Subsídio para a classe
de Jovens. Lição 1 – 4° trimestre de 2018 | Data da Aula: 07/10/18
Obs. Parte 2 – Acesse aqui a parte 1
III - Pentecostes,
uma Promessa Cumprida em nossos Dias
1. O Pentecostes
antes do Século XX
Uma
das questões mais acirradas por parte de teólogos reformados e cessacionistas
no que tange ao reconhecimento do pentecostalismo como um movimento
genuinamente cristão é a alegação de que, ao longo da História da Igreja, as
manifestações pentecostais, conforme relatadas em Atos, deixaram de ser vistas,
o que levaria à conclusão de que Deus deixou de operar em sua Igreja por meio
desses dons.
A
questão, aqui, pode ser enquadrada como uma interpretação de viés histórico. Da
mesma forma que se diz que os dons não são vistos ao longo da História da
Igreja, essa ótica de interpretação considera o livro de Atos como uma obra
histórica e, portanto, não deveria servir de base doutrinária para questões
relacionadas às manifestações do Espírito.
Tal
alegação não se firma historicamente diante dos relatos mais fiéis à História
da Igreja, que traz diversos testemunhos que confirmam que Deus jamais deixou
de manifestar os dons espirituais em diversas comunidades e grupos cristãos. No
século II da nossa era, Irineu de Eyon (130 d.C-202 d.C) disse que “Temos em
nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, pelo Espírito Santo, falam
toda classe de idiomas”. A manifestação do poder de Deus, entretanto, não se
restringe ao falar outras línguas.
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De acordo
com as referências do Dicionário do Movimento Pentecostal, escrito pelo pastor
e historiador Isael de Araújo,
•
Clemente, bispo de Roma, documentou a continuidade dos dons proféticos conforme
mencionados por Lucas em Atos, e o bispo de Antioquia, Inácio (35 d.C.-108
d.C.), documentou o mesmo em 96 da nossa era.
•
No segundo século, Hipólito de Roma (170 d.C.-235 d.C.) registrou que aquele
que já tinha a prática dos dons de cura não tinha a necessidade de impor as
mãos sobre uma pessoa leiga.
•
No mesmo século, Justino Mártir (100 d.C-165 d.C.) entendeu que Deus afastou a
profecia e os milagres de Israel e manifestou-os à Igreja.
•
No terceiro século, Novaciano (200 d.C.-258 d.C.) disse que “Este é aquele que
coloca profetas na igreja, instrui mestres, envia línguas, concede poderes e
curas, opera maravilhas, frequentes discernimentos de espíritos, dá poderes aos
governantes, orienta os conselheiros [...]”.
•
Uma obra escrita por Atanásio, O Santo Antão do Deserto, mostra homens santos
que tinham discernimento de espíritos, dons de curar e sinais e maravilhas.
•
No século 4, João Crisóstomo (347 d.C.-407 d.C.) respondeu a opositores que
negavam os dons espirituais: “Por todos os cantos desse mundo habitável, não há
país, ou nação, ou cidade onde essas maravilhas (dons espirituais) não sejam
comuns e onde não se fale deles comumente. Se fosse uma invenção, nunca teriam
causado tanta admiração. E vocês mesmos certamente poderão testificar disso.”
•
Agostinho (354 d.C.-430 d.C.) relata em sua obra, Cidade de Deus, que, “em
minha presença, sob os meus olhos, um comediante idoso de Curubis foi curado no
batismo, não somente de paralisia, mas de hérnia também”.
•
Ambrósio escreveu a obra OfThe Holy Spirit, mencionando que, em seus dias, o
Pai concedia o dom de línguas.
•
Hildegarda de Bingen (1098-1179) teve experiências de visões em êxtase, dons de
sabedoria, conhecimento e profecia no século XII.
•
No século XIV, Gregório Palamas (1296-1359) deu ênfase à imposição de mãos para
que a pessoa recebesse os dons de curar, milagres, predições, variedade e
interpretação das línguas.
•
Vicente Ferrer, missionário dominicano cheio do Espírito, atraía multidões com
sua pregação, e seu ministério era acompanhado de milagres, curas e
ressurreição de mortos.
•
Conforme relatado por Souer, em sua obra History 0} the Christian Church, vol
3, p. 40, Lutero era profeta, evangelista, falava em línguas e interpretava-as.
•
Em 1646, houve um avivamento entre os Quacres na Inglaterra que falavam em
línguas e manifestavam outros dons.
•
Alexander Peden, professor em Talboton e homem que se dedicava realmente a
Deus, ficou conhecido como “o profeta presbiteriano”; ele tinha visões de Deus
e, quando foi celebrar um casamento, foi-lhe revelado que a noiva que iria
casar-se carregava em seu ventre o filho de um homem casado, fato este que fez
o ministro não celebrar o casamento; e logo os sinais de sua revelação foram
vistos pela comunidade.
•
Na Finlândia, os “avivados”, ou Awakend, no século XVIII, receberam o
avivamento do Espírito, tiveram visões e falaram em línguas.
•
Na Escócia Ocidental, o avivamento trouxe vários dons espirituais como a
profecia, línguas, curas e interpretação de línguas.
•
Na índia, nos estados de Travancore e Madras, foram relatados entre cristãos
fenômenos pentecostais.
Dezenas
de outros casos registrados comprovam que o Senhor não deixou de trazer
avivamento aos seus servos ao longo dos séculos. Parece-nos, porém, que o
fenômeno passou a ser manifestado de forma sistematizada no século XX. Não são
poucos os casos de revestimento de poder desde a origem do moderno movimento
pentecostal, e Deus continua a batizar pessoas com o seu Espírito Santo.
2. No Início do
Século XX
As
manifestações pentecostais ressurgiram, de forma sistemática, no fim do século
XIX e multiplicaram-se no século XX. Na Suécia, em 1902, um pregador batista
chamado Lewi Petrus (1884-1974) recebeu o batismo no Espírito Santo e falou em
línguas, tornando-se, mais tarde, um dos mais importantes nomes pentecostais de
seu país.
Charles
Fox Parhan (1873-1929) foi um pastor metodista que motivou seus alunos a terem
a experiência do falar outras línguas. Ele creu que o batismo no Espírito Santo
era uma experiência distinta da conversão. Seus alunos creram e foram batizados
no Espírito Santo. Parhan criou o Apostolic Faith Movement e ajudou a divulgar
a mensagem pentecostal nos EUA.
William
Joseph Seymour (1870-1922), um negro filho de escravos convertido ao metodismo
em 1895, também foi um dos nomes mais mencionados no início do movimento
pentecostal moderno. Tendo resistido à segregação racial de seu tempo, Seymour
assistiu ao seminário de Parhan do lado de fora da sala de aula e foi instruído
na doutrina pentecostal, tornando-se, posteriormente, pastor na Rua Azusa.
3. O Pentecostes no
Brasil
E
notório que o Pentecostes alcançou o Brasil no início do século XX. O Senhor
trouxe em novembro de 1910 dois missionários batistas suecos que haviam
recebido o batismo no Espírito Santo, Daniel Gustav Hogberg (1884-1963)
(conhecido como Daniel Berg) e Adolf Gunnar Vingren (1879-1933), para
evangelizarem no Brasil. Esses dois homens, juntamente com suas esposas,
fundaram a Assembléia de Deus, e sua mensagem era acompanhada de milagres,
testemunhos de cura e transformação de vidas.
No
início do século XX, a Suécia, berço dos dois obreiros que fundaram a
Assembléia de Deus, era de maioria luterana e não era um país desenvolvido como
o é em nossos dias. Segundo o historiador Maxwell Pinheiro Fajardo,
No
início do século XX, a Suécia era um país eminentemente rural e que ainda não
experimentara a expansão econômica que a transformaria em uma das referências
do welfare State algumas décadas mais tarde. Segundo dados de Freston (1994),
entre 1870 e 1920, mais de um milhão de suecos migraram para os Estados Unidos,
dentre os quais Berg em 1902 e Vingren no ano seguinte.
Procedendo
dos Estados Unidos, esses dois suecos de nascimento chegaram de navio em Belém,
no Pará. Mesmo sem falar o português, esses dois homens deram início à Igreja
Assembléia de Deus, uma igreja continental para um país de dimensões
continentais.
Fajardo
comenta que A assembleia de Deus é a maior denominação evangélica e o segundo
maior grupo religioso do país segundo os dados dos últimos Censos, perdendo em
números apenas para a Igreja Católica. São mais de doze milhões de brasileiros
que declaram-se membros desta agremiação, que em 2011 completou seu primeiro centenário
de fundação. E a segunda igreja pentecostal a surgir no país, fundada apenas
dez meses após a pioneira, Congregação Cristã no Brasil. Em números absolutos,
é um dos grupos que mais cresce no país. No censo de 1991, os assembleianos
eram 2,4 milhões, número que subiu para 8,4 no ano de 2000 e chegou a 12,4 em
2010, ou seja, 6% da população brasileira, (p. 23)
CONCLUSÃO
Há
séculos, Deus declarou que seu Espírito seria derramado sobre toda a carne, e
essa promessa foi primeiramente cumprida após o retorno de Jesus aos céus. No
dia de pentecostes, Deus fez o seu Espírito revestir pessoas comuns para uma
obra sobrenatural, e, segundo o livro de Atos, essas pessoas foram grandemente
usadas por Deus para anunciar o Jesus ressurreto.
Em
um mundo repleto de pensamentos que se voltam cada dia mais contra Deus, a
mensagem pentecostal e o poder de Deus dão à Igreja a autoridade para
testemunhar de Jesus, trazendo libertação aos oprimidos, cura aos enfermos e
salvação aos perdidos. Esse movimento iniciado por Deus tem feito a diferença
em nossos dias, mostrando que o Senhor pode agir da forma como lhe convier,
cumprindo, assim, suas promessas e dando poder aos seus filhos.
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Fonte: O Vento sopra onde
Quer. O Ensinamento bíblico do Espírito Santo e sua Operação na Vida da Igreja.
Autor: Alexandre Coelho. Editora CPAD