Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor" (1 Sm 3.20). Os filhos de Eli, que seriam seus sucessores, tinham se tornado execráveis diante de Deus e do povo, em virtude dos abusos que praticavam, violando a Lei, que deviam cumprir e ensinar, e fazer o povo obedecer. Por esse motivo, a palavra do Senhor se tornou rara em todo o território de Israel, isto é, não havia profetas nem profecias. Deus se revelou a Samuel e lhe fez ciente de seu juízo sobre os filhos de Eli (1 Sm 3.1-14). Essa experiência foi básica na qualificação de Samuel para o ministério profético. O resultado é visto quando Samuel, já velho, resigna seu cargo, e faz um balanço da sinceridade, austeridade e santidade de sua vida ministerial (1 Sm 12.1-4).

Isaías. "Vai, e dize a este povo..." (Is 6.9). A chamada de Isaías deu-se em meio a uma visão maravilhosa, onde se destaca a santidade do Senhor. Na visão, Isaías se conscientiza de três coisas: - Deus é Santo; ele (Isaías) é impuro e o povo está desviado dos retos caminhos do Senhor (Is 6.1-8). Essa visão marca todo o ministério profético de Isaías, o que é demonstrado ao longo de seu livro. Ele compreende a grandeza da glória, perfeição, justiça e santidade de Deus, e, ao mesmo tempo, conhece a necessidade de seu povo - a redenção (Is 59). A chamada de Isaías é muito semelhante à chamada neotestamentária: O pregador precisa conhecer a justiça de Deus e a necessidade do pecador, e a redenção em Cristo.

Os apóstolos. "E Jesus disse: Vinde após mim, e Eu farei que sejais pescadores de homens" (Mc 1.17. Leia ainda Mateus 4.18-22; João 1.35-42). O Senhor chamou pessoalmente a cada um dos doze apóstolos. Houve o momento, inclusive, em que eles faziam parte de um número bem maior de discípulos, porém o Senhor Jesus fez questão de separá-los novamente e fazer uma designação específica - apóstolos (Lc 6.12-16).

Por que o Senhor Jesus fez tanta questão de chamá-los pessoalmente e ficar tanto tempo com eles?

Não temos dúvida de que a missão era por demais importante. Estes onze judeus iriam mudar o curso da história da humanidade. A maioria deles, e outros que seriam chamados posteriormente, haveriam de escrever com o próprio sangue algumas páginas da História. Por esse motivo, justifica-se o empenho do Mestre divino em chamá-los e prepará-los.

Paulo. "Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente d visão celestial" (At 26.19). O arrogante Saulo se considerava justo diante de Deus, pela justiça da Lei (Fp 3.6) e achava que, matando os cristãos, estava prestando grande serviço a Deus (At 8.1,3; 9.1,2). Não seria qualquer chamada que iria mudar a vida e os propósitos deste homem. Por isso, o Senhor Jesus providenciou uma chamada inusitada.

O impacto daquele encontro com o Senhor foi tão marcante que o transformou completamente (At 9.3-19). A conversão de Paulo tornou-se no acontecimento mais importante desde o Pentecoste até nossos dias. Está narrada três vezes (At 9.1-18; 22.1-11; 26.12-18). Logo após essa extraordinária conversão, Paulo já começou a testemunhar de Cristo. Alguns dias depois de sua conversão, Paulo foi encaminhado para sua terra natal, a cidade de Tarso. Dez anos mais tarde, Barnabé foi buscá-lo, e é nessa época que Paulo inicia seu ministério apostólico (At 9.30; 11.25,26).

b) Método indireto.
Deus não somente chamou de forma direta, mas também vemos na Bíblia que Ele usou método indireto com grande objetividade.
José. Ainda moço, José teve alguns sonhos que indicavam sua proeminência ou liderança sobre seus irmãos, porém, não se tratava de uma chamada definida (Gn 37.5-10).
Analisemos as fases da vida de José:
a) Odiado e vendido pelos seus irmãos,
b) De filho, transformado em escravo,
c) Acusado injustamente, tornou-se prisioneiro no calabouço do rei egípcio,
d) De prisioneiro, é elevado a primeiro-ministro do Egito.

O Egito na época de José era governado pelos hicsos e os Faraós eram considerados divinos, com poderes absolutos. Governar essa nação já era uma tarefa difícil, muito mais ainda em duas fases distintas: uma de fartura e outra de extrema fome.

Quando examinamos as fases da vida de José, verificamos que não passam de um árduo e difícil treinamento, com o objetivo de moldar o cará ter desse servo de Deus. Entre outras coisas, José aprendeu: - o que os homens são capazes de fazer, quando são alimentados pelo ódio, interesses, cobiça e inveja; - o que Deus é capaz de realizar em favor e através de seus servos. Nesse período de provação, José teve oportunidade de demonstrar fidelidade em momentos e lugares difíceis (Gn 39.1-6, 20-23); e de não ceder à tentação (Gn 39.7-13). Por causa dessa chamada divina, José foi um líder sábio e justo, glorificando a Deus em sua proeminente missão no Egito. Aleluia!

Josué. "Então disse o Senhor a Moisés: toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele" (Nm 27.18; Nm 27.15-23; Dt 1.38; 3.21; 31.7,8).

Josué é fruto de discipulado. Ele esteve ao lado de Moisés desde o início da jornada no deserto. A primeira missão que lhe coube foi selecionar homens para guerrear contra Amaleque (Êx 17.9).

Em seguida, ele aparece como servidor de Moisés (Êx 24.13; 32.17; 33.11; Nm 11.28). Esteve presente em todos os momentos críticos da jornada pelo deserto. Com isso, no serviço e na obediência prática, ele se transformou em um grande líder: "E Josué, filho de Num, estava cheio de espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés" (Dt 34.9).

Grandes homens de Deus aprenderam o discipulado com seus líderes espirituais. Durante anos, tiveram a oportunidade de demonstrar obediência, fidelidade e submissão. Quando foram chamados a ocupar a liderança, estavam preparados, e Deus lhes falou, e confirmou a chamada para sua obra. 0 grande empecilho hoje é que muitos não querem esperar, obedecer, e submeter-se. Por isso são rejeitados.

Timóteo: "Saúda-vos Timóteo, meu cooperador..." (Rm 16.21). Timóteo é o exemplo típico do ministro do Novo Testamento, fruto do discipulado contínuo. Desde jovem tornou-se companheiro e cooperador do apóstolo Paulo (At 16.1; 17.14; 18.5; 19.22; 20.4). Mirou-se no exemplo, firmeza e fidelidade do grande apóstolo. A palavra enxertada por sua piedosa mãe, na infância, teve terreno e ambiente fértil para desenvolver-se. Paulo o chama de: "Meu filho amado e fiel no Senhor" (1 Co 4.17); "ministro de Deus... no evangelho de Cristo" (1 Ts 3.2) e, ainda, de "verdadeiro filho na fé" (1 Tm 1.2). Estas expressões demonstram o apreço que o apóstolo tinha por Timóteo, e também o seu caráter. Com o passar dos anos, não foi difícil a Timóteo compreender sua chamada ministerial.

2. SUA RAZÃO
Por que é importante a chamada divina para o ministério? Qual a razão da chamada?

Ao descrevermos as chamadas de alguns servos de Deus, tivemos o propósito de, pelo menos parcialmente, responder a essas perguntas. Resumindo, podemos dizer que a chamada divina tem alguns propósitos importantes:
1 - Esclarecer que o ministério, seja qual for, nunca foi uma profissão na Antiga Aliança, muito menos na atual dispensação. Na Antiga Aliança o sacerdócio era privativo dos filhos de Arão, e os profetas eram chamados pelo Senhor.
O ministério neotestamentário é um dom e uma vocação de Deus. "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres" (Ef 4.11).

A partir desta premissa básica, o homem chamado pelo Senhor deve estar consciente de que:

a) Do Senhor vem a recompensa (1 Pe 5.2-4).
b) Pelo Senhor ele será julgado (1 Co 4.3-5).
A certeza da chamada de Deus faz o servo do Senhor superar obstáculos considerados, pelo homem comum, insuperáveis ou além de qualquer possibilidade humana, senão vejamos:

a) Como compreender a posição de Moisés diante das rebeliões e tumultos que ele enfrentou no deserto?
(Nm 12.1-16; 14.1-9; 16.1-19.) Como entender sua fervo rosa oração intercessória quando Deus quis destruir o povo israelita e fazer dele um novo e grande povo? (Nm 14.10- 19.) Só um homem vocacionado por Deus poderia ter capa cidade, calma e equilíbrio para vencer nesses momentos críticos. Moisés não era um super-homem, mas era um homem chamado pelo Senhor.

b) Como entender a perseverança de Paulo, que foi dado por morto, depois de ser apedrejado pelos judeus opositores do evangelho da graça, em continuar na sua missão de pregar essas boas-novas?
(At 14.19-22.) Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados. Homens, que, no dizer do escritor da carta aos Hebreus, "por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada; da fraqueza tiraram força; fizeram-se poderosos em guerra..." (Hb 11.33,34.)

3 - A chamada é acompanhada da missão.
Ninguém que é chamado pelo Senhor vive de um lado para outro, de um trabalho para outro, sem nunca ter certeza da vontade de Deus. Deus, quando chama, comissiona seu servo para uma missão específica.

3. SUA OCASIÃO
Se Deus chama como quer, isto é, de modo soberano, é lógico que Ele também chama quando quer. Não há faixa etária privilegiada, como vemos a seguir:
a) Desde o ventre, o Senhor chamou Jeremias (Jr 1.5) e Paulo (Gl 1.15,16).

b) O Senhor chamou Samuel, sendo este bem jovem (1 Sm 3.3,4,20); também Davi (1 Sm 16.11-13) e, possivelmente, Timóteo (At 16.1-3). Em qualquer época de nossa existência, o Senhor pode nos chamar para o ministério ou para o cumprimento de uma missão em particular. É evidente que, na maioria das vezes, o Senhor desperta seus servos, em plena juventude para a obra do ministério, o que lhes proporciona tempo para a preparação em escolas teológicas, no discipulado, nas atividades auxiliares da igreja. Quanto às circunstâncias das chamadas registradas no texto sagrado, são as mais variadas possíveis. O Senhor chamou Davi quando cuidava do rebanho de seu pai (1 Sm 16.11); Eliseu quando andava lavrando com doze juntas de bois (1 Rs 19.19-21); Paulo a caminho de Damasco, com o objetivo de prender cristãos (At 26.12-16).

4. SUA NATUREZA.
Quanto à natureza intrínseca, a chamada para o ministério neotestamentário apresenta as seguintes características:

a) Divina.
A responsabilidade da chamada ministerial é do Senhor; "e Ele mesmo concedeu uns para..." (Ef 4.11). Não se trata de uma incumbência dada por convenção, concílio ou igreja. Embora que estes possam ser instrumentos de Deus na chamada de alguém.

b) Pessoal.
A chamada para a salvação é universal. É para todos. A chamada para o ministério é pessoal; Deus tem o ministério ou missão certa para a pessoa certa. Ele é onisciente, conhecendo a capacidade de cada um, por isso, na distribuição dos talentos, estes são distribuídos segundo a capacidade de cada um (Mt 25.14,15).

As responsabilidades diferem, por isso o Senhor chama o seu servo para o ministério e designa-lhe o lugar ou a missão, respeitando a sua capacidade, as suas características pessoais. A Paulo foi dado o ministério entre os gentios (At 9.15); a Pedro o ministério entre os judeus.

c) Soberana.
A soberania de Deus é ainda pouco entendida por muitos, e, para se começar a entendê-la, é necessário que levemos em conta alguns aspectos acerca da personalidade do Senhor: - Ele é a origem de todas as coisas. "Quem, pois, conheceu a mente do Senhor?
Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a Ele para que lhe venha a ser restituído? (Rm 11.34,35. Ler ainda Isaías 40.13; segunda Coríntios 2.16.) - Ele é soberano porque a sabedoria e o poder são atributos de sua pessoa (Jo 9.4; Dn 2.20).

O servo do Senhor, ao ser chamado, deve aceitar com humildade, submissão, e como ato de soberania divina. Certamente não conseguirá respostas para muitas indagações imediatas. Só com o correr do tempo entenderá os desígnios do Senhor (Is 55.8,9; 1 Co 2.16).

d) Definitiva.
A chamada para o ministério é também uma chamada para o discipulado. Logo, esta chamada envolve algumas condições indispensáveis, tais como: - Que o ministro exerça seu ministério sem interesse de recompensa material (Lc 9.57,58).

Que a prioridade maior entre as suas atividades seja o próprio Senhor Jesus. (Veja como Ele recusou o segundo lugar na vida de duas pessoas que queriam segui-lo. Lc 9.59-62).

Que haja no ministro abnegação e renúncia. Em primeiro lugar estará a vontade do Senhor (Mt 16.24; Lc 14.26,33). A chamada para o ministério é definitiva. Aquele que é chamado não pode impor condições. Pelo contrário, deve agradecer a Deus o privilégio de ser chamado, como o fez Paulo (1 Tm 1.12,13).

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