Classe: Jovens | Trimestre: 2° de 2019 |
Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
“Porque
eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jo 13.15)
SÍNTESE
O
gesto de Jesus, de lavar os pés dos discípulos na última ceia, é um exemplo de
humildade e serviço a ser seguido por todos os cristãos.
AGENDA
DE LEITURA
SEGUNDA
- Jo 1.29: Jesus,
o Cordeiro de Deus
TERÇA
- Mt 20.28: Jesus não veio para ser
servido
QUARTA
- Lc 22.26: “O
maior entre vós seja como o menor”
QUINTA
- Lc 22.27: Jesus
era como os que servem
SEXTA
- Mq 6.8: Deus
espera que andemos humildemente
SÁBADO
- Jo 13.13-17: Jesus,
nosso exemplo de humildade
OBJETIVOS
• APRESENTAR Jesus como um exemplo
de humildade;
• COMPREENDER o diálogo entre Jesus
e Pedro ante a atitude do Mestre de lavar os pés dos discípulos;
• REFLETIR a respeito da
motivação de Jesus no ato de lavar os pés dos discípulos.
INTERAÇÃO
Professor (a), chegamos ao final de mais um trimestre. Esperamos
que você tenha aproveitado bem a oportunidade para dialogar, ensinar e aprender
com seus alunos a respeito do tema proposto. Nesta última lição vamos aprender
com o maior de todos os Mestres a respeito do princípio da humildade e do
serviço ao próximo. Jesus, Mestre e Senhor não teve nenhum constrangimento em
se colocar na posição considerada mais servil no primeiro século para ensinar
aos seus discípulos como eles deveriam se relacionar, depois de sua morte e
ascensão ao Pai. Que o exemplo de Jesus contribua também para o seu crescimento
como professor (a).
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Para a lição de hoje sugerimos que você realize uma dramatização
do texto bíblico da lição. Será preciso providenciar uma bacia, uma toalha e
água. É interessante que você atue no papel de Jesus devido a sua posição de
liderança na sala. Após o segundo tópico da lição apresente a peça, explicando
a respeito do ato de lavar os pés na cultura judaica. Ao final, incentive o
comentário dos participantes.
TEXTO
BÍBLICO
João 13.3-17
3 Jesus, sabendo que o Pai tinha
depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia
para Deus,
4 levantou-se da ceia, tirou as vestes e,
tomando uma toalha, cingiu-se.
5 Depois, pôs água numa bacia e começou a
lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que
lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
7 Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu
faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os
pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.
9 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os
meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10 Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado
não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós
estais limpos, mas não todos.
11 Porque bem sabia ele quem o havia de
trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos.
12 Depois que lhes lavou os pés, e tomou as
suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos
tenho feito?
13 Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis
bem, porque eu o sou.
14 Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os
pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.
15 Porque eu vos dei o exemplo, para que,
como eu vos fiz, façais vós também.
16 Na verdade, na verdade vos digo que não é
o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o
enviou.
17 Se sabeis essas coisas, bem-aventurados
sois se as fizerdes.
INTRODUÇÃO
Vamos
concluir o trimestre refletindo a respeito da humildade e submissão do Senhor
Jesus Cristo. Ele surpreendeu os seus discípulos durante a última ceia quando
assumiu a posição de servo, lavando e secando os pés deles. Essa era a prática
considerada mais servil do primeiro século. É sobre a atitude de Jesus, ao
lavar os pés dos discípulos, narrada no Evangelho de João, que vamos refletir
nesta última lição.
I - JESUS, UM EXEMPLO
DE HUMILDADE (Jo 13.1-5)
1. Conhecendo o Evangelho de
João.
João
inicia com um poema que apresenta a Palavra de Deus, o Verbo, que se torna carne,
Jesus.
Em
João 20.31 encontramos o objetivo do Evangelho: “Para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. João
também deixa claro que tinha muitos outros materiais a respeito de Jesus à sua
disposição, mas que escolheu os conteúdos para a composição de sua obra, de
acordo com o objetivo teológico do Evangelho. O Evangelho de João contém duas
divisões principais: a encarnação e o ministério público de Jesus (Caps. 1— 12)
e mediante a rejeição de Israel, Jesus passou a considerar seus discípulos como
o núcleo de um novo concerto (Caps. 13—21).
2. A simbologia da Páscoa e o
gesto de Jesus lavar os pés de seus discípulos (vv. 1-5).
No
dia anterior à festa da Páscoa, em que são sacrificados os cordeiros, Jesus
está por apresentar a sua própria Páscoa (última ceia), sabendo que estava
chegando a hora de ser oferecido como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo. Esse era o grande conflito entre o projeto anunciado por Jesus (salvação
da humanidade e serviço ao Reino de Deus), que estava por se concretizar, e o
projeto de poder do Império Romano (orgulho, opressão e desumanização). A
traição de Judas ocorre dentro do projeto do mundo, que é antagônico à
experiência da ceia partilhada que estava por acontecer.
Durante
a refeição com os discípulos, Jesus faz um gesto que ficaria marcado na memória
de seus seguidores, pois o trabalho de lavar os pés era considerado uma das
tarefas mais servis da época, reservado para escravos gentios, ou para mulheres,
crianças e discípulos. Jesus assume o lugar dessas pessoas e lava os pés de
seus discípulos (vv. 4,5). O Mestre e Senhor age como servo (Fp 2.5-11). O
gesto demonstra que a vida cristã não faz sentido se não for acompanhada do
serviço e do amor ao próximo como expressão da verdadeira fé salvadora. Jesus
deixou o exemplo durante sua vida e ministério (Lc 22.24-27; Jo 13.1-20). Ele
vai revelando de forma progressiva a realidade de seu Reino, diferente do reino
político e de dominação que os discípulos e outros aguardavam.
II -
O DIÁLOGO ENTRE JESUS E PEDRO (Jo 13.6-11)
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ESTUDE A BÍBLIA À DISTÂNCIA
1. O apóstolo Pedro como líder
entre os discípulos.
Em
João 13.6-10 ocorrem indagações de Pedro e respostas de Jesus, pois Pedro não
concordou com a ideia de Jesus lavar os seus pés. Para ele, como as demais
pessoas da época, em especial as lideranças religiosas que olhavam as pessoas
sob a perspectiva do poder, o gesto de Jesus era inconcebível. Essas pessoas
não tinham interesse em que os costumes culturais mudassem, e o gesto de Jesus
promovia a eliminação da discriminação e desigualdade entre as pessoas, algo
inadmissível pelo Império Romano, bem como por seus representantes. A
indignação de Pedro em relação à atitude de Jesus é típica de pessoas que não
aceitam a ideia de servir ao próximo.
2. A discussão sobre a
purificação.
Muitos
ainda preferem tratar o gesto de Jesus, de lavar os pés dos discípulos, como um
rito penitencial de purificação dos pecados, em complemento ao batismo. Todavia
não é essa a intenção da narrativa. O lava-pés era um fenômeno cultural do
Oriente Próximo e particularmente da cultura mediterrânea. Um fenômeno
característico do ambiente doméstico com uma tripla função: higiene, preparação
para a refeição e acolhida do hóspede. Era uma prática já presente no Antigo
Testamento (Gn 18.4; Jz 19. 21; 1 Sm 25.41).
A
intervenção de Pedro demonstra o comportamento dos primeiros seguidores de
Cristo, que ainda estavam sob a influência do legalismo da religião judaica. A
imposição do legalismo era uma forma de dominação e poder opressor religioso
sobre as demais pessoas. Quando Jesus afirma que quem não se permitisse lavar
não teria parte com Ele, Pedro pede que lhe sejam lavados também os demais
membros do corpo. Jesus deixa claro que não estava falando de um ritual de
purificação (v. 10). O autor do Evangelho aproveita a deixa de Pedro para
destacar a situação espiritual decadente de Judas. No contexto do Evangelho de
João, o que purifica não é a água por meio dos rituais religiosos, mas a
Palavra de Jesus (Jo 15.3).
III - A MOTIVAÇÃO DO
ATO DE JESUS
1. Jesus estava demonstrando o
caminho da vitória pela cruz (vv. 12,13).
O
gesto de lavar os pés era uma maneira didática de Jesus demonstrar o caminho
que teria que seguir até a sua crucificação. Pois a crucificação era outra
prática de extrema humilhação que o mundo e, inclusive os seus próprios
discípulos não entenderiam (Lc 24.21). Jesus se revela aos discípulos como
Mestre e Senhor (v. 13) e para a cultura da época, o senhor era o imperador,
que governava com arrogância e prepotência. Tal exemplo influenciava o
pensamento dos discípulos que tiveram dificuldades para entender a atitude de
Jesus.
Para
entendermos a relação do lava-pés com a livre aceitação da cruz por Jesus,
devemos retomar João 13.1, em que Jesus está ciente da iminência de sua paixão,
vista como uma ascensão para estar com o Pai. Jesus estava convicto de sua
missão e pronto a se submeter à vontade de Deus, mas os discípulos que haveriam
de dar seguimento à missão de propagar o Evangelho, não estavam preparados. Por
isso, Jesus precisava ensinar-lhes o caminho da cruz. O gesto de Jesus somente
seria entendido de forma mais clara pelos discípulos posteriormente (vv.
31-33).
2. Os discípulos deveriam
seguir o exemplo de Jesus (vv. 14-17).
Jesus
recomenda seu exemplo de humildade e submissão para os discípulos (v. 15). Eles
foram chamados por Jesus, caminharam com Ele, viram os sinais que realizava,
ouviram vários sermões e ensinos do Mestre, mas tiveram de ser advertidos em
algumas ocasiões por pretenderem repetir o modelo de dominação que vigorava no
Império Romano. Depois de Jesus falar pela terceira vez que seria entregue aos
príncipes dos sacerdotes e escribas para ser morto, e que ressuscitaria no
terceiro dia, surge uma discussão entre os discípulos a respeito da disputa de
cargos no reino a ser estabelecido por Cristo. Lembremo-nos de que a
expectativa messiânica dos discípulos ainda era de um reino político e
libertador do jugo romano. Jesus apresenta um modelo diferente de serviço e
humildade a ser seguido, totalmente oposto ao modelo vigente na sociedade da
época.
SUBSÍDIO 1
“A ultima ceia aconteceu numa quinta-feira à noite, tendo como
tema o amor (13.1). Jesus demonstra o tema ao lavar pessoalmente os pés de seus
discípulos, uma cortesia geralmente praticada por um serviçal (v. 2-5). Pedro
questiona, mas Jesus insiste. O ato simboliza a purificação espiritual bem como
o modelo de atitude que os crentes devem adotar uns em relação aos outros (vv
6-17). A seguir, abatido por conhecer o fato, Jesus identifica Judas Iscariotes
como seu traidor. Este, deixa o local furtivamente para fazer os acertos finais
(vv. 18-30). Embora, se trate da maior tragédia de nossa história, isso
acabaria por glorificar a Deus. Num certo sentido, os discípulos somente viriam
a entende-la mais tarde (vv. 31-33). A partir daí, Jesus passa a seus
discípulos o que chama de um novo mandamento. Seus seguidores devem amar uns
aos outros como Jesus os amou, oferecendo-se inteiramente em sacrifício de
compromisso mútuo, o que viria a impressionar o mundo e a marcá-los como
pertencentes a Cristo (vv. 34,35). [...] Há um novo padrão de comportamento.
Não mais se deve amar os outros “como a si mesmo”, mas “como eu [Jesus] vos
amei'. O próprio amor de Cristo, como o compromisso de sacrificar-se a si mesmo
sem limite, é o padrão pelo qual devemos medir nosso amor por nossos irmãos e
irmãs cristãos” (RI-CHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise
de Gênesis a Apocalipse, Capítulo por Capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.
690).
SUBSÍDIO 2
“[Jesus] começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos
com a toalha com que estava cingido (13.5). A tarefa de lavar os pés estava
incluída entre as tarefas mais servis do século I. a literatura rabínica sugere
o quanto era servil. Segundo Mekh Exod, os escravos judeus não tinham que lavar
os pés uns dos outros; isto era um trabalho somente para os escravos gentios,
as mulheres e as crianças. Uma história interessante sobre o lavar dos pés
conta que Rabi Ishmael não permitia que a sua mãe lavasse os seus pés quando
ele voltava da sinagoga porque o trabalho era muito aviltante. Ela, no entanto,
pediu que uma corte de rabinos o repreendesse por não permitir que ela tivesse
essa honra. Embora a história tenha o objetivo de sugerir a posição elevada
atribuída aos sábios do judaísmo rabínico, ela ressalta o motivo pelo qual os
discípulos reagiram daquela maneira quando Jesus começou a lavar os seus pés. O
ato de Cristo, portanto, no contexto do judaísmo do século I, era
verdadeiramente chocante - um exemplo completamente surpreendente de humildade
que deve ter causado uma impressão profunda e duradoura nos seus seguidores”
(RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 3.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 229).
CONCLUSÃO
Na
lição de hoje aprendemos que o gesto de Jesus ao lavar os pés de seus
discípulos, foi o maior exemplo de humildade e submissão de sua época e que os
discípulos deveriam seguir o mesmo exemplo de humildade e submissão deixado por
Ele.
1. Qual foi o gesto de Jesus na última ceia com os discípulos que ficaria
marcado na memória de seus seguidores?
O gesto de Jesus lavar os pés de seus discípulos.
2. Segundo a lição, no diálogo entre Jesus e Pedro, a quem este
representa?
Pedro representava as lideranças religiosas que olhavam as pessoas sob a
perspectiva do poder.
3. Qual era a tríplice função da prática do lava-pés?
Higiene, preparação para a refeição e acolhida do hóspede.
4. Qual o objetivo do Evangelho de João?
“Para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome”.
5. No contexto do Evangelho de João o que realmente purifica o ser
humano?
No contexto do Evangelho de João o que purifica não é a água por meio
dos rituais religiosos, mas a Palavra de Jesus (Jo 15.3).