O processo de avaliação é
para muitos um momento de extremo nervosismo, porquanto há uma expectativa nos
alunos em corresponder às exigências da matéria no que diz respeito aos
conteúdos aplicados em aula. De outro modo, professores e educadores que estão envolvidos
neste processo sofrem com o desgaste em aplicar e corrigir as provas que
servirão como instrumento para medir o nível de aprendizado dos alunos. Para
que a avaliação seja realizada de forma justa e com sucesso é preciso
compreender em que consiste a avaliação e quais os critérios que serão
utilizados na hora de avaliar. Sem contar que os objetivos da avaliação não
devem ter como foco apenas os alunos, mas também o trabalho realizado pelo
professor, visando o aperfeiçoamento da prática docente. O professor que preza
pela qualidade do ensino na Escola Dominical não pode desconsiderar este
importante aspecto da prática docente.
Veja também - Novas Lições Dominical:
O que é
avaliar?
Por muito tempo,
profissionais da área do ensino compreendiam o ato de avaliar apenas como um
instrumento de verificação do nível de aprendizado dos alunos. Nesta época, não
se considerava as implicações do processo com um todo, o ato de avaliar
resumia-se apenas a considerar a capacidade dos alunos em memorizar e aplicar
os conhecimentos lecionados em aula. Diga-se de passagem, tal postura desses
educadores tinha como objetivo apenas transmitir de forma "bancária"
as informações inerentes aos conteúdos do currículo escolar, sem considerar as
possíveis dúvidas e críticas aguçadas pela criatividade e curiosidade dos
alunos.
Esse tipo de comportamento
dos educadores procrastinou o avanço no processo de ensino- -aprendizagem,
tendo em vista que não se pensava em outras formas de avaliação com foco em
melhores resultados para a educação. Para tanto, é preciso compreender o
conceito de avaliação e definir quais critérios devem ser aplicados neste
processo tendo como objetivos não somente elevar o nível de aprendizagem do
aluno, mas também identificar que aspectos do trabalho docente devem ser
aperfeiçoados de modo que o professor ofereça um ensino de melhor qualidade.
Como já mencionado
anteriormente, avaliar não se resume à verificação, aferição, medição em certas
ocasiões. Antes o ato de avaliar vai além de apenas registrar a capacidade de
acerto ou a margem de erro dos alunos. Avaliar, de acordo com (HAYDT, 2002),
"consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos e na
interpretação desses resultados com base em critérios previamente
definidos".
Veja que para este autor o
ato de avaliar não se limita ao aspecto quantitativo, embora seja indispensável
à aferição dos resultados em valores e a definição de uma média adequada que
sirva de parâmetro para determinar o nível de aprendizado atingido pelo aluno.
Entretanto, a qualidade em que o aluno processa as informações e as transforma
em conhecimento para si implica no significado que tais conteúdos representam
para sua dinâmica de vida. Sendo assim, aprender de forma interessante é
fundamental para agregar valores e aplicar os conhecimentos à própria
realidade. Note a importância da avaliação para o direcionamento dos conteúdos
que estão sendo ensinados e, também, para a forma como são ensinados.
A avaliação como instrumento de aperfeiçoamento do trabalho
docente
O ato de ensinar é uma
prática pedagógica que deve ser repensada constantemente. Muitos educadores
pensam que somente após vencerem o currículo escolar é possível reservar tempo
para rever quais os instrumentos que devem ser aplicados no direcionamento do
trabalho docente. Contudo, o professor não pode desconsiderar que a natureza do
planejamento é flexível, haja vista as circunstâncias que surgem ao longo das
etapas do processo de ensino-aprendizagem.
Dentre os fatores que devem
ser considerado ao longo deste processo são as características específicas de
cada aluno e a forma como aprendem. Estudos revelam que nenhuma pessoa aprende
da mesma forma que a outra, cada aluno possui um sistema de compreensão que
define critérios particulares na hora de assimilar os conhecimentos.
De acordo com a teoria das
"Múltiplas Inteligências" de Gardner (1985, apud NATEL et al, 2013,
p. 144), "todos os indivíduos têm como parte de sua bagagem genética,
habilidades básicas nas sete inteligências, com potenciais diversos em cada uma
delas e, variações em seus desempenhos". Gardner questiona o fato de que
se uma pessoa tem facilidade para dominar certo conhecimento não
necessariamente significa que tenha mais inteligência, e sim que tal pessoa
explora melhor as devidas competências exigidas para aprender o respectivo
conteúdo e demonstra facilidade para aplicá-lo.
A teoria de Gardner provoca
uma mudança completa no olhar do professor no que diz respeito à avaliação. O
fato de alguns alunos apresentarem dificuldades para aprender certos conteúdos
muitas vezes não é falta de empenho, e sim que certos aspectos específicos de
cada aluno devem ser considerados na forma como esses conteúdos são
apresentados, inclusive, na etapa de atividades.
Assim sendo, o professor que
preza pela qualidade do ensino deve se prover das ferramentas adequadas para
que a sua aula atinja os objetivos esperados. Para tanto, a avaliação não deve
compreender apenas as capacidades de aprendizagem observadas no aluno, mas
também atentar para a qualidade do ensino que o professor oferece. Deve-se
questionar se os conteúdos são passíveis de serem assimilados, se os métodos
aplicados, de fato, são os mais eficazes para cada ocasião, se os recursos
utilizados: visuais, audiovisuais, manuseáveis, etc., são apropriados. Somente
um exame criterioso e o interesse do professor em reconstruir a própria prática
docente poderão determinar a evolução do seu trabalho.
Considerações finais
Concluímos, pois, que a
qualidade do ensino é resultado de uma série de fatores que envolvem o ato de
ensinar. A avaliação é uma prática pedagógica importante que compões este
processo e não deve ser vista apenas como um instrumento para aferir notas.
Mais do que isso, é uma prática que deve ser repensada constantemente,
porquanto os alunos apresentam necessidades específicas quanto à aprendizagem
em cada época. Por esse motivo os critérios de avaliação devem ser revisados a
cada trimestre, pois não são apenas os alunos que devem ser alvos da avaliação.
O professor também é integrante desse processo e toda vez que o seu aluno não
atinge os níveis de aprendizagem esperado, deve ser autocrítico e humilde para
reconhecer que o seu trabalho precisa ser revisto.
O professor de Escola
Dominical deve entender que o seu trabalho é diametralmente pedagógico. No ato
de ensinar o professor aprende enquanto ensina e qualifica o seu trabalho
docente quando entende a necessidade de aperfeiçoamento. Que o amor pelo ensino
atrelado ao empenho pela capacitação pedagógica seja o norte de cada professor
que se preza a realizar um excelente trabalho na Escola Dominical.
Artigo: Thiago Santos | Extraído da Revista Ensinador Cristão. - 4º
trimestre de 2019; CPAD: Rio de Janeiro, 2019