As deficiências fazem parte
da vida de qualquer pessoa. Somos seres humanos sujeitos às mais diversas
adversidades sejam elas de que caráter for. Por mais saudável que uma pessoa
seja, ela sempre terá uma fragilidade a ser tratada, e isso corresponde à vida
física e espiritual do indivíduo. Não há em toda a Terra um ser humano sequer
que seja perfeito, visto que por consequência da entrada do pecado no mundo, a
integridade da humanidade como um todo ficou comprometida.
Em tempos de reflexão quanto
ao pape da igreja enquanto agente de transformação e mudanças que visam a
transformação da sociedade, que "naturalmente" exclui todo aquele que
não se conforma com seu modelo de vida, a igreja do Senhor ergue-se
corajosamente contra toda a forma de segregação do ser humano, visto buscar
cumprir o que encontra-se estabelecido em Romanos 12.2 .Assim sendo, refletir
sobre a inclusão e a necessidade de formação de professores voltados
especificamente para o cumprimento desse ideal é mais do que necessário, é
urgente.
A questão da deficiência, assim
como da discriminação não é nova, pelo contrário, possui raízes bem profundas,
inclusive no seio da igreja, visto ser esta constituída por pessoas, pecadores
vindos de fora, que agora vêm-se diante de um grande desafio: romper com o
paradigma imposto pelo mundo, caracterizado pela segregação daquele que não
corresponde ao "padrão ideal".
A deficiência tem o seu
sentido na superação das limitações, até mesmo por parte daquele que não as tem,
mas que por preconceito não enxerga o outro como sujeito de direitos como os
demais. É importante recordarmos o princípio estabelecido em Mateus 18.14.
Diante do qual, a Igreja do Senhor é chamada à "responsabilidade" e
ignorar esse princípio de "igualdade" implica em falta diante de
Deus.
Nessa perspectiva, o Ensino
Inclusivo pressupõe quebra constante de paradigmas e mudança de olhar,
alcançando assim a visão holística necessária à compreensão do assunto, isto é,
perceber o indivíduo como um todo indissociável. Em primeiro lugar é importante
que entendamos que Deus ama e deseja que todos sem distinção cheguem ao
conhecimento da Verdade e O conheçam como Ele é: Deus, Soberano e Criador, que
nos conhece intimamente e que nos criou de forma perfeita, a despeito de nossas
limitações, pois Seu Poder se aperfeiçoa na nossa fraqueza.
(2°Coríntios 12.9a).
A Educação Cristã
constitui-se em um dos principais pilares na formação do caráter cristão do
indivíduo enquanto servo de Deus, e se secularmente a Lei estabelece os
direitos da pessoa com deficiência, negligenciá-la seria desobedecer a Palavra
do Senhor, como afirma GILBERTO:
Se o ensino secular é o meio
de que o Governo dispõe para eliminar o analfabetismo, a insipiência e o
obscurantismo, a Escola Dominical deve ser o desafio da igreja contra o nanismo
espiritual em seu meio, bem como à incredulidade à sua volta. (2015,p. 184).
A Escola Bíblica assim deve
ser por excelência o lócus da sociedade, o lugar privilegiado de
compartilhamento dos saberes construídos ao longo da vida, pois essa é a
vontade do nosso Deus, conforme encontra-se registrado em 2°Pedro 3.18.
Entretanto, importa ressaltar que a legítima inclusão vai muito além do
acolhimento, por assim dizer da pessoa com deficiência. Não basta receber o aluno
na sala de aula, é imprescindível que sejam viabilizadas condições efetivas de
aprendizagem e desenvolvimento de potencialidades do mesmo. E, isso, claro
compreende vários fatores, desde a postura e a visão ante essa demanda, como
vimos falando até aqui, passando pelo objetivo da Prática Educativa voltada a
esse aluno (inclui-se aqui a necessidade de Planejamento na E.B.D),o currículo,
nossa visão de mundo e sociedade, ressaltando aqui a necessidade do rompimento
com preconceitos, além de considerar outros aspectos relacionados à organização
e funcionamento da Formação Docente.
Ensinar
crianças e jovens com deficiência é um desafio?
No início do presente
artigo, falamos que as deficiências fazem parte da vida, no entanto, na prática
não somos preparados para lidar com o que consideramos "diferente",
sobretudo se isso requer de nós mudança de postura e a renúncia a crenças que
antes faziam parte de nossas vivências. Há uma utopia do aluno ideal, quase
como se houvesse perfeição, alguém que corresponda às nossas expectativas.
lnfelizmente, o despreparo dos professores figura entre os obstáculos mais
citados para a denominada Educação Inclusiva, sem esquecer do fato de que
muitos dos professores de Escola Bíblica são voluntários sem a formação
específica na área educacional, o que requer um olhar ainda mais sensível,
oferecendo aos mesmos, dentro do possível, oportunidades de capacitação
pedagógica fazendo frente às demandas atuais, objetivando sempre a excelência.
Para muitos, é um grande desafio fazer com que a Inclusão ocorra de fato,
simplesmente porque não há um manual para a escola ser inclusiva, mas é
essencial que a equipe se uma afim de trabalhar em prol da aprendizagem,
garantindo o êxito do desenvolvimento integral do indivíduo com deficiência.
Assim
sendo:
É inadiável a tarefa de
pensar uma pedagogia para a Educação Cristã. Isso porque a maioria dos que
atuam na área (um batalhão de bravos voluntários, registre-se), é composta por
professores leigos, isto é, pessoas não especializadas no assunto, que exercem
uma atividade muito distante da professoral durante a semana. A grande questão
é que a complexidade dos problemas atuais não comporta mais um fazer
"pedagógico" do senso comum, restrito à catequese e à reprodução
manual. É preciso que haja, ao menos, noções básicas acerca da educação e de
sua ciência, a pedagogia. (CARVALHO, 2015, p.26)
A junção dos diversos
fatores, constituintes da prática educativo-pedagógica aliada à preparação
docente são fundamentais para o sucesso do processo ensino-aprendizagem, no
qual o trabalho em equipe faz toda a diferença, a fim de atender de forma
excelente às exigências desse alunado. A não observância desses preceitos
constituirá em exclusão que é sutil, às vezes camuflada, outras tantas
escancarada e sempre cruel. Essa exclusão está presente desde a formação
teológica da liderança.
É responsabilidade de toda a
Igreja do Senhor, enquanto Corpo de Cristo e agente de mudanças nesse tempo
presente romper com o paradigma da segregação e exclusão, característico da
falta de entendimento.
Precisamos enxergar a
deficiência sob a perspectiva cristã e à luz do que estabelece a Palavra de
Deus. Nesse sentido a responsabilidade está sobre a liderança representada pela
Escola Dominical, podendo ser um grande instrumento para a promoção do Ensino e
sedimentação dos valores emanados da Palavra.
Fonte:
Rev. Ensinador Cristão, n° 69 – CPAD / Reverberação: Escola Bíblica ECB