Há
uma lauta discussão sobre o comunismo devido ao momento político que estamos
atravessando, porém é preciso, mais do que nunca, entender realmente o que seja
o comunismo e que males ele pode representar para o povo brasileiro,
especialmente a Igreja.
Não
há nada de demérito na palavra comunismo; originalmente, do latim, é communis, universal, comum, político, e,
sociologicamente, expressa uma estrutura ou estado social em que as coisas
podem ser desfrutadas por todos, incluindo nesse particular o aspecto
produtivo, porém a alteração nessa palavra acontece quando o comunismo se
apresenta como um sistema que deseja a debelação daquilo que é privado, tendo
as comunidades o controle das fontes de riquezas e demais economias de uma
nação.
É
imprescindível que se entenda, em relação ao nascedouro do comunismo, que sua
ênfase está na vida simples ou comum em que todos os homens viviam, o que
assegurava a humanidade, afirmando assim que sua busca é por esse estilo de
vida. Todavia, não se tem qualquer resquício histórico de que a sociedade
primitiva vivia assim. O que se entende claramente é que, como todo nascimento
de um sistema, esse mito esteja presente também no comunismo. Segundo alguns
estudiosos, especialmente Aristóteles, já havia resquício de que a filosofia
pré-socrática evidenciava um tipo de comunismo, figurando-se nas pessoas de
Faléias e Hipódamo.
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A
origem do comunismo prossegue. Uma leitura de A República de Platão apresenta
uma tripla divisão de classes sociais: produtores, protetores, governantes. Os
produtores seriam as pessoas que iriam desenvolver os bens de consumo, eles
seriam denominados de classe baixa. Os protetores, a eles caberia a função de
proteção, os soldados. Por fim, vêm os governadores, que, para Platão, deveriam
ser filósofos. Teriam que receber um treinamento longo, passar por vários
testes, ser sábios, e o mais preparado moral e espiritualmente, jamais ateus,
visto que, os que seguissem o ateísmo deveriam sofrer determinada punição.
Os
governantes, segundo Platão, seriam a classe que formaria a elite social, entre
eles funcionaria o comunismo, pois devido à capacidade pensante que teriam e o
espírito brioso que salientariam, não seriam dominados pela ambição, pelo
egoísmo, o que estava sujeito a classe inferior, entre os governantes poderia
haver comunidade de bens, inclusive de esposas. Frente ao pensamento exposto
por Platão, Aristóteles objeta, pois, se assim o fosse, a família iria ficar
desestabilizada, sendo ela a unidade e a base fundamental do Estado.
Nessas
primeiras linhas, em sua definição, creio que já deu para você entender mais ou
menos o que seja o comunismo e que o mesmo não tinha nenhuma perspectiva de
opressão, ditadura, interferência na liberdade de ninguém, mas é preciso seguir
avante para perceber como tudo foi mudado.
O comunismo que surgiu na Rússia
O
leitor tem que entender que o comunismo que surgiu na Rússia teve antecessores
e o primeiro que destacamos é Sir Thomas More (século 16); é o que se percebe
em sua obra Utopia, por meio da qual se teve base para uma teoria política
idealista na obra de Etiene Cabet (1840), porém, o fundamento para um comunismo
revolucionário vem de François Babeuf (1760-1797), durante a Revolução
Francesa. Por meio dele se propagou esse pensamento, dando força à tal
doutrina, especialmente a emancipação do proletariado.
É
com Luis Auguste Blanqui, em Paris (1836-1849), por sociedades secretas, que o
termo comunismo é imprimido, de modo que se assim deu força à classe operária
para manifestar-se de modo rebelde, criando uma ditadura com o propósito de
reorganizar a França dentro da perspectiva comunista.
O comunismo moderno
O
comunismo moderno tem sua base em dois filósofos alemães Karl Marx e Friedrich
Engels, o que pode ser analisado em seu Manifesto Comunista (1848). O que se
percebe no pensamento desses dois filósofos é que o que eles fizeram foi
amealhar, isto é, juntar suas ideias com aquelas que já tinham sido expostas, e
mais: procuraram ligar o pensamento hegeliano de tese, síntese e antítese,
visando com isso a dar surgimento a um estado comunista mundial.
No pensamento de
Karl Marx e Engels, doravante aquilo que era um estado
utopista iria dar espaço ao surgimento do estado comunista, o qual seria
marcado pela escravidão, em que alguns homens se tornariam propriedade dos
outros. Na percepção deles, isso seria histórico, pois o Feudalismo Medieval
iria melhorar um pouco a situação e, posteriormente, o capitalismo modificaria
o feudalismo, e apareceria o socialismo, que modificaria o capitalismo; por
fim, iria surgir o comunismo, o qual poria fim tanto ao socialismo quanto ao
capitalismo e, desse modo, ele seria a síntese final.
Acompanhando
a teoria dialética de Marx, essas mudanças se dariam através de fatores
econômicos, daí sua ênfase no materialismo dialético. É preciso entender que
Karl Marx jamais desejou que seus ensinos fossem vistos como um tipo de
dogmatismo, quando percebeu que alguns estavam querendo fazer de suas ideias
algo dogmático, isto é, transformando suas opiniões em um sistema, uma
doutrina, uma religião, isso fez com que ele mesmo rejeitasse tal
posicionamento, afirmando que não era marxista. Mas o que tanto Marx procurou
rejeitar foi aceito, posto que seus pensamentos fossem adotados por políticos,
os quais transformaram em dogmas, verdades que não poderiam ser tocadas,
discutidas.
A proposta comunista
A
princípio, a proposta do comunismo é até interessante e bate de frente com o
capitalismo, que enriquece na exploração do trabalhador. Ele afirma que tal
sistema é puramente imoral por resultar na miséria dos trabalhadores. Vamos
então pontuar algumas questões presentes no comunismo.
Já
que tudo passa a ser comum por não haver qualquer tipo de competição, o
trabalhador irá permanecer em estado de miséria, pois não haverá crescimento,
visto que não se gera grande produtividade; isso implicaria também em má
qualidade. Por outro lado, o comunismo ignora a natureza humana, que releva o
lado ambicioso de cada ser humano. Sendo assim, vale dizer que há uma
necessidade de se evidenciar a questão espiritual, de modo que o homem precisa passar
por uma transformação; se assim não for, ele sempre irá trabalhar pautado em um
interesse egoísta. Esse ponto não foi visto pelo comunismo.
O
comunismo destacou também a necessidade de uma ditadura. Ela seria necessária
para que o seu ideal pudesse ser concretizado, depois ela seria desfeita dando
espaço ao proletariado, o que nunca aconteceu, pois os países que são dominados
pela ditadura sofrem. Afirma-se que não se pode ainda passar tudo ao
proletariado porque não estão preparados para governar, de modo que continuam
agindo arbitrariamente, autoritariamente, cometendo atos abusivos, passando por
cima dos direitos humanos. Tudo isso prova que o comunismo proposto pelos
filósofos Marx e Engels nunca funcionou em lugar nenhum.
Creio
que você pôde entender que houve uma evolução da palavra comunismo desde a
definição pré-socrática até o presente momento, que agora está contaminado. O
que o comunismo atual prega é algo disfarçado. Dizem que são contra a miséria
na qual os trabalhadores vivem, porém essa não é a grande miséria, mas a maior
miséria é, sim, tolher o direito do outro, a liberdade de se expressar, de
viver sua fé, afirmam que buscam o bem comum, mas estruturam-se em uma ditadura
opressora que age perseguindo igrejas, dentre outras instituições como
imprensa, colégios católicos e protestantes, Nisso consiste o grande mal desse
sistema infernal.