De acordo com pesquisas
feitas pelo IBGE, o número de pessoas acima de 60 anos passou de 9,5% em 2005
para 14,3% em 2015, e estima-se que daqui 13 anos o número de idosos atinjam a
casa dos 41,5 milhões, o que equivalerá a 18% da população brasileira. Este
fenômeno traz consigo mudanças nas políticas públicas de saúde, na assistência
social e na própria Previdência que tem provocado inúmeros e acalorados debates
em torno da possível reforma, o que confirma a relevância do tema e seus
desdobramentos.
O número crescente de idosos
no Brasil não requer reavaliações e redirecionamentos somente do governo, mas
também da igreja que precisa autoavaliar-se quanto ao que tem feito e o que
precisa fazer em favor desta importante fase da vida, tornando a carga menos
pesada e potencializando talentos. A Assembleia de Deus no Brasil é contada
entre as igrejas históricas deste país, o que faz dela uma igreja com
credibilidade e também com expressivo número de membros idosos, impondo-lhe
grandes responsabilidades e metas a serem alcançadas.
SAIBA MAIS:
A chamada terceira idade
traz consigo grandes desafios físicos, psíquicos e espirituais, principalmente
pelas limitações inerentes a esta faixa etária, que geralmente levam o idoso a
sentir-se desvalorizado, inútil e às vezes "um peso" às pessoas que
lhe cercam. Por outro lado, se bem conduzida, esta fase da vida pode servir de
porta aberta para grandes oportunidades, tais como: experimentar o que em outra
fase não foi possível; usar a experiência e a maturidade em seu próprio favor;
usar a experiência para servir como conselheiro e de exemplo aos mais novos, o
que será motivo para um novo sentido à vida pessoal e de bênção ao próximo.
Qual deve ser o
comportamento da igreja diante desses fatos? Qual o papel do líder cristão em
relação ao compromisso da igreja frente a estes dados e esta realidade?
Por ser a Palavra de Deus, a
Bíblia Sagrada é um livro completo em si mesmo, e aborda com detalhes sobre as
diferentes áreas da vida humana e seus desdobramentos. Por exemplo, em Efésios,
o apóstolo Paulo ensina como deve ser o relacionamento entre marido e mulher (5.23-25),
dos filhos com os pais e vice-versa, dos servos em relação aos seus senhores e
vice-versa (6.1-9).
Do mesmo modo, a Bíblia não
se priva em tratar dos desafios característicos às diferentes faixas etárias,
inclusive dos idosos. Em Eclesiastes 12.1-6 somos informados das dificuldades e
das limitações desta fase; no entanto, as Escrituras também afirma que, se bem
vivida, esta mesma fase da vida pode ser marcada por um tempo de esperança (SI
92.14; Jl 2.28).
Desde o Antigo Testamento
aprendemos que essa etapa da vida é uma "via de duas mãos", pois,
assim como os idosos são dignos e devem ser respeitados, eles também possuem
importantes e grandes responsabilidades. Encontramos na Bíblia, o povo de
Israel sendo convocado a honrar os idosos como demonstração de temor a Deus (Lv
19.32), e do mesmo modo, vemos o salmista reconhecendo que na sua velhice ele
tinha a responsabilidade de contar aos mais novos sobre suas experiências com
Deus (SI 71.18).
Seguindo nesta mesma
direção, o Novo Testamento amplia o assunto, ensinando de forma prática como os
idosos devem ser tratados na comunidade cristã, além de apontar para o seu
imprescindível papel na igreja. Somado a isso, o líder cristão é chamado a
desempenhar importante função neste processo, e naturalmente que a Palavra de
Deus possui orientações em torno deste assunto.
A esta altura
devemos reconhecer que a igreja precisa ser mais conscientizada a respeito
deste assunto, mas isso só será possível quando a liderança
cristã tomar isso como parte importante de suas funções, e decidir trabalhar
isso na igreja em dois níveis:
1) Nível da conscientização:
ensinar a igreja sobre o assunto, levando-a a valorizar os idosos;
2) Nível do treinamento:
atender as necessidades dos idosos e treiná-los para suas responsabilidades,
afinal eles são membros do Corpo de Cristo e têm suas devidas funções.
De acordo com Efésios
4.7-16, os dons ministeriais têm Cristo como natureza, estão relacionados ao
ministério da Palavra e têm como propósito principal o treinamento dos crentes
para o cumprimento de sua vocação. Portanto, à semelhança de Cristo que, ao
anular-se, sempre buscou o interesse dos outros (Fp 2.5-8; Mt 20.28; Lc
4.18-19), assim também os que exercem o ministério cristão, devem caminhar
nesta mesma direção, como disse Paulo: "De maneira que em nós opera a
morte, mas em vós, a vida" (2 Co 4.12).
A maturidade cristã deve ser
um dos principais alvos do cristão, e treiná-los para alcança-la é função
daqueles que exercem liderança espiritual na igreja, que deve ser feito com
base na verdade da Palavra de Deus, utilizando-se de diversos meios, inclusive
trabalhos específicos que sejam capazes de não somente motivar, mas também
possibilitar o aprendizado, e consequentemente o crescimento espiritual. Além
de ensinar, o líder cristão é chamado para tornar acessível os fundamentos da
Palavra de Deus aos seus liderados, quer dizer, ele deve usar todos os meios
possíveis para conduzir seus liderados à maturidade cristã, desde que não firam
princípios bíblicos.
O apóstolo Pedro nos dá
exemplo de que os idosos devem receber atenção na igreja, pois, ao escrever sua
carta, enquanto após dirigir-se àqueles que lideravam o rebanho do Senhor e
antes de tratar sobre pontos importantes sobre Deus e seu povo, ele reserva um
espaço para recomendar que os jovens se submetessem aos mais velhos (1 Pe 5.5).
Da mesma forma, o apóstolo Paulo recomenda que Timóteo tivesse dobrado cuidado ao
ter que admoestar um idoso (1 Tm 5.1-2), o que nos mostra o cuidado especial
que estes dois gigantes tiveram com seus irmãos mais velhos.
A carta que Paulo envia a
Tito é uma das chamadas "Cartas Pastorais" nas quais ele aconselha os
respectivos líderes espirituais a como deveriam conduzir-se e também como
deveriam pastorear a igreja que lideravam. Ao lermos Tito 2.1-5, deparamo-nos
com Paulo ensinando a Tito a como ele deveria lidar com os idosos da igreja em
Creta, e não somente isso, mas também em como ele deveria tencializar a função
destes irmãos na igreja.
Leiamos atentamente:
"Então poderão ensinar as mulheres novas..." (Tt 2.4)
Após lembrar a Tito do que
ensinar aos idosos sobre o comportamento que devem ter, Paulo também ensina-o
sobre a necessidade de não somente lembrá-los de sua função na igreja, como
também a prepará-los para ela. Portanto, o líder cristão deve trabalhar para
que os idosos sob a sua responsabilidade espiritual, sejam atendidos em suas
necessidades, tal como devem ser preparados para aquilo que foram chamados a
realizar.
A Escola Dominical exerce
grande influência na formação espiritual dos membros de nossa denominação,
inclusive na constituição de nossa cultura como igreja. Deste modo, a ED
torna-se o mais importante e eficaz instrumento para que os idosos de nossa
igreja sejam alcançados efetivamente.
Com base
nisso, o líder pode e deve utilizar-se da estrutura da ED para potencializar o
trabalho em favor dos idosos na igreja, podendo ser feito de várias formas,
como:
1) Implantando classe
exclusiva para idosos (na igreja que ainda não tem;
2) Promovendo treinamentos
aos professores desta classe, para melhor prepará-los;
3) Permitindo e incentivando
eventos e movimentos que atendam às expectativas e necessidades desta faixa
etária, desde que não fira os princípios da Palavra de Deus;
4) Proporcionando
oportunidades a idosos a exercerem funções que lhes são possíveis.
Deus em Cristo nos leve,
pelo Seu Espírito a sermos a igreja que ele deseja que sejamos.
Divulgação: www.subsidiosebd.com | Fonte: Ensinador
Cristão. Ano 20. N° 77 | Artigo: Pr. Elias Torralbo