A suprema conquista
da Rema foi o reconhecimento das Sagradas Escrituras como a fonte única da
doutrina, do conteúdo da fé cristã. A salvação é somente pela graça, recebida somente
pela fé de cada cristão.
Martinho Lutero veio
em primeiro lugar como fundador de um movimento que se perpetuou, ao passo que
“Igrejas Reformadas” é o termo aplicado às que seguiram o movimento de João Calvino.
Eles próprios se submeteriam ao consenso do que as Sagradas Escrituras ensinam.
Daí Calvino dizer que “a igreja reformada sempre deve estar se reformando”.
Historicamente, a
igreja, quando passou a ser a religião oficial do Império Romano, já sem
perseguições e martírios, foi desenvolvendo um sistema de jejuns meritórios,
justamente o que se critica. Os reformadores, diante disso, rejeitavam dias
obrigatórios de jejuns. Por outro lado, a volta sistemática aos ensinos
bíblicos pelas igrejas verdadeiramente fiéis trouxe de volta o jejum no seu
sentido espiritual, de comunhão com Deus, de buscar a sua presença e com fé.
1. O jejum
O jejum, na Bíblia,
inclui abstinência de todos os alimentos durante determinado período de tempo.
É normalmente vinculado com atos públicos de religião, seja no Dia da Expiação
(Lv 16.29-31), seja em tempos de perigo nacional (Jz 20.26) ou de arrependimento e renovação da fé
em Deus.
Sempre era ligado à
oração, a humilhar-se diante de Deus, a buscar a face do Senhor, e qualquer
indivíduo podia jejuar em momentos de aflição, para buscar o consolo da parte
de Deus, ou como expressão de piedade ou devoção conforme a ocasião que cada
fiel escolhia.
Em Ester 4.16, livro em que não aparece literalmente o nome
de Deus, o jejum para os judeus significava, especificamente, buscar a Deus,
humilhar-se diante Dele, pedir a sua intervenção. Tratava-se de uma campanha de
oração a Deus!
Os profetas podiam
condenar o jejum falso, como rito praticado por pessoas que não se arrependeram
genuinamente diante de Deus e que não se deixariam comover pelo amor ao próximo
(Is 5.8 e Jr 14.11-12), mas, justamente assim, definem o que o jejum deve ser.
Jesus mesmo fez seu grande jejum no deserto antes de
iniciar o seu ministério (Mt 4.1-2 e Lc 4.1-2). Por contraste com os jejuns tão
comuns entre os judeus dos seus tempos, com tantas regras e pormenores, Jesus
enfatizou ser o jejum mais um ato individual de devoção a Deus, sem ostentação
pública, e menos apropriado na presença pessoal de Jesus do que depois da sua
partida (Mt 6.16-18; 9.14-15).
Nossos críticos
jamais deveriam esquecer da expressão “meios
da graça” que os reformadores usavam bastante. Orações, leituras bíblicas,
pregações, o batismo, a Santa Ceia e numerosos princípios registrados na
Bíblia, todos são meios de o crente apresentar a mão vazia para aceitar a
graça. “Graça” desvinculada de qualquer ligação entre o ser humano e Deus
parece bem sub-protestante.
Consideramos
infundada a declaração “os pensadores
pentecostais desenvolveram uma explicação baseados nas experiências”.
Convém lembrar que a “explicação” provém da Bíblia. A definição pentecostal é
das Escrituras Sagradas, e uma igreja pentecostal só pode ter existência sólida
no estudo da Palavra de Deus.
O termo “Pentecostal”, foi usado a partir de 1907, na
Grã-Bretanha, pelas igrejas históricas tradicionais (anglicanas, episcopais,
metodistas, evangélicas), para se referir aos crentes que criam e recebiam o
batismo no Espírito Santo, por causa da analogia entre esse movimento e o dia
de Pentecostes (At 2.1-13), isto é, por causa da efusão do Espírito e das
manifestações de poder, que eram observadas por toda a parte nas ilhas
britânicas.
Por sua vez, “pentecostal” é o crente que crê na
possibilidade de receber a mesma experiência do Espírito Santo que os apóstolos
receberam, no dia de Pentecostes.
A palavra pentecostal
começa ser usada, como vimos acima, em 1907, entretanto, o Movimento Pentecostal, iniciado no livro de Atos e que continua em
nossos dias, é a materialização da promessa de revestimento de poder da parte
do Senhor Jesus Cristo para a sua Igreja. Deus declarou que seu Espírito seria
derramado sobre toda a carne (Jl 2.28), e essa promessa foi cumprida após o
retorno de Jesus aos céus, no Dia de Pentecostes (At 2.1-39). Em um mundo
repleto de pensamentos que se voltam cada dia mais contra Deus, a mensagem
pentecostal e o poder de Deus dão à Igreja a autoridade para testemunhar de
Jesus, trazendo libertação aos oprimidos, cura aos enfermos e salvação aos
perdidos.
É verdade que a
doutrina pentecostal dá muita ênfase às experiências pessoais do cristão com o
Senhor Jesus. Mas, a diferença básica é que essas experiências são
fundamentadas na Palavra de Deus. Religião sem sobrenatural é mera filosofia.
Na farta literatura
pentecostal que tem surgido a partir de 1900, existem muitos estudos bíblicos
sobre a atuação do Espírito Santo na Bíblia e comprovações de que a mesma atuação
continua se desdobrando onde ela é aceita, isto sem negar a soberania divina
que permite surgir a mesma operação milagrosa onde nem era esperada. Quaisquer
experiências são fruto dessa atuação do Espírito Santo, “repartindo particular
mente a cada um como quer” (1Co 12.11). Cada uma tem suas características
individuais.
Uma das
características da Dispensação da Graça é o fato de Deus comunicar-se com cada
crente individualmente, independentemente de sexo, raça e idade, por meio de
sonhos, visões, profecias e até pelas pequenas coisas naturais do dia-a-dia (At
2.17-18). Esses privilégios eram restritos aos profetas ou a alguém escolhido
por Deus para uma obra específica nos tempos do Velho Testamento (Nm 12.6).
A notícia a respeito
do batismo no Espírito Santo e os dons milagrosos que se seguiam correu muito
rapidamente, e muitas pessoas acolhiam-na como o cumprimento dos seus anseios
espirituais. As experiências seguiam às doutrinas; assim como também a
experiência segue à conversão, como realidade sólida baseada na obra específica
realizada por Cristo.
Temos, sim, o dom da
profecia, mais apropriada para surgir num culto de adoração. O dom provém da
parte do Espírito Santo. Assim, temos em Atos 21.9 “quatro filhas donzelas, que
profetizavam”. Recebiam o dom da profecia da parte do Espírito Santo.
As igrejas pentecostais
legítimas andam na Bíblia, é o Espírito Santo quem lhes confirma a total
veracidade e o poder espiritual das Escrituras Sagradas.
A marca distintiva da
Reforma Protestante está presente em nosso meio, Sola Scriptura, Sola Gratia,
Solo Cristus, Sola Fides e Soli Deo Gloria. Nossas crenças e práticas são
provenientes das Escrituras Sagradas. Defendemos os mesmos pontos cardeais da
fé cristã das demais igrejas e denominações co-irmãs.