No
último século, a história cristã registrou em diversas igrejas a ocorrência de
manifestações espirituais semelhantes às relatadas por Lucas e pelo apóstolo
Paulo em Atos e em 1 Coríntios 12 respectivamente. Muitos cristãos foram usados
por dotações do Espírito Santo, os dons espirituais, e milhares de igrejas
experimentaram um mover de Deus sem precedentes.
I - Cessacionismo e
Continuísmo
Veja também:
1)
A contemporaneidade dos dons Espirituais
– Clique
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2)
Os dons Espirituais são para os nossos
dias? – Clique
Aqui
1. O que É o
Cessacionismo
Cessacionismo
é, em poucas palavras, a teoria que acredita que os dons espirituais, como
relatados no Novo Testamento, só foram correntes até certa época da História da
Igreja. Essa época em que os dons teriam cessado situa-se, para alguns, no
momento da morte do último apóstolo, João, no fim do 1° século. Outros colocam
o quarto século de nossa era como a data do fim da validade dos dons
espirituais. Essa teoria é predominantemente divulgada por cristãos que aderem
à denominada linha “reformada” de interpretação da Bíblia. Entre as alegações
para o cessacionismo, está a convicção de que milagres e sinais foram usados
por Deus para reiterar a mensagem do evangelho, e, uma vez que o cânon sagrado
foi completado, os dons não teriam mais razão para existir. Se o cânon já foi
completado, não há mais espaço para novas revelações na igreja. E dito ainda
que todos os cristãos possuem o dom do Espírito e que a história mostra que os
dons cessaram. O cessacionismo ainda ensina que Deus limitou a si mesmo em
épocas específicas da Bíblia para a prática de milagres.
2.
O que É o Continuísmo
Continuísmo
é a corrente teológica adotada por pentecostais, que creem que os dons
espirituais, como mencionados por Paulo em 1 Coríntios, são correntes em nossos
dias. Pentecostais não consideram uma palavra profética trazida por meio do dom
de profecia uma palavra equivalente a uma nova revelação escriturística, pois
sabem que qualquer manifestação espiritual precisa ser avaliada à luz da
Palavra de Deus. Reconhecemos o ministério pastoral, o dos presbíteros e o dos
diáconos, mas entendemos que o Senhor continua a edificar a Igreja por meio dos
dons espirituais. Todos os que nasceram de novo foram selados por Deus; esse
selo, porém, não é o batismo no Espírito Santo, pois este se trata de um
revestimento de poder para testemunhar de Jesus. No tocante à ausência de
registros históricos de manifestação de dons, entendemos que é necessário ter
um respaldo muito sólido para tal opinião, sendo necessário uma pesquisa que
cubra os 2 mil anos de História do Cristianismo para depois se chegar a essa
conclusão. Na verdade, a própria história registra muitos casos de curas,
milagres e manifestações sobrenaturais de Deus antes de o movimento pentecostal
ser organizado.
3.
O que a Bíblia Diz
Para
que possamos finalizar este assunto, devemos recorrer à Bíblia, autoridade
máxima aceita por todo crente comprometido com a verdade. Enquanto vários pensadores
cristãos que são avessos à contemporaneidade dos dons ensinam que estes
deixaram de existir quando o último apóstolo morreu, a própria Bíblia jamais
disse que os dons tinham uma “data de validade”, ou seja, que deixariam de
existir a partir de uma determinada data.
Teólogos
que criticam o continuísmo valem-se da ideia de que alguns dos pais da Igreja
não viam, em seus dias, as manifestações espirituais conforme relatadas no Novo
Testamento; por isso, esses pais da Igreja entenderam que os dons cessaram por
não serem mais necessários para os seus dias. O fato de os chamados pais da
Igreja não mencionarem as manifestações dos dons ao longo da história não se
comprova um argumento idôneo para questionar o continuísmo.
Um
estudo honesto e profundo na História da Igreja mostra que houve, sim, várias
ocorrências de manifestações ao longo da história. Além disso, a ideia de que
os dons cessaram porque não houve mais necessidade de que existissem não é um
argumento bíblico, e sim uma opinião humana. Paulo alega que, “[...] havendo
profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá [...]. Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o é em
parte será aniquilado” (1 Co 13.8-10). Com base nesse texto, os defensores do
cessacionismo argumentam que as línguas cessaram, mas não dizem que as
profecias e a ciência também cessaram; ou seja, eles escolhem o que lhes é mais
conveniente para desacreditar. Essa mesma teoria vai de encontro a si mesma,
pois, se não podemos aceitar novas revelações (a não ser as já descritas nas
Sagradas Escrituras), então a ideia de que os dons cessaram é uma nova
revelação e, portanto, incabível e incompatível com as Escrituras.
O
ensino de Paulo aos coríntios não proíbe a manifestação das línguas, mas
orienta os coríntios sob a forma correta dessa manifestação.
Se
percebermos o texto de Paulo, veremos que ele pede que os dons sejam manifestos
com ordem no culto e sem atrapalhar a liturgia da congregação (1 Co 14-40). A
utilização das línguas deve respeitar o santuário, como também a profecia. Na
prática, o apóstolo corrige não os dons, mas sua utilização desestruturada no
culto. E ele mesmo deixa claro: “Portanto, irmãos, procurai, com zelo,
profetizar e não proibais falar línguas” (v. 39). Essa é a orientação de Deus
para a Igreja em nossos dias. Podemos, sim, praticar os dons espirituais se os
recebermos. Paulo não proibiu os dons espirituais, apenas ensinou à igreja a
tratá-los de forma correta. E essa é a Palavra do Senhor, não sendo, portanto, passível
de ser contradita.
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Fonte: O Vento sopra onde
Quer. O Ensinamento bíblico do Espírito Santo e sua Operação na Vida da Igreja.
Autor: Alexandre Coelho. Editora CPAD