As
proibições também incluíam a relação sexual com a nora (v. 15), uma vez que,
mesmo após a morte do marido ou o divórcio, ela continuava sendo considerada
como filha da família. A lei do levirato (Gn 38; Dt 25.5-10; Rt 4; Mt 22.23-33)
criou uma exceção quando se tratava do casamento com a esposa de um irmão (v.
16). O objetivo era dar continuidade ao nome da família do marido falecido que
morresse sem filhos. Assim, ele teria a sua descendência por meio do seu irmão,
que poderia casar-se com a viúva e manter a linhagem familiar com as proles.
Outra exceção que acaba acontecendo é o casamento entre: tios e sobrinhas,
como, por exemplo, Naor e Milca, que era
filha de Harã, irmão de Naor (Gn 11.27-29), e entre primos, como, por exemplo,
Otniel e Acsa, filha de Calebe, irmão de Quenaz, pai de Acsa (Js 15.16,17; Jz
1.12,13), por questões sociais e em situações em que a convivência seria em um
novo clã. Na época, o relacionamento sexual fora da instituição matrimonial já
era proibido (Êx 22.16,17; Dt 22.18-29). O relacionamento sexual com a mãe, ou
a filha, ou a neta também era proibido em quaisquer circunstâncias, sendo
considerado prostituição por serem parentes próximas (v. 17), além do relacionamento
com a cunhada enquanto a irmã estivesse viva (v. 18). Os antropólogos que
estudam essas regras para evitar o incesto nas mais diversas sociedades não
chegaram a uma conclusão firme quanto à sua origem. Harrison (1983, p. 173)
afirma que: “De modo geral, os antropólogos pensam que as leis que regem o
incesto parecem ter surgido ou para impedir os resultados desastrosos da
procriação consanguínea, ou como resultado das limitações sobre tal atividade
pela população”. No caso de Levítico, é apresentado como uma santidade
comunitária na área da conduta sexual. No entanto, mesmo os mandamentos divinos
são reflexos para regramento de comportamentos sociais, econômicos, de saúde,
entre outros, para uma saudável e justa convivência em comunidade, como exemplo
dos fatores genéticos das relações incestuosas de primeiro ou segundo grau de consanguinidade.
Para
resumir, o texto estudado, aliado a outros como Levítico 20.10-21 e Deuteronômio
23.1; 27.20,22,23, fornece uma lista de proibições de relações sexuais:
a)
por consanguinidade: a mãe, a madrasta ou as madrastas, as esposas dos tios
paternos, as tias paternas e maternas (geração dos pais); as irmãs ou meias-irmãs
(própria geração); e as netas (segunda geração seguinte);
b)
por aliança: a sogra ou as sogras, as cunhadas, as enteadas e suas filhas.
3. Proibição de relações sexuais de
origem ritual
Na
antiguidade, existia uma relação muito forte entre a prática sexual e os rituais
religiosos. Helminiak (1998, p.50) afiança que, nos ritos de fertilidade, as
“cerimônias supostamente envolviam rituais sexuais que, acreditava-se, traziam
a bênção sobre as estações, as colheitas e os rebanhos. Provavelmente, fazer
sexo com uma mulher em seu período menstrual era uma suposta prática
da
cidade de Canaã listada no Código de Santidade”. O versículo 21 parece destoar
do restante do texto, pois fala da proibição de oferecer crianças israelitas
para o deus cananeu chamado Moloque (Lv 20.2-5; 2 Rs 23.10; Jr 32.35). O
contexto, no entanto, é de sacrifício de origem ritual.
A
homossexualidade também tem sua relação com rituais religiosos. Essa prática
era conhecida no Oriente Próximo desde o tempo antigo como forma de satisfação
carnal. Harrinson (1983, p. 176) assevera que “tais atividades entre indivíduos
do mesmo sexo parecem ter desempenhado algum papel na adoração cultual
mesopotâmica, conforme é sugerido pelos deveres dos sacerdotes Assinnu e
kurgarrú da deusa do amor e da guerra, Istar”. Os sacerdotes com o objetivo de
servir à deusa do amor e da guerra tornavam-se eunucos. “Práticas
sacrohomossexuais e a prostituição feminina dentro do contexto cultual eram,
provavelmente, bem estabelecidas em todo o Oriente Próximo antigo antes de os
israelitas ocuparem Canaã”. Helminiak (1998, p. 49) assevera que “O Levítico
condenava o sexo homogenital como um crime religioso de idolatria e não como
uma ofensa sexual, e era esta traição religiosa o que era considerado grave o
suficiente para merecer a pena de morte”. Não se pode, no entanto,
desconsiderar a promiscuidade sexual. Na realidade, era utilizado o pretexto
religioso para fazer uso de práticas sexuais em busca de prazer.
A
homossexualidade é um tema pouco abordado na igreja, mas está presente no seu
cotidiano. O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo era conhecido como
“homossexualismo”, definido pela Medicina como uma doença fisiológica a partir
do século XIX. Freud, no século XX, tratou como um desvio no desenvolvimento
sexual, uma anormalidade funcional do ser humano. Até 1973, o conceito de
doença física ou de ordem mental foi mantido. Todavia, neste ano, a Associação
Psiquiátrica Americana (APA) desconsiderou a homossexualidade como uma
patologia e passou a considera-la como uma orientação sexual. Assim, para a
sociedade, o conceito depende de uma construção sociocultural. Todavia, na
Bíblia, essa prática sempre foi condenada. Nos textos do AT, a homossexualidade
era condenada de modo uniforme como abominação contra o projeto de vida de
Yahweh, que era de geração de vida, e não ao que se prestava à concupiscência
da carne. Tanto que a condenação para tal prática era a pena de morte (Lv
20.13), o que demonstra a seriedade como era tratado o assunto. No NT, entre
outros textos que condenam a prática, estão Romanos 1.27, 1 Coríntios 6.9 e 1
Timóteo 1.10.
Outra
prática condenada era a bestialidade (v. 23), que era comumente praticada entre
os heteus, os babilônios, os egípcios e os cananeus, o que estava em sentido
contrário ao projeto de criação de Deus, conforme estudado em lições
anteriores, em que o ser humano foi criado para dominar e preservar o restante
da criação, podendo relacionar-se sexualmente apenas com sua própria espécie. A
bestialidade era praticada por seres humanos em busca de prazeres nas relações
sexuais com animais. Da mesma forma que outras práticas sexuais aqui descritas,
a bestialidade também era punida entre os hebreus com a pena
de
morte (Êx 22.19; Lv 20.15,16).
É
interessante ressaltar que a abordagem dada para o assunto não é puramente a de
condenação às pessoas que praticam tais coisas. A reprovação bíblica é para a
prática, o que não significa a rejeição das pessoas que as praticam, pois Deus
sempre deixa o caminho aberto para todas as pessoas que se aproximam dEle.
4. A vontade de Deus é que o cristão
abstenha-se da prostituição.
Uma
das questões que são recorrentes quando se fala sobre a prostituição mencionada
na Bíblia é tanto com relação ao seu conceito quanto a expressão grega que é
traduzida para o português.
Dois termos são utilizados para definir as
relações sexuais ilícitas:
porneia e moicheia. Porneia trata o tema de maneira mais genérica e,
geralmente, não é muito específico, dependendo unicamente do contexto para
induzir-se a tradução. Isso se percebe nas diversas traduções. Ela pode ser
utilizada tanto para referir-se à prática sexual ilícita entre pessoas solteiras
quanto para outras práticas sexuais condenadas na Bíblia: pessoa casada com uma
solteira (Mt 5.32; 19.9); qualquer tipo de imoralidade sexual, entre outras (1
Co 5.11; 6.9; 7.2; Gl 5.19; Ef 5.3; Cl 3.15). Quando utilizado o verbo porneuo,
tem o sentido de imoralidade sexual de forma genérica. Dentre as traduções possíveis,
o termo porneia também é traduzido por adultério. No entanto, mais apropriado
por ser específico para essa tradução é o substantivo moicheia e o verbo
moicheuo. Desse modo, de forma resumida, o substantivo porneia não tem um
significado específico, sendo, portanto, utilizado de forma genérica para
identificar várias práticas de promiscuidade sexual, enquanto o substantivo
moicheia é utilizado de forma mais específica para identificar o adultério, que
envolve, no mínimo, uma pessoa casada.
Em
1 Tessalonicenses 4.1, Paulo faz um apelo incisivo: “[...] rogamos e exortamos
no Senhor Jesus”. Ele reconhece a comunhão de irmandade com os tessalonicenses
como família de Deus, demonstrando, assim, o amor com que adverte a comunidade,
com vistas à santificação e preparação dos seus membros para viver segundo a
vontade de Deus. Ele assim o faz para demonstrar o quanto é importante e sério
o que tem para falar na sequência, considerando o seu zelo com o evangelho. O
líder que está nessa situação às vezes fica tenso porque sabe que a palavra
pode não agradar e não ser o que os expectadores esperam, mas ele tem a certeza
de que é o que eles precisam ouvir para livrarem-se da perda do sentido da
vida.
A
advertência de Paulo era para que se lembrassem das orientações já recebidas
anteriormente, visto que alguns estavam desfazendo do que ele havia ensinado e
seguindo caminhos diferentes, fora do projeto de Deus.
1
Tessalonicenses 4.2 afirma: “Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos
dado pelo Senhor Jesus”. Assim, Paulo chama a autoridade dada por Deus para
deixar claro que não era coisa de sua cabeça, mas algo vindo diretamente do
Espírito de Deus devido ao seu cuidado de orientar seu povo no caminho a ser
seguido. Então, não era uma questão de capricho pessoal, ou seja, de que suas
palavras teriam que ser ouvidas devido à sua liderança eclesial.
A
preocupação de Paulo era de que as pessoas deviam seguir as orientações dadas
porque eram importantes para a manutenção da salvação. Em uma situação como
essa, um líder sofre devido à sua responsabilidade e comprometimento com o
Reino de Deus. Ele sabe que não tem como exigir que as pessoas façam exatamente
o que lhes recomenda. Também sabe que, se não fizerem, terão um prejuízo
significativo na vida espiritual cujas consequências definirão seu destino
eterno. O líder, no entanto, tem que fazer o que está ao seu alcance: alertar
e, neste caso, até rogar e exortar, esperando que alguns deem ouvido à palavra
dita.
Quando
Paulo fala sobre a maneira como convém andar e agradar a Deus, refere-se à
conduta pessoal, o estilo de vida e o comportamento tanto entre a comunidade de
fé como na sociedade em geral, isso estando o cristão presente ou ausente (Fp
1.27), pois feliz é aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos (Sl
128.1). Essa felicidade não é a ausência de conflitos e sofrimentos
(Jo
16.33), mas, sim, a convicção de que, estando no caminho do projeto de Deus,
tudo, no final, será de acordo com a vontade. Vale a pena, portanto, superar as
tentações de agradar o mundo e andar pelo caminho que agrada a Deus, mesmo que
pareça o mais difícil, pois “se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está
nele” (1 Jo 2.15).
Fonte: Cobiça e Orgulho – Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a
soberba da vida. Editora CPAD | Autor: Pr. Natalino das Neves.
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