Lições Bíblicas Dominical Adultos 1° Trimestre 2025 CPAD

Lições Bíblicas Dominical Adultos 1° Trimestre 2025 CPAD Título da Revista Dominical: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ : Combatendo as Antigas Heresias que se Apresentam com Nova Aparência Comentarista: Esequias Soares | Classe: Adultos TEMAS DAS LIÇÕES Lição 1 – Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja Lição 2 – Somos Cristãos Lição 3 – A Encarnação do Verbo Lição 4 – Deus É Triúno Lição 5 – Jesus é Deus Lição 6 – O Filho É igual com o Pai Lição 7 – As Naturezas Humana e Divina de Jesus Lição 8 – Jesus Viveu a Experiência Humana Lição 9 – Quem É o Espírito Santo Lição 10 – O Pecado Corrompeu a Natureza Humana Lição 11 – A Salvação não É Obra Humana Lição 12 – A Igreja Tem uma Natureza Organizacional Lição 13 – Perseverando na Fé em Cristo

Lição 3- Os livros de Lucas e Atos - A base da Doutrina Pentecostal

Subsídio para a classe de Jovens. Lição 3 – 4° trimestre de 2018
De forma geral, o ambiente em que Lucas produziu seus textos tinha fortes influências grega e romana. Os gregos dominaram pela cultura, ao passo que os romanos, pela administração. Ambos começaram pelas guerras expansionistas, e a presença desses impérios não foi diferente com relação a Israel. Os gregos chegaram à Palestina e implantaram aspectos de sua cultura, e os romanos, logo depois dos gregos, dominaram militarmente a mesma região, embora tenham passado momentos conturbados com os dominados israelitas.

Harvey Eugene Dana, falando da influência externa sobre os judeus, diz:

Roma trouxe o mundo a um estado de paz e ordem, propiciando-lhe meios fáceis de comunicação que possibilitaram o avanço desimpedido da mensagem da redenção. [...] A Grécia contribuiu com uma mentalidade capaz de penetrar e interpretar as verdades profundas da religião cristã, com um espírito que proveu terreno fértil e suscetível, no qual pode semear a semente da propaganda do evangelho, e com a língua capaz de exprimir a mensagem de redenção com esbelteza e exatidão [...].
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Em regra, os romanos eram tolerantes com as religiões dos povos dominados. Isso, porém, não significa liberdade religiosa, pois o culto ao imperador era requerido. Tal culto era um momento em que as pessoas deveriam mostrar que acreditavam em César como uma divindade. Fazendo isso, poderiam adorar a quem quisessem durante todo o ano, sem que os romanos interviessem no culto.

Dana comenta que “a religião era para o romano um dentre os servos de Roma. O interesse supremo do governo romano era o progresso e a prosperidade do Estado, sendo a religião unicamente um dos fatores utilizados para este fim” (139).


Os judeus tinham uma religião monoteísta, diferentemente dos romanos e gregos, que prestavam seus cultos a inúmeras divindades, sendo o imperador alguém tido como uma delas, a ponto de ser adorado. Tal adoração era política, e a não participação em uma dessas celebrações estatais eram uma mostra de deslealdade para com o Império.

A Palestina era um local ocupado. Isso significa que política, econômica e militarmente falando, Israel estava sujeito aos romanos. Essa era uma situação desconfortante para os hebreus, que ansiavam uma independência dos poderes humanos, e não uma liberdade vigiada e paga com impostos anuais.

Apesar de limitações impostas pelos romanos, era permitido aos judeus terem órgãos que facilitassem a convivência entre si e os dominadores. Um desses órgãos era o Sinédrio, que, nas palavras de Henry Daniel-Rops (1901-65), era como uma assembleia.

A tradição judaica fazia naturalmente que ele remontasse a Moisés: “Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que saber serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo (Nm 11.16)”. De fato, nem no período dos reis nem nos tempos de Esdras houve uma assembleia de qualquer forma que se assemelhasse ao Sinédrio dos séculos posteriores.

Como ocidentais, não nos parece que a vida para os hebreus nos dias de Jesus fosse tão ruim, mas, para um povo que tivera suas terras invadidas e dominadas por outras culturas, o anseio por liberdade estava em alta.

I - Lucas, o Escritor Pentecostal

1. A Produção Literária de Lucas

Lucas, um escritor gentio, deu prioridade em seu ministério literário a relatar a atuação do Espírito Santo de Deus tanto no ministério de Jesus quanto na história dos primeiros anos da Igreja de Cristo. Ele i o autor que descreve a vida de Jesus de forma mais ampla em seu primeiro livro, o Evangelho de Lucas, e que, por meio de um segundo livro, Atos dos Apóstolos, mostra a forma como os discípulos de Jesus deram prosseguimento às obras do Senhor. Ê adequada essa divisão, lendo em vista que seu objetivo era separar didaticamente os relatos do Senhor em seus ensinos e vida dos relatos das manifestações do mesmo Espírito Santo que estava em Jesus, desta vez nos discípulos. Por ser médico, Lucas tem facilidade para mostrar aos leitores os relatos detalhados de males que afligiam as pessoas nos dias de Jesus e, também, a forma como o Senhor procedeu com a cura.

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        Em Cafarnaum, libertou de demônios um homem na sinagoga (Lc 4.31-36)
        Curou a sogra de Pedro (Lc 4.37-39)
        Curou e libertou várias pessoas (Lc 4.40-41)
        Curou um leproso (Lc 5.12-16)
        Curou um paralítico descido pelo telhado (Lc 5.17-26)
        Curou um homem que tinha uma das mãos ressecada (Lc 6.6-11)
        Curou o servo do centurião (Lc 7.1-10)
        Trouxe da morte o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17)
        Libertou um endemoninhado gadareno (Lc 8.26-39)
        Curou a mulher do fluxo de sangue (Lc 8.40-48)
        Trouxe da morte a filha de Jairo (Lc 8.40-56)
        Curou um jovem lunático (Lc 9.37-45)
        Libertou um homem que tinha um espírito maligno que lhe causava a mudez (Lc 11.14)
        Curou uma mulher paralítica (Lc 13.10-17)

Por ser gentio, Lucas apresenta Jesus falando do Reino de Deus a pessoas que a sociedade judaica não prezava, como Zaqueu (Lc 19), e recebendo crianças para abençoar (Lc 18.15-17).

A narrativa de Lucas começa contando eventos que ocorreram antes mesmo do nascimento de Jesus. No seu evangelho, vemos um farto material de parábolas, histórias que Jesus contou para ilustrar verdades do Reino de Deus, uma forma interessante de passar fundamentos do Reino de Deus aos seus ouvintes. Lucas registra, entre tantas informações, o relato sobre aparições de Jesus ressurreto aos seus seguidores. Já no livro de Atos, ele continua seu registro destacando o que os discípulos de Cristo fizeram após o Senhor retornar aos céus e como a Igreja nasceu e cresceu debaixo do poder do Espírito.

2. Fontes dos Escritos de Lucas

É certo que Lucas não presenciou os eventos que se relacionavam à vida de Jesus. Sendo assim, foi-lhe necessário buscar informações com pessoas que presenciaram os fatos que ele vai narrar. Ele buscou pessoas que conviveram com Jesus, que viram seus milagres, que ouviram seus ensinos e que foram libertas de doenças e espíritos imundos pelo poder do Salvador.

No livro de Atos, Lucas chega a participar de acontecimentos que ele mesmo descreve, deixando de ser um mero ouvinte de relatos para ser um dos protagonistas da própria narrativa. Isso pode ser visto nas vezes em que ele usa o pronome pessoal “nós”, indicando ser um participante direto dos acontecimentos relatados por ele, como na volta de Paulo para a Ásia (At 20.13), na viagem de volta a Jerusalém (At 21.7) e na viagem de navio de Paulo a Roma (At 27.2).

Lucas é enfático no sentido de demonstrar o Espírito Santo agindo na vida do Senhor Jesus, mas igualmente nas vidas dos discípulos, pois estes deram prosseguimento à obra do Senhor na Igreja.

3. A Teologia em Lucas-Atos

Os escritores da Bíblia trazem, em suas linhas, o que chamamos de pontos principais dos livros, e esses pontos principais são utilizados para realizar análises mais aprofundadas. Eles são divididos de acordo com a incidência de repetições e, dessa forma, sendo agrupados os assuntos bíblicos, nascem as doutrinas. A teologia bíblica nasce e fundamenta-se nos textos bíblicos, fruto de uma exegese aprofundada.

Lucas também traz a Teologia em seus escritos. E evidente que essa não deve ter sido a sua intenção original; no entanto, como leitores de suas obras, reconhecendo a inspiração que ele recebeu de Deus, entendemos que sua mensagem traz pontos que refletem características próprias.

Darrell L. Bock comenta sobre Lucas:

Dos 7947 versículos do Novo testamento, Lucas-Atos dos Apóstolos totalizam 2157 versículos, ou 27,1% do Novo testamento. Em comparação as epístolas paulinas têm 2.032 versículos e os escritos joaninos, 1407. Além disso, apenas Lucas-Atos contam a história de Jesus Cristo, desde o seu nascimento até o início da igreja, e do ministério de Paulo. Essa ligação importante, pois fornece uma visão panorâmica da sequência desses eventos.

II - O Evangelho de Lucas

1. O Evangelho propriamente Dito

A palavra evangelho significa boas novas. Da mesma forma que os outros evangelistas, Lucas usa literariamente o evangelho como a narrativa sobre a vida de Jesus.

Darrel L. Bock diz que Lucas traz

uma explicação das origens da nova comunidade agora conhecida como a igreja - um exercício que hoje seria denomina legitimação sociológica. Lucas explica como um movimento aparentemente novo tem raízes em antigas promessas divino No mundo da antiguidade, isso era importante porque os movimentos mais novos eram vistos com suspeita. O fato de Lucas recorrer ao desígnio divino, à Escritura e à promessa para descrever a salvação que vem por intermédio de Jesus argumenta que o movimento surgido do ministério de Jesus era uma extensão natural do judaísmo.”

2. O Espírito de Deus Agindo em Jesus

No seu Evangelho, Lucas mostra Jesus já adulto sendo batizado por João, e, no momento do seu batismo, o Espírito Santo vem em “forma corpórea, como uma pomba” (Lc 3.22) e desce sobre Jesus. Essa narrativa mostra com clareza a presença do pai e do Espírito no Batismo de Jesus. Pela virtude do Espírito, Jesus volta para sua terra de criação, a Galileia, para ensinar nas sinagogas, e, chegando a Nazaré, tendo-se dirigido à sinagoga local, recebeu para ler o livro de Isaías, que dizia: “O Espírito do Senhor é sobre mim [...]” (Lc 4.18). Não se pode duvidar de que os nazarenos tiveram a sua oportunidade de ouvir o Messias lendo a profecia que lhe conferia a legitimidade divina para cumprir o que estava escrito. E é neste Evangelho que nos é dito que “a virtude do Senhor estava com ele para curar” (Lc 5.17). Essa virtude do Espírito em Jesus acompanhou o seu ministério, como mencionado nas referências anteriores.

Jesus, como relatado por Lucas, deu o poder aos seus discípulos para expulsarem demônios e curarem enfermos (Lc 9.1,2), virtude esta que só poderia ser dada pelo Espírito Santo, que estava em Jesus. Tal experiência era necessária aos discípulos, pois eles perceberiam, com ela, que o mesmo Espírito Santo que estava com Jesus também os acompanhava por ocasião do comissionamento dEle.

Lucas registra a menção do Senhor sobre o pecado imperdoável, a blasfêmia contra o Espírito Santo, quando o Senhor é acusado de fazer aquela libertação pelo príncipe dos demônios (Lc 12.10). O contexto imediato desse pecado, a blasfêmia contra o Espirito Santo, parece ser atribuir a Satanás algo que o Espírito de Deus está fazendo. Lucas menciona que os discípulos, mesmo levados às sinagogas para serem interrogados, seriam orientados pelo Espírito Santo naquilo que deveriam falar (Lc 12.12). O médico amado deseja que, com essas referências, os discípulos tenham a certeza de que o Espírito Santo, que foi enviado por Jesus, está com eles para orientá-los, santificá-los e oferecer a eles a sua virtude para que façam a sua obra. Jesus jamais deixou de estar sujeito ao Espírito de Deus enquanto esteve neste mundo.

3. A Igreja Pentecostal em Atos

O livro de Atos narra o nascimento da igreja pentecostal, uma igreja que via milagres acontecendo, profecias, manifestação do dom de línguas, ressurreição de mortos e muitas curas, além de visões dadas pelo próprio Deus por meio do seu Espírito. A igreja, contudo, estava começando e, em todo começo, há a necessidade de organização.

Bock ensina que
A nova comunidade formada em torno de Jesus não é realmente uma entidade organizada já em seus primeiros estágios. Existem os Doze e os Setenta (e dois), mas além desses grupos básicos, não há uma estrutura formal de comunidade em Lucas. O termo “igreja” aparece, mas principalmente em resumos ou, mais tarde, em Atos dos Apóstolos (5.11; 8.1,3; 9.31; 11,22; 12.1,5...). Antes, aqueles que se tornarão a nova comunidade de Atos dos Apóstolos são chamados “discípulos” no evangelho de Lucas. Esse grupo é composto, em sua maioria, de judeus, mas alguns poucos indícios revelam que o programa de Jesus pode estender-se para os samaritanos e os não judeus (Lc 3.4-6; 4.22-30; 7.1-10; 13.23-30...).

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Fonte: O Vento sopra onde Quer. O Ensinamento bíblico do Espírito Santo e sua Operação na Vida da Igreja. Autor: Alexandre Coelho. Editora CPAD