Observação: Subsídio Bíblico para a lição 10 – Classe: Jovens. 4°
Trimestre de 2019.
Leitura Bíblica
Indicada:
At 12.3-19
Embora estejamos
estudando o avanço da Igreja Primitiva entre os povos, envolto em sinais e
milagres da parte do Senhor, o movimento também experimentou perseguição. Neste
relato, registrado no capítulo 12, foi Herodes Agripa I, rei da Judeia, que
empreendeu tal oposição. Para agradar os judeus, ele maltratou vários cristãos,
matou Tiago, irmão de João, e prendeu a Pedro. Jesus, entretanto, tinha uma
aliança com Pedro. Ele tinha ficado com a responsabilidade de ser um dos
líderes da Igreja (Mt 16.18,19; Jo 21.15-17; At 1.15-25; 2.14-36; 4.1-12; Gl
1.18; 2.9). Logo, Deus não permitiria que ele ficasse preso para sempre, mas o
propósito na vida do apóstolo continuaria a acontecer.
1. Quem foi Herodes
Agripa I?
Herodes Agripa I era
neto de Herodes, o Grande, e um dos filhos de Aristóbulo, a quem Herodes matou.
Herodes, o Grande, deixou três filhos, entre os quais seu reino foi dividido —
Arquelau, Filipe e Antipas (ver Mt 2.19). Para Filipe ficou Itureia e Traconita
(ver Lc 3.1); para Antipas, Galileia e Pereia; e para Arquelau, Judeia, Idumeia
e Samaria.
Arquelau, sendo
acusado de crueldade, foi banido por Augusto para Viena na Gália, e a Judeia
foi reduzida a uma província e unida à Síria. Quando Filipe morreu, essa região
foi concedida pelo imperador Calígula a Herodes Agripa. Herodes Antipas foi expulso
também para a Gália e, depois, para a Espanha, e Herodes Agripa recebeu também
sua tetrarquia. “No reinado de Cláudio também, os domínios de Herodes Agripa
foram ainda mais ampliados”. Quando Calígula foi assassinado, ele estava em
Roma e, tendo-se agradecido a Cláudio, conferiu-lhe também Judeia e Samaria, de
modo que seus domínios eram iguais em extensão aos de seu avô, Herodes, o
Grande. Ele era altamente respeitado pelos judeus e começou a perseguir a
Igreja apenas para agradá-los.
2. Um Prisioneiro
Badalado
Pedro era o
presidiário mais badalado da época, pois era o principal líder da seita do
nazareno, que começava a incomodar não só os judeus, mas agora os romanos. A
Páscoa era o evento mais importante para os judeus, e Pedro, sendo apresentado
ao povo, ia tornar-se a atração principal (At 12.4).
Realmente, ele era o
apóstolo principal, pois era bem conhecido e contra quem os judeus tinham, sem
dúvida, uma antipatia em particular. Eles ficariam felizes se pudessem ficar
livres de Pedro; este Herodes era sensato e, portanto, para agradá-los, ordenou
que ele fosse preso.
Eram os dias dos pães
asmos. Portanto, a detenção do discípulo acontece na mesma época em que seu
Mestre foi preso. Porém, enquanto no caso de Jesus o Sinédrio realizara o
processo às pressas, ainda antes do começo da festa, Herodes evidentemente
pensa num grande processo espetacular, a ser realizado calmamente após a festa.
Pedro é vigiado rigorosamente na prisão. “Quatro escoltas de quatro soldados”
se revezam na vigilância a cada três horas conforme o costume romano.
Talvez o Sinédrio
tenha alertado Herodes para os constrangedores acontecimentos de Atos 5.17 a
26.
Seu aprisionamento foi
levado tão a sério que ele era guardado por 16 soldados. A Bíblia diz que eram
quatro escoltas de quatro. Ele ainda foi acorrentado com duas cadeias, dormia
entre dois soldados, e a porta era vigiada por outros dois soldados. Nos dias
de hoje, seria como guardar um dos piores criminosos do mundo com tanta
segurança que chamaria muita atenção midiática. Talvez Agripa temesse uma
resistência armada, uma tentativa de seu grupo libertá-lo. Era realmente um
homem perigoso ao regime e à religião dominante.
3. O Poder da Oração e
a Liberdade de Predo
O versículo 5 deste
capítulo é essencial para o milagre ocorrido. O texto bíblico diz que “Pedro,
pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a
Deus”. O cenário era dos piores, com uma cruel perseguição acontecendo, um
apóstolo já morto, e outro aprisionado.
Entretanto, a igreja
ainda tinha uma arma poderosa em suas mãos: a oração. E essa oração era feita
de forma incessante a Deus em favor do apóstolo Pedro.
a) O
PODER DA ORAÇÃO NA PRÁTICA
“A oração toma posse
do plano de Deus e se torna o link entre Sua vontade e seu cumprimento na
terra” (Elisabeth Elliot). Elizabeth Elliot (1926–2015) foi missionária
juntamente com seu marido no Equador por muitos anos. Escritora e palestrante,
Elliot escreveu vários livros sobre o cuidado de Deus com nossa vida e sua
direção para conosco. Na frase mencionada, ela expressa de forma contundente
que a oração é o link, numa linguagem bem jovem, para Deus realizar sua vontade
em nossa vida.
Tiago dirá mais tarde que “a
oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16).
O próprio Pedro fez menção desse
episódio quando escreveu: “Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e
os seus ouvidos, atentos às suas orações” (1 Pe 3.12).
O profeta Isaías diz “que a mão do
Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado,
para não poder ouvir” (Is 59.1).
Quando Moisés orou, o Mar Vermelho
foi dividido.
Quando Elias orou, fogo desceu dos
céus.
Quando Daniel orou, um anjo fechou a
boca dos leões.
Quando Ana orou, ela recebeu um
filho. A Bíblia apresenta-nos muitos relatos de orações respondidas. E ela é
quem nos recomenda a oração como a forma de apoderarmo-nos do poder infinito de
Deus.
Jesus promete: “Se pedirdes alguma
coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.14).
O rei Davi orava
quatro períodos do dia: de manhã, ao meio-dia, à tarde e à noite (Sl 55.17;
6.6). E Daniel? Três vezes ao dia. Martinho Lutero (1483–1546), um dos mais
importantes nomes da Reforma Protestante do século XVI, dizia que, se não
orasse duas horas todos os dias, não conseguiria realizar tudo o que tinha para
fazer. Obviamente, nem todos conseguem orar durante esse tempo todos os dias,
mas creio que podemos fazer um pouco mais do que já fazemos.
b) PEDRO
É LIVRE DA PRISÃO
Depois de ser levado
pelo anjo para fora da prisão, Pedro cai em si e vai à casa de Maria, onde muitos
irmãos estavam reunidos orando justamente pela sua libertação. E ele aparece
bem à frente da casa, bate à porta, e uma menina chamada Rode foi ver quem era.
Quando ouviu a voz de Pedro, ela disse aos irmãos que ele estava ali, ao que
responderam que ela estava fora de si. Insistindo a menina, diziam que era seu
anjo! Eles até esperavam que Deus fosse salvar Pedro; agora crer já é outra
história! Lá estava o pobre do Pedro, um tanto assustado, e o povo que orou por
sua libertação dizendo à menina que aquilo tudo era coisa da cabeça dela (At
12.12-16).
Sobre esse episódio,
Keener comenta:
Na comédia grega, um
escravo, às vezes, diz bobagens; aqui, contudo, são os ouvintes livres da
criada que atuam como figuras cômicas. Devido ao propósito da reunião de oração
(At 12.5), a surpresa deles é ironia, assim como o fato de Pedro precisar
insistir em bater na porta — o que poderia acordar alguns vizinhos,
provavelmente famílias sacerdotais aristocráticas; assim, eram potencialmente
perigosos. Essa ironia provavelmente não escaparia dos ouvintes antigos de
Lucas (cf. 24.10,11,37). Em algumas tradições judaicas populares os justos se tornariam
semelhantes aos anjos depois da morte.
Eles nem tinham crido,
mas a oração já tinha sido respondida. Sim, Deus pode responder nossas orações
mesmo quando nossa fé é fraca e nossas dúvidas são fortes (Mc 9.24).
Veja também: