As ordenanças do Senhor
Jesus Cristo podem ser classificadas, num primeiro momento, em quatro
categorias: morais, doutrinais, missiológicas e litúrgicas.
Já num segundo momento, é possível sumariá-las nas duas mais conhecidas por
esta designação: o batismo em águas e a Santa Ceia. Ambas, em virtude de seu
caráter teológico, doutrinário e dramático, resumem, em atos e palavras, as
demais proposituras, profecias e ordenações do Filho de Deus. É nas ordenanças
litúrgicas (o Batismo e a Ceia) que focaremos a nossa atenção.
I - O Batismo em Águas
Através do batismo, o
novo convertido passa a fazer parte da igreja local e da cristandade visível. O
seu real significado, todavia, vai além de um mero rito de iniciação; encena o
drama do Calvário.
1. Origem.
Quem instituiu o
batismo em águas? João Batista (Mt 3.1-6; 21.25; At 1.22). Em seguida, o
batismo em águas foi ordenado por Jesus, tornando-se a culminação dos vários
atos batismais registrados no Antigo Testamento: o Dilúvio (Gn 7.17); a
travessia de Israel pelo mar Vermelho (Ex 14.22; 1 Co 10.1,2); a travessia do
Jordão (Js 3.14-17); o sétuplo mergulho de Naamã, que, aliás, é a figura que
mais aproxima-se do batismo como hoje o conhecemos (2Rs 5.14); e, finalmente, a
revelação de Ezequiel, na qual o profeta viu-se coberto pelas águas de Deus (Ez
47.1-5). Há ainda a experiência de Jonas (Jn 1.15-17). Não nos esqueçamos, a
propósito, das abluções prescritas em Levítico (Lv 6.28; 8.6). Leia também
Isaías 1.16.
Cristo quanto com os
santos. A Santa Ceia expressa, perfeitamente, a bênção apostólica (2Co 13.13).
2. Definição.
Originária do grego,
apalavra “batismo” significa mergulho e submersão. Embora a Igreja Católica e
algumas denominações evangélicas pratiquem a aspersão, a história e a
etimologia do verbo grego baptizo atestam, claramente, ser a imersão a
forma bíblica do batismo bíblico. Portanto, o vocábulo original baptisma
é peculiar ao Novo Testamento e à literatura eclesiástica; afundar e submergir
é o seu real sentido. Mesmo João Calvino, cujos seguidores observam a aspersão,
afirmou: “Apalavra baptizo significa submergir; não resta dúvida de que
o rito da imersão era observado pela Igreja Primitiva”. O mesmo admite a Igreja
Católica em seu Ritual e Pontifical Romano. O batismo é a primeira ordenança
litúrgica do Senhor, através da qual o novo convertido demonstra plena
obediência ao Evangelho (Mt 28.18.19; Mc 16.16-20).
✍LIÇÕES BÍBLICAS – Adultos:
3. Significado.
Não se trata de mero
rito. É uma confissão dramática da fé cristã. Por intermédio de atos e
palavras, o penitente demonstra ter aceitado plenamente as verdades a respeito
da encarnação virginal, da morte vicária e da ressurreição corporal de Cristo
em glória (Rm 6.1-12). No ato do batismo, o novo crente professa ainda haver
morrido para o mundo; e, agora, renascido para Cristo, há de porfiar em
novidade de vida. Isso acontecerá, é claro, se o batismo for recebido pela fé.
Desassociado de seu significado essencial e básico, não tem qualquer validade.
Se o pecador não aceitar Jesus como o seu Salvador e Senhor, o batismo jamais o
justificará diante de Deus.
Em algumas ocasiões, o
batismo não será possível; nesses casos, o testemunho verbal do novo convertido
é o bastante, para se entrar na vida eterna (Lc 23.39-43). No livro de Atos dos
Apóstolos, a primeira ordenança litúrgica de Cristo está intimamente
relacionada ao perdão dos pecados e ao recebimento do dom do Espírito Santo (At
2.38,39).
4. Fórmula.
No batismo em águas
(correntes ou represadas), o ministro batizador mergulha o batizando uma única
vez, invocando, mediante a profissão de fé deste, o nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo (Mt 28.18,19).
Ressaltamos que ser
batizado em nome de Jesus, conforme encontramos em Atos 10.48, significa
submeter-se ao batismo prescrito e ordenado por Jesus, que, diferentemente do
batismo de João, menciona explícita e nominalmente as Pessoas da Santíssima
Trindade. Os discípulos de Éfeso, posto conhecerem apenas o batismo de João,
ainda não tinham ouvido falar no Espírito Santo até o seu encontro com Paulo
(At 19.1-7).
Portanto, batizar
apenas em nome de Jesus contraria a ordem do próprio Jesus.
II - A Santa Ceia
Em razão de seus aspectos
congregacional, memorial, profético e investigativo, a Santa Ceia é a cerimônia
mais importante da Igreja. É imprescindível à nossa devoção.
1. Definição.
Segunda ordenança
litúrgica da Igreja, a Santa Ceia foi instituída por Jesus na noite em que
Judas Iscariotes o traiu (Mt 26.26-28; Mc 14.22-24). Através de palavras e
atos, lembra-nos este rito o drama do Calvário: a morte de Cristo,
advertindo-nos quanto ao seu iminente retorno.
Conhecida também como
a Ceia do Senhor, sua essência conduz-nos à comunhão divina em sua plenitude:
verticalmente, comungamos com o Filho de Deus; e, horizontalmente, uns com os
outros. Aos que dela participam, requer-se esteja cada um em plena comunhão
tanto com Cristo quanto com os santos. A Santa Ceia expressa, perfeitamente, a
bênção apostólica (2Co 13.13).
2. Os elementos.
Dois são os elementos
materiais da Santa Ceia: o pão e o vinho (1Co 11.23-26). Ao ministrá-los aos
apóstolos, o Senhor fez questão de explicitar lhes a simbologia: o pão é o
emblema de seu corpo entregue ao sacrifício vicário, e o vinho é o memorial de
seu sangue derramado em decorrência desse sublime e alto sacrifício em favor de
todos em todos os tempos e lugares (Mt 26.26-28; Jo 3.16).
Ambos os ingredientes,
após a oração consagratória, continuam sendo pão e vinho; suas propriedades
químicas permanecem inalteradas. Todavia, naquele momento, revestem-se eles de
especial significado; simbolizam, agora, o corpo e o sangue do Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Embora símbolos, têm de ser
recebidos com fé, discernimento e reverência. Doutra forma, trazem condenação
eterna (1 Co 11.27).
3. Objetivos.
Quatro são os
objetivos da Santa Ceia: congregacional, memorial, profético e investigativo.
Sua quádrupla finalidade é sintetizada nesta recomendação paulina: “Porque,
todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que ele venha” (1 Co 11.26).
a) Congregacional.
A Santa Ceia foi
instituída por Jesus, a fim de reunir os santos num só lugar, para que todos
lembremo-nos de sua morte. Nesse ato, fortalecemos a comunhão com o Pai e com
Filho, através do Espírito Santo, que, ao mesmo tempo, estreita os lanços entre
os que professam a Jesus Cristo até que Ele venha. A Ceia do Senhor só é
possível de forma congregacional. Quando ministrada a um enfermo, a
congregação, naquele momento, faz-se possível através da invocação do nome do
Senhor (Mt 18.20).
b) Memorial e
proclamador.
Sempre que nos
reunimos para a celebração da Ceia do Senhor, lembramo-nos de sua morte
vicária. Neste momento, a anamnese do Calvário é completa. É como se a paixão
de Cristo fosse encenada diante dos nossos olhos, como fez o apóstolo Paulo ao
evangelizar os irmãos da Galácia (Gl 3.1). Em sua memória, proclamamos o
Evangelho.
c) Profético.
Todas as vezes que nos
congregamos para tomar a Santa Ceia, anunciamos a morte do Senhor até que Ele
venha buscar-nos. O elemento profético da Ceia do Senhor não pode estar ausente
de nossas celebrações.
d) Investigativo.
No ato da Santa Ceia,
somos instados a fazer um exame introspectivo, conforme recomenda-nos o
apóstolo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba
do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para
si” (1Co 11.28,29). Por acaso não agia Davi dessa forma na presença, do Senhor?
(SI 19.11-14).
Artigo: Pr. Claudionor de
Andrade | Reverberação: Subsídios EBD
Estudo
Publicado em Subsídios EBD –
Site de Auxílios Bíblicos e Teológicos para Professores e Alunos da Escola Dominical.