Em Mateus 28.2 diz que foi um anjo; em Marcos 16.5 diz que
foi um jovem; em Lucas 24.4,23 diz que foram dois homens; e em João 20.12 diz
que eram dois anjos.
A ressurreição de Jesus
e o seu contexto, além de gloriosos, são também repletos de mistérios. Por
exemplo, as mulheres que foram ao sepulcro de Jesus, foram surpreendidas pela
notícia de Sua ressurreição, enquanto nós somos surpreendidos pelas diferentes
formas com que cada evangelista registra a respeito de quem deu tão gloriosa
notícias a elas (Mt 28.2; Mc 16.5; Lc 24.4,23; Jo 20.12).
Três princípios básicos
e inegociáveis sobre a Bíblia devem ser destacados: ela é a Palavra de Deus;
ela não erra; ela não se contradiz (2Tm 3.16). A Bíblia não se contradiz, e ela
mesma fornece-nos meios para que solucionemos quaisquer aparentes
“contradições”.
A resposta passa ainda
por duas questões:
1) as mulheres viram
jovens ou anjos (o que foi visa)?
2) elas viram somente
um, ou foram dois (quantos foram vistos)?
Em toda a Bíblia
encontramos Deus tomando formas pelas quais os homens pudessem ser alcançados
por Sua revelação (teofania); do mesmo modo, os anjos também o fizeram
(angelofania), ao cumprirem missões específicas em servirem a Deus. Portanto, o
que as mulheres viram, foram anjos em forma humana, conforme Matthew Henry
comenta: [...] O anjo apareceu à semelhança de um homem, de um jovem; porque os
anjos, embora criados no princípio, não envelhecem, e sempre têm a mesma
perfeição de beleza e força... (HENRY, 2018, p. 502)
Aprofunde seu conhecimento:
Lucas utiliza-se, tanto
do termo “dois homens” (24.4), como “anjos” (24.23), resolvendo definitivamente
o primeiro ponto de nossa reflexão. Sendo assim, podemos avançar para a nossa
segunda questão, em que se trata da quantidade de anjos que foram vistos.
De forma geral, todos
os quatro evangelistas cumpriram os mesmos propósitos, sendo que cada um deles
o fizeram de diferentes formas, porque possuíam objetivos particulares, e
tinham públicos distintos. Portanto, as informações que aqui encontramos não
são contraditórias, mas complementares.
Não há engano em
nenhuma das passagens citadas, ou seja, elas viram dois anjos, conforme o
relato de Lucas e João, ainda que Mateus e Marcos não consideraram
significativo falar de dois, mas apenas de um. O que precisamos esclarecer a
esta altura, é a possível razão para estas diferentes abordagens, e para isso,
considero importante lermos o que Itamir Neves diz a respeito do que o doutor
Lucas registrou: [...] Quem eram eles? Eram anjos que se manifestaram muitas
vezes durante o ministério de Jesus. É interessante recordar que, no Evangelho
de Lucas, Jesus havia enviado os discípulos dois a dois para anunciar o reino
(10.1). E essa missão continuava, e esses dois mensageiros anunciaram às
mulheres, em primeiro lugar, a ressurreição de Jesus (v. 5-7) [...] (NEVES,
2013, p. 242)
Poderíamos levantar
outras muitas questões em torno deste assunto, argumentando ainda mais sobre as
razões pelas quais os evangelistas fizeram diferentes abordagens sobre o mesmo
episódio; entretanto, nossa ênfase é suficientemente capaz de mostrar que,
enquanto os dois primeiros evangelistas dão uma ênfase maior à mensagem
somente, os dois últimos - em especial Lucas - o fazem à missão que foi
cumprida, não por um único anjo, mas por dois, tendo suas implicações e lições,
conforme vimos. E o que se conclui é que a Bíblia não se contradiz, antes se
complementa.
Veja também:
Artigo: Elias Torralbo |
Fonte: JMP – Julho de 2019 | Divulgação: Subsídios EBD