Neste estudo você aprenderá:
O significado de
vocação autêntica; A importância das aptidões naturais específicas para o
magistério; as diferenças entre motivação e incentivos; as principais técnicas
de incentivos do aluno.
Este estudo pretende ajudá-lo a:
Certificar-se de sua
vocação para o magistério eclesiástico; despertar a motivação em sua turma; aplicar
técnicas de incentivos na sala de aula.
Um autêntico professor
de Escola Dominical deve atender no mínimo a três condições básicas: vocação
natural, aptidões específicas e preparo especializado.
I. O Professor e sua Vocação
1. Vocação natural
A vocação floresce no
cerne da personalidade humana. Trata- se de uma tendência fundamental do
espírito, uma inclinação preponderante para um determinado tipo de vida e de
atividade, em que se encontra plena satisfação e possibilidades de
autorrealização.
Para o magistério a
vocação revela-se como um conjunto de predisposições temperamentais,
preferências afetivas, atitudes e ideais de cultura e de sociabilidade.
a)
Sociabilidade
A educação e o ensino
são fenômenos de interação psicológica e social. O professor egocêntrico,
fechado e que é incapaz de abrir e manter contatos sociais com certo calor e
entusiasmo, não está talhado para a função do magistério; esta exige
comunicabilidade e dedicação à pessoa dos alunos e aos seus problemas.
Há professores que
quando terminam suas aulas apressam-se em deixar a sala, dizendo que já cumpriram
sua missão e programa. Saem, literalmente, em disparada para não responderem às
possíveis perguntas, dúvidas ou queixas dos estudantes. Não têm interesse no aluno
como pessoa, como indivíduo que tem necessidades, curiosidades, expectativas e
esperanças. O professor vocacionado tem prazer de estar ao lado, no meio e com
os seres humanos.
b)
“Amor pedagógicos”
A palavra hebraica hanak, “educar”, tem uma raiz original
que quer dizer “dedicar” ou “consagrar”. Sei que isso pode parecer romantismo
exagerado de minha parte, mas educadores cristãos autênticos amam e se dedicam
a seus alunos. Isso significa que o professor deve ir além da simples simpatia
e interesse por eles. O mestre vocacionado deseja imensamente auxiliar seus
pupilos em seus problemas, necessidades e expectativas. O professor desenvolve um
puro sentimento de empatia, ou seja, coloca-se no lugar do aluno para sentir o
que ele está sentindo, como se estivesse no lugar dele.
Um autêntico educador
importa-se mais com a pessoa do aluno que com a frieza do conteúdo e currículo.
Xenofonte, grande filósofo da antiguidade, disse: “Nunca pude aprender nada com
aquele mestre: ele não me amava”.
c)
Apreço e interesse pelos valores da inteligência e da cultura
O professor que tem
vocação para o magistério é naturalmente um estudioso, um leitor assíduo, com
sede de novos conhecimentos capaz de se entusiasmar pelo progresso da ciência e
da cultura.
O professor que não se
lança ao labor da pesquisa não pode lecionar de forma relevante. Nunca é suficiente
o conhecimento adquirido e acumulado ao longo dos anos. Há sempre algo que
precisa ser aprendido, revisado ou revisitado. O professor deve ser um eterno aprendiz.
Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, já dizia: “O que deixa de aprender
também cessa de ensinar”.
2. Aptidões Específicas
São atributos ou
qualidades pessoais que exprimem certa disposição natural ou potencial para um
determinado tipo de atividade ou de trabalho. São características específicas
da personalidade que, comumente, completam o quadro com a vocação e que, quando
cultivadas, asseguram a capacidade profissional do indivíduo. Para o magistério,
as aptidões mais importantes são as seguintes:
a)
Saúde física e equilíbrio mental
O ideal é que o mestre
desfrute de plena saúde física, orgânica. É imprescindível ao professor
cuidar-se através de uma alimentação balanceada, exercícios físicos, descanso,
lazer e exames médicos periódicos.
Uma pessoa que viva,
por descuido, constantemente enferma não estará apta para as demandas do
magistério. Equilíbrio mental e emocional é indispensável àquele que ensina e
educa. Você pode imaginar o estrago que um professor mentalmente desequilibrado
faria a uma determinada classe?
b)
Boa apresentação
Há os que não concordam
ou simplesmente ignoram, mas a boa apresentação do professor é extremamente
importante para a assimilação do conteúdo didático. Como cativar a atenção de
um aluno que não consegue deixar de reparar a negligente aparência de seu
professor?
Roupas amarrotadas,
gravatas tortas no pescoço, cabelos desalinhados, unhas sujas, barba por fazer,
maus odores e outros desleixos costumam despertar mais a atenção dos alunos do
que o conteúdo em si mesmo.
c)
Órgãos de fonação, visão e audição em boas condições
Não significa que o mestre
que tenha deficiências visuais, fonéticas ou auditivas não possa lecionar.
Estamos falando do que é ideal. É óbvio que o professor portador dessas
deficiências terá mais dificuldades para desempenhar suas funções magisteriais.
d)
Boa voz: firme, agradável e convincente
A voz do professor deve
expressar sua convicção acerca de tudo o que ensina. Há mestres que ao invés de
pronunciarem a palavra cheia, plena, completa, inteligível costumam
“espremê-las” ou “mastigá-las” pelos cantos da boca. Não é o caso de se ter uma
voz bonita, aveludada ou sonora, como a de um barítono. Mas, sim, de se esmerar
a fim de que nossa mensagem seja agradável, convincente e plenamente
compreensível. Quem ensina persegue a ênfase, ou seja, faz de tudo para que o
objeto da aprendizagem seja apreendido. A ênfase tão desejada no magistério, às
vezes, se consegue com a simples modulação da voz. É necessário aumentar ou
diminuir o volume da voz para se conseguir enfatizar determinadas palavras,
frases ou ideias.
e)
Linguagem fluente, clara e simples
O tom de voz do
professor deve ser igual ao de uma conversa e a forma de expressão deve ser o
diálogo. A linguagem deve ser simples: não há necessidade de se usar frases
rebuscadas, recheadas de termos técnicos ou de palavras pouco usadas. Deve ser
direta, ou melhor, ir diretamente ao assunto que está sendo tratado.
f) Confiança em si
mesmo e presença de espírito, com perfeito controle emocional
Confiar em si mesmo não
significa deixar de confiar primeiramente em Deus. Confiar no Senhor é
imprescindível em todas as coisas. Porém, o mestre precisa acreditar em sua
potencialidade, capacidade e condição para realizar o trabalho da melhor maneira
possível.
Outras aptidões também
importantes são elas: naturalidade e desembaraço; firmeza; perseverança,
imaginação, iniciativa e liderança; habilidades de criar e manter boas relações
humanas.
3. Preparo Especializado
O conhecimento amplo e
sistemático da matéria ou da respectiva área de estudo é condição essencial e
indispensável para a eficiência do magistério. O professor deve conhecer, pelo
menos, bem mais do que o estritamente exigido pelos programas das disciplinas,
tanto em extensão como em profundidade.
II. O Professor e sua Capacidade de
Incentivar o Aluno
O que é incentivo? O que
é motivação? Há diferença entre esses termos ou ações? Pode o professor motivar
o aluno? Ou apenas incentivá-lo?
Os melhores teóricos
nessa área dizem que o incentivo ocorre quando os alunos recebem estímulos
externos, isto é, incentivos. Enquanto que a motivação ocorre quando os alunos
são estimulados por fatores internos, ou seja, eles já possuem os motivos.
Então, podemos depreender que o professor apenas pode despertar a motivação dos
alunos por intermédio de incentivos.
1. Incentivos versus Motivação
A motivação e o
incentivo podem ser intrínsecos ou extrínsecos. São intrínsecos quando o aluno
tem interesse pela própria atividade. São extrínsecos quando o aluno não tem
interesse pela atividade em si, mas por suas consequências.
Vejamos:
Motivação intrínseca – Quando o aprendiz tem motivos para estudar
aquela matéria e tem interesse real por ela.
Motivação extrínseca – Quando quem aprende está estimulado por
aspectos correlatos ao tema, e não pelo próprio tema.
Incentivos intrínsecos – Quando estimula o aluno a estudar o assunto
pelo valor que ele encerra.
Incentivos extrínsecos – Quando o mestre estimula o aluno a prender
fatores estranhos à aprendizagem em si.
Exemplos:
Uma pessoa muito ocupada e cheia de responsabilidades pinta quadros, nas suas poucas horas
de lazer, pelo prazer de pintar, sem
visar a qualquer outro fim (motivação intrínseca).
Os pais de um jovem dão-lhe um violão, e ele,
que até então não havia pensado em tocar um instrumento, passa a ter aulas de
música e acaba empolgando-se por essa nova atividade (incentivo intrínseco).
Uma criança, desejando ganhar uma bicicleta,
resolve ser boa estudante, sem que tal resolução tenha sido sugerida por outra pessoa
(motivação extrínseca).
A mãe de uma adolescente vaidosa consegue
despertar nela o interesse em aprender “corte e costura”, a fim de que ela
possa, com maior facilidade, renovar seu próprio guarda-roupa (motivação
intrínseca).
b)
Participação ativa
Todo ensino tem de ser
ativo; toda aprendizagem não pode deixar de ser ativa, pois ela somente se
efetiva pelo esforço pessoal do aprendiz, visto que ninguém pode aprender por
alguém. O professor deve solicitar, quer no início, quer no decurso de qualquer
atividade, a opinião, a colaboração, a iniciativa e o trabalho do próprio
aluno. Essa técnica é usada no início e meio.
c)
Êxito inicial
O professor deve
facilitar por todos os meios possíveis uma perfeita compreensão das ideias
expostas e debatidas, prevendo e aplainando as dificuldades que os trabalhos
possam apresentar. O aluno que consegue
compreender bem o
assunto ou resolver as questões propostas logo no início, sentir-se-á disposto
a dar seguimento ao processo de aprendizagem. Essa técnica é usada somente na
fase inicial.
d)
O insucesso inicial
O insucesso deve ser de
cunho passageiro, já que o professor deve orientar o aluno a vencer as
dificuldades, tão logo seja possível. É uma técnica incentivadora valiosa
quando se trata de um assunto aparentemente fácil ou que o aluno supõe já ter
dominado suficientemente.
O professor deve
apresentar questões um pouco acima da capacidade atual dos alunos, para fazer
com que eles sintam a necessidade de estudar o tema que julgam já conhecer ou
pensam dominar plenamente. Essa técnica é usada somente no início do processo.
e)
Apresentação de tarefas
Consiste em pedir aos
alunos que cumpram determinadas tarefas tais como, fazer uma pesquisa, trazer
determinado objeto ou realizar alguma atividade em casa com a finalidade de
utilizar os resultados dessas ações na próxima aula. Essas são, sem dúvida
alguma, excelentes maneiras de incentivar a classe.
f)
Atividades socializadas ou trabalho em grupo
Aqui a potencialidade
incentivadora decorre do processo interativo mental e social que serve de base
e é estimulante para a maioria das pessoas normais. Exceção: por problemática
psicológica ou por características de personalidade alguns preferem estudar e
produzir a sós. Essa técnica é usada no final.
g)
Auto e hetero competição
O aluno deve ser
orientado no sentido de desejar o seu progresso individual, com fundamento na
comparação de seus resultados atuais com seu próprio rendimento anterior. A
competição individual deve ser afastada do quadro escolar pelos seus aspectos
deseducativos. Já a competição entre grupos será usada eventualmente, pois tem
muitos aspectos positivos e alguns poucos negativos. Essa técnica é usada no
final.
h)
Interesse pelos resultados da aprendizagem
Trata-se, aqui, do
interesse pelas notas ou conceitos que haverão de garantir a aprovação do aluno
e consequente promoção de classe.
i)
Desejo de corresponder à dedicação e ao interesse do professor
Apela-se para a
sensibilidade do aluno, procurando estabelecer um forte elo afetivo entre
educador e educando, pela demonstração do interesse pessoal por aquele aluno e
pelos problemas que estão prejudicando a aprendizagem.
j)
Incentivos negativos: Sanções, advertências, notas baixas, reprovação
O professor mantém seus
alunos motivados quando consegue aliar um bom conhecimento da matéria a uma
excelente preparação didática. Além disso, é imprescindível ao mestre
incentivador saber escolher métodos didáticos adequados à sua classe e
conjugá-los com ótimos recursos audiovisuais. Um professor com essas
qualificações não precisa apelar para truques de animação a fim de manter sua
classe atenta e interessada; seus alunos sentem prazer em assistir às suas
aulas.