1. Devemos estar cônscios dos anjos na
vida diária.
A Escritura deixa claro que
Deus quer que estejamos conscientes da existência de anjos e da natureza de sua
atividade. Não devemos portanto supor que seu ensino a respeito dos anjos não
diga respeito à nossa vida hoje. Ao contrário, há diversas formas pelas quais
nossa vida cristã será enriquecida por termos consciência da existência e
ministério dos anjos no mundo, mesmo nos dias presentes.
Quando comparecemos diante
de Deus em adoração, não nos juntamos simplesmente à grande companhia dos
crentes que morreram e estão na presença de Deus no céu, os “espíritos dos
justos aperfeiçoados”, mas também à grande multidão de anjos, “milhares de milhares
de anjos em alegre reunião” (Hb 12.22,23). Embora não vejamos nem ouçamos
normalmente nada como evidência de sua adoração celestial, certamente enriquece
nosso senso de reverência e alegria na presença de Deus apreciarmos o fato de
que os anjos se juntam a nós na adoração de Deus.
Veja também:
Além disso, devemos estar
cônscios de que os anjos observam nossa obediência ou desobediência a Deus
durante o dia. Mesmo se pensamos que nossos pecados são cometidos em segredo e
não trazem tristeza a ninguém (exceto, obviamente, ao próprio Deus), devemos
ser alertados pelo pensamento de que talvez centenas de anjos testemunhem nossa
desobediência e se entristeçam. Por outro lado, quando estamos desencorajados e
pensamos que a nossa obediência fiel a Deus não é testemunhada por ninguém e
não oferece encorajamento a ninguém, podemos ser confortados pela percepção de
que talvez centenas de anjos testemunhem nossa luta solitária, diariamente
“anelando perscrutar” o caminho da grande salvação de Cristo que encontra
expressão em nossa vida.
Tentando tornar a realidade
da observação angelical de nosso serviço a Deus ainda mais vivida, o autor de
Hebreus sugere que os anjos podem algumas vezes tomar forma humana,
aparentemente para fazer “visitas de inspeção”, algo parecido com um crítico de
restaurante enviado por um jornal que se disfarça e visita um novo restaurante.
Lemos o seguinte: “Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem
o saber, alguns acolheram anjos” (Hb 13.2; cf. Gn 18.2-5; 19.1-3). isso deve
nos tornar mais desejosos de ministrar às necessidades de pessoas a quem não
conhecemos. Pois nos maravilharia se algum dia, ao entrarmos no céu, encontrássemos
o anjo a quem ajudamos quando apareceu temporariamente como um ser humano em
miséria aqui na terra.
Quando somos repentinamente
libertos de um perigo ou miséria, devemos suspeitar de que anjos enviados por
Deu nos ajudam, e devemos ser agradecidos por isso. Um anjo fechou a boca dos
leões de modo que eles não causaram nenhum dano a Daniel (Dn 6.22), um anjo
ministrou a Jesus no deserto em tempo de grande fraqueza, imediatamente após o
término de suas tentações (Mt 4.11), um anjo livrou os apóstolos da prisão (At
5.19,20) e, mais tarde, um anjo libertou Pedro da prisão (At 12.7.11).
A Escritura não promete que
“a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os
seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em
alguma pedra” (SI 91.11,12)? Portanto, não devemos agradecer a Deus por enviar
anjos para nos proteger em tais circunstâncias? Parece certo responder
positivamente a essa pergunta.
2. Cuidados com respeito ao nosso relacionamento com os
anjos.
a) Precavenha-se
para não receber doutrina falsa dos anjos.
A Bíblia nos adverte contra
recebermos doutrina falsa de supostos anjos: “Mas ainda que nós ou um anjo dos
céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja
amaldiçoado!” (G11.8). Paulo faz essa advertência porque sabe que há
possibilidade de engano. Ele diz: “Isto não é de admirar, pois o próprio
Satanás se disfarça de anjo de luz” (2Co 11.14). De modo semelhante, o profeta
mentiroso que enganou o homem de Deus em 1Reis 13 disse: “Eu também sou profeta
como você. E um anjo me disse por ordem do SENHOR: Faça-o voltar com você para
a sua casa para que coma pão e beba água ” (1 Rs 13.18). Todavia, o texto da
Escritura imediatamente acrescenta no mesmo versículo: “Mas ele estava
mentindo”.
Esses são exemplos de
doutrina ou orientação falsa sendo transmitida por anjos ou pessoas assegurando
que anjos lhes falaram. É interessante que esses exemplos mostram a
possibilidade clara de engano satânico tentando-nos a desobedecer aos ensinos
claros da Escritura ou às ordens claras de Deus (1Rs 13.9). Essas advertências
devem guardar qualquer cristão de ser enganado, por exemplo, pelos ensinos dos
mórmons, que dizem que o anjo Moroni falou a Joseph Smith e lhe revelou a base
da religião mórmon. Tal “revelação” e contrária aos ensinos da Escritura em
muitos pontos (com respeito a doutrinas como a Trindade, a pessoa de Cristo, a
justificação pela fé somente, e muitas outras), e os cristãos devem ser
advertidos para não aceitar tais declarações.
b) Não adore
anjos, não ore a eles nem os procure.
A “adoração de anjos” (Cl
2.18) era uma das doutrinas falsas ensinadas em Colossos. Além disso, no livro
de Apocalipse um anjo adverte João para que ele não o adore: “Não faça isso!
Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de
Jesus. Adore a Deus!” (Ap 19.10).
Nem devemos orar aos anjos.
Devemos orar a Deus somente, o único que é onipotente e, assim, capaz de
responder à oração e o único que é onisciente e, portanto, capaz de ouvir as
orações de todo o seu povo de uma só vez. Paulo nos adverte contra o pensamento
de que outro “mediador” possa estar entre nós e Deus: “Pois há um só Deus e um
só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus” (1 Tm 2.5).
Se oramos aos anjos,
estamos implicitamente atribuindo-lhes posição igual à de Deus, o que não
devemos fazer. Não há exemplo na Escritura de alguém orando a um anjo
específico ou pedindo ajuda a anjos.
Além disso, a Escritura não
nos autoriza a buscar aparições de anjos. Eles se manifestam a nós de forma que
não os vemos. Buscar tais aparições parece indicar curiosidade doentia ou o
desejo por uma espécie de evento espetacular em vez do amor a Deus e a devoção
a ele e à sua obra. Embora os anjos tenham realmente aparecido em várias
ocasiões na Escritura, com toda a certeza as pessoas a quem eles apareceram
nunca procuraram essas aparições. Nosso papel é antes conversar com o Senhor,
que é o próprio comandante das forças angelicais. Contudo, não parece errado
pedir a Deus para cumprir a sua promessa em Salmos 91.11 de enviar anjos para
proteger-nos em tempos de necessidade.