1. São criaturas.
Os anjos não consistem
meramente de forças físicas ou morais, mas são seres espirituais reais e
distintos, mas imateriais e incorpóreos fisicamente, criados por Deus (SI
148.2-5; Cl 1.16,17; 1 Pe 3.22). A Palavra de Deus menciona muitas vezes um
inumerável exército de Deus constituído de anjos (SI 68.17; Mt 26.53; Hb 12.22;
Ap 5.11).
O Catecismo Maior de
Westminster nos diz o seguinte:
Deus
criou todos os anjos, como espíritos imortais, santos, excelentes em
conhecimento, grandes em poder, para executar os seus mandamentos e louvarem o
seu nome, todavia sujeitos a mudança (Questão 16).
Os anjos foram criados de
uma única vez, simultaneamente (Cl 1.16); são imutáveis, não podendo aumentar,
nem diminuir o seu número, conforme declarou o Senhor Jesus: “... pois na
ressurreição, nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no
céu” (Mt 22.28-30). Em Lucas 20.36, Jesus ensinou que, uma vez criados, os
seres celestiais jamais morrem.
Em razão dos anjos serem
criaturas, não aceitam adoração (Ap 19.10; 22.8,9). A Bíblia Sagrada proíbe
terminantemente que o homem os adore (Cl 2.18).
2. São incorpóreos fisicamente.
A luz de Hebreus 1.14 —
“Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir
a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” —, os anjos são descritos como
sendo espíritos. Eles não estão limitados às condições físicas e materiais,
pois são capazes de aparecer e desaparecer, sem serem vistos, a qualquer
momento, além de se movimentarem de forma extremamente rápida (Dn 9.21).
Que os anjos são
incorpóreos está claro em Efésios 6.12: “a nossa luta não é contra a carne nem
sangue, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Sl
104.4; Hb 1.7,14; At 1912; Lc 7.21; 8.2; 11.26; Mt 8.16; 12.45). Os anjos não
têm corpos materiais, “pois um espírito não tem carne e nem ossos” (Lc 24.39) e
são invisíveis (Cl 1.16).
Por serem espíritos sem
corpo físico, os anjos não têm alma. Seu “corpo” é imaterial, espiritual.
Precisamente porque os
anjos não são almas, mas apenas espíritos e que eles não podem possuir a mesma
essência rica que o homem, cuja alma ê o ponto de união em que se encontram 0
espírito e a natureza.
Quanto
à natureza e à corporeidade dos anjos, o Dr. William Cook afirmou:
E
verdade que, no aparecimento dos anjos aos homens, eles assumiram uma forma
humana visível. Este fato, entretanto, não prova a sua materialidade; pois os
espíritos humanos no estado intermediário, embora desincorporados, têm em seu
relacionamento com 0 corpo aparecido em forma humana material: como Moisés, no
Monte da Transfiguração, também Elias foi reconhecido como homem; e os anciãos
que apareceram e conversaram com João no Apocalipse, também tinham forma humana
(Ap.5.5; 7.13).
Segundo o teólogo Charles
Hodge, ficou decidido no Concilio de Nícéia, em 784, que os anjos possuíam
corpos compostos de éter ou luz; opinião baseada em Mateus 28.3 e Lucas 2.9,
além de outros textos que se referem à sua aparência luminosa, bem como à
glória que os acompanha.
Já o Concilio Laterano, em
1215, decidiu que os anjos eram incorpóreos, decisão essa acatada pela Igreja,
por bíblica. A Bíblia Sagrada, a inerrante Palavra de Deus, silencia sobre a
substância desses espíritos angélicos. Entretanto, apesar de serem seres
espirituais, os anjos podem assumir forma humana que pode tocar as coisas, bem
como ingerir alimentos sólidos como os três anjos que apareceram a Abraão (Gn
18.1-8).
Semelhante experiência teve
Ló, seu sobrinho: “E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló
assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e
inclinou-se com o rosto à terra... E porfiou com eles muito, e vieram com ele,
e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e
comeram...Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar a Ló
consigo na casa, e fecharam a porta” (Gn 18.1-10)
São imortais. Como
espíritos puros (imateriais e incorpóreos), os anjos não estão sujeitos à
morte. Jesus deixou claro que os anjos não morrem, ao ensinar aos saduceus que
os santos serão semelhantes aos anjos, após a ressurreição.
E,
respondendo Jesus; disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em
casamento; mas os que forem havidos por dignos de alcançar c mundo vindouro, e
a ressurreição dos mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento;
porque, já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de
Deus, sendo filhos da ressurreição (Lc 20.35-36).
3. São numerosos.
A Bíblia Sagrada mostra que
os anjos são inumeráveis. A Palavra de Deus sempre se refere a eles como sendo
multidões.
São do doutor Arno Clemens
Gaebelein estas palavras: “Quão vasto é o número deles, somente o sabe aquele
cujo nome é “Jeová Sabaote”, o Senhor dos Exércitos”.
Tomás de Aquino afirmou:
Deve-se dizer, portanto,
que os anjos, enquanto são substâncias imateriais, constituem uma multidão
imensa, e superam toda multidão material. E o que diz Dionísio: “Multi sunt beati exercitus supernartum
mentium materialium numerorum commensurationem”. (Os exércitos
bem-aventurados dos espíritos celestes são numerosos, superando a medida
pequena e restrita de nossos números materiais). E a razão disto é que tendo
Deus a perfeição do universo como finalidade principal na criação, quanto mais
perfeitas são algumas coisas, em tanta maior abundância Deus as criou:"
Vejamos
algo do testemunho bíblico acerca do número dos anjos:
a) Dt
33.2
b) 1
Rs 22.19).
c) Jó
25.3).
d) Sl
68.1 7).
e) 2
Rs 6.17).
f) Dn
7. 10).
g) Mt
26.53).
h) Lc
2.13).
i) Hb
12.22).
Daí o apóstolo João admitiu
ter visto junto ao trono de Deus, “milhões de milhões, e milhares de milhares”
de anjos ao redor do trono (Ap 5.11).
4. São seres dotados de personalidade e
inteligência.
Os anjos são seres
pessoais. E o que se depreende da leitura de Lucas 1.19, que diz: “Eu sou
Gabriel, que assisto diante de Deus”. O texto mostra claramente que este anjo
tinha plena consciência de sua existência e de sua personalidade.
Os anjos são também seres
emotivos (Jó 38.7). Possuem inestimável conhecimento e sabedoria (2 Sm 14.20)
e, apesar de serem espíritos, são racionais; prestam adoração inteligente (Sl
148.2); contemplam a face de Deus com entendimento (Mt 18.10); são conscientes
de suas limitações (Mt 24.36); alegram-se quando um pecador se arrepende de
seus pecados (Lc 15.10); têm ciência de sua inferioridade em relação a Cristo,
o Filho de Deus (Hb 1 .4 - 14); anelam perscrutar as coisas do Reino de Cristo
(1 Pe 1.12).
Além disso, são mansos, não
retêm ressentimentos pessoais, nem injuriam seus opositores (2 Pe 2.11); são
reverentes: a atividade mais elevada executada por eles é a adoração a Deus (Ap
7.11); são santos (Ap. 14.10) e leais; apesar da rebelião que houve nos céus, os
anjos eleitos permaneceram fiéis ao Senhor. Quanto à sua inteligência, leia
ainda Daniel 10.14 e Apocalipse 17.7.
Em
sua Teologia Elementar, Bancroft assevera:
Sem
dúvida, os anjos foram criados espíritos inteligentes, cujo conhecimento teve
início em sua origem, continuando a se ampliar até os nossos dias. As
oportunidades de observação que os anjos têm, e as muitas experiências que,
nesse sentido, conforme podemos supor; devem ter tido, juntamente com as
revelações diretas da parte de Deus, devem ter-se adicionado grandemente ao acúmulo
da sua inteligência original.
Apesar da sua
extraordinária inteligência, os anjos não possuem onisciência, atributo
exclusivo de Deus. Eles não conhecem os pensamentos dos corações, pois esse
conhecimento é próprio, exclusivo de Deus, como diz o profeta Jeremias:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o
conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração” (Jr 17.9,10).
5. São poderosos.
Os anjos têm elevado poder,
conforme as palavras de Davi: “Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos
em força, que cumpris as suas ordens” (Sl 103.20; 2 Pe 2.11; Gn 19.10-13,24,25;
Lm 4.6). Na Bíblia Sagrada, os anjos são chamados de “os poderosos” e “os
poderosos de Deus”.
Esses seres celestiais,
como já adiantamos, deslocam-se com espantosa velocidade, podendo se
transportar dos Céus à Terra instantaneamente: “Ou pensas tu que eu não poderia
agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?”
(Mt 26.53).
A Palavra de Deus ensina
que os anjos são seres sobre-humanos criados superiores aos homens:
Que é o homem mortal para
que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco
menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste (Sl 8.4,5).
Tu o fizeste um pouco menor
do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituístes sobre as
obras das tuas mãos (Hb 2. 7).
Enquanto os anjos, sendo
maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do
Senhor (2 Pe 2.11).
O Antigo Testamento destaca
pelo menos três ações poderosíssimas dos anjos em relação à proteção e a
preservação do povo de Deus. Com relação ao castigo de Davi, um anjo destruiu
setenta mil pessoas em Israel em três dias (2 Sm 24.15,16). Numa única noite,
um só anjo destruiu 185.000 soldados do exército do orgulhoso rei da Assíria (2
Rs 19.35,36). Na luta que requereu muita resistência espiritual. Daniel foi
consolado e confortado pelo anjo que lhe apareceu, o qual lhe revelou que o
arcanjo Miguel veio ajudá-lo (Dn 10.12,13).
No Novo Testamento
mencionam-se ações extraordinárias de manifestação de poder dos anjos: na
ressurreição de Cristo (Mt 28.2), na libertação dos apóstolos Pedro e João da
prisão (At 5.19,20) e na futura prisão de Satanás (Ap 20.1-3).
Além de dotados de poder,
constituindo o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, está sempre
pronta para fazer o que o Senhor mandar (Sl 103.20; Cl I.I6; Ef 1.21; 3.10; Hb
1.14) enquanto que os anjos maus são o exército de Satanás, empenhados em
destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2 Ts 2.9; 1 Pe 5.8).