A doutrina do Batismo
com o (ou no) Espírito Santo é uma doutrina tão atual quanto são as demais
doutrinas cardeais da Bíblia. Porém, essa experiência, mais que uma teoria
doutrinária, ou uma doutrina retida no tempo, tem sido alvo de desconexas e
insustentáveis polêmicas. Não só da parte dos evangélicos tradicionais, mas até
mesmo entre os pentecostais, que questionam, acima de tudo, a glossolalia, que
é a evidência primária e física do batismo no Espírito Santo.
Naturalmente, os que negam
a atualidade da experiência do Pentecostes
com a evidência do falar em línguas” não negam o fato bíblico, mas negam a sua
evidência atual. Há os que até ensinam a necessidade do Batismo no Espírito
Santo sem precisar da experiência glossolálica. Outros, mais radicais, entendem
que a experiência das línguas foi ontológica, isto é, aconteceu apenas nos
primórdios da Igreja depois do Pentecostes.
A primeira lição que aprendemos acerca desse
assunto é que o Batismo no Espírito Santo é uma experiência para os que já
foram regenerados pelo Espírito Santo. Por isso, no ato da conversão, o
Espírito Santo conduz o pecador arrependido à submissão ao senhorio de Jesus
Cristo e entra na sua vida.
Há uma relação vital da
atuação do Espírito Santo na vida do pecador arrependido. São três esferas de
atuação no campo da convicção: na esfera da mente (Ne 9.20; Rm 8.27; 1 Co
2.10,11), o Espírito Santo convence intelectualmente o pecador pela Palavra de
Deus; na esfera do sentimento, Ele desperta o interesse, o desejo pela salvação
(Ef 4.30; Rm 15.30; Ap 22.17); e na esfera da vontade, o Espírito opera com o
objetivo de promover uma decisão pela salvação (1 Co 12.3,11). Jesus ensinou
sobre o papel do Espírito na área da convicção conforme lemos em João 16.8-10.
Nesse texto, o Espírito Santo tem ação tríplice, porque Ele convence do pecado,
em relação ao passado; convence da justiça, em relação ao presente, mostrando
que Cristo cumpriu a justiça da lei na sua morte no Calvário; e convence do
juízo, mostrando o juízo efetuado no Calvário e apontando para o futuro, para a
absolvição no Juízo Final.
1. Doutrina dos batismos
O autor da Carta aos
Hebreus no capítulo 6 e versículo 2 cita a “Doutrina dos Batismos”, indicando,
sem dúvida, que há mais de um batismo como doutrina crista. A despeito da
linguagem metafórica acerca dos batismos, dois deles são evidentes na
experiência cristã: o batismo em águas, como sinal de conversão e
arrependimento; e o batismo com o Espírito Santo. Portanto, a citação de dois
batismos é inegável e cada qual tem o seu valor espiritual e é indispensável na
vida do cristão. Quando Paulo declara que “há um só batismo” (Ef 4.5), está se
referindo ao batismo de arrependimento, que é físico e realizado por imersão em
águas. É um batismo literal.
A expressão “há um só
batismo” tem
um caráter particular, referindo-se única e exclusivamente ao batismo em águas.
Não há contradição quando, mais à frente, o autor da Carta aos Hebreus fala da
“doutrina dos batismos” (Hb 6.2). O autor de Hebreus, ao usar o plural
“batismos”, referia-se à distinção entre “o batismo de João”, o batismo de
prosélitos do judaísmo e o batismo cristão. Ora, o batismo cristão não é o
mesmo que o batismo no Espírito, mas refere-se ao batismo físico por imersão
que ilustra a entrada ao Corpo de Cristo, a Igreja (G1 3.27). Não há nenhuma
incoerência em falar da doutrina do batismo no Espírito Santo, cuja evidência
encontra-se em passagens como Atos 2.1-4.
Alguns grupos cristãos
rejeitam a interpretação pentecostal do batismo com o Espírito Santo, afirmando
que os pentecostais que creem na evidência física do falar em línguas insistem
em “precedentes históricos” como uma experiência pós-conversão. Entendem que o
batismo com o Espírito é uma incorporação do crente em Cristo Jesus. Declaram
ainda que não seria adequado formular uma doutrina a partir de uma experiência
que ficou restrita aos primeiros dias da Igreja após o Pentecostes.
Para entendermos o sentido
das preposições gramaticais com,
pelo e no no contexto da experiência do batismo no Espírito Santo,
precisamos distinguir cada preposição no seu contexto doutrinário.
Expressões como
“ser batizado no” ou “ser batizado com”, ou “ser batizado pelo Espírito”, são
conhecidas nas Escrituras.
2. Batizado pelo e no
1)
Batizado com (ou no) Espírito (Mt 3.11; Mc 1.8;Lc 3.16;
Jo 1.33; At 1.5;11.16) — Todos esses textos usam a preposição grega en, que pode ser entendida em nossa
língua como “no” ou “com”, e indica “batizado em (do grego en) o Espírito Santo”.
A palavra batismo aparece
na forma verbal baptizõ, que significa
imergir. A preposição no concorda melhor com o original porque indica uma
experiência em que o crente é imerso no Espírito. O batismo de João era
administrado na água e tinha um sentido especial de mudança de vida, porque era
o batismo de arrependimento. Porém, o batismo no Espírito Santo é um batismo efetuado
por Cristo. Ele é o batizador com o Espírito Santo. Essa é uma experiência que
acontece na vida do pecador após a conversão e regeneração.
2)
Batizado pelo Espírito Santo ( 1 Co 12.13) - Sem dúvida, há
uma distinção entre os textos de Atos 1.5 e 1 Coríntios 12.13. No primeiro
texto (At 1.5), o batizador é Cristo e no segundo texto ( 1 Co 12.13), o
batizador é o próprio Espírito Santo. No primeiro texto, o crente experimenta o
poder do Espírito para testemunhar com a evidência física da glossolalia. No
segundo texto, o Espírito incorpora o crente no Corpo de Cristo. Nos dois
textos, encontramos a preposição “en”
(gr), designando o Espírito Santo como o meio pelo qual o crente é batizado.
Ser batizado pelo Espírito (1 Co 12.13) é uma operação do Espírito que toma
lugar no novo nascimento. É nessa operação espiritual que o pecador tem um tipo
de batismo do Espírito, quando é conduzido pelo Espírito a se submeter ao
senhorio de Cristo. O Espírito entra na vida da nova criatura (2Co 5.17).
3)
Ser cheio do Espírito (Ef 5. 18) - Alguns teólogos entendem
que há um batismo no Espírito e muitos enchimentos. Essas ideias não desfazem a
operação do Espírito Santo. Há uma diferença entre “ser cheio do Espírito” e
“ser batizado com o Espírito”. Um crente pode ser cheio do Espírito sem ser
batizado com o Espírito.
Ser cheio do Espírito implica em uma efusão
espiritual (Ef 5.18), que significa um derramamento interior ou algo derramado
por cima e dentro. Toda nova criatura pode ser cheia do Espírito para
manifestar o fruto do Espírito. E como tomar uma vasilha e derramar dentro dela
a água da fonte. Isso significa encher do Espírito. Porém, se tomar a vasilha e
mergulhá-la na fonte, ela ficará molhada por dentro e por fora. A primeira
experiência normativa do Espírito com os discípulos de Cristo no dia de
Pentecostes foi uma efusão, um derramamento do Espírito sobre suas vidas.
O texto diz claramente: “E
todos foram cheios do Espírito Santo”, At 2.4. A segunda experiência daquele
dia, após a efusão (derramamento), foi a imersão no Espírito Santo (isto é, o
batismo com o Espírito Santo), como diz o texto a seguir: “ E começaram a falar
noutras línguas”, At 2.4.
Divulgação:
www.subsidiosebd.com | Fonte: Jornal
Mensageiro da Paz, Abril de 2010 – Artigo: PR. Elianai Cabral