A parábola que estudamos
nesta lição só foi registrada pelo evangelista Mateus. Ela é de caráter
profético, pois inclui-se entre as que se referem à consumação dos séculos.
Após discorrer sobre a Parábola do Semeador, no mesmo Capítulo, Jesus
aproveitou o impacto de seu ensino, continuou na mesma linha de pensamento,
tomou a figura da atividade agrária, tão comum aos seus ouvintes, e propôs-lhes
a Parábola do Trigo e do Joio (Texto
base: MATEUS 13.24-30).
I. O
REINO DOS CÉUS
Há certas discussões
exegéticas sobre o que vem a ser o “reino dos céus”. Uns, dizem que esta
expressão se refere ao domínio de Cristo, trazido por Ele à Terra, e difere da
frase “reino de Deus”, que seria a manifestação final de Deus sobre todas as
coisas. Em Mateus 4.17, Jesus diz: “...arrependei-vos, porque é chegado o reino
dos céus”, e refere-se a sua missão para aqueles que estavam em trevas; no
capítulo 5.19, o Senhor alude ao que guarda os mandamentos, e diz que este
“será chamado grande no reino dos céus”, e indica um sentido futuro. Já no
capítulo 12.28, Ele afirma: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espirito de
Deus, é conseguintemente chegado a vós o reino de Deus”.
Saiba mais – Veja:
II -
O TRIGO E O JOIO
1.
O trigo.
No sentido natural, trata-se
de uma planta herbácea, cultivada em terras de clima temperado, cuja semente
serve para fazer pão, por conter diversas proteínas. Na parábola em estudo,
chamado de “boa semente”, refere-se, de modo muito claro, aos “filhos do reino”
(Mt 13.38b). Quando Jesus proferiu este ensino, Ele ainda não havia instituído
a sua Igreja, no sentido estrito. Para nós, hoje, após o Pentecoste, entendemos
que o trigo é uma figura dos crentes fiéis (Mt 24.45; 25.21; Ap 2.10; 17.14),
salvos (Jo 5.24), santos (1 Pe 1.15; Hb 12.14), cheios de amor, a marca
registrada do verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.34,35), e purificados pelo
seu sangue (Ap 7.14), através da lavagem regeneradora do Espírito Santo (Tt
3.5), os quais estão reservados para a grande colheita, na vinda de Jesus. Os
comparados ao trigo fazem parte da “lavoura de Deus” (1 Co 3.9a). Não se
perderão, mas serão recolhidos ao celeiro do Senhor. Deus nos ajude a ter as
características da “boa semente”, e não apenas de crentes nominais, mas servos
de verdade, semente sem mistura, de qualidade superior, em comunhão com a
“massa especial” de que é formado o “pão vivo que desceu do céu” (Jo 6.51), o
“verdadeiro pão do céu” (Jo 6.32)!
2.
O joio.
Esta planta significa:
“ervaanual da família das gramíneas (Lolium
temulentum). Ela cresce caracteristicamente nas plantações de trigo...e tem
um princípio tóxico...; coisa daninha, ruim, que surge entre as boas e as
corrompe”. É chamado, também de “trigo bastardo”. Esta planta não difere do
trigo, a não ser quando está próxima a ceifa. No sentido bíblico, dado pelo
próprio autor da parábola, nosso Senhor Jesus Cristo, “o joio são os filhos do
maligno” (Jo 13.38b). Sabemos que, no meio dos filhos do reino, da boa semente,
dos crentes fiéis, há “filhos do maligno”. Estas plantas (trigo c joio) podem
conviver juntas, mas jamais devem se misturar. Existem pessoas, nas igrejas,
que se parecem muito com os crentes fiéis, mas não o são. Elas crescem, ou
seja, assumem posições, e até no ministério, mas não são percebidas, visto que,
exteriormente, assemelham-se aos crentes verdadeiros. Daí, porque, nos dias de
hoje, muito necessário se faz o dom de discernimento dos espíritos (1 Co
12.10c), para que os mesmos sejam revelados (1 Jo 4.1).
3.O
campo.
Após explicar o que significam
o trigo e o joio, o Senhor Jesus esclareceu aos discípulos o que era o campo,
ao dizer-lhes: “O campo é o mundo” (Mt 13.38a). Esta é uma afirmação
interessante. O mundo, quando significa o planeta Terra, não pertence ao Diabo,
mas a Deus. Diz o salmista: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e
aqueles que nele habitam” (SI 24.1). Desse modo, temos uma outra visão do
ambiente em que se encontram o trigo e o joio, ou seja, no mundo, em que estão
os salvos (dentro da Igreja) e os perdidos, disseminados pelo Inimigo, o qual
faz que eles se infiltrem entre os crentes.
III.
A PROIBIÇÃO DE SE ARRANCAR O JOIO
1.
A inquietude dos servos
(v.28). “E os servos lhe
disseram: queres pois que vamos arrancá-lo?” À primeira vista, vemos um zelo
natural dos servos do dono da seara, do pai de família, quando, ao perceberem a
presença do perigoso cereal, semeado, não por eles, mas por um inimigo,
desejavam erradicá-lo no momento em que constataram o fato desagradável,
perpetrado de modo covarde, às caladas da noite. Antes, já haviam demonstrado
seu espanto, quando indagaram: “Senhor, não semeaste tu no teu campo boa
semente? Por que tem então o joio?” (v. 27).
Ainda hoje, no meio dos
servos do Senhor Jesus, há uma inquietação e indagação aparentemente sem
resposta para muitos. Por que Deus permite, no mundo e até no meio de seu povo,
que haja o mal? Há crentes que gostariam de ver a mão do Senhor descarregar-se
sem piedade sobre os ímpios, lá fora, e sobre os que são joio, dentro da
Igreja. É o zelo de Jonas, o qual preferia morrer do que viver, quando, após
pregar, viu Deus demonstrar misericórdia aos pecadores de Nínive (Jn 4.3). É o
zelo dos judeus, anotado por Paulo, quando diz: “Porque dou testemunho de que
têm zelo de Deus, mas não com entendimento’* (Rm 10.2).
2.
A resposta do dono do campo (v.29).
“Não, para que, ao colher o
joio, não arranqueis também o trigo com ele”. Os servos do pai de família
demonstravam zelo, ao desejarem adotar uma medida radical, sem atentarem para as
consequências. O dono do campo não queria o joio, sabia que seu inimigo fizera
a má semeadura, estava consciente do problema, mas via mais longe: observava os
prejuízos causados por uma colheita precipitada do joio. Ele demonstrava
prudência, paciência para com o mal, e não desejava prejudicar a boa safra.
Assim, o senhor Jesus explicou essa paciência do dono da terra:
a)
Não queria perder o trigo (v.30).
Ele sabia que o joio estava
tão enraizado com o trigo que, ao arrancá-lo, prematuramente, prejudicaria o
bom cereal.
b)
O aguardar da ceifa (v. 30).
“Deixai crescer ambos juntos
até a ceifa”. O Senhor, na parábola e na sua explicação (vv. 39-41), ensina que
a ceifa é o fim do mundo, quando os anjos, no papel de ceifeiros, colherão o
joio, ou seja, “tudo o que causa escândalo e os que cometem iniquidade; e
lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes”. Aí
está a resposta sábia. Deus não tem pressa. Os ímpios, no juízo final,
comparecerão perante o Trono Branco, para serem julgados, bem como os que,
parecendo-se com os salvos, viveram no meio da Igreja, e causaram males,
escândalos e decepções. Aqui, cabe uma explicação: isso não quer dizer que, hoje,
os homens de Deus, os seus ungidos, os “anjos das igrejas”, não tenham
autoridade para excluir os que cometem pecados e transgressões evidentes nas
igrejas. Destes, devemos se- parar-nos, senão se arrependerem (1 Co 5.9-13).
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Bíblicas Jovens e Adultos, 4° trimestre de 1994 - CPAD