Obs. Subsídio para a classe de Jovens.
Lição 9 – 1° trimestre de 2019.
I - Os Inimigos
1.
Inimigos que não Conhecem a Deus
Há uma guerra em curso contra o povo
de Deus e esse embate reflete um conflito cósmico muito maior, que não
conseguimos dimensionar. Não é um luta entre o mal e o bem, mas um combate do
mal contra o Bem Absoluto, inquebrantável. Nessa luta, claro, já se conhece o
vencedor, porque ninguém é páreo para Ele (Rm 8.37). O mal, porém, mesmo
conhecendo sua vocação de perdedor, não desiste de criar conflito contra os
servos do Altíssimo. Por isso, a Bíblia recomenda que o cristão utilize o
capacete da salvação, de maneira que a mente esteja bem protegida (Ef 6.17).
Diante disso, surgem inevitavelmente inimigos. Alguns deles sequer conhecem ao
Senhor, mas mesmo assim se levantam para combater contra o povo de Deus.
Um deles oi Balaque, rei dos moabitas
(Nm 22.2-4), que compreendia que a força de Israel vinha de Deus, todavia,
ainda assim, tentou distorcer a vontade do Senhor (Js 24.9; Jz 11.25).
É bem verdade que o servo de Deus,
como Jesus, não tem propriamente inimigos, porque quem conhece a Deus sabe
cuidar de sua saúde emocional, amando indistintamente e perdoando a todos,
independentemente dos danos morais suportados. Nesse diapasão, Augusto Cury
disse que Jesus “não dormia com seus inimigos, pois nenhum homem era seu
inimigo”, não obstante muitos o odiassem. Nem “todo o ódio de um homem não o
qualificava para ser seu inimigo”, porque Jesus não “permitia que a agressão
dos outros tocasse sua alma”. Assim deve acontecer nas relações interpessoais
do povo de Deus, não obstante a existência de muitas pessoas que desejam a
nossa ruína.
2.
Inimigo que Conhece a Deus
Se existem inimigos que não conhecem a
Deus, também se levantam alguns que têm conhecimento do Altíssimo. Em regra,
inclusive, esses dois tipos de pessoas se unem, como aconteceu com Pilatos,
Herodes e os religiosos judaicos, contra o Senhor Jesus, para fazerem frente à
obra do Senhor. Isso aconteceu com o rei Balaque e o profeta Balaão, que
aparecem como uma incógnita nas Escrituras, mas desaparecem como um instrumento
de Satanás (Nm 31.8; 2 Pe 2.15; Jd 1.11; Ap 2.14). Balaão era, sem dúvida,
muito afamado, tanto que Balaque acreditava que suas palavras determinariam a
bênção ou a maldição (Nm 22.6), por isso pagou caro para ele amaldiçoar Israel.
A verdade, porém, era outra (Nm 24.9).
Balaão perguntou ao Senhor se deveria
aceitar suborno para amaldiçoar Israel. Que erro terrível! O Senhor disse um
não veemente (Nm 22.12). No entanto, tendo a proposta financeira aumentado,
Balaão foi questionar a Deus novamente, o qual, na sua indignação, permitiu que
Balaão continuasse com as tratativas de corrupção e pecado! Deus, certamente,
estava testando os limites morais daquele “profeta”!
3.
Os Inimigos Espirituais
Paulo disse que a luta precípua do
povo de Deus não é contra a carne e o sangue e, com certeza, aqui em Números
22-25, essa verdade ressai de maneira palmar. Os instrumentos usados pelo Maligno
são variados, mas o verdadeiro antagonista do conflito possui natureza
espiritual. Observe-se que Balaque estava ciente de que essa temida suposta
guerra vindoura (Nm 22.3) seria travada, sobretudo, nas trincheiras da
espiritualidade, por isso contratou um expertem assuntos espirituais. As
“hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12) dominaram totalmente o coração de
Balaão, que, usado pelo Inimigo, tentou de todas as formas prejudicar a Israel.
Não conseguiu! Somente quando houve o cometimento de pecado abominável contra o
Senhor é que os hebreus sofreram baixas.
II - Não Cabe Encantamento contra Jacó
1.
Deus se Opõe a Balaão
Uma das histórias mais conhecidas da
Bíblia aconteceu com o profeta Balaão, que tentava seguir viagem para cometer
um pecado. Sua jumenta, de maneira consistente, foi usada por Deus, inclusive
para protestar contra sua conduta. O animal que transportava o profeta viu o
anjo do Senhor na vereda, mas o profeta estava tão cego pela ambição que não
conseguia vê-lo. Está escrito que “os que querem ficar ricos caem em tentação”
(1 Tm 6.9, ARA).
Sem dúvida, quando se está no caminho
errado, o mais correto a fazer é dar meia-volta e retornar ao centro da vontade
de Deus. Acerca disso, afirmou C. S. Lewis:
Progredir,
porém, é aproximarmo-nos do lugar aonde queremos chegar. Se você tomou o
caminho errado, não vai chegar mais perto do objetivo se seguir em frente. Para
quem está na estrada errada, progredir é dar meia-volta e retornar à direção
correta; nesse caso, a pessoa que der meia-volta mais cedo será a mais
avançada.
Balaão bem que poderia ter tomado o
caminho do bem, mas seu coração era perverso e não amava ao Senhor, razão por
que continuou adiante no desejo secreto de destruir Israel. Por isso, o Senhor
se opôs a ele. Na caminhada cristã, igualmente, o servo de Deus deve tomar
cuidado para não lutar contra quem o Senhor abençoou!
2.
Deus Constrange Balaão
Há um ditado oriental que diz: “Não
cuspa contra o vento”. Caminhar para um lugar longe da vontade Senhor é, sem
dúvida, “cuspir contra o vento” — só produz vergonha e dissabor. Foi isso que
aconteceu com Balaão: desagradou a Deus e a Balaque, o qual não lhe prestou
nenhuma homenagem, mesmo tendo empreendido uma viagem tão longa.
As escolhas feitas por Balaão, ao
longo da vida, transformaram-no em alguém cujas características não devem ser
imitadas. O seu engano, mencionado em Judas 1.11, de raciocinar que um
Deus justo levaria em consideração o suborno recebido, a fim de cometer uma
injustiça, fez com que ele fosse comparado à pior espécie de indivíduos. Deus o
constrangeu, portanto, não só em sua curta tentativa de fazer mal a quem o
Senhor queria fazer prosperar, mas também na sua morte (que foi violenta) e no
estabelecimento de sua péssima reputação.
3.
Deus Abençoa Israel
Conforme narra a Bíblia, houve, pelos
menos, quatro razões pelas quais Balaão não conseguiu amaldiçoar a Israel,
antes, pelo contrário, abençoou-o. Em primeiro lugar, Israel era povo separado,
conforme está escrito: “Dos cumes rochosos eu os vejo, dos montes eu os avisto.
Vejo um povo que vive separado e não se considera como qualquer nação” (Nm
23.9, NVI).
Outro motivo é porque Israel tinha a
promessa de Deus: “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que
se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de
cumprir?” (Nm 23.19, NVI). O terceiro ponto está arrimado no fato de que Israel
era agradável ao Senhor (beleza — tendas; cheiro — aloés plantados; vitalidade
— cedros; prosperidade — lavouras irrigadas): “Quão belas são as suas tendas, ó
Jacó, as suas habitações, ó Israel! Como vales estendem-se, como jardins que
margeiam rios, como aloés plantados pelo Senhor, como cedrosjunto às águas.
Seus reservatórios de água transbordarão; suas lavouras serão bem irrigadas. O
seu rei será maior do que Agague; o seu reino será exaltado” (Nm 24.5-7, NVI).
Por fim, Balaão não amaldiçoou, mas, ao invés, bendisse porque Deus tinha
projetos para Israel: “Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto.
Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel. Ele esmagará as
frontes de Moabe e o crânio de todos os descendentes de Sete” (Nm 24.17, NVI).
Clória ao Senhor. Interessante que, em todo o tempo em que Balaão tencionava
amaldiçoar os hebreus, nenhum deles sabia o que se passava nos arredores do
acampamento. Isso acontece também com a Igreja: muitas vezes os inimigos vêm
para matar, roubar e destruir, mas Deus concede grandes livramentos. Por isso é
muito importante orar: “Livra-nos do mal” e, em tudo, dar graças.
III - A Força Destrutiva do Pecado
1.
O Caminho de Balaão
Balaão tinha “o coração exercitado na
avareza” (2 Pe 2.14,15) — essa era sua conduta, seu caminho. Ele era o típico
profeta “profissional”, mercenário, ansioso por obter lucro com o seu dom.
Devido a esse desvio de caráter, Balaão aparece, nas Escrituras, como símbolo
de corrupção e malignidade. Ele perdeu-se no caminho da vida porque seu coração
amava o dinheiro e faria qualquer coisa, inclusive para cometer injustiça, a
fim de consegui-lo. Acerca desse seu comportamento, consta a seguinte nota:
Balaão
foi um falso profeta e um paradigma de falso mestre, o que mostra o modus
operandi dos sonhadores contemporâneos e dos falsos profetas. A referência
explícita ao “prêmio de Balaão” aqui em Judas, e ao “prêmio da injustiça” em
Pedro 2.15 (também em Ap 2.14) dá uma ideia de atos motivados por ganância.
O amor ao dinheiro, ou a avareza,
sempre representou uma característica pessoal reprovada pelo Altíssimo, que a proibia
aos obreiros que serviriam ao lado de Moisés (Êx 18.21), bem como àqueles que
almejam o episcopado (1 Tm 3.3), pois nela reside a raiz de todos os males (1
Tm 6.10)! O líder deve amar as pessoas, não o que eles possuem. Isso é um
requisito indispensável para os que trabalham para o Senhor; por tal motivo,
Jesus advertiu: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de
qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Ou seja, a
quantidade de bens materiais não demonstra qualquer índice de espiritualidade,
como ensinam os adeptos da teologia da prosperidade. Absolutamente. Afinal,
quem disse “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4.9), definitivamente,
não foi o Senhor Jesus!
Uma vez inoculado o veneno mortífero
da avareza (isso ocorreu com Balaão), surge no indivíduo o desejo exagerado e
sórdido de adquirir e acumular riqueza, levando-o a perder a distinção entre o
santo e o profano (Acã), entre o certo e o errado (o homem rico — Lc 12.16-20),
entre a justiça e a iniquidade (Ananias e Safira), transformando-se o dinheiro,
nessas situações, de instrumento de bênção em arma de perdição (At 8.20).
O jovem rico que teve uma audiência
com Jesus, igual mente, foi iludido pelo amor às riquezas; ele desejava herdar
a vida eterna, mas as coisas desta vida eram-lhe mais importantes do que as
coisas espirituais e, por isso, tendo sido instado pelo Senhor para abrir mão
delas, a fim de ganhar a eternidade feliz (observe-se que permuta vantajosa!),
sem responder palavra, retirou-se para longe do Salvador. Satanás encheu o
coração dessas pessoas de avareza a tal ponto que a dádiva da vida eterna, para
elas, tornou-se numa realidade de menor significado. O amor ao dinheiro (não o
dinheiro), inequivocamente, é uma arma poderosa do inferno.
2.
A Doutrina de Balaão
Ao observar que Deus impediu o
amaldiçoamento de Israel, Balaque ficou bastante indignado e afirmou que não
pagaria o “prêmio da injustiça” a Balaão. Flávio Josefo retrata isso com fortes
contornos:
Balaque,
muito irritado por ver-se desiludido em suas esperanças, despediu Balaão sem
lhe prestar homenagem alguma. Tento o profeta chegado próximo do Eufrates,
[...] disse: “[...] não espereis que a raça dos israelitas pereça pelas armas,
pela peste, pela carestia ou por qualquer outro acidente, pois Deus, que a
tomou sob sua proteção, a preservará de todas as desgraças. Ainda que eles
sofram algum desastre, levantar-se-ão com mais glória ainda, pois se tornarão
mais sensatos pelo castigo. Mas se quereis triunfar sobre eles por algum tempo,
dar-vos-ei o meio para tanto. Mandai ao seu acampamento as mais belas de vossas
filhas, bem adornadas, e ordenai-lhes que de nada se esqueçam para suscitar
amor aos mais jovens e os mais corajosos dentre eles. [...] E o único meio que tendes
para fazer com que Deus se encha de cólera contra eles”.
[...]
Os midianitas não titubearam em executar logo o conselho, isto é, enviar as
suas filhas e instruí-las conforme ele lhes havia dito. [...] Os moços,
enamorados, [...], aceitaram as condições: abandonaram a fé de seus pais,
adoraram vários deuses, ofereceram-lhes sacrifícios semelhantes aos dos
midianitas e comeram indiferentemente de todas as iguarias. Para agradar
àquelas moças, que se tornaram suas esposas, não temeram violar os mandamentos
do verdadeiro Deus.
Conforme Apocalipse 2.14, essa
doutrina de Balaão era maligna, pois orientou aos inimigos que seduzissem os
israelitas ao pecado — o mesmo que faz Satanás — e, com isso, garantisse que
Israel se arruinaria. R. N. Champlin afirma:
Esse
erro chegou a ser conhecido como “doutrina de Balaão”. Assim, foi possível
corromper um povo que não podia ser amaldiçoado (Nm 31.15,16; cf. Nm 22.5 e
23.8). Dessarte, Israel contaminou o seu estado de povo separado (santificado),
e isso trouxe a ira de Yahweh contra eles. Todavia, isso não foi suficiente
para impedir a invasão da Terra Prometida, que era o que Balaque esperava poder
evitar.
Assim, as mulheres sensuais e
idólatras conquistaram o coração de milhares de hebreus, os quais pagaram um
alto preço. Flávio Josefo sintetiza o que aconteceu, em relação aos homens
israelitas: “para agradar àquelas moças, que se tornaram suas esposas, não
temeram violar os mandamentos do verdadeiro Deus”. O que os ferozes gentios não
conseguiram com as armas, foi alcançado pelo resultado da força destrutiva do
pecado.
Está escrito: “Achei Israel como uvas
no deserto, vi a vossos pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio;
mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram a essa coisa vergonhosa, e se
tornaram abomináveis como aquilo que amaram” (Os 9.10). Deus afimará com pesar:
“[...] como aquilo que amaram”. Como assim: amaram? A descrição que Deus faz,
através do profeta Oseias, séculos após, denota que os tinham grande anelo pelo
pecado, a ponto de o amarem. A doutrina de Balaão promoveu a mistura de
culturas e liturgias, pois “induziu os filhos de Israel ao sincretismo (isto é,
à união da adoração a Jeová com a adoração a Baal). A porta de entrada ao
sincretismo foi a “imoralidade sexual” entre os homens de Israel e as mulheres
moabitas (Nm 25.1)”.
Fonte: Rumo à Terra Prometida: A peregrinação
do povo de Deus no Deserto no Livro de Números. Autor: Reynaldo Odilo. Editora
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