
I. O DOM DA FÉ
1. Definição.
A
fé, como dom, tem um caráter distinto da fé salvadora (Ef 2.8) e da fé que,
como fruto do Espírito, pode ser interpretada como sinônimo de fidelidade (Gl
5.22). O dom da fé, pois, é concedido para as realizações de proezas em nome do
Senhor. O hebraísta pentecostal, Gordon Chown, afirma que o dom da fé “é o
equipamento espiritual e sobrenatural do crente, para lhe conceder o poder
sobrenatural de confiar em Deus nas ocasiões onde só um milagre glorioso
poderia alterar a situação” (Mc 7.24-30). Em outras palavras, é um convite a
buscar a intervenção divina para operar o impossível!
2. A distinção entre o dom
da fé e a fé natural.
O
texto sagrado fala literalmente do “dom da fé” ou “fé maravilhosa” (1 Co 12.9).
Isso indica que não podemos confundi-la com a “fé natural” que é implícita e
inerente ao ser humano. Através da fé natural, o ser humano possui a capacidade
necessária para crer na existência de Deus (Rm 1.19,20). Mesmo a pessoa mais
ímpia sabe que Deus existe (Tg 2.19). Portanto, é clara a distinção entre o dom
da fé e a fé natural.
3. Nem todos possuem o dom
da fé.
Embora
todos os salvos possuam a fé salvadora, nem todos são agraciados com o dom da
fé, que é concedido pelo Espírito Santo para o crescimento, desenvolvimento e
expansão do Reino de Deus.
II.
OS DONS DE CURAR
1. Por que “dons de curar”?
O
fato de as duas palavras no original encontrarem-se no plural significa que o
Espírito Santo habilita os que recebem os dons de curar a atuarem na cura
sobrenatural das mais diversas enfermidades (1 Co 12.9). O Senhor Jesus, pois,
capacita a sua Igreja, através desses dons, a curar todos os tipos de doenças:
câncer, AIDS, lepra, paralisia, demência, etc.
2. O propósito dos dons de
curar.
Os
dons de curar manifestam-se como intervenção especial e direta de Deus em favor
daquele que sofre. Há dois propósitos básicos em seu exercício. O primeiro é
atestar o poder do Evangelho com o objetivo de glorificar a Deus (Lc 5.23-26).
E o segundo é amenizar o sofrimento humano, confirmando o amor do Eterno pela
humanidade (Mt 9.36; Mc 1.41).
Alguns
pregadores, usurpando a glória do Senhor, usam os dons de curar para se
autopromover, não demonstrando nenhum respeito pelos que sofrem. Outros,
fazendo comércio das coisas sagradas (At 8.17-21), espoliam as igrejas em
campanhas que, de Deus, só têm o nome. Descompromissados e vaidosos, valem-se
da simplicidade do povo e da omissão dos líderes, e, assim, vão ludibriando os
incautos com técnicas psicológicas e hipnóticas como se estivessem sendo usados
pelo Espírito Santo.
3. Os dons de curar e a
doutrina da salvação.
Apesar
de a cura divina fazer parte da obra expiatória de Cristo (Is 53.4,5; Mt
8.14-17), devemos entender que a salvação da alma é mais importante do que a
cura do corpo. Embora Jesus possa curar todas as enfermidades, não cura a todos
os enfermos. Em sua soberania, Ele somente opera de acordo com a sua vontade.
Isto não nos isenta, porém, de orar pelos enfermos, nem de insistir na busca
dos dons de curar. Além do mais, se nos pusermos a evangelizar e a fazer
missões, os sinais nos seguirão e as curas divinas farão parte de nosso
cotidiano (Mc 16.15-20).
III. O DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS
1. O que é a operação de
maravilhas.
O
dom espiritual da operação de maravilhas é a capacidade sobrenatural que o
Senhor Jesus, mediante o Espírito Santo, concede a sua Igreja, a fim de que
esta opere sobrenaturalmente no terreno do natural, com o objetivo de
demonstrar o poder de Deus e a autenticidade da mensagem evangélica (1 Co
12.10). A expressão “maravilhas” significa que a Igreja de Cristo habilita-se,
por este dom e de acordo com a vontade divina, a operar de forma sobrenatural
nas mais diversas circunstâncias. Um exemplo desse dom, temos num clássico
episódio de Atos dos Apóstolos (At 13.4-12).
2. A atualidade do dom da
operação de maravilhas.
O
livro de Atos confirma a operação desse dom em diversas passagens (Atos
4.16,30; 14.3; 15.12; 28.3-6). Devemos entender, porém, que as maravilhas
somente se manifestam de acordo com a fé de quem ministra e dos que ouvem a
proclamação da Palavra. A incredulidade impede a manifestação dos dons
espirituais (Mt 13.58).
No
Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, é fundamental que nos
conscientizemos de que Deus não mudou. Ele continua a operar o impossível e a
realizar o sobrenatural. O dom de operar maravilhas, por conseguinte, é tão
atual hoje como nos dias da Igreja Primitiva.
3. A importância desse dom
para a Igreja.
A
operação de maravilhas traz o sobrenatural de Deus ao mundo natural dos homens.
É o Espírito Santo manifestando a glória de Deus, para que Ele seja louvado e
enaltecido e para que o seu Reino expanda-se até aos confins da terra (Lc
19.37; At 9.36-42). Que o Senhor distribua abundantemente os seus dons entre os
seus santos, e que o seu nome seja eternamente exaltado.
CONCLUSÃO
Os
dons de poder são capacitações extraordinárias concedidas à Igreja de Cristo
para a realização da missão proclamadora do Evangelho. Não podemos relegá-los a
segundo plano. Busquemos os dons, a fim de cumprirmos ousadamente a obra que
nos confiou o Senhor. Afinal, como pentecostais, acreditamos na atualidade do
batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais (Mc 16.17-20). Coloque-se
na presença do Senhor e deixe que o Espírito de Deus o use.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
1. O
dom da fé
Esse
dom não se refere à fé salvadora (cf. At 16.31), nem ao crescimento da fé (cf.
2 Ts 1.3) ou ao reforço à fé que o batismo no Espírito Santo nos dá (cf. 2 Co
4.13), mas consiste em um impulso à fé [...] para executar aquilo que Deus
determinou que fizéssemos. Esse dom em ação gera uma atmosfera de fé, que dá a
convicção de que agora tudo é possível (cf. Jo 11.40-44; Mc 9.23) [...].
2. Os
dons de curar
A
cura do corpo doente pela fé é um fruto da morte de Cristo na cruz do Calvário
(cf Is 53.4,5; 1 Pe 2.24,25; Mt 8.16,17 e 9.35,36). Os dons de curar consistem
em uma operação do Espírito Santo, pela qual o poder de cura que Jesus ganhou é
transmitido ao doente de modo abundante, imediato, para a cura completa. [...]
Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa quer,
porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Por isso, é
indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo e siga a sua
direção. O dom é dado à Igreja e constitui uma confirmação de Deus à pregação
da Palavra (cf. Mc 16.20; At 14.1-4; 10.38 e 5.11,12). Por esse motivo, Jesus
deve sempre ser o único glorificado.
3. O
dom de operar maravilhas
Esse
dom constitui uma operação do Espírito Santo pela qual é transmitido o poder
ilimitado do Deus Todo-Poderoso (cf. Sl 115.3 e 135.6). Jesus possuía esse dom
(cf. Mt 8.26; Jo 11.43,44)” (BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ:
CPAD, 2005, pp.111-12).
Fonte:
Lições Bíblicas – CPAD, 2º Trimestre de 2011