Subsídio para a classe de Adultos -
3°Trimestre de 2018|Aula 30 de Setembro. Por Ev. Jair Alves
Apresentação
Deus convocou os
israelitas para adorar e celebrar por meio das várias festas que instituiu (Lv
23.2-6). Durante essas santas convocações, os sacerdotes apresentavam
sacrifícios e ofertas enquanto o povo comum descansava do trabalho cotidiano, às
vezes jejuando, outras vezes festejando e celebrando as bênçãos sazonais de Deus
ou os grandes momentos redentores da vida de seu povo. Seguindo o princípio
sabático, o Israel pré-exílico observava sete festas por ano (Lv 23;Nm 28 e 29;
Dt 16.1-17). Nos dois primeiro pontos de nosso estudo de hoje veremos sobre a
celebração de páscoa e do pentecostes.
I
– A PÁSCOA DO SENHOR (ÊX 34.22,26; Lv 23.5)
Na
época do Novo Testamento, de todas as festas, a Páscoa (que incluía a Festa dos
Pães Asmos, com duração de sete dias) era a mais relevante. Na Páscoa, os israelitas
se lembravam de que foram escravos no Egito. Mas Deus, ouvindo o clamor deles
pedindo ajuda, viera resgatá-los (a história de Êx 1-15). A refeição pascal era
para ser “estatuto perpétuo” para o povo de Deus (Ex 12.14). Ao celebrá-la no início
de todos os anos, estavam rememorando que a vida deles como nação começara
quando Deus os tirou do Egito por meio de um grande ato de julgamento (sobre os
egípcios) e de graça (para os judeus).
a) O dia da
Celebração da Páscoa:
na tarde do dia quatorze de Abibe (o
primeiro mês).
b) Propósito: comemorar a
libertação de Israel do cativeiro no Egito.
c) Ritual: o cordeiro é morto,
e seu sangue se asperge com hissôpo nas ombreiras das portas, e depois o ofertante
e sua família comem o cordeiro assado (Dt 16.5,6 especifica que, depois de Deus
ter escolhido uma cidade santa, a Páscoa passaria a ser celebrada ali somente).
d) Significado
típico:
a crucificação de Cristo (I Co 5.7).
e) Importância: Conhecida também
como a festa dos pães ázimos, a Páscoa é a mais importante festividade da
Bíblia Sagrada, porque marca a primeira aliança formal entre Deus e o seu povo
(Êx 24.7,8).
1. A celebração da
Páscoa nos dias de Jesus
a)
O tempo e local
O
dia judeu se iniciava ao nascer do sol, e a refeição da Páscoa, portanto, era
feita depois de escurecer, e começaria no dia da Páscoa e na longa semana da
Festa dos Pães Asmos. Os peregrinos judeus viajavam para a cidade murada de
Jerusalém e, ali, com partilhavam a refeição da Páscoa juntos.
b)
O cordeiro e o pão
O
cordeiro pascal era assado no fogo e tinha de ser totalmente consumido. Os
ossos não deveriam ser quebrados. A refeição também incluía pães asmos, um
lembrete da rapidez da libertação de Deus — o passar “por cima” acontecera de
forma tão rápida que não tiveram tempo de assar o pão com fermento.
c)
O cálice
Havia
quatro cálices de vinho que eram passados para os presentes para
que
fosse compartilhado por todos, lembrando-lhes as promessas de libertação e bênçãos
feitas por Deus.
d)
A rememoração
A
refeição tinha o propósito explícito de rememorar a história do êxodo, de forma
que o anfitrião tinha de gastar algum tempo para explicar o sentido dos
elementos da refeição para a família reunida.
e)
A antecipação
A
refeição, além de rememoração, também olhava para o futuro, para a grande vinda
de Deus para resgatá-los. Nos dias de Jesus, para muitos judeus, isso significava
em particular resgatá-los da opressão do governo romano. Oravam a Deus para que
enviasse o Messias.
2. A páscoa de Jesus
Jesus
explica o sentido dos elementos da refeição da Páscoa. Em geral, essa explicação
se reportava aos eventos do êxodo, mas Jesus os reinterpretou de uma nova e
surpreendente maneira.
a)
O pão
O
pão sem fermento da Páscoa simbolizara a premência na fuga de Israel
do
Egito. Para Jesus, a premência era a aproximação de sua morte - o pão era seu
corpo que logo seria ferido a fim de trazer a grande libertação de Deus.
b)
O cálice
Os
cálices de vinho faziam referência à bênção da vida de aliança que o êxodo traria
para os israelitas (veja Êx 6.5-7). Jesus pegou um desses cálices e o associou
com as bênçãos que estava prestes a trazer — o perdão dos pecados e a nova
aliança (Jr 31.31-34). Para trazer essas bênçãos, entretanto, ele teria de derramar
seu sangue, exatamente como
acontecera
com o cordeiro da Páscoa (veja também Êx 24.8 e Zc 9.11).
c)
A rememoração
O
grande evento da libertação que Jesus explicou aos discípulos não era a Páscoa
e êxodo acontecido muito tempo atrás, mas sua própria morte que se aproximava.
Para eles, essa refeição passaria a ter um novo sentido quando rememorassem o
sofrimento e morte de Jesus, os quais trouxeram o novo êxodo para o povo de
Deus.
d)
A antecipação
Jesus
não precisava orar pela vinda do Messias, pois Ele era o Messias! Ao contrário,
Jesus antecipava o cumprimento de sua missão quando, novamente, partilharia a
refeição com todo o povo resgatado de Deus na nova criação (Lc 22.16,18). Jesus,
certamente, partilhou a refeição com seus discípulos mais uma vez depois da
ressurreição (Lc 24.30), e os primeiros cristãos celebraram essa refeição em
antecipação do grande banquete messiânico quando Jesus trará o Reino de Deus em
sua plenitude (1 Co 11.26).
3.
Jesus, nossa páscoa
Embora
a última ceia de Jesus, provavelmente, incluísse um cordeiro assado (os discípulos
provavelmente sabiam como preparar uma refeição de Páscoa, Lc 22.13), os escritores
dos Evangelhos não registram Jesus se referindo a ele. A omissão é intencional.
No novo êxodo do povo de Deus - não da escravidão do Egito, mas da escravidão dos
poderes mais avassaladores de Satanás, o pecado e a maldade - , não é um cordeiro
cuja morte marca o ato de libertação e salvação, mas o próprio Jesus é o
Cordeiro pascal. Conforme Paulo declara: “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado
por nós” (1 Co 5.7).
Jesus
queria que os discípulos compreendessem que sua morte não fora um terrível engano.
Ao longo de todo o seu ministério, Ele os ensinara sobre o Reino de Deus. Pertencer
a esse Reino era experimentar o perdão dos pecados, a cura, a restauração e a alegria
da comunhão íntima com Deus e uns com os outros em torno da mesa da refeição pascal.
Essa era a vida da nova aliança que Deus prometera no Antigo Testamento (Jr
31.31-34; Ez 37.26-28). Entretanto, assim como as bênçãos da antiga aliança de Deus
com Israel aconteceram só depois da
libertação
da escravidão no Egito, também agora as bênçãos de Deus na nova aliança só
podem chegar por meio de um novo ato de libertação e resgate.
Os
inimigos de Deus deviam ser derrotados, e seu povo libertado na jornada para a
nova criação! A morte de Jesus era o ato de libertação. Deus provera Jesus como
nosso novo Cordeiro pascal, cuja morte marcaria, por meio da intervenção de
Deus, a derrota dos inimigos do povo de Deus e a fuga segura da escravidão. A morte
de Jesus, longe de ser um equívoco, era necessária se fosse para seus
discípulos serem libertados para ser o verdadeiro povo de Deus. Por meio de sua
morte, todos que vêm a Jesus podem ser resgatados do reino das trevas e trazidos
para a luz do Reino de Deus (Cl 1.13).
Os
discípulos que partilharam da nova refeição pascal com Jesus, junto com todos
os que continuam a fazer isso hoje, celebram o maior ato de libertação
realizado por Deus — a derrota dos inimigos por intermédio da morte de Jesus —
e expressam a alegria e compromisso de fazer parte do povo de Deus. Ao se
reunirem em torno da mesa da última ceia até que Jesus venha, os cristãos
demonstram e celebram que pertencem a seu Reino.
II – O PENTECOSTES
O
Pentecostes ou a Festa das Semanas era um festival relevante no calendário
judaico. Era basicamente o festival da colheita, marcando sete semanas depois
da colheita dos primeiros frutos (Lv 23.9-21; sete semanas são 49 dias, e a
festa era no dia seguinte; “Pentecostes” é o termo grego para quinquagésimo,
50°). Nos dias de Jesus, no entanto, essa festa era também uma celebração para
rememorar a entrega da Torá (a lei da
aliança) no monte Sinai, uma vez que, conforme se acreditava, isso aconteceu
cinquenta dias depois do êxodo do Egito. Em outra ocasião, Moisés ascendeu ao
monte a fim de falar com Deus e recebeu dEle as tábuas de pedra inscritas com a
lei (Ex 31.18; 34.27-32).
a) Propósito: dedicar a Deus as
primícias da colheita do trigo.
b) Ritual: santa convocação
(contando como um sábado).
Oferta
movida de dois pães de farinha de trigo sem levedura; holocaustos (sete
cordeiros, um boi, dois carneiros); oferta pelo pecado (cabrito); oferta
pacífica (dois cordeiros machos). Na própria convocação, mais um holocausto e
uma oferta pelo pecado (Nm 28.27).
c) Significado
típico:
a descida do Espirito sobre a Igreja neotestamentária (Atos cap. 2).
1. O enchimento no
dia de Pentecostes
Não
é mera coincidência, portanto, que o Espírito Santo tenha enchido os discípulos
no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Jesus não ascendera ao topo
do
monte Sinai, mas ao céu, e recebera do Pai a promessa do Espírito Santo (At 2.33).
Esse Espírito estava agora sendo derramado por Jesus sobre os discípulos - exatamente
como Moisés descera da montanha com as tábuas de pedra.
No
dia de Pentecostes, quando Israel estava celebrando a entrega da antiga aliança
no monte Sinai, os discípulos de Jesus estavam experimentando o dom da nova
aliança - o Espírito Santo derramado sobre eles!
II
– SÍNTESE DAS 7 FESTAS DE ISRAEL
1.
A Páscoa - era celebrada no dia 14 do primeiro mês do
calendário hebraico (o final de nosso março até o início de abril). De acordo com
Êxodo 12.26,27, quando as gerações subsequentes inquirissem sobre o significado
da Páscoa, deveria ser dito que essa festa comemorava a maneira pela qual o
Senhor havia poupado os israelitas na noite em que feriu os primogênitos do
Egito (Êx 12.29,30).
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A
Última Ceia, com Jesus, foi uma refeição pascal. Jesus Cristo, segundo a
descrição do Novo Testamento, á o "nosso Cordeiro pascal" (1Co 5.7) e
"o Cordeiro que foi morto" (Ap 5.12).
2.
A festa dos pães sem fermento seguia-se
imediatamente à Páscoa (Êx 12.15-20) e durava uma semana. No contexto do Êxodo,
comer pão sem fermento significava "preparação rápida" e prontidão
para partir. O fermento, que era cuidadosamente evitado durante essa festa,
tornou-se símbolo da influência penetrante do mal (Mc 8.15; 1Co 5.7,8).
3. A
oferta dos primeiros frutos acontecia no inicio da colheita e representava a
gratidão de Israel a Deus e o fato de que dependiam dele
(Lv 23.9-14). Ocorria ao mesmo tempo em que a festa
dos pães sem fermento e destacava a colheita da cevada, embora houvesse também
a oferta dos primeiros frutos associada com a festa das semanas ou Pentecoste,
em celebração a colheita do trigo (Nm 28.26-31).
4. A festa das semanas ou Pentecoste (Lv 23.15-21), que ocorria sete semanas apos a Páscoa, era o dia da assembleia
sagrada, no
qual nenhum trabalho era permitido. O enfoque primário
era a expressão de gratidão a Deus pela colheita do trigo.
Levítico 23. 17 a 20 e Números 28.27-30 apresentam a
lista do que os sacerdotes deveriam oferecer a Deus em favor da nação.
5. A festa das trombetas, celebrada no primeiro dia do sétimo mês hebraico (Lv 23.23- 25; Nm
29.1-6), marcava o final do ano para a agricultura. O sétimo mês era
importante, porque incluía os dois dias mais sagrados — o Dia da Expiação e a
festa das cabanas.
O soprar (tocar) de trombetas anunciava a abertura
desse mês especial. Os israelitas associavam o som da trombeta com a teofania
(a manifestação visível de Deus) no monte Sinai (Êx 19.16-19). Os sacerdotes
também haviam feito soar as trombetas pouco antes da destruição de Jerico (Js
6.16). Além disso, as trombetas eram usadas regularmente em Israel nas manobras
militares (2Sm 2.28). Assim, o soprar de trombetas no início do sétimo mês
acrescentava solenidade a essa estação sagrada.
6. O Dia da Expiação (Lv 16), como diz o nome, dizia respeito exclusivamente à expiação dos pecados do
povo. Essa cerimônia acontecia no dia 10 do sétimo mês. O sumo sacerdote fazia
a expiação primeiramente por si mesmo e por sua família e depois por todo o povo.
O fato de essa festa acontecer no encerramento do ano agrícola simbolizava o
ajuste de contas final diante de Deus.
7. A festa das cabanas (também chamada de "festa
dos tabernáculos" ou Sucote) era celebrada cinco dias depois do Dia da
Expiação (Nm 29.12-40). O povo acampava em pequenas barracas durante esses
dias, para lembrar o tempo em que viveu em abrigos, antes de tomar posse da
terra de Canaã (Lv 23.43). Essa semana festiva era o tempo da celebração final
e das ações de graças pelas colheitas do ano (Dt 16.14,15). Como sétima e última
festa anual, a festa das cabanas também representava o princípio sabático.