Nessa reflexão, quero mostrar
para os leitores cinco atitudes que um educador cristão deve tomar para que,
através dele, o Espírito
Santo produza transformações naqueles que lhe ouvem.
Saiba Mais:
- A influência do meio na formação do caráter - Aqui
- O Professor Vocacionado e sua Capacidade de Incentivar o Aluno – Aqui
1. Tenha consciência de que
Deus quer mudanças
Inicialmente, o educador
cristão deve saber que Deus
anela que seu povo seja mudado por sua Palavra. Para o educador cristão exercer
um ministério
que produza transformação genuína, deve inicialmente possuir a consciência de
que o objetivo central do ensino da Palavra
de Deus é proporcionar mudanças de comportamento. Só mostrará que
aprendeu, o aluno que demonstrar mudanças positivas em seu caráter, reveladas
por suas ações efetivas".
Se nosso ensino não produzir
transformação, tornou-se como qualquer outra disciplina secular que só age no
âmbito da inteligência. Mas, sabemos que quando ensinamos na direção e unção do
Senhor, nosso ensino além de informar, forma o caráter dos nossos alunos. O ensinador
cristão para ser aprovado por Deus deve empenhar-se em produzir mudanças
positivas.
O profeta Natã produziu
confissão e arrependimento no rei Davi.
Jesus mudou a vida dos seus doze discípulos, de Maria de Magdala, da mulher
samaritana, de Zaqueu, de Nicodemos, de José de Arimatéia e de muitos outros.
João, através do Apocalipse,
mudou a sorte das igrejas da Ásia Menor. Paulo fez com que toda a cidade de
Éfeso queimasse uma enorme quantidade de livros de feitiçaria.
Saiba Mais:
- A influência do meio na
formação do caráter - Aqui
- O Professor Vocacionado
e sua Capacidade de Incentivar o Aluno – Aqui
Quando Paulo ensinou pela
primeira vez em Tessalônica, algumas pessoas dessa cidade creram e ajuntaram-se
com ele e Silas, também uma grande multidão de gregos religiosos e não poucas
mulheres distintas. Em seguida, os inimigos do Evangelho clamaram às
autoridades locais: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também
aqui", At 17.4,6. Sem dúvida nenhuma, o ensino de Paulo produzia mudanças.
Outro exemplo dessa verdade
foi a educação cristã que esse apóstolo promoveu durante sua estada em Éfeso.
Depois de três meses pregando na sinagoga, a maioria dos judeus começaram a
rejeitar o ensino da messianidade de Jesus de Nazaré. Assim, o apóstolo foi
expulso da sinagoga, ao que começou a ensinar na escola de um mestre secular
chamado Tirano, possivelmente um professor de filosofia. Lá, ministrou por dois
anos. A transformação produzida foi tão forte que dentro desse período de
discipulado o livro de Atos dos Apóstolos nos informa que toda a Ásia Menor
conheceu o Evangelho a partir daqueles discípulos de Paulo (At 19.1-10).
O mais interessante é que,
segundo descobertas arqueológicas comentadas por H.H. Halley, essa escola era
na verdade uma sala de aula onde cabiam somente doze alunos. Isso significa que
a transformação motivada pelo ensino paulino foi tão radical que, com apenas
doze alunos, milhares de pessoas foram alcançadas pela mensagem salvífica. Deus
quer que nos conscientizemos que a genuína educação cristã muda positiva e
radicalmente as pessoas.
2. Creia no poder
transformador do ensino
Em segundo lugar, um educador
cristão deve estar convicto de que a Palavra de Deus não volta vazia (Is
55.11). Muitos ensinadores não produzem transformação através do seu ensino
porque na verdade não creem de fato que o conteúdo da Bíblia Sagrada possa
produzir mudanças.
A Palavra muda a vida das
pessoas porque Ela é diferente de todas as outras literaturas religiosas. Sua
influência sobrenatural pode ser verificada quando a comparamos com outros
livros: O Alcorão, o Livro dos Mórmons, o Zenda Avesta, os Clássicos de
Confúcio. Todos tiveram influência no mundo. Porém, conduziram a uma ideia tão
apagada de Deus e do pecado, ao ponto de ignorá-los. Todavia, a Bíblia tem
produzido altos resultados em todas as esferas da vida: na arte, na
arquitetura, na literatura, na música, na política, na ciência.
Se o educador crê que a
Palavra produz mudanças, seu ensino será coroado de êxito. Sua fé na Palavra
estará honrando Deus. Por sua vez, o Senhor honrará o ensino que seu servo está
ministrando.
Um fato que ilustra essa
verdade é uma história relatada por Walter B. Knight, na obra fust for
Today. Certa vez, durante uma acalorada discussão, um veterano missionário
foi desafiado a provar o poder transformador do ensino da Bíblia Sagrada.
Disse o experiente obreiro
que, quando foi designado para trabalhar no longínquo e selvático arquipélago
Fiji, sua primeira e desagradável tarefa foi a de enterrar as mãos, braços e
pés descarnados de oitenta indefesas vítimas, cujos corpos tinham sido assados
e devorados com sofreguidão em uma tradicional festa canibal.
Aquele pastor jubilado
declarou: "Deus me concedeu especial graça de permanecer o tempo
suficiente junto daqueles pagãos ferozes e selvagens de modo que, pela pregação
do Evangelho da cruz, eles tivessem seus horrendos costumes modificados, a
ponto de poder contemplá-los reunidos em torno da Ceia do Senhor!"
3. Coloque toda disposição a
favor do ensino
Em terceiro lugar, o educador
cristão deve desejar anelantemente produzir mudanças. As pessoas chamadas por
Deus para ensinar recebem dele uma disposição natural para ensinar.
Foi o que aconteceu com
Bezaleel, filho de Uri e neto de Hur, da tribo de Judá. Deus o encheu com o seu
Espírito e lhe deu inteligência, competência e habilidade para fazer todo tipo
de trabalho artístico que seriam utilizados no Tabernáculo. Ele deveria fazer
desenhos e trabalhar em ouro, prata e bronze. Deveria lapidar e montar pedras
preciosas. Entalhar madeira e fazer todo tipo de artesanato. Ele recebeu do
Senhor habilidade para realizar todos os trabalhos de gravador e de desenhista;
para tecer linho fino e fios de lã azul, púrpura e vermelha; para fazer outros
tecidos; para realizar todo tipo de trabalho; e para fazer desenhos. Mais
interessante é que em Êxodo 30.34 nos diz que Jeová "também lhe tinha
disposto o coração para ensinar a outros".
Se o Senhor dispôs o coração
desse homem para ensinar a confecção dos utensílios do Tabernáculo, não irá
dispor os mestres da Casa de Deus para a formação do caráter dos crentes?
Entretanto, vale lembrar que
o mestre também deve dispor-se a ensinar os seus interlocutores como fez o
grande companheiro de Neemias "Porque Esdras tinha preparado o seu coração
para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus
estatutos e os seus direitos", Ed 7.10. O texto diz que Esdras tinha preparado
seu próprio coração.
Para o nosso ensino produzir
as mudanças que Deus quer que produzamos, a primeira exigência é querermos
produzi-las. Se, de um lado, Deus nos dá condições para dispormos a ensinar;
por outro lado, nós temos que desenvolver e alimentar um profundo desejo de
ministrar o ensino aos nossos discípulos.
4. Reconheça o valor da
experiência
Em quarto lugar, para o
ensino produzir mudanças deverá ser significativo sobre a vida dos alunos. Deus
nos dá exemplo nesse sentido. Ele nunca nos ensina meras teorias ou algo que
seja irrelevante em nossa experiência do dia-a-dia "Assim diz o Senhor, o
teu Redentor, o Santo de Israel. Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o
que é útil e te guia pelo caminho em que deves andar", Isaías 48.17. Jeová
estava dizendo a seu povo que Ele o ensinava para o seu próprio bem e os guiava
no caminho que deviam seguir. O apóstolo Paulo disse dentre outras
características que a vontade de Deus é executável, "...para que
experimenteis..." (Rm 12.2). Assim, o ensinador cristão não deve se apegar
às formalidades do conteúdo a ser ministrado; nem perder seu tempo em picuinhas
bíblicas; nem em detalhes irrelevantes; nem amarrar-se a conteúdos teológicos,
sem mostrar em que isto implicará na vida do ouvinte.
É preciso mostrar ao aluno da
ED que a matéria ministrada no domingo pela manhã suprirá necessidades da
segunda-feira e de toda a semana. É necessário que o crente viva fora das
quatro paredes do templo o que seu líder lhe ministrou no ensino. Se o
ensinador ministrou sobre a mentira e suas conseqüências, deverá desafiar os
alunos a praticarem a verdade no dia- a-dia. Se ensinou sobre a apostasia
deverá dar orientações práticas de como permanecer na fé em Cristo. Tudo isso
deve ser feito utilizando principalmente ilustrações vivenciais e experiências
contextualizadas semelhantes àquelas que os alunos, por certo, defrontam-se em
seu cotidiano. Se o mestre planeja ministrar sobre o batismo no Espírito Santo,
por que não promover uma campanha de oração e jejum, anterior à ministração,
para ao final esperar que Jesus conceda essa bênção aos ouvintes?
Somente será um ensino significativo
aquele que supre a necessidade do discípulo. Deus quer nos despertar para
ministrarmos aulas que tenham sintonia com aquilo que nossos alunos estejam
precisando. Se atendermos esse desejo do Senhor, não haverá frustração, apatia
ou falta de motivação no ensino que ministramos.
Devemos iniciar a aula como
um pescador começa sua pescaria: ajeitando a isca certa para o peixe que se
quer pescar. O que estiver na isca é que irá suprir as necessidades do peixe.
As necessidades de uma criança são umas, as de um adolescente são outras. As
dos juvenis são diferentes dos adultos e divergem daquelas vividas pelos
jovens. Os anciãos precisam de outros conteúdos e os obreiros têm expectativas
completamente diversas. É preciso conhecer o aluno, conhecer seu ambiente,
conhecer seus sonhos e suas frustrações, conhecer seus medos e seu mundo.
Logo na introdução, o
professor pode sutilmente declarar ao aluno que ele tem o suprimento de sua
necessidade através da ministração que irá efetuar. Ensinadores que descobriram
isso dão aulas mais cativantes, têm alunos mais motivados e realizam-se muito mais
como educadores. E esse tipo de ensino que gera mudanças positivas porque
efetivamente dizem respeito à vida do aluno quando ele está longe do professor.
É preciso servir Água da Vida em um copo adequado às necessidades dos alunos.
5. Valorize a emoção
Finalmente, devemos refletir
no fato de que somente irá produzir mudanças o mestre que ministrar com o
coração, visando atingir o coração dos interlocutores. Há um exagerado
paradigma que declara que a pregação deve apelar para a emoção, enquanto o
ensino deve exercitar a razão. Esse pensamento é inflexível e até perigoso. E
ingênuo pensar que em uma boa pregação não haverá incentivo à razão, bem como
age de modo tolo aquele que imagina que em um ensino eficaz a emoção não será
instigada. Quem não aprendeu que o nível emotivo é um dos estágios do ensino
não produzirá uma educação cristã que gere mudanças positivas, pois tal
conteúdo será desmotivado, sem vida, será um mera teoria fria e distante.
A Bíblia Sagrada nos mostra
que o ensino eficaz deve atingir o nível emotivo. O salmista mostra que a
aflição auxiliou-o a aprender "Foi-me bom ter sido afligido, para que
aprendesse os teus estatutos", SI 119.71. Por outro lado, o Mestre dos
mestres associou o seu ensino com o descanso da alma. Podemos dizer que este é um
estágio elevado da emotividade. Disse Jesus, "Tomai sobre vós o meu jugo,
e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso
para as vossas almas", Mt 11.29.
O ensino de Jesus agia de tal
maneira no nível emotivo que a multidão que o levou à presença de Pilatos
insistia em dizer-lhe cada vez mais "Alvoroça o povo ensinando por toda a
Judéia, começando desde a Galiléia até aqui", Lc 23.5. Jesus alvoroçava as
pessoas com seu ensino porque, em seu ministério terreno, ensinava algo que
lhes tocava o coração. Ainda acerca da emoção no ato de ensinar, o sábio
Salomão declarou "O sábio de coração será chamado prudente e a doçura dos
lábios aumentará o ensino", Pv 16.21. Esse texto nos ensina que quanto
mais agradáveis são as palavras daqueles que ensinam, mais conseguirão
convencer os interlocutores. Assim, vemos que a Palavra de Deus mostra que o
ensino também deve mexer com o mundo emotivo, dos alunos. Não se trata de
emocionalismo barato, trata-se de ensinar com a alma.
Portanto, somente pode-se
declarar ensinador aquele servo de Deus que, através de seu ministério, o
Espírito Santo produz mudanças. Para tanto, o educador cristão deve ter
consciência de que Deus quer mudanças; deve querer produzir mudanças; precisa
preocupar-se com as necessidades dos alunos; despertar nele convicção de que a
Palavra de Deus produz mudanças.
Estudo: Pr. Robson Brito |
Divulgação: Subsídios EBD