"Os serafins estavam
acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam os seus rostos, e com
duas cobriam os seus pés e com duas voavam" (Is 6.2). O título
"Serafins" fala de adoração incessante, do seu ministério de
purificação e de sua humildade. Eles aparecem apenas uma vez nas Escrituras sob
esta designação. Os seres celestiais em foco, na visão de Isaías, tinham forma
humana, ainda que, segundo é dito ali, dispunham de seis asas cada um.
O vocábulo
"serafim" deve vir da raiz hebraica "Saraph", cuja raiz primitiva queria dizer: "consumir com
fogo". Porém, alguns hebraístas a traduzem também por
"queimadores", "ardentes", "brilhantes",
"refulgentes", "amor" e "nobres"; alguns
escritores judeus têm procurado derivar o vocábulo de uma raiz hebraica
cognata, "saraph" (queimar,
sustentando que os serafins são anjos rebrilhantes). Os menos escrupulosos
traduzem também o vocábulo por "serpentes ardentes", ou "áspides
voadores" (cf. Is 14.29; 30.6 etc). E finalmente, alguns já pensaram
também, em "seres exaltados ou nobres".
Já tivemos ocasião de falar
sobre o vasto reino de luz dos seres angélicos. As especulações judaicas, e até
fora delas, também investigavam a respeito deste mundo invisível. As
especulações humanas, porém, nem sempre estão de acordo com o pensamento das
Escrituras quanto a este vasto mundo espiritual, onde se movimentam inúmeros
exércitos organizados e preparados, à disposição do seu Criador (SI 103.20). O
apóstolo Paulo e outros escritores do Novo Testamento, falam dele como sendo
muito vasto e poderoso.
Como no plano terrestre,
chamamos "autoridades", "potestades" as pessoas humanas que
têm uma responsabilidade, assim também recebem estas denominações os servos
imediatos de Deus no mundo invisível e os instrumentos diretos de sua
"autoridade". Este uso terminológico é levado mais longe ainda no
plano celestial, chegando a designar os próprios "seres" invisíveis
sujeitos ao domínio de sua vontade.
A investigação arqueológica
de um túmulo da XII Dinastia, em Beni-hasam, revelou dois grifos alados,
conhecidos em egípcio demótico pelo nome de "seref', resguardando um sepulcro.
Foi descoberto em Tel Hallf um artefato vindo da Mesopotâmia representando um
"serafe" com seis asas. Segundo o achado, tal criatura tinha um corpo
humano, em contraste com a combinação águia-leão do Egito, com quatro asas
distribuídas abaixo da cintura e as duas restantes entre os ombros. O rosto
exibia traços da influência hitita posterior, e o artefato foi datado como
pertencente a cerca de 1000 a.C. Estas descobertas arqueológicas sobre
possíveis representações de serafins, são muito importantes, porém, longe de
traduzir ou representar os verdadeiros serafins componentes do coro angelical.
Os serafins são elevados
poderes do mundo angelical que se situam dentro do domínio do Criador. São os
possíveis regentes dos grandes corais no interior do Céu. Seu louvor
constantemente é dirigido à Trindade (Is 6.3): Santo (Deus), Santo (Jesus),
Santo (Espírito Santo). Na passagem de Isaías, a Trindade está em foco! Observe
o pronome ("nós") no versículo 8, e deduza o significado do
pensamento.
O doutor C.I. Scofield,
observa que estas criaturas denominadas de serafins, conforme vemos aqui,
contrastam à luz do contexto com os querubins, isto é, não devem ser as mesmas
criaturas, ainda que tenham algumas coisas em comum.
Vejamos:
"Os querubins
contrastam com os serafins. Embora exprimam a santidade divina, que requer que
o pecador se aproxime de Deus somente por meio de um sacrifício que realmente
vindique a santidade de Deus (cf. Rm 3.24-26), e que o crente seja primeiro
purificado antes de servir; Gê nesis 3.22-24, mostra as exigências dos
primeiros; e Isaías 1-6 a dos segundos".
O alcance do argumento. Os
serafins habitam "acima" do trono de Deus. A expressão
"acima" não deve ser entendida "em cima". A gramática
semítica parafraseando esta expressão diz: "Os serafins estavam a altura
do trono de Deus. No cimo do trono. E ali velavam pela santidade divina".
Os serafins cultuam a Deus nos umbrais eternos, porém, como os demais anjos,
são sujeitos à autoridade divina de Jesus Cristo (Hb 1.6). A Ele e por Ele, estão
sujeitos todas as autoridades, e as potências. Seja como for, os mensageiros de
Deus estão por todas as partes!