Informa-nos o autor
sagrado ter sido Jó o homem mais rico do Oriente. Ninguém possuía tanto gado;
ninguém comandava tantos servos e servas. Suas terras sumiam no aquilão,
desapareciam no austro; nelas, a cultura era diversa e rica. Não bastassem os
regalos materiais, concedera-lhe ainda o Senhor uma imensa sabedoria
espiritual. E só ler o capítulo 31 do livro que lhe leva o nome, para se
embevecer com a formosura de seu caráter. O próprio Senhor, quando rebatia a
insolência do Diabo, deu-lhe este testemunho: “Notaste porventura o meu servo
Jó, que ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, que teme a
Deus e se desvia domai?”, Jó 2.3.
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ESTUDE A BÍBLIA À DISTÂNCIA
Um dia, porém, intentou
o maligno afrontar ao Todo-Poderoso com uma virtual fraqueza de Jó. Conjeturava
o adversário residir a piedade do patriarca apenas nas riquezas formidáveis que
lhe confiara o Senhor. Então, que ele seja tocado nos bens: blasfemará com
certeza; que perca a fazenda com as suas novidades: certamente apostatará.
Com este silogismo já
montado; com esta já ajeitada, e já tendo costurado esta premissa, vai o
Inimigo à presença do Senhor, e incita-lhe a ira contra o bondoso homem.
1.
As provações de Jó
Como era intenção do
justo Deus provar ao seu servo, autoriza o demônio a bulir-lhe nos bens. Assim,
toda a riqueza de Jó desaparece num único dia.bHouvesse uma guerra, e o
patriarca não ficaria empobrecido tão depressa.
Suas provações não se
limitaram aos bens materiais. Naquele mesmo dia morrem-lhe os sete filhos e as
três filhas. Sob o peso destas tragédias, rasga as vestes, curva-se e adora ao
Senhor. Embora lastimável fosse o seu estado, enaltece o Altíssimo. Nenhum impropério
deixa-lhe os lábios. Eis porque Jó, juntamente com Noé e Daniel, é considerado
um dos homens mais fiéis de todos os tempos (Ez 14.20).
Ainda duvidando de
tanta sinceridade, julga o Diabo poder incitar uma vez mais o Senhor contra o
homem que era a mesma paciência. Desta feita, quer-lhe a carne ferida e
lacerada. Dirige-se, então, o caluniador ao Eterno: “Pele por pele, e tudo
quanto o homem tem dará pela sua vida”, Jó 2.2. De repente, uma chaga começa a
tomar-lhe o corpo. Vai a doença evoluindo e amargurando-lhe o que a vida lhe
deixara de vida. E a tortura espiritual? Veio também. Numa primeira instância,
com o louco conselho que lhe dá a esposa: “Amaldiçoa o teu Deus, e morre”. Na
instância seguinte, com o debate teológico, ético e filosófico que trava com os
seus sempre molestos amigos.
2.
As lições que nos ensina Jó
Em todas estas
angústias, Jó não blasfemou contra o Senhor, nem ao Diabo culpou. Intimamente,
sabia estar sendo provado. Como fugir ao crisol? Como escapar ao cadinho?
Depois daquelas experiências, reerguer-se-ia mais sábio. Mais compreensivo,
reerguer-se-ia. Gerações aprenderiam com os seus sofrimentos. Decorridos três
milênios e meio (julga-se que a história de Jó haja passado nos dias de
Abraão), podemos extrair preciosíssimas lições das angústias a que o Senhor o
submetera.
2.1 Primeira lição
A primeira coisa a
aprendermos com Jó é que, embora o Diabo nos queira arruinar, não logrará seus
intentos: estamos nas mãos do Senhor. Fosse o patriarca agir como alguns
crentes que vivem a frequentar as chamadas reuniões de libertação, culparia
imediatamente o vizinho incrédulo, o amigo idólatra ou o pai-de-santo.
Descarregaria a cólera contra o demônio; esbravejaria contra o inferno. Apesar
de tudo, o mal continuaria mal; a luta permaneceria luta.
Sabia Jó estar a sua
vida guardada no Senhor. Se tivermos também ao Eterno como broquel,
achar-nos-emos mais que seguros: o maligno nada poderá contra nós.
Infinitamente mais poderoso é o que se encontra conosco: Jesus.
Sim, ainda que o mesmo
demônio tente destruir-nos, nada fará contra nós sem a expressa permissão
do Todo-Poderoso. Não o
demonstra os episódios seguintes da história de Jó?
Percorrendo a poesia
deste grande livro da Escritura Sagrada, vemos como o Senhor preserva a vida ao
patriarca. Quer no auge da luta, quer no âmago da tribulação, garante-lhe o
Senhor o refrigério final.
Quando o mal nos
atingir; quando a doença tirar-nos o vigor; quando a perturbação invadir-nos a
paz, não percamos a serenidade. Quando nuvens negras nos encobrir o arraial,
miremos o horizonte: o sol há de aparecer sempre.
Nestas estações tão
difíceis, recolhamo-nos ao cárcere com Paulo. Em meio as algemas do sofrimento,
aprendamos com o apóstolo as lições da paciência e da longanimidade.
Encarcerado em Roma,
distante dos seus e afastado da comunhão dos redimidos, soube o grande campeão
do Evangelho tirar proveito de toda aquela situação. Não amaldiçoou a Nero, nem
imprecou a guarda pretoriana. Não ousou pronunciar impropérios contra Satanás,
nem mofou dos deuses romanos. Por que mofaria dos deuses de Roma? Nada eram,
representavam: por que mofar do que não existe? Mas, como bom soldado de
Cristo, falou de Cristo a todos. Ouviram-nos os soldados; até a casa de César o
ouviu. Fez depois este relato aos irmãos de Filipos: “Segundo a minha intensa
expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a
confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo,
seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é
ganho”, Fp 1.20-21
2.2 Segunda lição
Sabia também o
patriarca Jó: como servo de Deus, teria de ser acrisolado. Afinal, somos aos
olhos do Senhor mais preciosos que o ouro. Se o ourives prova o metal que
perece, por que o Divino Artífice não provará o ouro que vaza a eternidade? Se
fomos comprados por bom preço; se representamos as primícias deste mundo, e se
professamos acreditar num Deus que tudo pode, por que iríamos ignorar as
provações? Por mais dolorosas que sejam, não podemos evitá-las.
Como seria triste se,
no auge das provações, passássemos a considerá-las uma armação maligna!
Acontecesse tal, já estaríamos perdendo em bênçãos celestes e eternas
consolações.
Infelizmente, não são
poucos os que acreditam terem os trabalhos de macumba efeitos danosos sobre os
servos de Deus. Num desespero injustificado, perdem a paz, e rogam a oração da
igreja para que as mandingas lhes sejam desfeitas. Ora, acreditar em macumbaria
é desconhecer o que Paulo disse aos irmãos de Corinto: “Sabemos que o ídolo
nada é”.
Neste sentido, são os
crentes superticiosos os maiores propagandistas dos poderes das trevas. Em seus
testemunhos, falam na macumba; referem-se medrosamente aos pais-de-santo; e, se
for o caso, estão dispostos até a lançar mão dos talismãs. Se a luta os acha,
culpam o adversário e execram o centro espírita. Será que eles ainda não sabem
que é Deus quem está no comando de todas as coisas?
Se os pastores
ensinassem melhor suas ovelhas, tenho certeza de que a propaganda do inferno
diminuiria em nossas igrejas. Os crentes passariam a falar mais de Cristo.
Quando a luta chegasse; quando a provação aparecesse, então estariam mais
preparados para enfrentar as adversidades. Enfim, não perderiam tanto tempo com
bobagens.
Em relação aos
macumbeiros não podemos nos portar como vítimas, e sim como evangelistas.
Devemos pregar-lhes o Evangelho para que se arrependam de seus pecados e venham
a aceitar Cristo. Devemos amá-los, orar por eles e demonstrar-lhes que são
objeto dos cuidados divinos.
Conclusão
Estejamos sempre
sensíveis à voz de Cristo. Como o Senhor de todos nós, sabe quando e como
provar-nos. Quando Ele nos envolver com as provações; quando nos batizar com o
fogo da luta; quando nos passar pelo crisol, saibamos agradecer-lhe pelo
singular amor. Destas provações, tiraremos a perseverança de Jó; desta luta,
extrairemos a vitória que fez do patriarca um exemplo de fé e piedade. Deste
crisol, sairemos mais puros e reluzentes.
Por que culpar ao diabo
se quem nos prova é o Senhor? Por que tributar tanta honra ao príncipe das
trevas se é ao Senhor que cabe toda honra e toda glória? À semelhança de Jó,
saibamos assimilar as lições que a divina misericórdia nos lega todos os dias.
Se as lições são dolorosas, o alívio é bem maior. E que, no final, tenhamos a
fé galardoada.
Fonte: Jornal
Mensageiro da Paz, Outubro de 2004 | Acervo: Subsídios EBD | Artigo: Pr. Claudionor Corrêa de Andrade