Introdução
A pós a conclusão do
tabernáculo e sua mobília Êxodo 40.34-38, nos apresenta o ápice do término da
construção com a frase: Assim Moisés acabou a obra (v.33). Então, a nuvem da
glória desceu sobre a tenda da congregação e enchia o tabernáculo. Essa nuvem
acompanharia o povo em sua jornada. Sempre que se movia, o povo a seguia; se
não se movia, o povo permanecia onde estava (v. 34-38).
I
– A NUVEM DA GLÓRIA DE DEUS
A
glória do Senhor, que agora estava entre Seu povo em forma de nuvem, também
guiava os passos dos israelitas (Êx 13.21,22; Nm 9.15-23).
1. A nuvem da glória, o símbolo da presença visível de
Deus
A
nuvem (o símbolo da presença visível de Deus) e a glória de Deus encheram o Tabernáculo
quando todas as coisas estavam concluídas, ungidas, consagradas e santificadas para
os serviços divinos e a Presença Divina (Êx 40. 34). A Bíblia é clara ao
afirmar que a coluna de nuvem e a coluna de fogo não eram um fenômeno natural,
mas sim o símbolo da presença de Deus e a evidência de sua ação de proteger e
conduzir seu povo.
Quase 500 anos mais
tarde, Salomão construiu o templo, que substituiu o Tabernáculo como local
central de adoração. E Deus também encheu o templo com a sua glória (2 Cr
5.13,14). Mas Israel virou as costas
para Deus, que retirou a sua presença, e o templo foi destruído pelos exércitos
invasores (2 Rs 25).
Em 515 a.C., o templo
foi reconstruído. Cinco séculos mais tarde. a glória de Deus retornou ao templo
com maior esplendor quando Jesus Cristo, o Filho de Deus. nele entrou e
ensinou. Sendo Jesus crucificado. a glória de Deus novamente deixou o templo.
No entanto. Deus não mais precisava de uma construção apôs Jesus ressuscitar
dos mortos. O templo do Senhor passou a ser a Igreja, o corpo dos crentes.
2. Proteção no deserto - A Nuvem e a coluna de fogo
A nuvem surgiu, pela
primeira vez, quando os Israelitas atravessavam o mar. Depois no Sinai e também
quando Moisés fez uma tenda, e ali buscava a Deus; por fim, quando o
Tabernáculo foi levantado. A partir de então, a presença de Deus era contínua,
de maneira que, quando a nuvem se elevava acima do Tabernáculo, os filhos de
Israel reiniciavam a sua Jornada. Os milhões de peregrinos que estavam ao redor
do Tabernáculo, nas suas respectivas tribos, entenderam perfeitamente que se
tratava de uma manifestação divina.
3. A presença do Senhor: de noite e de dia
Está escrito que
“Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo”
(Nm 9.16). “Deus prometeu prover uma nuvem para guiar os viajantes e para
lembrá-los de sua presença contínua.” Interessante que Deus, embora nunca se
apresente fisicamente, mas permaneça invisível, sempre deixa sinais de que se
conserva junto do povo. Jesus disse que os discípulos não o veriam mais,
entretanto assegurou: “[...] eu estou convosco todos os dias [...]” (Mt 28.20).
A maravilhosa presença do Senhor traz a sensação de amparo, proteção,
segurança. Dessa forma, o Senhor demonstrava a todos que cumpria a promessa de
sua presença inafastável.
A
nuvem sobre o Tabernáculo é uma das mais poderosas imagens bíblicas a indicar a
natureza majestosa de Deus. Os hebreus tinham a perspectiva correta. O poder
deles derivava do poder de Deus, não de sua insistência. A caminhada deles
dependia do poder de Deus, não da competência gerencial do seu líder. Deus era
uma presença viva, não um retrato esmaecido na parede do coração deles.
Ø
Podemos ter ainda a
presença de Deus na nossa jornada?
A
resposta é sim, mas de modo diferente. Não precisamos lamentar que não haja uma
coluna de nuvem ou de fogo sobre nós. Para nos orientar no caminho a seguir,
temos a Bíblia Sagrada. Nela encontramos todas as orientações para os nossos
passos. Para nos corrigir e aconselhar, temos o Espírito Santo, que habita no
nosso coração.
Certamente,
alguns dos liderados de Moisés nem sempre prestavam atenção ao fogo ou à nuvem,
como nem sempre damos atenção à Palavra e ao Espírito de Deus, mas os recursos
continuam à nossa disposição.
SUBSÍDIO
HERMENÊUTICO
Shekinah
é uma palavra hebraica que significa “habitação” ou “presença de Deus”. Para os
teólogos a tradução que mais se aproxima dessa palavra é “a glória de Deus se
manifesta”. O verbo Shakhan é usado na
Bíblia hebraica (ver Êxodo 40:35: " Moisés não podia entrar na tenda da
congregação, porquanto a nuvem permanecia [Shakhan] sobre ela, e a glória do
SENHOR enchia o tabernáculo"). Muitos cristãos também
consideram que a Shekhinah tenha se manifestado em inúmeros casos no Novo
Testamento, como no caso de Jesus no monte da transfiguração (Mc 9.7-11), na
sua ascensão (At 1.9-11), mas especialmente no dia de pentecostes, com a
descida do espírito santo.
A
palavra shekinah tem várias grafias, entre elas, shekiná, shechina e shekina.
De acordo com o dicionário Hebraico-Português, o verbo hebraico “shachan” se
traduz por habitar ou morar, como também, a palavra "shikan”, se traduz
por alojar ou instalar. As duas palavras possuem a mesma raiz da palavra
shekinah, que significa “Divina Presença” ou “em quem Jeová habita”.
Muitas
vezes Shekinah é representada pela nuvem, como é possível verificar na passagem
Êxodo 40:35: “Moisés não pôde entrar na tenda da reunião, porque a nuvem tinha
pousado sobre ela e a glória de Javé enchia o santuário”. Muitas vezes é
representada pela “Glória Divina que habitava a terra” como no Salmo 85: 8,9:
“Vou escutar o que diz Javé: Deus anuncia a paz ao seu povo e seus fiéis, e aos
que se convertem de coração. A salvação está próxima dos que o temem, e a
glória habitará em nossa terra” (https://www.significados.com.br/shekinah)
No
Dicionário Bíblico Vida Nova - Derek Williams, ed. 1 encontramos o vocábulo
"Shekinah”, como sendo a manifestação visível da glória de Deus. As
sagradas escrituras descrevem a Sua transcendência, a Sua "glória",
ou presença visível. A glória pode ser expressada no "rosto" de Deus,
ou no Seu "nome" (conf. Ex 33,18-20). A “Shekinah” também tem
referência à nuvem que circunda a glória (conf. Ex 40,34), a semelhança de uma
nuvem carregada que emitia relâmpagos (conf. Êx 19,9.16)
A
presença da “Shekinah”, na Bíblia
-
conduzindo o povo para fora do Egito “uma coluna de nuvem e de fogo” (conf. Ex
13,21)
-
vingou Moisés contra os murmuradores (conf. Ex 16,10)
-
cobriu o Sinai (conf. Ex 24,16)
-
Deus habitava na nuvem no meio de Israel no tabernáculo (conf. Rs 40,8-13)
-
encheu o tabernáculo (conf. Ex 40,34-35)
-
Ezequiel visualizou sua partida por causa do pecado (conf. Ez 10,18)
-
judaísmo confessava a ausência dela do segundo templo.
-
Cristo subiu na nuvem da glória (conf. At. 1,9)
-
A glória divina está presente no templo e na cidade celestial (Ap 15,8; 21,23).
- foi vista na transfiguração de Jesus (conf.
Lc 9,32)
- será vista quando Jesus voltar à terra (conf.
Mc 8,38)
-
voltará do mesmo modo (conf. Mc 14,62; Ap. 14,14)
II – O QUE É A GLÓRIA
DE DEUS?
A
expressão “glória de Deus” tem emprego variado na Bíblia. Vejamos.
1.
Esplendor e majestade
Às vezes, descreve o esplendor
e majestade de Deus (1 Cr 29.11; Hc 3.3-5), uma glória tão grandiosa
que nenhum ser humano pode vê-la e continuar vivo (ver Êx 33.18-23). Quando
muito, pode-se ver apenas um “aparecimento da semelhança da glória do Senhor”
(a visão que Ezequiel teve do trono de Deus, Ez 1.26-28). Neste sentido, a
glória de Deus designa sua singularidade, sua santidade (Is 6.1-3) e sua transcendência
(Rm 11.36; Hb 13.21). Pedro emprega a expressão “a magnífica glória” como um
nome de Deus (2Pe 1.17).
2.
Presença visível
A glória de Deus também se
refere à presença visível de Deus entre o seu povo, glória esta
que os rabinos de tempos posteriores chamavam de shekinah. Shekinah é uma
palavra hebraica que significa “habitação [de Deus]”, empregada para descrever
a manifestação visível da presença e glória de Deus. Moisés viu a shekinah de
Deus na coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.21).
Em Êx
29.43 é chamada “minha glória” (cf. Is 60.2). Ela cobriu o Sinai quando Deus
outorgou a Lei (ver Êx 24.16,17), encheu o Tabernáculo (Êx 40.34), guiou Israel
no deserto (Êx 40.36-38) e posteriormente encheu o templo de Salomão (2Cr
7.1;1Rs 8.11-13). Mais precisamente, Deus habitava entre os querubins no Lugar
Santíssimo do templo (1Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Sl 80.1). Ezequiel viu a glória do
Senhor levantar-se e afastar-se do templo por causa da idolatria infrene ali
(Ez 10.4,18,19).
O
equivalente da glória, shekinah, no Novo Testamento é Jesus Cristo que, como a
glória de Deus em carne humana, veio habitar entre nós (Jo 1.14). Os pastores
de Belém viram a glória do Senhor no nascimento de Cristo (Lc 2.9), os
discípulos a viram na transfiguração de Cristo (Mt 17.2; 2Pe 1.16-18), e
Estêvão a viu na ocasião do seu martírio (At 7.55).
3.
Presença e poder espirituais
Um terceiro aspecto da glória
de Deus é sua presença e poder espirituais. Os
céus declaram a glória de Deus (Sl 19.1; Rm 1.19,20) e toda a terra está cheia
de sua glória (Is 6.3; Hc 2.14), todavia o esplendor da majestade divina não é
comumente visível, nem notado. Por outro lado, o crente participa da glória e
da presença de Deus em sua comunhão, seu amor, justiça e manifestações,
mediante o poder do Espírito Santo (ver 2 Co 3.18; Ef 3.16-19 nota; 1 Pe 4.14).
4.
Como a glória de Deus relaciona-se ao crente pessoalmente?
Ø Concernente
à glória celestial e majestosa de Deus, é bem verdade que ninguém pode
contemplar essa glória e sobreviver. Sabemos que ela existe, mas não a vemos.
Deus habita em luz e glória inacessíveis, que nenhum ser humano pode vê-lo face
a face (1 Tm 6.16).
Ø A
glória de Deus, no entanto, era conhecida do seu povo nos tempos bíblicos. No
decurso da história, até o presente, sabe-se de crentes que tiveram visões de
Deus, semelhantes às de Isaías (Is 6) e Ezequiel (Ez 1), embora isso não fosse
comum naqueles tempos, nem agora. A experiência da glória de Deus, no entanto,
é algo que todos os crentes terão na consumação da salvação, quando virmos a
Jesus face a face. Seremos levados à presença gloriosa de Deus (Hb 2.10; 1Pe
5.10; Jd 24), compartilharemos da glória de Cristo (Rm 8.17,18) e receberemos
uma coroa de glória (1Pe 5.4). Até mesmo o nosso corpo ressurreto terá a glória
do Cristo ressuscitado (1Co 15.42,43; Fp 3.21).
Ø De um
modo mais direto, o crente sincero experimenta a presença espiritual de Deus. O
Espírito Santo nos aproxima da presença de Deus e do Senhor Jesus (2Co 3.17;
1Pe 4.14). Quando o Espírito opera poderosamente na igreja, através das suas
manifestações sobrenaturais (1Co 12.1-12), o crente experimenta a glória de
Deus no seu meio, i.e., um sentimento da majestosa presença de Deus, semelhante
ao que sentiram os pastores nos campos de Belém quando nasceu o Salvador (Lc
2.8-20).
III - SÍNTESE DA NUVEM DE GLÓRIA
Ø
CHAMADA:
·
A
nuvem (Ex 34.5).
·
Coluna
de nuvem e pilar de fogo (Êx 13.22).
·
Coluna
de nuvem (Êx 33.9-10).
·
Nuvem
do Senhor (Nm 10.34).
·
A
presença de Deus (Êx 33.14-15).
·
A
glória de Deus se manifestava nela (Ex 16.10; 40.35).
·
Deus
desceu nela (Ex 34.5; Nm 11.25).
·
Deus
falou dela (Êx 24.16; S1 99.7).
Ø ERA DESIGNADA PARA:
ü Dirigir os movimentos
de Israel (Êx 40.36-37; Nm 9.17-25).
ü Guiar Israel (Êx
13.21; Ne 9.19).
ü Iluminar Israel (S1
78.14; 105.39).
ü Defender Israel (Êx
14.19; S1 105.39).
ü Cobrir o tabernáculo
(Êx 40.34; Nm 9.15).
ü Era escura para os
inimigos de Israel (Êx 14.20).
ü Era o shekinah sobre o
propiciatório (Lv 16.2).
A glória, “shekinah”,
que estava no tabernáculo apontava para Cristo, a habitação corpórea da glória
de Deus (Cl 2.9).
ü Continuou durante as
jornadas de Israel (Êx 13.22; 40.38).
ü Manifestou-se no templo
de Salomão (1Rs 8.10-11; 2Cr 5.13; Ez 10.4).
Ø APARIÇÕES ESPECIAIS:
·
Na
murmuração por pão (Êx 16.10).
·
Na
entrega da lei (Ex 19.9,16; 24.16-18).
·
Na
sedição de Arão e Míriã (Nm 12.5).
·
Na
murmuração de Israel sobre o relatório dos espias (Nm 14.10).
·
Na
rebelião de Coré, etc. (Nm 16.19).
·
Na
murmuração de Israel por causa da morte de Coré (Nm 16.42).
·
Na
transfiguração de Cristo (Mt 17.5).
·
Na
ascensão de Cristo (At 1.9).
·
Na
segunda vinda, Cristo aparecerá nela (Lc 21.27; At 1.11).
Ø ILUSTRA:
ü A glória de Jesus (Ap
10.1).
ü A proteção da igreja
(Is 4.5).
Conclusão
E maravilhoso perceber
que o livro de Êxodo termina com a imagem do gracioso Deus dando proteção e
orientação a Seu povo, por meio da nuvem e do fogo. Os cristãos de hoje
enfatizam a presença do Espírito Santo em sua vida (At 2). Entretanto, Deus
também estava presente na vida das pessoas antes de Jesus vir ao mundo. Um
israelita fiel e seguidor de Deus podia ver o tabernáculo e perceber que o
Senhor estava lá em esplendor e poder. E com Ele, as pessoas seguiram rumo a
Canaã, a Terra Prometida.
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