2. Expiação
Ilimitada
O termo se
refere à intenção, extensão e aplicação da morte de Cristo em favor dos
pecadores. É a resposta à pergunta “Por quem Jesus morreu?”.
A declaração arminiana afirma que “Cristo, o Salvador do mundo,
morreu por todos e por cada um dos homens, de modo que obteve reconciliação e
remissão dos pecados por sua morte na cruz, porém ninguém é realmente feito
participante dessa remissão, exceto os crentes”.
A palavra “expiação” abrange reconciliação, propiciação, regaste, redenção e libertação. Trata-se do alto preço que Cristo pagou pelo nosso resgate (Hb 9.12). A Bíblia
assevera que “fomos comprados para Deus” (Ap 5.9), ou seja, o resgate foi pago
para Deus e não para Satanás. O preço da redenção foi pago em favor de todos e
não apenas de alguns, pois Cristo “deu a si mesmo em preço de redenção por
todos” (1 Tm 2.6). Tito 2.11 diz: "Porque a graça salvadora de Deus se há
manifestado a todos os homens”. O texto bíblico faz alusão não a qualquer
graça, mas à graça salvífica disponível a todos.
O arminianismo
não prega e nem defende que todos sem exceção serão salvos (universalismo), mas
ensina que Cristo morreu por todos e por cada um, porém nem todos serão salvos.
Segundo a Bíblia, Deus não quer que ninguém pereça, mas que todos se arrependam
(2 Pe 3.9). De fato, o Senhor morreu para salvar a todos (1 Tm 2.4), porém a
salvação só ocorre conforme as condições que Ele próprio estabeleceu: os homens
só serão salvos mediante a fé, que lhes é concedida por meio da graça (Ef
2.8,9). Desse modo, ratifica-se que “a morte de Jesus faz provisão para o
perdão de todos os pecados, mas ela não estabelece o perdão até que o pecador
se entregue em fé a Deus”. Assim, a expiação é universal qualificada, ou seja,
Cristo morreu por todos (intenção e extensão universais), mas somente os
crentes serão salvos (aplicação particular).
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3. Graça
Resistível
Para o arminianismo, a graça de Deus sempre tem a intenção de
salvar, mas os homens a podem resistir (Tt 2.11; 3.4-5; Mt 23.37). Esta graça é
preveniente, ou seja, Deus prepara o caminho para o
homem crer, obedecer e se converter. É a bondade de Deus que leva o homem ao
arrependimento (Rm 2.4). Quando o homem responde positivamente e não resiste a
essa graça, ele é regenerado. Contudo, Deus não força ninguém a crer. Ele não
violenta a liberdade humana concedida pela Sua graça e soberania. Deus não se sobrepõe à vontade das
pessoas para que estas sejam salvas. Os que se achegam a Cristo não são
coagidos, mas atraídos a Ele (Jo 12.32). Por esse motivo, essa graça
divinamente oferecida pode ser resistida (At 7.51). E neste caso, ao rejeitar o
apelo divino, o homem assume as consequências de sua resistência, não
experimenta a regeneração e torna-se culpado diante de Deus (Rm 1.22-24).
A Parábola do
Grande Banquete evidencia essa verdade (Lc 14.15-24). A salvação é descrita em
termos de um grande banquete, que será para todos os povos/nações. No entanto,
nem todos aceitaram o convite. Embora a graça preveniente seja universal
(salvação para todos), ela não resulta em universalismo (salvação de todos), e
isto porque essa graça é resistível. Portanto, Deus não retém ou omite a graça
de ninguém, mas são os homens que rejeitam o favor divino (Lc 13.34). A graça
concede universalmente a capacidade e a possibilidade do homem receber ou
rejeitar a Cristo. Deus ama e quer salvar todas as pessoas, mas nem todas as
pessoas serão salvas, uma vez que o próprio Deus decidiu soberanamente que o
convite ao evangelho pode ser negado. Objetamos que Deus exerce uma graça
irresistível sobre as pessoas à revelia da própria vontade delas.
4. Eleição
Condicional
A Bíblia dispõe
de dois termos e suas derivações que revelam a escolha que Deus realiza em Sua
soberania. A primeira expressão é a eleição e a segunda é a predestinação.10
Esses vocábulos podem ser explicados biblicamente do seguinte modo: “Por meio
da presciência divina, Deus sabe, desde a eternidade, quais indivíduos creriam
e perseverariam na fé e a essas pessoas Deus elegeu,11 e por elegê-los também
os predestinou”. Deus não elegeu arbitrariamente uns para a salvação e outros
para condenação, porque Ele “quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2.4), mas estabeleceu as condições para ser
eleito. A condição é estar em Cristo (Ef 1.1-4), e para estar em Cristo é
preciso ter fé (Ef 3.17) e arrepender-se dos pecados (At 2.38). E nenhuma
destas condições é meritória, porque ninguém pode cumpri-las sem o auxílio
divino.
Ressalta-se que
o fundamento bíblico da doutrina da eleição é Jesus, de maneira que tanto a eleição de
Israel quanto a eleição da Igreja têm início com a eleição do Messias (1 Pe
2.4-6). Primeiro, Deus elegeu Cristo para ser o Salvador, em seguida elegeu um
povo por meio do qual o Messias viria (Gn 12.1-3) e de sua descendência haveria
de nascer o Emanuel. Todavia, a eleição dessa nação não estabeleceu garantia de
salvação para ela, pois nem todos os Israelitas serão salvos (Rm 9.6). Mediante
a escolha de Israel veio o Salvador e por meio de sua obra salvífica, a Igreja
foi eleita “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4).
Deus não elegeu
uma nação já existente, mas criou uma nova a partir de Abraão; Jesus, da mesma
forma, criou um novo povo (a Igreja) formado por judeus e gentios (Ef 2.14).
Portanto, tanto a eleição de Israel como a da Igreja são corporativas: Deus
escolheu um corpo, e para fazer parte dele é necessário atender às condições
divinamente estipuladas.
5. Perseverança
dos Santos.
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A salvação é um
dom gratuito do Senhor, porém isso não significa que é impossível perder a
salvação, que “uma vez salvo, salvo para sempre”. O suplício da cruz requereu o
sangue do Filho de Deus e por meio dele devemos viver em santidade (Hb 10.10;
12.14). A expiação somente tem aplicação naqueles que permanecem em Cristo. Jesus
asseverou: “Aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13).
Mediante o mau
uso do livre arbítrio, o cristão pode apostatar da fé e perder a salvação (Hb
6.4-6). Por isso, o cristão, ao alcançar a dádiva da salvação imerecida, tem
que se esmerar em andar no caminho justo (Hb 3.12), a fim de crescer na fé;
caso contrário, poderá esfriar na fé e eventualmente se afastar de Deus (Lc
15.32), até mesmo eternamente (Jo 17.12). Entendemos que “os verdadeiros
crentes podem cair da verdadeira fé e podem cair em pecados que não são
condizentes com a fé verdadeira e justificante. Isto não é somente possível
acontecer, mas ainda acontece com frequência”. Embora a salvação seja oferecida
gratuitamente a todos, uma vez adquirida, deve ser zelada e confirmada (1 Co
10.12).
📝 Artigo: BAPTISTA, Douglas Roberto. O processo
de Salvação à luz da Bíblia. Mensageiro da Paz, outubro, 2018
Estudo
Publicado em Subsídios EBD –
Site de Auxílios Bíblicos e Teológicos para Professores e Alunos da Escola Dominical.