"Certo dia, o rei dos Hirsutos ordenou:
'Tragam-me o melhor barbeiro! Quero cortar cabelos e barba! Assim remoçarei,
ficarei diferente dos demais e ganharei fama, podendo até atrair turistas para
o reino.' Imediatamente, convocados os examinadores de maior renome,
instalou-se a comissão de seleção que reuniu numa sala centenas de candidatos
atraídos pelos arautos reais.
'Discorra sobre a
importância da barbearia no mundo moderno' foi a primeira questão da prova
escrita, eliminatória. Julgadas as respostas, dispensaram-se dois terços dos
candidatos, dando-se ao restante a ordem: 'Relate a história da arte de
barbear.' Avaliadas suas dissertações, deixaram-se apenas dez barbeiros na
sala, os quais receberam a instrução: 'Descreva os instrumentos e procedimentos
necessários para cortar cabelo e barba do rei.' Apreciadas as novas respostas,
foi pedido aos três únicos classificados para desenhar seis tipos de cortes de
barba e de cabelo. Selecionado, por fim, o melhor de todos, levaram-no ao rei,
que logo ele começou a barbear. Quase no final do trabalho, porém, o escolhido
canhestramente cortou a orelha real.
- Iiihh!!! - gritaram
em coro, aterrorizados, os examinadores.
- Iiihh?! -
retrucou-lhes o ferido - Peço-lhes apenas um barbeiro capaz, e me saem com um
coro de iiihh!?
- Perdoai-nos,
majestade, não sabíamos onde estávamos com a cabeça ao preparar as questões da
prova!
- Ideia genial! -
tornou-lhes o rei, que logo os mandou decapitar".
(Fábula adaptada da
obra de F. Mager.)
Quais erros cometeram
aqueles "especialistas" da casa real? O que havia de irrelevante e
sem propósito nas questões por eles elaboradas? A primeira coisa que percebemos
é que as questões propostas pelos examinadores, por serem caracteristicamente
subjetivas, jamais verificariam se aqueles candidatos a barbeiros realmente
estavam habilitados à "difícil" tarefa de cortar o cabelo do rei.
Neste caso, os conhecimentos teóricos e preliminares sobre cortes de cabelo em
nada poderiam ajudar nas questões pragmáticas da avaliação. O teste deveria ser
essencialmente prático. Ou seja, a fim de serem considerados aptos para cortar
o cabelo do rei, os candidatos deveriam, antes, demonstrar competência,
cortando o cabelo de outras pessoas.
Essa fábula ilustra
perfeitamente o tipo de avaliação utilizada por grande parte dos professores
das instituições públicas e particulares de ensino. Se a funcionalidade dos
instrumentos de avaliação de certos professores fosse julgada a rigor,
certamente muitos mestres perderiam suas preciosas cabeças. A maioria deles,
inclusive os da área do ensino cristão, seleciona instrumentos de avaliação
visando apenas à reprodução automática do conteúdo, quando o resultado da
aprendizagem precisa ser palpável, observável.
A
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO
O que significa avaliar
em termos educacionais? O que deve ser observado no aluno para que o
consideremos apto em determinada área do conhecimento? Neste sentido, avaliar
significa fazer um julgamento sobre os resultados, isto é, comparar o que foi
realizado com o que se pretendia alcançar. Se essa comparação for feita com
base na formulação inicial de objetivos que descrevem as modificações previstas
no comportamento do aluno, as dificuldades normalmente associadas à avaliação
da aprendizagem tendem a diminuir.
Que resultados pode o
professor esperar de uma avaliação? Que tipo de comportamento precisa o aluno
manifestar? O estudante, para ser considerado apto, deverá gir, fazer,
executar, expressar, manifestar uma mudança de atitude e comportamento. Somente
por meio dessas manifestações do aluno, o professor pode reprogramar suas
atividades visando ao aperfeiçoamento do trabalho docente. De acordo com o que
ensina o pastor Antonio Gilberto no Manual da Escola Dominical, "uma
avaliação periódica permite aos que ensinam e dirigem aferir o estado real da
escola; o que foi feito e o que deixou de ser realizado, ou necessita ser
introduzido ou suprimido." Ainda, segundo ele, "a avaliação revela as
novas tomadas de providências que devem ser levadas a efeito."
Avaliar a aprendizagem
é extremamente importante, porém, é necessário que a avaliação ofereça ao
professor meios seguros de medir o aproveitamento do aluno. Para o educador
Stuart S. Cook, a avaliação ajuda o professor a "determinar o progresso
individual dos estudantes em relação às metas de ensino. Informações sobre os
alunos são usadas para a tomada de decisões acerca de estratégias educacionais
e administrativas. Sem as informações que vêm dos testes, muitas decisões que
os educadores tomam estariam sujeitas a sérios erros."
Veja também:
- Como o professor se
Prepara idealmente para aula na Escola Dominical? Acesse
Aqui
- O Aprendizado
Significativo em Sala de Aula – Acesse
Aqui
TIPOS DE
AVALIAÇÃO
Quando o professor deve
avaliar? No início, durante ou no final do processo de ensino-aprendizagem?
1. Avaliação Prévia.
A avaliação feita antes
da exposição da matéria é chamada de avaliação prévia ou diagnóstica. Ela tem
por objetivo verificar o que a classe não sabe ou até que ponto conhece a
matéria. Essa forma de avaliação, além de ser utilizada como fonte de
incentivos para os alunos, serve também como introdução a fim de prepará-los
para receberem ensino mais completo. Não havendo verificação antecipada, o
professor correrá o risco de passar conteúdos já assimilados pelos estudantes,
desperdiçando, assim, muito tempo que poderia ser empregado na aquisição de
conhecimentos novos ou mais complexos. Poucos professores utilizam esse tipo de
avaliação. A maioria avalia durante ou no final do processo.
2. Avaliação formativa
A avaliação formativa é
a que ocorre durante o processo de ensino-aprendizagem. Constitui-se de testes
ou outros instrumentos rápidos, ministrados periodicamente, que visam a
verificar se a aprendizagem está realmente ocorrendo. A avaliação formativa
desempenha importantes papéis.
Vejamos:
a) Proporciona
feedback.
Se, através de um
simples teste, o professor verifica que a maioria dos alunos não está aprendendo,
é o momento de parar, pensar no que está errado em seu ensino e reformular suas
estratégias. Se a maioria está aprendendo, a avaliação formativa identificará
aqueles que não estão assimilando o conteúdo ensinado a fim de que lhes possa
ser dada ade-quada atenção.
b) Proporciona feedback
também ao aluno.
A avaliação feita
durante a aula faz com que o aluno perceba o que está faltando, no que ele está
errando, permitindo-lhe oportunidade de esforçar-se a fim de atingir o domínio
que dele se espera.
c) É fonte de motivação
para o aluno.
Os alunos que fazem
autoavaliação sentem-se estimulados a continuar seus estudos.
3. Avaliação Somativa.
É a avaliação que
ocorre ao final de um trimestre, semestre ou determinado espaço de tempo. Ela
visa verificar o produto da aprendizagem, isto é, o que resultou do trabalho de
professor e aluno. Por exemplo, há professores da Escola Dominical que no final
de cada trimestre elaboram um questionário com perguntas de todas as lições.
Essas questões visam a avaliar a capacidade de assimilação dos alunos em todo o
período de estudo.
CONCLUSÃO
Acredito que a partir
de agora, meus leitores, professores da Escola Dominical, não terão dúvidas
quanto à importância da avaliação do desempenho de seus alunos. Mas alguém
ainda poderia perguntar: Baseado em que deverei preparar meus instrumentos de
avaliação? Como poderei acompanhar e analisar o comportamento de meus alunos?
Neste caso, é extremamente importante enfatizar que, para uma boa avaliação, é
necessário que o professor estabeleça objetivos. Não há como esperar resultados
se não determinarmos prévia e claramente o que devemos esperar. Objetivos
imprecisos conduzem à avaliação confusa, sem propósito e desnecessária.