Leitura Bíblica: 1 Timóteo 3.1-10
O ministério cristão é
reconhecidamente um trabalho de ilimitadas responsabilidades. Em consequência disso, as exigências são
estritas quanto à escolha e à ordenação de ministros. Tais exigências
transparecem na separação do primeiro grupo de diáconos: “irmãos, escolhei
dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo, e de sabedoria,
aos quais encarreguemos deste serviço” (At 6.3).
As Assembleias de Deus no
Brasil vivem um período muito fértil em sua história. Grandes multidões
aceitando a Jesus em nossos cultos, é crescente o número de crentes que afluem
para seminários ou cursos teológicos visando ampliar conhecimentos bíblicos e
em busca de maior capacitação para o ministério. Diante destes fatos é muito
apropriado que tornemos a ensinar quais são os requisitos essenciais para o
exercício do santo ministério e quais as implicações de uma possível separação
para o mesmo. São muitas as expectativas, os sentimentos, as intenções e
motivações envolvidas no processo de ordenação ministerial, bem como os
desafios ao serviço e comprometimento com a missão da Igreja. Neste capítulo
propomos rever, de forma breve, alguns fundamentos que considero importantes
sobre o assunto em pauta.
O versículo que lemos, em
primeiro lugar, deixa claro que não há nenhum problema em alguém almejar o
ministério, (v 1). Em segundo lugar, apresenta pré-requisitos que habilitem
alguém ao ministério.
A família respalda o
ministério do obreiro (v 4);
- A disciplina pessoal;
- Organização pessoal;
- Pontualidade;
- Vida financeira equilibrada;
- Hábito regular de leitura da Bíblia deve
ser cuidadosamente observado, antes de qualquer ordenação ao ministério. O
“afrouxamento” nestes requisitos poderá refletir-se num fracasso espiritual e
ministerial.
Paulo coloca-se em várias
ocasiões como um modelo de disciplina a ser observado (1 Co 9.26,27; Fp 4.9; 2
Tm 3.10-14).
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I - O VALOR E A NATUREZA DO MINISTÉRIO
O valor de um homem de Deus é
dimensionado não apenas pelo seu discurso, mas principalmente por sua
espiritualidade e aplicação dos princípios de Deus em sua própria vida. Nós
vivemos em dias de profundas transformações e as necessidades humanas se tornam
ainda mais prementes diante dos falsos ensinos, do materialismo, do consumismo
desenfreado, da exploração pelos poderosos, da falsa segurança representada por
uma vivência de pura aparência e, sobretudo, por uma religiosidade formal.
A igreja é desafiada frente
ao descompromisso e o esfriamento da fé e do amor como cumprimento do tempo do
fim. Faz-se necessário um comprometimento ainda maior, uma dedicação ainda mais
sacrifical. É preciso ser destemido e fazer cumprir a chamada ministerial
perante tamanhos desafios.
Os ministros são usados por
Deus para a edificação da igreja, foram instituídos pelo próprio Senhor (Ef
4.11,12) e não devem ser depreciados, nem idolatrados. É através deles que Deus
move os corações dos homens. Então creiamos que Deus nos ensina pela sua
Palavra, externamente por meio dos seus ministros e internamente move os
corações dos seus eleitos à fé pelo seu Espírito Santo; e que, portanto,
devemos atribuir a Deus toda a glória por todo este beneficio.
No que diz respeito à sua
natureza, os ministros são, remadores, cujos olhos estão fixos no timoneiro,
portanto, são homens que não vivem para si mesmos ou segundo sua própria
vontade, mas para os outros. Eles são “despenseiros dos mistérios de Deus” (1
Co 4.1). Dentre seus deveres estão o ensino da Palavra e a administração
eclesiástica, desdobrados em diversas tarefas, desde a ação pública, na
liderança dos cultos e pregação, até as ações particulares, descritas pelos
verbos ensinar, exortar, estimular, consolar, confirmar, corrigir, reconduzir,
levantar, convencer a igreja unida, evangelizar e participação em atividades de
cunho social.
Cumpre-nos reconhecer como
líderes que nem todos os membros do corpo de Cristo possuem uma chamada
específica ao ministério. A escolha para a concessão de dons ministeriais está
limitada a um pequeno grupo de servos que serão divinamente habilitados para o
ministério. A função da liderança atual é, portanto, estar atenta para os
critérios escriturísticos que nos habilitam a identificar no meio do rebanho,
tais pessoas. Além disso, podemos contar com a orientação do Espírito Santo na
escolha de tais pessoas, como se vê no comissionamento de Barnabé e Paulo: “E,
servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espirito Santo: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado” (At 13.2). Afinal é o
Espírito que nos conduz “em toda a verdade” (Jo 16.13).
Mesmo que ocorram mudanças em
outros aspectos, as qualificações bíblicas para as pessoas com chamadas
ministeriais, deverão permanecer inalteradas tais como:
- Irrepreensibilidade moral;
- Vigilantes (atento ao que se passa ao
seu redor);
- Sóbrio (simples, moderado);
- Honesto, hospitaleiro, apto para
ensinar, não contencioso, moderado, não avarento, que governe bem a sua casa,
experiente (não neófito) e de bom testemunho perante os descrentes.
Também podemos encontrar uma
lista de qualificações semelhantes em Tito 1.6-9.
II - VOCAÇÃO MINISTERIAL
Todos os membros da igreja
são vocacionados para servir a Deus através do desenvolvimento de talentos
naturais e através dos dons espirituais (Ef 4.1). Tal fato é por vezes
denominado de “sacerdócio
universal dos crentes”. A
palavra vocação tem origem no verbo grego kaleo, que tem sentido de “chamar”, “reclamar
para “comissionamento”.
si”, e Portanto, vocação
significa “chamada”, “convocação” ou, de forma mais literal, “sair de si mesmo
para servir aquele que chamou”. As cartas paulinas empregam a palavra kaleo 29
vezes, klesis 8 e kletos 7, quase sempre com o sentido de vocação
divina. O obreiro deve estar consciente de que o seu ministério é uma vocação
divina e que alcançou, não pelos seus próprios méritos, mas através da
convicção da sua chamada por Deus (Ef 3.7; Mt 4‘21).
O líder cristão deve seguir
as pegadas de Cristo. Ele nos escolheu, nos chamou, nos consagrou e enviou.
Quem é enviado por Cristo não está centrado em si mesmo, mas naquEle que o
enviou: o enviado não se deixa guiar por suas próprias ideias, mas pelo
Espírito Santo de Deus; não determina as coisas, mas discerne a vontade de
Deus; não se impõe, mas vive em submissão; não desiste nas dificuldades, mas
apoia no Espírito Santo; não defende sua opinião, mas deixa o Espírito falar
por ele; não se torna dono, mas servo da ação de Deus.
Vejamos
outras qualidades indispensáveis ao que almeja o ministério:
1)
que tenha conversão inequívoca (At 9.15-22);
2)
que o candidato seja batizado com o Espírito Santo (At 2.4; 4.8-3);
3)
que o candidato seja dizimista convicto (Lc 14.33);
4)
que o candidato não olhe o ministério como uma profissão;
5)
que o candidato possua fidelidade aos princípios bíblicos esposados pelas Assembleia
de Deus e especialmente pela sua igreja (2 Tm 3.10,11,14);
6)
que o candidato não pertença a nenhuma sociedade secreta;
7)
que o candidato não seja portador de doenças mentais;
8)
que o candidato saiba relacionar-se com outros obreiros.
Nesse
relacionamento, é necessário respeito e consideração sem perder a sua
identidade visando a cooperação e o amor para o engrandecimento do Reino de
Deus.
1. Vida
de renúncia
Somos,
portanto, servos de Deus, vocacionados, consagrados e comissionados para o
trabalho ministerial e, portanto, chamados à renúncia (Mt 10.3-15), sem a qual
haverá muitas dificuldades para o cumprimento do ministério. Vocação não
significa a concordância de Deus com os projetos pessoais, mas renúncia a
projetos e expectativas pessoais e familiares para servir a Deus.
Receber
o comissionamento sem olhar para trás é imperativo, pois não é digno do Reino
de Deus o trabalhador que “lança mão do arado e olha para trás” (Lc 9.62). É
preciso ter fé para renunciar. Teologicamente a fé é a atitude mediante a qual
o homem abandona toda a confiança em seus próprios esforços, no sentido bíblico
significa crer e confiar (Hb 11.1).
2. Estudo
secular
Outro
aspecto a ser lembrado é que a vocação e a nomeação ministerial não liberam a
pessoa do estudo e da formação secular. Na escola do Reino de Deus o
aprendizado tem dia para começar, mas não para terminar. Mesmo Paulo, nas
proximidades de seu martírio, ainda ansiava por rever os “livros, especialmente
os pergaminhos” (2 Tm 4.13). Tal dedicação também se refere ao aprendizado
secular, uma vez que a composição atual de nossas igrejas bem como a
complexidade das relações sociais exigem que obreiros possuam alguma espécie de
formação generalista. É necessário que nossos aspirantes ao ministério saibam
que a influência e prosperidade de um ministério são proporcionais à nossa
dedicação ao mesmo, especialmente no que
se refere à capacitação cultural e intelectual.
3. Vida de oração (Mc 11.23,24 — alicerce)
A
oração deve acompanhar a vocação, a consagração e ordenação, as nomeações e as
ações ministeriais. É indispensável que os aspirantes ao ministério tenham
vidas consagradas a Deus em oração. Não podemos cometer o erro de pensar que um
crente que não tem uma vida de oração passará a vivê-la através do “estímulo”
de uma separação para o ministério. Quando oramos obtemos discernimento (saber
que direção tomar).
4. Divisando metas para o ministério
Na
vida temos de estabelecer metas para alcançarmos nossos sonhos. A visão que nos
leva a uma missão e ao estabelecimento de metas despertará sonhos de ganhar
vidas, de nos encontrarmos e de termos um ministério pautado em ações
específicas que tragam resultados. Nosso medo das metas vem da referência
negativa que temos na nossa tradição cristã baseada numa igreja onde o trabalho
era feito por poucos e apreciado e criticado por muitos (Hb 5.8; Mt 9.13; Ec
10.10; 2 Tm 2.15).
Um
ministério não pode perder tempo com coisas supérfluas, nem tampouco perder
tempo realizando aquilo que, embora seja bom, não faça parte da sua visão de
ministério. Há muita coisa boa sendo desenvolvida no mundo cristão, mas nem
todas têm relação com a minha visão ministerial. E minha missão não é fazer
tudo aquilo que é bom, mas aquilo que Deus preparou para mim. Nesse caso as
metas nos ajudam muito porque elas nos tiram do ativismo e nos colocam nos
trilhos da visão de Deus para nós.
Quando
estabelecemos metas, somos forçados a organizá-las dentro de uma ordem de
prioridades para que não haja conflito de metas ou duplicação de esforços. Sem
organização é impossível alcançar sucesso. As pessoas envolvidas na visão de
uma igreja ou ministério precisam saber o que elas devem fazer, como e quando.
O
ministro cristão deve saber organizar-se e distribuir as tarefas de acordo com
as aptidões, a visão em execução e os apelos da Palavra de Deus. Aprenda a
separar as metas organizadamente: estilo de vida pessoal, atividades sociais,
metas financeiras, metas de família, etc. Uma forma correta de organizar metas
é escrevê-las e treinar as pessoas; no caso de metas pessoais, lê-las com
frequência e fazer avaliações periódicas.
5. Perseguindo um ministério aprovado
a
- A prova das motivações
Quais
os interesses que levam alguém a optar pelo sagrado ministério? Não pode ser
outro, mas sim a vocação divina. Pedro disse que ninguém pode ir para o
ministério pastoral motivado por qualquer tipo de constrangimento. A vocação
divina se atende com espontaneidade, como fizeram os discípulos que, deixando
seus trabalhos e familiares, responderam ao chamado de Jesus (Mt 4.18-22).
Professores
de seminários e de instituições teológicas costumam dizer, nos primeiros dias
de aula aos alunos: “Se você veio estudar no seminário porque não conseguiu
passar no vestibular, está no caminho errado”. Ministério pastoral não é
segunda opção, não é decisão forçada por circunstâncias humanas.
Ainda
quanto às motivações, Pedro cita a “sórdida ganância”. Essa expressão refere-se
a interesses financeiros. Desde o primeiro século, certas pessoas pensavam no
ministério como fonte de ganhos financeiros.
O
mercantilismo da fé tornou se um grande negócio. Há pregadores que
usam o evangelho como instrumento para enganar o povo em sua simplicidade e
arrebanhar os incautos. Não pensam nas almas perdidas, mas no dinheiro que
podem vir a obter através de contribuições.
b
- A prova do temperamento
Será
que para alguém ser pastor é necessário que tenha um determinado temperamento?
É evidente que não. Mas é preciso, sim, que tenha controle de seu temperamento.
O
apóstolo Pedro havia sido um homem impulsivo e volúvel. Num momento confessara
a Jesus: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16.16); logo depois, ouviu
a repreensão: “Arreda, satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não
cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens” (Mt 16.23); numa
circunstância afirmou: “Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão
como para a morte...” (Lc 22.23); depois disse: “não conheço tal homem” (Mt
26.72), negando a Jesus.
O
Espírito, contudo, moldou o apóstolo Pedro. Do alto de sua experiência
pastoral, afirmou que todo aquele que pastoreia o rebanho de Deus não pode agir
como “dominador”. Ora, que é isso senão uma afirmação de que o temperamento de
quem exerce o pastorado deve ser completamente submetido ao controle do
Espírito de Deus?
O
pastor dominador não é temperante, modesto ou cordato, comportamentos essenciais
mencionados
por Paulo em 1 Timóteo 3.3. O dominador não ouve os liderados é autocrático,
não permite aos outros fazer escolhas, sente-se dono do rebanho e faz
prevalecer sempre sua vontade. Tal pessoa não serve para o pastorado, de acordo
com o apóstolo Pedro.
c
- A prova do caráter
Finalmente,
o apóstolo manda que os pastores sejam modelos para o rebanho. Essa foi a mesma
preocupação que Paulo expressou para com Timóteo: “Ninguém despreze a tua
mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fieis, na palavra, no
procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1 Tm 4.12).
A
palavra grega traduzida por “padrão” nesse versículo é “typos”. Esse termo
(tipo) está relacionado às artes gráficas. O tipo gráfico é um bloco de metal
fundido ou de madeira que tem em uma de suas faces uma determinada gravação em
relevo. Através da impressão são feitas tantas cópias quantas necessárias.
Assim deve ser o pastor: um tipo. Seu caráter deve ser reproduzido no rebanho.
A
dura verdade é que há uma crise de comportamento no mundo atual. Essa crise tem
sérios reflexos na igreja. Mas quem não tem condições de ser modelo, padrão
para o rebanho, também não deve exercer o pastorado.
O
caráter íntegro e o amor incondicional ao Senhor são marcas daquele que atendeu
a vocação divina. Paulo, em 1 Timóteo 3.1-7, enumera as qualificações
necessárias para quem aspira ao ministério.
É
impossível ser pastor sem o fruto do Espírito na vida (G1 5.22,23).
São
essas qualidades que dão condições ao homem de Deus de desenvolver um pastorado
eficaz, produtivo e abençoado.
SOUZA,
Eli Martins de, Reflexões para um Ministério Eficaz. 2014 – CPAD. Divulgação:
Site: Subsídios EBD