A MÁ INTERPRETAÇÃO:
Em João 1.14 lemos: “E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória
do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
Elerbert Armstrong,
fundador da seita Igreja Mundial de Deus, tomou a frase “o Verbo se fez carne”
e concluiu que ela significava “converteu-se em carne”. Cristo, o Verbo, não
assumiu meramente uma natureza humana adicional; antes, Ele experimentou uma
metamorfose, tornando-se em carne humana. Ele passou a ser exclusivamente
humano.
CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO:
Fazer
referência ao Antigo Testamento nos ajuda a compreender o que João está dizendo
nesse importante verso. As palavras escolhidas por João para descrever a
encarnação são altamente reveladoras. A frase “(Jesus] habitou entre nós”
torna-se ainda mais precisa se traduzida como “fez a sua habitação entre nós”
ou “armou a sua tenda [tabernáculo] entre nós”. Utilizando essa terminologia,
João estava extraindo a essência do Antigo Testamento — [Jesus] “armou o seu
tabernáculo” entre nós remete diretamente ao tabernáculo das peregrinações de
Israel pelo deserto, no Antigo Testamento.
O povo de Deus foi instruído para
que erigisse o tabernáculo com a finalidade de lembrá-los que o lugar da
habitação de Deus estava entre eles. Êxodo 25.8 cita Deus declarando: “E me
farão um santuário, e habitarei no meio deles”. Daí, como Deus anteriormente
habitou entre o seu povo nos tempos do Antigo Testamento, no tabernáculo que
foi erigido por eles, então agora, em um sentido mais completo, Ele tem
estabelecido residência na terra em um tabernáculo de carne humana.
Além
do mais, o fato de João utilizar o termo grego eskênôsen (“armou
o seu tabernáculo”) torna-se ainda mais significativo quando nos damos conta de
que a glória que resultou da imediata presença do Senhor no tabernáculo vem
associada ao termo shekinah, que se refere à radiante glória, ou
radiante presença de Deus habitando no meio do seu povo.
Quando
Cristo se fez carne (Jo 1.14), a gloriosa presença de Deus estava completamente
incorporada nEle, pois Ele é o verdadeiro shekinah. A mesma glória que
Moisés contemplou no tabernáculo em Exodo 40.34- 38 foi revelada na pessoa de
Jesus Cristo no monte da transfiguração (Mt 17).
E
ainda mais, é crucial reconhecer que Cristo, o logos, não cessou de ser
o logos quando “se fez carne”. Cristo ainda tinha a plenitude da glória shekinah
em si mesmo, mas essa glória estava encoberta para que Ele pudesse interagir no
mundo da humanidade. O Verbo não cessou de ser aquilo que foi anteriormente;
mas assumiu uma natureza adicional — uma natureza humana. Esse é o mistério da
encarnação. Cristo, o logos, era completamente Deus e completamente
humano.
A
glória shekinah habitou no tabernáculo de carne de Jesus. E evidente
que enquanto o corpo humano de Jesus foi, em um determinado sentido, um
“templo” no qual a glória shekinah habitou, o seu corpo não foi um
paralelo exato em relação ao tabernáculo no Antigo Testamento. No Antigo Testamento,
Deus permanecia sempre distinto do tabernáculo, mesmo habitando no tabernáculo.
No Novo Testamento, aprendemos que Jesus, na encarnação, tomou permanentemente
sobre si mesmo a natureza humana. Daí, o corpo humano de Jesus não foi um mero
templo que incorporou a glória, mas, antes, tornou-se uma parte muito real de
sua pessoa como o Deus-homem.
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Fonte: Respostas às Seitas
Autor: Norman L. Geisler e Ron Rhodes
Editora: CPAD
Divulgação: Subsídios EBD