Obs.
Subsídio para a classe de Jovens. Lição 12 – 1° trimestre de 2019.
Na perícope de Números 27.18-23, Deus
diz coisas singulares, muito especiais, acerca de Josué. Moisés, decerto, já o
conhecia bem, mas nesse instante Deus chancelou a grande vocação do comandante
das tropas de Israel. A oposição que se levantou no tempo do deserto atacou
ferozmente a Moisés e, nesse período, sem dúvida, Josué estava sendo também
provado e, paulatinamente, moldado pelo Senhor.
No fim, portanto, de quarenta anos de
caminhada, em que grandes e inimagináveis dificuldades se somaram, o capitão
Josué permaneceu inabalável fiel a Deus, confiável naquilo que realizava, pois
gostava de estar com o Senhor, além de extremamente submisso a Moisés. Deus
sintetiza tudo isso numa frase: “Nele há o Espírito” (Hb. ruuiach que também
significa vento, hálito, mente). Ou seja, Deus estava dizendo, mais ou menos
assim: Josué vive, pensa e age comigo e em mim; Eu estou nele. Que
extraordinária e gloriosa constatação!
O Israel daquele tempo era como um povo
de coração duro e, por isso, sua capacidade de compreender as coisas de Deus
era bastante reduzida. O Senhor Jesus explicou como funciona esse mecanismo na
humanidade da seguinte forma: “Porque o coração deste povo está endurecido, e
ouviu de mau grado com seus ouvidos e fechou os olhos” (Mt 13.15). Assim, como
a mente indisposta para se abrir às mensagens do céu, as portas do entendimento
espiritual (olhos e ouvidos) perdem a sensibilidade, e aquilo que se descortina
diante deles (sejam milagres, sejam pregações, ou mesmo algum fato da vida,
como uma bênção ou um castigo divino, por exemplo) soam como acontecimentos
naturais, normais, humanos... Todavia, Josué era diferente: ele não possuía um
coração endurecido, mas tinha o Espírito, que são características absolutamente
antagônicas, inconciliáveis. As duas situações não coexistem. Ter o Espírito
significa trafegar noutra dimensão, enxergar com os olhos de Deus e ouvir na
frequência do céu. E isso fazia toda a diferença. Bom lembrar, alfim, porém,
que Deus somente afirmou isso após a morte de Arão e Miriã, no final da
jornada, depois da prova do deserto — lugar de sua formação.
1)
Um Homem de Confiança
Josué, desde muito cedo, era um homem
que inspirava confiança. Ele era diferenciado não por seus conhecimentos de
estratégia militar (alguns comentaristas defendem a hipótese de Josué ter se
submetido a treinamento bélico ainda no Egito, razão pela qual assumiu o posto
de general das tropas de Israel),2 mas porque ele tinha o Espírito. Ele aparece
pela primeira vez no registro escriturístico em Êxodo 17.9, por ocasião de uma
guerra contra os amalequitas, oportunidade em que Moisés já o comissionou não
só para conduzir, mas também para formar o exército.
O caráter confiável, como um santo homem
de Deus, foi um dos fatores para a escolha. Confiança e fidelidade
apresentam-se como características indispensáveis a qualquer líder vocacionado.
Paulo disse que Deus o teve por fiel e, por isso, colocou-o no ministério (1 Tm
1.12).
2)
Um Homem de Oração
Êxodo 24.13 mostra que Josué era
comprometido com a oração, não só porque precisava estar perto de Moisés, mas
porque tinha o Espírito e, por isso, precisava buscar a Deus. Como se sabe, o
sumo sacerdote tinha a obrigação de entrar diante do Senhor uma vez por ano (Hb
9.7), mas Moisés, diferentemente, “entrava no Lugar Santíssimo
constantemente...”, e Josué sempre estava por perto (Êx 33.11).
Todo líder cristão precisa ser uma
pessoa que ama a oração. Doutra sorte, suas estratégias ministeriais serão
humanas e a obra de Deus sofrerá.
3)
Um Homem Submisso
Moisés escreveu, em Êxodo 24.13; 33.12 e
Números 11.28, que Josué era seu servidor (Hb. sharath) que significa estar a
serviço, ou à disposição de alguém, sendo-lhe submisso, título que não
envergonhava a Josué, antes pelo contrário; tanto é assim que, ao escrever seu
livro (Js 1.1), depois da morte de Moisés, Josué fez questão de se apresentar
como “servidor de Moisés”, não como líder supremo do povo, general ou coisa
parecida. Mister registrar, todavia, que após sua morte foram escritos os
últimos cinco versículos de seu livro, onde, por inspiração do Espírito,
constou que Josué, filho de Num, era “servo do Senhor” (Js 24.29) e não
“servidor de Moisés”, expressão repetida em Juizes 2.8. Deus, com aquela singela
mudança gramatical nas Escrituras, estava dando testemunho de que a vida de
Josué era-lhe agradável a tal ponto que ele podia ser chamado de “servo” (Hb.
ebed — escravo, súdito, adorador) do Senhor, título dado a pouquíssimos homens
na Bíblia [e.g.: Moisés (Dt 34.5; Js 1.1; 2 Rs 18.12; 2 Cr 1.3) e Jó - (Jó 1.8;
2.3)].
Josué sempre foi submisso a Moisés,
estando com ele nas guerras (Êx 17.9), nos momentos de perplexidade (Nm 11.28),
nos desafios (Nm 13.16) e nos cultos (Êx 24.13; 33.11; Dt 32.44). Ele estava
crescendo e se desenvolvendo paulatinamente (Tt 2.6), aprendendo a ser como o
seu pastor, para, sobretudo, amar a um povo de dura cerviz, tornando-se alguém
com uma “desconsideração altruísta de seus próprios interesses pessoais. Ele
nunca deixou de demonstrar uma profunda preocupação pelos interesses daqueles a
quem liderava”.4 O líder bem formado deve ser um profundo conhecedor da Bíblia,
mas somente após enfrentar, com submissão, ao lado do seu pastor, as agruras do
deserto, estará apto para assumir posições estratégicas no Reino. A submissão
genuína o fará voar alto, como aconteceu com Josué!
4)
Um Homem Escolhido
Os pais de Josué chamaram-lhe Oseias
(heb. Hoshea*), que significa “salvação”, mas Moisés, ao enviá-lo à Canaã como
espia, mudou-lhe o nome para Josué (heb. Yehoshua'), que traduzido quer dizer
“Javé é salvação”. A tarefa que Josué haveria de desenvolver teria como foco a
intervenção miraculosa de Deus (SI 44.1-3), e não a força do seu braço ou sua
agilidade com a espada. Afinal, não existe nada mais pernicioso do que dizer:
“Deixe comigo, eu sei fazer”. Quem assim procede, sente-se um “deus”, e toda
vez que alguém se sente dessa maneira, age parecido com o Diabo. Por isso, o
Inimigo quer conduzir os homens a esse estado mental de autossuficiência,
acreditando que a habilidade e força outorgam aptidão para vencer todas as
batalhas. Mas o Senhor diz: “[...] Não por força, nem por violência, mas pelo
meu Espírito” (Zc 4.6).
Quanto
ao fato da escolha de Josué, anotou-se:
Quando Deus precisava de um homem bem
preparado, Ele escolheu Josué. O Senhor encontrou naquele homem alguém que
ouviria suas instruções. Josué era alguém que cumpriria suas tarefas. Essas
qualidades de caráter tão associadas à disposição de Josué são sempre aprovadas
por Deus.
A escolha de Josué foi anunciada quando
Deus, depois de declarar que ele tinha o Espírito, mandou a Moisés: “põe tua
mão sobre ele” (Nm 27.18). A unção vinda de Deus, pelas mãos de Moisés,
quebraria o jugo (Is 10.27). Josué sabia que o segredo da vitória seria a
bênção de Deus. Tanto era assim que, em determinada guerra, para a vitória de
Israel ser completa, Josué orou e Deus fez o sol parar (Js 10.12,13). De fato,
somente o “Senhor é salvação”!
5)
Um Homem Corajoso
Josué não era como Arão que, pusilânime,
apequenou-se a ponto de não querer assumir, perante Moisés, que tomou as joias
de ouro das mãos do povo, “trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro
fundido” (Êx 32.4, ARA), mas apenas explicou: lancei o ouro no fogo “e saiu
este bezerro” (Êx 32.24). Absolutamente. Josué sabia dizer não às pressões
inconsequentes dos rebeldes do povo e reconhecia suas próprias
responsabilidades, como no caso dos gibeonitas, quando escreveu: “E Josué fez
paz com eles e fez um acordo com eles, que lhes daria a vida” (Js 9.15). Já foi
dito que “Josué foi um homem de coragem inabalável e perseverança invencível
que mostrou profunda confiança diante das dificuldades”.6
Ele nunca fugiu de um desafio, nunca se
acovardou, mas sempre agiu com dignidade, como aconteceu quando retornou de
espiar Canaã (Nm 14.6-9). Deus precisa de homens corajosos (não de atrevidos).
No capítulo 1 do seu livro, ele menciona que Deus lhe disse para se esforçar e
ser corajoso (ter bom ânimo) quatro vezes (vv. 6,7,9,18). Coragem, sem dúvida,
foi uma das tônicas do ministério de Josué e também deve ser uma característica
marcante dos cristãos atuais.
Fonte: Rumo à Terra Prometida: A peregrinação
do povo de Deus no Deserto no Livro de Números. Autor: Reynaldo Odilo. Editora
CPAD
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